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Capítulo 5 – Narrativas do reino português (séc XII-XIII)

5.2. Sancho I

5.1.2. Sancho I no Chronicon Mundi

Sancho I é mencionado por Lucas de Tuy em apenas duas ocasiões463. A este reduzido número de referências acresce que em ambas não é em torno da sua figura que o relato do tudense se organiza. O seu papel em ambos os momentos da narrativa é secundário. Num primeiro momento a figura central é a de seu pai, Afonso Henriques, em disputa com Fernando II; num segundo momento, a figura central do relato é Afonso IX de Leão, relegando Sancho I para um papel em que é identificado apenas como uma ameaça externa ao novo monarca leonês.

461 BRANCO, Maria João Violante – D. Sancho I: o filho do fundador. Trata-se do mais aturado trabalho

de síntese sobre o segundo rei português, para o qual se irá remeter em várias ocasiões. Sobre a forma como Sancho I foi caracterizado pela historiografia ao longo dos séculos veja-se a introdução da obra, p. 8-14.

462 É significativo, quanto a esse aspeto, o facto de que as informações que Rodrigo escolhe incluir no seu

relato referentes ao reinado de Sancho I sejam da mesma natureza do que aquelas que havia seleccionado para mencionar aquando do relato sobre Afonso Henriques. Parece existir, de facto, um conjunto de atuações que Rodrigo tende a valorizar na figura régia, e que se podem identificar com as vertentes militar e eclesiástica da governação.

463 Essas duas referências encontram-se entre as páginas 318 e 320 da obra e ocorrem no mesmo ponto em

que Lucas relata os conflitos entre os monarcas português e leonês (neste caso, ainda Afonso Henriques e Fernando II) que levariam ao confronto em Badajoz. CM, IV, 80-82, 318-320.

Como se pode ver, uma das primeiras conclusões a tirar sobre o papel de Sancho I na crónica de Lucas fica já à vista: a sua presença é muito reduzida. Ainda assim, a comparação entre o relato de Lucas e Rodrigo aporta alguns dados interessantes no caso de Sancho I, pelo que essas duas ocasiões onde o segundo rei português é incluído na trama do CM merecem uma análise.

O primeiro episódio ocorre quando Sancho era ainda infante e relaciona-se com os conflitos já analisados entre Afonso Henriques e os monarcas leoneses Afonso VII e Fernando II. Com efeito, esta passagem já foi apreciada, mas os dados referentes a Sancho I merecem um apontamento. Lucas menciona que Afonso Henriques, furioso devido ao repovoamento que Fernando II levara a cabo de Cidade Rodrigo, enviara filium suum

regem Sancium, quem sibi regni constituerat successorem464, com um grande exército

para atacar essa cidade. O resto do episódio já é conhecido: Fernando II, que no momento se encontrava em Castela com o seu exército, divide-o em dois e, enviando a parte menor para ocidente, consegue sair vitorioso do conflito, obrigando o rei Sancho a fugir465.

Deste primeiro episódio, cujo anacronismo na narrativa de Lucas já foi salientado466, importa referir o tratamento de Sancho I como rei, que o tudense esclarece ficar a dever-se ao facto de o infante ser o sucessor de Afonso Henriques no reino. Analisando esta parte da passagem, pode ver-se que é bastante claro o reconhecimento que aqui Lucas faz não só da realeza de Afonso Henriques, mas da sua legitimidade para governar um espaço autónomo como o reino de Portugal. Por outro lado, esta passagem reforça essa mesma ideia de legitimidade política do reino português, porquanto Lucas refere-se a Sancho explicitamente como tendo sido designado sucessor do seu pai. Essa sucessão só poderia tomar lugar num corpo político que fosse, ao mesmo tempo, organizado e autónomo, bem como distinto e alheio ao reino leonês. Ou seja, o reconhecimento da realeza de Afonso Henriques – e Sancho, por extensão – vem aqui acompanhado por um reconhecimento de Portugal como reino, algo bastante distinto. Esse reconhecimento, deve dizer-se, era já ponto assente, pelo menos no contexto ibérico,

464 CM, IV, 81, 318.

465 “(…) et fugato rege Sancio” – CM, IV, 81, 319. 466 Consulte-se o ponto 5.1.

ainda em vida de Afonso Henriques, o que explica o tratamento régio que lhe é conferido ao longo das obras de Lucas e Rodrigo467.

O resto da passagem que diz respeito a Sancho I é pouco elogiosa e termina rapidamente. Ao saber do ataque português, Fernando II, como já foi mencionado, dividiria o seu exército e, mesmo enviando a parte menor para lidar com os homens do infante português, acabaria por sair vitorioso na batalha de Arganal (Argañara). Os homens de Sancho ver-se-iam na obrigação de fugir, como fez o próprio infante, ou ficar a dever a sua vida à misericórdia de Fernando II. Não se trata, portanto, de uma passagem muito positiva para Sancho, mas, sobretudo, não se trata de uma passagem em que este seja sequer um protagonista a quem Lucas dedica algumas palavras. Sancho é apenas o herdeiro do trono português, enviado pelo seu pai numa expedição militar que acaba derrotada pelo monarca leonês468.

