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Saídas do planeamento estratégico da produção (A11)

5. PROJECTO GENÉRICO (A1)

5.1. PLANEAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO (A11)

5.1.4. Saídas do planeamento estratégico da produção (A11)

No planeamento estratégico tomam-se decisões no sentido de cumprir os objectivos empresariais e de satisfazer as necessidades dos clientes. A concretização destas decisões estratégicas só são possíveis através da definição de estratégias de produção. Esta definição implica a organização da produção em termos do modo de produção, da variedade de produtos e necessidade de flexibilidade.

Um aspecto importante do planeamento estratégico da produção é a definição dos recursos de produção e em particular da capacidade produtiva necessária para os próximos anos que deve estar ponderado nos planos estratégicos e de produção agregada.

Assim resultam desta actividade os planos estratégicos, os planos de produção agregada e a estratégia de produção que são relevantes para a identificação e selecção do tipo de sistema de produção mais adequado (diagrama IDEF0 da Figura 9).

O1. Plano Estratégico

O plano estratégico (PE) é um registo da actividade geral da empresa para, tipicamente, os próximos dois ou mais anos com base na previsão da situação económica e política geral, na situação em sectores industriais relevantes, na avaliação da cadeia logística externa e em considerações de competitividade (Silva, 1997b). Este plano, em termos produtivos, deverá no mínimo equacionar a necessidade de:

• Produzir as quantidades planeadas • Estabelecer uma política de prazos

• Fazer a utilização eficiente dos recursos de produção

• Equilibrar a produção, isto é, a quantidade com a capacidade para níveis de competitividade desejados

Tal equacionamento origina o plano de produção (PP), normalmente baseado na agregação da procura em famílias de produtos com correspondência estreita às famílias comerciais.

O2. Plano de Produção

O plano de produção também designado frequentemente por plano de produção agregada é, portanto, a parte do PE onde se refere a procura na base das previsões apresentando-se as quantidades agregadas de cada família de produtos a ser produzida (Vollman, 1997). Este plano relaciona os planos estratégicos com a produção e consequentemente com o sistema de produção que deve ser capaz de assegurar a produção das famílias que a empresa se comprometeu a produzir.

O plano de produção obedece às orientações do plano estratégico, de que faz parte, e factores como: taxas de produção, stocks, sazonalidade e políticas de prazos, utilização de níveis e tipo de capacidade consistentes com a estratégia de uso de recursos adoptada pela empresa, definição do período e horizonte de planeamento agregado e definição de famílias de produtos são equacionados.

O método e as unidades de agregação são depend entes da natureza do produto. A estratégia de agregação consiste, principalmente, em:

a) Definir famílias de produtos ou que partilham os mesmos meios de produção ou consomem os mesmos tipos fundamentais de recursos: células, máquinas, veículos,

mão de obra. Em certos casos a agregação pode fazer-se com base em famílias comerciais ou com base nos custos de produção ou de artigo.

b) Determinar a unidade de agregação que pode ser unidades do produto real, por exemplo um dos produtos da família ou de um produto fictício, que serve para estabelecer o plano das necessidades de produção, isto é, as quantidades de produto e de capacidade. O que se faz é normalizar as quantidades de produção dos diferentes artigos em relação às unidades adoptadas de agregação.

As famílias de produção relacionam-se com o sistema produtivo e com a possibilidade da desagregação para efeitos de produção e elaboração do Plano Director de Produção (PDP). O PDP é constituído por uma série de quantidades, distribuídas no tempo, de cada produto que a empresa vende ou produz indicando quantos e quando irão ser necessários esses produtos. A necessidade destes produtos resulta assim da desagregação do PP, das previsões, das encomendas firmes dos clientes e das existências de produtos.

O3. Estratégia de Produção

O objectivo da estratégia de produção é alinhar a produção com as necessidades do negócio e ajudá- lo a competir ao longo do tempo, definindo o conjunto de iniciativas para atingir os objectivos empresariais incluídos na estratégia de negócio.

A estratégia de produção pode seguir, assim, diferentes objectivos reflectindo-se naquilo que tem mais valor para o cliente: qualidade, prazos de entrega, eficiência de custos ou satisfação personalizada dos requisitos dos clientes (De Meyer, 1992), sendo determinante para a identificação do sistema de produção e da tecnologia a adoptar. Uma estratégia de produção referida por Oden (1994) é a Estratégia de Resposta à Procura (ERP) que define como uma empresa responde á procura em termos de variedade de produtos e tempo de entrega. Outros autores, nomeadamente, Vollman et al. (1997) e Higgins et al. (1996) referem-se a esta estratégia como abordagens ou ambientes para construir o Plano Director de Produção. O leque de respostas inclui a Engenharia por Encomenda, o Fabrico por Encomenda, o Fabrico para Stock, a Montagem por Encomenda e o Fabrico por Procura.

resposta (Oden, 1994) e cada ERP requer um determinado tipo de sistema que assegure a sua forma de responder à procura, sendo assim relevante para a identificação e selecção do tipo de sistema de produção.

