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Síntese da Seleção

No documento INV.URG-GE.00-IT.4001-(P) (páginas 71-75)

I Impacto na Subárea (j), quando se instala apenas o i-ésimo aproveitamento da alternativa.

3.1.7.4 Síntese da Seleção

Em continuação, apresenta-se um resumo do processo de seleção de alternativas, que explica de forma conceitual os fundamentos que determinaram essa seleção. O resultado do processo é a definição do eixo de Garabi e do seu nível máximo normal, a partir das 24 alternativas iniciais.

Para chegar à definição da cota Garabi analisaram-se questões energéticas, econômicas e ambientais, que permitiram comparar as alternativas e realizar a seleção e indicar a melhor opção energética, econômica e ambiental. Cabe esclarecer que está é uma síntese do resultado do processo de seleção utilizado em que se identificam apenas os pontos chave que mostram a diferença entre as alternativas. A explicação exaustiva da metodologia e seus resultados se encontram descritas nos passos anteriores desse item 3.1.7.

Revendo-se as análises desenvolvidas acerca das alternativas de partição de queda, assim como as definições e os resultados obtidos, destaca-se a adoção de uma abordagem metodológica fundamentada principalmente em variáveis mais conhecidas, representativas e acessíveis, justamente aquelas associadas aos custos e capacidades dos empreendimentos, áreas de inundação, população a ser relocada, etc.

De forma a explicitar os procedimentos ora adotados considera-se que, para simplificação e melhor entendimento da sequência, as 24 alternativas devem ser divididas em 2 dois grupos distintos: o primeiro grupo, onde as alternativas são numeradas de 1 a 12, têm todas em comum um aproveitamento localizado no sítio denominado Garabi; e, no segundo grupo, as alternativas de 13 a 24, têm todas em comum um aproveitamento localizado no sítio denominado Garabi II, situado a cerca de 10 km a montante de Garabi. Ou seja, a única diferença entre os dois grupos de alternativas evidencia-se pelo posicionamento do eixo do aproveitamento de jusante, Garabi ou Garabi II. Essas alternativas são apresentadas no Quadro 3.1.7.4-1 e nos desenhos INV.URG-GE.00-DE.1005 a INV.URG-GE.00-DE.1010. Analisando o primeiro grupo verifica-se que as alternativas 1 e 2 apresentam custos de geração de energia de 59,5 US$/MWh e 64,9 US$/MWh e áreas de inundação de 889 km2 e 815 km2, respectivamente. Quando simplesmente comparadas com a alternativa 3, cujo custo de geração é de 57,4 US$/MWh, e que possui uma área inundada de 743 km2, as alternativas 1 e 2 se mostram menos interessantes tanto do ponto de vista econômico-energético, como do ponto de vista ambiental. Conforme pode ser visualizado, nas alternativas 1 e 2 a cota de Garabi está na elevação 94 m, enquanto que na alternativa 3 essa cota é 89 m. Portanto, o maior valor da energia gerada nas alternativas 1 e 2 é explicado pelos custos de desapropriação, pois essas alternativas aumentam, respectivamente, de 146 km2 a 72 km2 a área inundada, quando comparadas com a alternativa 3. Além disso, não há incorporação de energia adicional na bacia, já que a queda total a ser aproveitada energeticamente é a mesma nas três alternativas. Outro aspecto fundamental na análise, que transcende a verificação dos custos, é que o reservatório de Garabi nas alternativas 1 e 2 atinge, de forma muito mais significativa, as áreas urbanas de San Javier e Porto Xavier.

Assim, pode-se concluir que as alternativas 1 e 2, com Garabi na cota 94 m, não são competitivas, tanto do ponto de vista ambiental como econômico e energético.

Retomando a análise, nota-se que dentro desse primeiro grupo, já excluídas as alternativas 1 e 2, as restantes ainda podem ser subdivididas segundo o critério de interferência ou não com as áreas do Parque Estadual do Turvo, unidade de conservação brasileira de proteção integral, um dos últimos remanescentes de mata atlântica da bacia, no Brasil. Conforme esse critério

Página: 181/680 tem-se as alternativas que têm a cota do reservatório extremo de montante na elevação 130 m (alternativas 3, 4, 5, 8, 10 e 12) e as que não afetam o Parque e que têm o reservatório extremo de montante na cota 124 m, imposta pela foz do rio Turvo no limite do Parque (alternativas 6, 7, 9 e 11).