A segunda passagem em que Sancho é referido apresenta uma disposição semelhante no sentido em que o segundo rei de Portugal não é, mais uma vez, alvo de grande atenção por parte de Lucas. Os protagonistas mudam, no entanto, uma vez que neste excerto o monarca leonês é já Afonso IX (1188-1230) e as duas outras figuras que aparecem são Afonso VIII de Castela e Sancho I de Portugal. Pelo relato, e também por colocar a acção no início do reinado de Afonso IX, Lucas centra o acontecimento sendo já Sancho rei de Portugal, chegando mesmo a referir-se ao mesmo como Sancio rege de

Portugalia469. Esta passagem tem, apesar de tudo, mais informação diretamente relacionada com Sancho do que a anterior e permite inferir alguns aspectos referentes quer a Sancho e a sua atuação, quer a Lucas e o sentido que pretende dar ao texto neste momento.

467 Deve, ainda assim, distinguir-se o tratamento conferido por Lucas e Rodrigo, na medida em que este

último, o arcebispo de Toledo, seguia de perto a linha papal sobre este assunto, segundo a qual a bula de 1179 não tratava o reconhecimento de Afonso Henriques como rei, mas antes lhe conferia esse estatuto. Ou seja, não reconhecia e avalizava uma situação pré-existente, mas apenas naquele momento conferia essa dignidade ao soberano português, por iniciativa papal. Agradeço ao Doutor Francesco Renzi por chamar à atenção para a linha distinta que o toledano segue quanto à origem do reconhecimento de Afonso Henriques.

468 O anacronismo da colocação deste ataque de Sancho a Cidade Rodrigo tão cedo no relato, bem como

outras questões relacionadas com os dados historicamente apurados nesta passagem encontram-se examinados no capítulo dedicado à figura de Afonso Henriques, pelo que se remete para esse texto para uma contextualização histórica do excerto e bibliografia sobre os acontecimentos relatados.

O bispo tudense encontra-se a relatar o início do reinado de Afonso IX de Leão, afirmando que este se viu desde logo importunado pelo seu tio, Sancho I, e, por outro lado, pelo seu primo, Afonso VIII de Castela. Num contexto em que o monarca leonês se via acossado quer a oriente, quer a ocidente, teria aceitado o casamento com a filha de Sancho I, Teresa Sanches, para desta forma conseguir o apoio do monarca português contra o rei castelhano:

Tamen in primordio regni sui inquietatus fuit ualde a collateralibus suis, scilicet ab auunculo suo Sancio rege de Portugalia et ab Adefonso rege Castele consobrino suo. Vnde compulsus fuit ducere in uxorem Tharasiam filiam eiusdem regis Sancii, ut ipsum regem Sancium haberet in auxilium sui contra Adefonsum regem Castelle470.

Lucas termina este pequeno excerto referindo a descendência desse matrimónio de Afonso IX com Teresa de Portugal:

Ex ista Tharasia genuit tres filios, scilicet Sanciam primogenitam, deinde Fernandum et nobilem infantissam Dulciam471.

Embora a passagem se ocupe da figura de Afonso IX de Leão, a verdade é que acaba por oferecer algumas informações relativas a Sancho I e a uma das várias facetas da governação neste período, isto é, à política matrimonial, neste caso à que foi levada a cabo pelo segundo rei português. Para além disso, Lucas enquadra de uma forma muito interessante o casamento do monarca leonês com a filha de Sancho I, algo que também deve ser alvo de análise.

A referência que Lucas faz à hostilidade que tanto o monarca português como o soberano castelhano estariam a mover a Afonso IX de Leão necessita ser contextualizada. Com efeito, a morte de Fernando II em Benavente, em 1188, não foi seguida de uma ascensão ao trono pacífica por parte de Afonso IX, filho primogénito do monarca falecido e de Urraca Afonso, filha de Afonso Henriques. Grande parte das dificuldades que o sobrinho de Sancho I enfrentou para se ver reconhecido em Leão foram movidas pelo partido em torno da última esposa de Fernando II, Urraca López de Haro472, que

470 CM, IV, 82, 320. 471 CM, IV, 82, 320.

472 Como o nome indica, a última esposa de Fernando II provinha de uma das famílias mais poderosas de

Castela. Essa proveniência ajuda a compreender a divisão que existiu após a morte de Fernando II, tendo Afonso IX o apoio de galegos e leoneses. Por seu turno, o partido ‘castelhano’, reunido em torno de Urraca

ambicionava colocar o seu próprio filho no trono e tinha conseguido, ainda em vida de Fernando II, granjear para os seus apoiantes e familiares vários cargos importantes no reino. De tal forma se apresentava a situação desfavorável para Afonso que este tinha, inclusive, iniciado uma viagem para Portugal, procurando a segurança que o seu tio, Sancho I, lhe tinha prometido, quando em Benavente morria o seu pai, forçando-o a retornar a Leão e tentar assegurar o trono473.