Engenharia por Encomenda (EPE)

Nesta estratégia nada está armazenado no sistema de produção nem mesmo os produtos protótipo pois os produtos nunca foram produzidos na empresa. O cliente pede ao produtor um orçamento sobre o custo e o tempo para executar determinado produto podendo este orçamento ser ele próprio complexo e caro. Quando o cliente coloca a encomenda, o produtor desenvolve o projecto para aquele produto o que pode envolver um tempo e despesa considerável. Depois o cliente aceita (ou não) o projecto e então é que são encomendados os materiais. O produtor assegura a fabricação completa e a expedição para o cliente.

Um exemplo de utilização desta estratégia verifica-se em empresas que produzem quantidades reduzidas com elevada variedade de novos produtos (Oden, 94). Esta estratégia aplica-se a produtos que são novos ou únicos tal como projectos de investigação e desenvolvimento, pontes e navios.

No exemplo acima referido, se a mesma empresa produzir produtos repetitivos, isto é, produtos que foram produzidos pelo menos uma vez, a estratégia a utilizar não deve ser a Engenharia por Encomenda mas o Fabrico por Encomenda.

Fabrico por Encomenda (FPE)

Nesta estratégia apenas os projectos dos produtos e algumas matérias primas se encontram armazenados pois é muito difícil prever as necessidades exactas do cliente. As actividades de processamento dependem da encomenda do cliente. O ciclo de encomenda começa quando o cliente coloca uma encomenda especificando o ou os produtos que pretende. O produtor estabelece um preço e um tempo de entrega de acordo com o pedido do cliente que se dispõe a esperar algum tempo.

O cliente e o produtor frequentemente discutem as alternativas para reduzir o custo e o prazo de entrega e esta redução é procurada através da sobreposição de programas para o projecto e produção dos vários elementos que compõe as encomendas dos clientes. Normalmente, são produzidas pequenas quantidades de cada tipo de produto mas com

uma variedade elevada e com reduzida concorrência em termos de tempo de resposta com produtos individualizados.

Esta abordagem é frequentemente usada para servir mercados caracterizados por elevados níveis de mudanças do produto e novas introduções de produtos onde a vantagem competitiva está em fornecer requisitos de tecnologia de produto associado a requisitos de entrega e qualidade acordados com o cliente.

Exemplo de empresas que usam esta estratégia são empresas que produzem um produto individualizado como computadores para investigação, veleiros, rebocadores e peças de substituição.

Montagem por Encomenda (MPE)

Aqui todos os módulos ou submontagens estão disponíveis em stock. Quando o cliente encomenda um produto, o produtor monta os módulos e despacha o produto final para o cliente fazendo diminuir o prazo total de fabricação. Esta estratégia é usada normalmente por empresas que têm produtos modulares com um número de produtos finais com módulos comuns.

Na prática, a procura para os módulos pode ser prevista com mais precisão do que a procura dos produtos finais. Assim estas empresas podem responder á procura mais eficientemente pela previsão e armazenagem dos módulos fazendo depois a montagem do produto final.

Esta estratégia tem o objectivo de encurtar prazos de fabrico e é vantajosamente combinada com a chamada produção modular.

Empresas que usam a MPE são, por exemplo, as empresas de automóveis, empresas de empilhadores com opções de tipo de motor, velocidade, equipamento de segurança. Fabrico para Stock (FPS)

O produtor, nesta estratégia, armazena o produto final para expedição. O ciclo de encomenda começa com a especificação da quantidade do produto pela empresa, dependente das previsões, com a aquisição dos materiais e produzindo para stock. Se o preço e a qualidade são aceitáveis para o cliente, este compra o produto.

seguem esta estratégia produzem por lotes tendo armazenados quase todos, senão todos, os produtos finais.

Exemplos de empresas que seguem esta estratégia são aquelas que produzem tipos de produtos como os bens de consumo e mercadorias. Estes têm forte concorrência em termos de tempo de resposta e devem estar disponíveis quando os clientes os procuram pois não esperam pela sua produção, comprando-os onde estiverem disponíveis.

Fabrico por Procura (FPP)

Segundo Oden (1994), esta é uma estratégia flexível que entrega o produto com a qualidade e no tempo desejado pelo cliente. O produtor fabrica por encomenda mas consegue entregar o produto ao cliente quase com a mesma rapidez que na estratégia de Fabrico para Stock. Pode usar qualquer combinação das outras estratégias que são necessárias para atender à procura. Dependendo da situação competitiva, projectos, matérias primas, componentes, montagens ou produtos acabados podem manter-se em stock. Este tipo de resposta tem evoluído como uma reacção á ênfase dada à concorrência baseada no tempo.

Vollmann et al. (1997) refere-se ao Fabrico por Procura como um conceito alargado da Gestão da Procura porque resulta do conhecimento das necessidades da empresa cliente pela empresa fornecedora. A cadeia de fornecimento é construída entre determinados fornecedores e clientes de forma a melhorar a competitividade da cadeia total.

