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Sala de recursos (AEE) da Escola 2

No documento thyarafiorilloduarteresende (páginas 144-148)

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

A sala não é grande, a porta de entrada é pequena e não é possível entrar um aluno cadeirante, mas, segundo a professora, este aluno participa das atividades na sala de recursos com o auxílio das pessoas que trabalham na escola.

Quando foi questionado à docente sobre o que seria inclusão e se ela está acontecendo na escola, a profissional nos informa sua opinião sobre o assunto:

Para ter a inclusão na minha opinião vai muito da escola, dos professores de quererem acolher aquele aluno. Eu já trabalhei em várias escolas que às vezes no sétimo ano tinha inclusão e no sexto ano não tinha, não tem como eu te falar isso, não tem um parâmetro, vai depender daquele ano, que professora que vai pegar, dependendo da deficiência.

Diante de todos os discursos expostos neste grupo, percebe-se contradições em diversas passagens dos profissionais que militam na seara inclusiva desta escola. Discursos dizendo que possui mais “integração do que inclusão”, “a inclusão depende da deficiência”; “ depende como o professor trabalha aquele aluno”; “ falta de recursos e formação”, “falta acessibilidade e materiais para desenvolver melhor o trabalho com essas crianças” , enfim, estes são problemas aparecem na rotina da escola, o qual os professores dentro de sua capacidade tentam contornar os desafios que o processo de implementação da inclusão ocasiona. Tais desafios, poderão ser dirimidos diante de políticas públicas e acordos internacionais, como por exemplo, o projeto da OEI.

Se os discursos analisados apresentam contradições, por outra perspectiva também apresenta um consenso de que hoje em dia, no modelo de escola que é apresentado no Brasil, tem-se mais uma integração dos alguns com deficiência do que uma efetiva a inclusão. Nessa perspectiva nos ensina Orlandi (2012, p.23):

(...) ao ter em conta a análise de discurso, esses cientistas não estacionam na análise de conteúdo (o que o texto quer dizer) mas como estes textos dizem o que dizem e então eles não vão só interpretar os textos com que trabalham. Uma vez compreendido como estes textos funcionam produzindo sentidos, eles interpretam não os textos mas os resultados da análise que os leva a essa compreensão, e poderão assim, retornar para as suas disciplinas, explorando as teorias que os concernem em suas especificidades, com uma maior compreensão do funcionamento da linguagem e dos efeitos da interpretação (..)

Grupo 2: Alunos com deficiência

Com as crianças iniciantes no ensino fundamental, portanto menores, como é o caso desta Escola, o trabalho de entrevista se torna mais difícil estabelecer um diálogo extenso e profundo, mas através de gestos e comportamentos pode-se identificar as características dos discursos na perspectiva da análise do discurso. Em relação à linguagem, Orlandi (2015) assinala:

(..) Assim a primeira coisa a se observar é que a análise de discurso não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de significar, com homens falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos seja enquanto membros de uma determinada forma de sociedade.

A entrevista com o S26 foi na sala de recursos e ele queria muito jogar o jogo disponibilizado pela professora S27. O aluno se concentra bastante nesse jogo o qual

estimula suas atividades cognitivas. Por isso o diálogo não foi muito extenso. Ele disse que:

Eu estudo aqui desde o primeiro ano, eu gosto de estudar aqui eu aprendo muita coisa na escola, gosto dos meus amigos, venho na sala da Tia S27 e fico jogando jogo, faço continhas no quadro que ajudam na minha sala. Eu gosto mais de história.

Após esse breve relato, S26 ficou interagindo na atividade da sala de recurso, e depois disso ele não quis mais conversar. O aluno apresenta um quadro de autismo leve, em que sua fala não foi afetada, segundo o laudo apresentado pela professora do AEE na sala de recurso.

Em relação ao aluno S22, aluno do 1˚ ano que possui baixa visão, segundo seu laudo médico apresentado pelas professoras, no recreio ficou demonstrado que ele não interage muito bem nas brincadeiras, mas as crianças são muito cordiais com ele, querem fazer trabalho com ele. Ele entrou na escola este ano e a professora ainda não está conseguindo dar as mesmas atividades a ele que aos demais, porque ele não foi alfabetizado e não consegue desenvolver os trabalhos da sala de aula, mesmo com tarefas e atividades com tamanho aumentado. O aluno disse que adora a escola e seus amigos e que se sente bem com eles, mas que as vezes não consegue fazer as atividades, embora ele queira fazer mesmo assim.

O S28, outro autista, mas seu grau, segundo as professoras, considerado leve, também tem sua parte motora e psíquica comprometida. Ele gosta da sala, mas quando fica nervoso ele prefere ir para o pátio pegar as pombas.

S19, segundo a professora S17, possui o autismo muito comprometido, mas com apoio de sua professora, consegue acompanhar e participar de todas as atividades da sua turma. A aluna disse que adora a escola e o que mais gosta é a aula de educação física, e que ela tem muitas amigas na escola. Ela tem 8 anos e chupava bico, quando entrou nesta sala e viu que ninguém chupava bico, ela imediatamente parou, segundo relato de sua professora.

5.3. Análise da Escola 3

A Escola 3 consiste em uma escola de grande porte, localizada na zona oeste no bairro São Pedro no Município de Juiz de Fora, e atende a todo o público da cidade,

mas devido a sua localização, os alunos que lá estudam são em sua grande maioria de bairros mais carentes e afastados da cidade.

As entrevistas foram realizadas entre 03/05/19 e 08/05/2019, nos períodos diurnos e vespertinos a depender da disponibilidade de cada entrevistado.

O grupo de trabalho nessa instituição ficou da seguinte maneira:

Tabela 24: grupos de análise E3 Grupo 01: Diretores e Professores:

Subdividimos em: Grupo 1. A: Diretor (a)

Grupo1.B:Professores Regentes e Professores de apoio

Grupo 1.C: Professores do AEE

Grupo 02: Alunos com deficiência: Alunos de 12 a 18 anos

Estudantes do 5˚ ao 9˚ ano do ensino fundamental.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

A escola oferece a seus alunos o ensino fundamental anos iniciais e finais, nos períodos diurnos e vespertinos e no período noturno oferece o EJA do ensino fundamental. Conforme destacamos no capítulo 01, ao longo dos anos a escola não conseguiu notas satisfatórias no IDEB, segundo os dados disponibilizados pelo INEP, e isso ocorre na ótica da Coordenadora da escola por possuir inúmeros alunos carentes e pela falta de estímulos das famílias para o estudo.

A questão social das crianças afeta o desempenho escolar, segundo relatos do Diretor e da Coordenadora Pedagógica.

A escola não difere das escolas anteriormente analisadas na Rede Estadual de Ensino da Cidade de Juiz de Fora no que se refere à falta de acessibilidade nos pátios e em nas salas de aula. Para se ter uma ideia, a sala de informática e leitura estão localizadas no segundo andar da escola e não possuem acessibilidade nenhuma para locomover um cadeirante, por exemplo. Segundo relatos do Diretor, esses alunos são levados “no colo pelos funcionários”. As rampas que a escola possui são apenas para o pátio e não para as salas do segundo andar.

No documento thyarafiorilloduarteresende (páginas 144-148)