Quadro 3.1.7.4-1. Alternativas de divisão de queda

Alternativa Potência Instalada (MW) Energia Firme (MW médios) Custo da energia (US$/MWh) Área Inundada (km2) G ru p o 1 1 2.147 1.136,7 59,54 889,1 2 2.012 1.053,5 64,88 814,5 3 2.180 1.154,5 57,38 743,2 4 2.022 1.063,3 59,73 686,6 5 1.689 878,3 70,53 556,0 6 1.999 1.065,3 61,47 660,7 7 1.887 985,1 64,72 612,1 8 2.134 1.138,6 62,11 742,1 9 2.068 1.054,2 66,01 646,9 10 2.159 1.159,3 62,61 778,3 11 2.040 1.058,3 67,53 666,5 12 2.200 1.127,2 72,87 555,4 G ru p o 2 13 2.117 1.117,4 58,89 824,4 14 1.982 1.031,5 64,42 749,9 15 2.093 1.106,9 60,69 691,8 16 1.935 1.014,7 63,03 635,2 17 1.602 839,1 73,20 504,7 18 1.912 1.020,5 64,56 609,4 19 1.800 947,1 67,31 560,7 20 2.062 1.104,6 62,98 695,3 21 1.996 1.021,8 66,85 600,1 22 2.106 1.125,3 63,72 733,6 23 1.987 1.023,5 68,66 621,8 24 2.147 1.096,0 73,79 510,7

Comparando alternativas similares, que diferem apenas na afetação, ou não, de áreas do Parque Estadual do Turvo, ou seja, a alternativa 3 com a alternativa 6, a alternativa 4 com a 7, a alternativa 8 com a 9 e a alternativa 10 com a 11, verifica-se que não atingir áreas desse parque implica em perder 6 m de queda, o que, conforme a alternativa, corresponde a valores que variam de 78 MW médios a 101 MW médios de energia firme.

Por outro lado, cabe esclarecer que a influência previsível dos aproveitamentos com nível d`água na cota 130 m implica em inundação de cerca de 0,16 % da área do Parque Estadual do Turvo, envolvendo trechos do rio que já são sazonalmente afetados pelas cheias naturais. Pode-se afirmar que as alternativas com o reservatório extremo de montante na cota 130 m agregam significativo benefício econômico-energético.

Dos impactos no trecho a montante do reservatório de Garabi, notadamente no Parque Estadual do Turvo, deve ser analisada em profundidade no estudo de viabilidade e estudos ambientais para o uso Panambi.

Prosseguindo na análise, verifica-se que a alternativa 12 tem a menor área inundada pelos reservatórios, 555 km2, o que é justificado pelo fato dessa alternativa dividir a queda a montante de Garabi em 3 aproveitamentos. Pelo mesmo motivo, é a alternativa que possui o maior custo de geração de energia, 72,9 US$/MWh, próximo do valor de referência, razão pela qual essa alternativa não se apresenta competitiva frente às demais do seu grupo.

O confronto das alternativas 8 e 10 mostra que ambas têm custos de geração de energia praticamente similares, 62,1 US$/MWh e 62,6 US$/MWh, respectivamente. No entanto, a alternativa 10 inunda 36 km2 a mais do que a alternativa 8. Além disso, a alternativa 10, quando comparada com a 8, carrega o ônus da inundação da área urbana de Porto Lucena, aumentando sensivelmente o impacto sobre a população dessa sede urbana no território brasileiro.

Ainda analisando a alternativa 8 e comparando-a agora com a alternativa 3, verifica-se que ambas têm áreas inundadas semelhantes, 742 km2 e 743 km2. Da mesma forma, no que tange à população atingida, as duas alternativas são similares, já que afetam igualmente as cidades de Panambi, Porto Vera Cruz, Alba Pose e Porto Mauá. Porém, do ponto de vista econômico- energético, as duas alternativas são bem distintas, com notória vantagem para a alternativa 3, já que os custos de geração de energia são de 57,4 US$/MWh e 62,1 US$/MWh, respectivamente para as alternativas 3 e 8.

Cabe ressaltar que a situação da área urbana de Azara, situada entre dois braços dos reservatórios, tanto de Garabi quanto de Garabi II, não se altera em qualquer das alternativas estudadas, portanto, trata-se de um aspecto comum a todas as alternativas não se configurando como um elemento diferenciador.

Diante do exposto, desse primeiro grupo, restariam alternativas 3, 4 e 5 com Garabi na elevação 89 m, o que indica a cota do barramento.