O cliente permite que o fornecedor conheça a previsão da procura, conheça o conjunto das encomendas actuais e conheça ainda o nível das existências e o programa de produção. Esta informação permite ao fornecedor saber exactamente quando o cliente encomenda e não apenas ter uma previsão sobre quando isto pode acontecer. Este conhecimento é possível devido à troca de dados electrónica (EDI)17. O exemplo desta estratégia existe nalguns grandes supermercados e os seus fornecedores.

Esta estratégia é semelhante à relação cliente – fornecedor requerida pelo controlo JIT -

pull quando implementado na prática. Segundo Cheng e Podolsky (1996) esta relação é

mais do que um simples contrato porque um contrato é um documento legal que é usado para lembrar os termos do acordo e o estabelecimento deste tipo de relação envolve conceitos de confiança e alcance de objectivos comuns de crescimento e lucro.

Isto é conseguido através do desenvolvimento de acções da empresa cliente, que ajudam o fornecedor a assegurar correctamente os requisitos do cliente e de mecanismos para comunicação entre as partes envolvidas, como a tecnologia EDI (Cheng, 1996).

A Tabela 6 procura realçar os aspectos mais importantes que caracterizam os tipos de estratégias referidas.

Tabela 6. Características da Estratégia da Resposta à Procura

Estratégia de Resposta à Procura (ERP) Engenharia por encomenda (EPE) Fabrico por encomenda (FPE) Fabrico por Procura (FPP) Montagem por encomenda (MPE) Fabrico para stock (FPS) Destino dos

produtos Encomenda Encomenda Variável

Stock dos

módulos Stock Tempo de

espera pelo cliente

Elevado Elevado Variável Reduzido/

médio Nenhum Variedade dos

produtos Infinita Elevada Alguma Elevada Reduzida Natureza do

produto One of a kind

Alguns de um

tipo Produtos flexíveis

Produtos modulares

Bens de consumo Procura Imprevisível Imprevisível Imprevisível Previsível apenas

para os módulos Previsível Concorrência

em tempo de resposta

Nenhuma Pouca Variável Moderada Forte Satisfação de encomendas Dependente da capacidade Dependente da capacidade Dependente do que estiver em stock Dependente de componentes e submontagens Dependente de produtos finais Estrutura de BOM Únicos e criados para cada cliente

Únicos e criados para cada cliente

Únicos e criados

para cada cliente Planeados Normalizados Base para plan.

e programação da produção Encomendas Compromissos e encomendas Encomendas Previsões e compromissos Previsões Quantidade de

produção Muito reduzida Reduzida Variável Média Elevada Contacto entre produção e cliente Ao nível da engenharia Ao nível da engenharia e vendas

Variável Ao nível das vendas

Reduzido/ distante

Um aspecto importante relacionado com as estratégias é o ponto de colocação da encomenda pelo cliente que é diferente para cada tipo de estratégia. Este ponto define o momento a partir do qual os materiais são dedicados a uma particular encomenda (Higgins, 1996). Na Figura 12 pode ver-se que de acordo com o tipo de estratégia a encomenda é colocada em diferentes fases do produto e a proporção da produção baseada em previsões ou encomendas varia substancialmente.

todas as operações abaixo do ponto são directamente dirigidas à satisfação de uma particular encomenda.

FORNECEDORES

Matéria prima Componentes e peças Produto semi- acabado Produto final FPS MPE FPE EPE

Produção baseada em previsões Produção baseada em encomendas Ponto de colocação da encomenda

Prazo de entrega Legenda:

CLIENTES

FPP

Figura 12. Ponto de colocação da encomenda (adaptado de Higgins, 1996)

A posição do ponto de colocação fixa o tempo de entrega mínimo com que a empresa responde aos clientes e o factor de risco a que a empresa fica exposta. Isto significa que quanto mais a jusante o ponto de colocação se posicionar, mais depressa a empresa terá de responder aos clientes e maior será o risco de obsolescência dos artigos cuja produção depende mais de previsões, do que de encomendas firmadas.

O ponto de colocação da encomenda pode também, ser assim um marcador que separa a fase do investimento da fase da realização. Dentro da fase do investimento as operações são executadas tendo em conta a procura prevista. Na fase da realização a produção responde a encomendas firmes. Assim o Fabrico para Stock (FPS) situa-se na fase do investimento enquanto que o Fabrico por Encomenda (FPE) situa-se na fase da realização. No caso da Montagem por Encomenda (MPE), o ponto de colocação de encomenda situa-se entre a produção dos módulos, largamente baseada nas previsões e a montagem final, baseada nas encomendas. Segundo Higgins (1996) a maioria das empresa situam-se à volta desta estratégia e a evolução é no sentido do Fabrico por Encomenda.

O investimento em recursos e a entrega dos produtos ao cliente com as características desejadas estão, assim, subjacentes à estratégia a seguir pela empresa que deve estar em consonância com a estratégia do negócio e com o que foi prometido pela função de marketing.