Nesta conjuntura, Sancho I mudaria de posição, uma vez que se antes faria algum sentido proteger Afonso enquanto este era ainda infante, certamente agora também fazia sentido tentar capitalizar a sua fraqueza momentânea no início do reinado para atacar as possessões leonesas que desde sempre interessaram aos portugueses. Assim, Sancho I atacava algumas praças leonesas num momento em que Afonso VIII de Castela fazia o mesmo a oriente e Afonso IX reunia ainda Cortes na cidade de Leão. Após esta reunião, e vendo-se atacado pelos dois vizinhos cristãos, Afonso IX procuraria um acordo com Afonso VIII de Castela, tendo inclusivamente de aceitar a verdadeira ‘humilhação’ de ser armado cavaleiro pelo monarca castelhano, em Carrión de los Condes.

É este, a traços largos, o cenário que explica que tanto Lucas como Rodrigo descrevam estas dificuldades iniciais de Afonso IX para se assegurar do trono leonês e também para fazer frente aos seus congéneres português e castelhano474.

Contudo, o que não se compreende tão facilmente é a relação que Lucas estabelece, de forma deliberada, entre os conflitos que Afonso IX se viu na obrigação de enfrentar e o casamento que acordou com Sancho I. Com efeito, após estabelecer que o novo monarca leonês encontrava oposição por parte dos dois reinos vizinhos, Lucas relaciona esse facto com o matrimónio de Afonso IX e Teresa, afirmando claramente que o monarca foi levado a contrair matrimónio com a princesa portuguesa para assim conseguir o apoio do seu tio no conflito com Afonso VIII de Castela: compulsus fuit

e os seus filhos, procurou justificar a impossibilidade de Afonso assumir o trono uma vez que era fruto de um matrimónio anulado pela Igreja devido à consanguinidade. BRANCO, Maria João Violante – D. Sancho

I: o filho do fundador, p. 120.

473 Esta síntese pode encontrar-se um pouco mais desenvolvida em BRANCO, Maria João Violante – D. Sancho I: o filho do fundador, p. 118-121.

474 A própria autora da biografia de Sancho I alude a esses testemunhos que nos deixaram os cronistas

hispânicos do século XIII relativamente ao início do reinado de Afonso IX de Leão. BRANCO, Maria João Violante – D. Sancho I: o filho do fundador, p. 120.

ducere in uxorem Tharasiam filiam eiusdem regis Sancii, ut ipsum regem Sancium haberet in auxilium sui contra Adefonsum regem Castelle475. A expressão compulsus fuit

não deixa grande dúvida.

Primeiramente, deve referir-se que a explicação que Lucas confere a estes eventos não colhe no que se sabe dos acontecimentos em torno do ano de 1190, que é quando o enlace é negociado476. No momento em que o casamento é acordado, não só Leão e Castela não estavam em conflito aberto, como estava ainda em vigor o acordo de Carrión de los Condes, segundo o qual Afonso IX casaria com uma filha de Afonso VIII. Assim, tal como refere Maria João Violante Branco, o matrimónio de Afonso IX com uma filha do rei português foi, para o leonês, uma forma de “afirmação pessoal (…) face ao castelhano e deveria pretender contrapor um peso sensível aos desígnios expansionistas”477 de Castela.

Claro que, num período particularmente volátil da política peninsular, em pouco tempo esse estado de coisas se iria alterar e a aliança com Portugal ser novamente relegada por Afonso IX em favor de novo acordo com Castela. Relatar essas alterações foge já do propósito deste texto, porquanto o que aqui interessa perceber, face à explicação dada, é qual a motivação que teria levado Lucas a colocar o matrimónio como uma imposição a que o leonês teria que se submeter478.

O que sucede neste excerto é que, perante um enlace com o qual não poderia estar de acordo, tanto por razões políticas, como por razões eclesiásticas (nomeadamente a consanguinidade que a Igreja romana vinha tentando combater na Península Ibérica), o

tudense viu-se na necessidade de apresentar a união como sendo negativa e, ao mesmo

tempo, exonerar o monarca leonês de responsabilidades quanto à escolha tomada. Torna- se compreensível esta hipótese quando se tem em conta o presente em que Lucas escreve.

475 CM, IV, 82, 320.

476 A contextualização deste período e dos factores que levaram ao matrimónio entre a filha de Sancho I e

Afonso IX de Leão encontra-se em BRANCO, Maria João Violante – D. Sancho I: o filho do fundador, p. 148-155.