O desdobramento da mesma sequência analítica, quando aplicada para as alternativas do segundo grupo, alternativas 13 a 24, que consideram o eixo Garabi II no lugar de Garabi, também permite constatar como a mais indicada a cota 89 m.

Assim, uma vez escolhida a cota 89 m, válida para os dois grupos de alternativas, resta analisar qual é a melhor localização para o eixo de Garabi, se na posição original, estudada no Projeto Básico de 1986, ou no local alternativo estudado, Garabi II, situado a montante das duas cidades denominadas Garruchos.

Adotando-se por simples hipótese que a alternativa 3, por apresentar o maior conteúdo energético das alternativas possa representar o Grupo 1 (Garabi) e que, pelo mesmo fato, a alternativa 15 representar o Grupo 2 (Garabi II), pode-se estabelecer algumas comparações visando a escolha do melhor sítio.

Do ponto de vista energético, a alternativa 3 supera a 15 em 44,6 MW médios de energia firme, além de outros 5,8 MW médios de energia secundária. O seu custo anual de geração de energia é de 57,4 US$/MWh, enquanto que para a alternativa 15 esse custo é de 60,7 US$/MWh.

Do ponto de vista ambiental, a diferença entre essas alternativas é caracterizada pela inundação das áreas urbanas de Garruchos, em ambas as margens do rio Uruguai. Na alternativa 3, essas duas cidades teriam mais da metade de suas áreas inundadas, enquanto na alternativa 15 elas não seriam afetadas por inundação. A distância entre elas e o eixo da

Página: 183/680 barragem seria de 4 km. Considerando apenas a diferença de energia firme das alternativas, e trazendo sua receita anual para o valor presente, o benefício econômico da alternativa 3 em relação à alternativa 15 representa 6 vezes o valor atribuído aos custos de relocação das duas cidades, cuja população total é de 1.976 habitantes (785 do lado argentino e 1.191 do lado brasileiro).

Vale salientar que embora o eixo Garabi II não cause inundação das cidades de Garruchos, a construção de uma usina deve trazer diversos impactos para ambas as cidades, em face da proximidade das obras. Além disso, o eixo Garabi tem características geológicas bem conhecidas, dado o grande número de investigações realizadas na década de 1980, o que diminui qualquer tipo de risco em relação à escolha desse local, bem como problemas nas fases posteriores.

Em síntese, com respaldo na presente análise tem-se cabal convicção que eixo Garabi, na cota 89 m, representa a melhor localização para o barramento, portanto no mesmo sítio onde foi desenvolvido o Projeto Básico de 1986, por meio do “Convênio de 14 de Março de 1972” firmado entre AyE – Agua y Energia Electrica e ELETROBRÁS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Por último, mas não menos importante, ressalta-se que, uma vez definido o sítio do aproveitamento de Garabi e sua cota, resta dar andamento aos procedimentos estabelecidos para os “Estudos Preliminares”, considerando as alternativas que desenvolvem energeticamente o rio a montante. Essas são as alternativas 3, 4, 5, 6 e 7.

As alternativas 3, 4 e 5 têm em comum o aproveitamento extremo de montante na cota 130 m. Comparando essas 3 alternativas, verifica-se que elas apresentam um custo de energia crescente, de 57,4 US$/MWh, 59,7 US$/MWh e 70,5 US$/MWh, respectivamente. Essas alternativas diferenciam-se pelo formato da exploração energética a montante. A alternativa 3 aproveita totalmente a queda disponível, a alternativa 4 deixa de aproveitar 5 m de queda, que corresponde a 90,5 MW médios de energia firme, e a alternativa 5 deixa de aproveitar 17 m, que corresponde a 279 MW médios de energia firme.

Em relação aos impactos ambientais, a principal diferença entre essas três alternativas ocorre com os núcleos urbanos afetados, pois além das cidades de Garruchos (Argentina e Brasil) que são afetadas em qualquer uma das alternativas, a alternativa 3 inunda áreas urbanas em Panambi, Porto Vera Cruz, Alba Pose e Porto Mauá; já a alternativa 4 não inunda as áreas urbanas de Panambi e Porto Vera Cruz; e a alternativa 5 não inunda áreas urbanas.

Análise análoga pode ser feita para as alternativas 6 e 7, que têm correspondência com as alternativas 3 e 4, respectivamente. Nestas duas alternativas a cota dos reservatórios extremos de montante tem elevação na cota 124 m, tendo em vista evitar a inundação de áreas do Parque Estadual do Turvo.

No documento INV.URG-GE.00-IT.4001-(P) (páginas 71-75)

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