477 RANCO, Maria João Violante – D. Sancho I: o filho do fundador, p. 149.

478 Rodrigo Jiménez de Rada iria seguir essa mesma linha de considerar o matrimónio com a princesa

portuguesa algo inerentemente negativo (o que faz sentido tendo em conta a sua perspectiva castelhana). Também o toledano coloca o matrimónio como não sendo uma opção política do rei leonês, mas antes uma imposição do momento, embora o justifique de uma forma distinta daquela que Lucas relata. DrH, VII, XXIIII, p. 246-247. Este excerto irá ser analisado.

Afonso IX é nada menos que o pai de Fernando III de Leão e Castela, sob os auspícios do qual Lucas escreve. Mais próxima ainda seria a relação de Lucas com a rainha-mãe, Berengária, segunda esposa de Afonso IX, com quem este se casou precisamente após se separar de Teresa. Neste sentido, era tão necessário reforçar a legitimidade do matrimónio de Afonso IX com Berengária, cuja descendência tinha há pouco tempo reivindicado com sucesso o reino de Leão (não sem desrespeitar a decisão final do próprio Afonso IX), como era necessário evidenciar a ilegitimidade da primeira união do leonês, aqui narrada como uma decisão do momento, quase forçada pelas dificuldades políticas e militares em que o monarca se encontrava.

De resto, existe um paralelismo que salta logo à vista quando se trata este matrimónio e que consiste no facto de Lucas utilizar os mesmos mecanismos explicativos que usara para narrar o casamento de Fernando II com Urraca Afonso, filha de Afonso Henriques e irmã de Sancho I, em 1165479. Recuperando um pouco esse episódio, Lucas

descreve o matrimónio e refere que este teria ocorrido porque se afigurava indispensável a Fernando II obter da parte de Afonso Henriques uma posição de neutralidade, uma vez que o leonês procurava conseguir para si o trono de Castela e não poderia responder convenientemente a possíveis investidas a ocidente por parte de um monarca que já mais do que uma vez demonstrara ter interesse nas diversas zonas fronteiriças com Leão.

Como se pode ver, ambos os episódios ficam marcados pela mesma explicação por parte de Lucas. Um factor externo que se identifica em ambas ocasiões com Castela (pretensões em Castela, no caso de Fernando II; defesa face a Castela, no caso de Afonso IX) acabou por ser a justificação que Lucas encontrou para atribuir um sentido distinto aos matrimónios. E, em ambos os casos, a aliança com Portugal que esses matrimónios representam deixa de ser uma escolha consciente dos monarcas leoneses (que revela uma orientação política duradoura do reino leonês), para ser fruto apenas de uma conjuntura muito específica em que estes se viram colocados e para a qual a única resposta era ceder momentaneamente a uma aliança com os portugueses.

Por fim, deve notar-se que a narrativa que Lucas constrói para ambos os episódios acaba também por conseguir desresponsabilizar os monarcas leoneses de uma actuação

que o tudense não via como positiva, ou seja, uma aliança com Portugal tendo como contexto momentos de hostilidade face a Castela. Isto numa altura em que Leão e Castela se encontravam novamente reunidos sob a mesma autoridade, Fernando III, como já se referiu. Esta forma de relatar um aspecto menos positivo sem colocar em causa o papel do soberano leonês (seja ele Fernando II ou Afonso IX) também já foi realçada, nomeadamente ao chamar a atenção para a ortodoxia política que Enrique Jerez Cabrero identifica no prelado tudense e que o leva a diminuir as críticas aos monarcas480.

Rodrigo Jiménez de Rada não apresenta essa característica, algo que fica demonstrado, por exemplo, nesta mesma passagem sobre o matrimónio de Afonso IX. Se por um lado o toledano parece seguir o exemplo de Lucas relativamente às motivações do leonês para se aliar com Portugal e imputar parte da responsabilidade desta decisão ao momento específico em que é tomada, por outro lado também é verdade que Rodrigo afirma ainda sobre este matrimónio que ele só ocorreu porque Afonso IX era influenciável e se deixou levar por maus conselhos.

Estes são os momentos em que Sancho I encontra lugar no relato de Lucas de Tuy. Como se disse, são poucos e fornecem pouca informação sobre o rei em si e sobre a sua forma de actuar, embora permitam inferir algumas qualificações e características empregues no relato. Porém, o aspecto que mais se evidencia relativamente a Sancho no relato de Lucas são as semelhanças deste com o relato centrado na figura de Afonso Henriques. Sancho I surge, ainda como infante, derrotado por Fernando II, tal como Afonso Henriques haveria de ser em Badajoz; surge ainda, tal como Afonso Henriques, a dar a mão de uma filha sua ao monarca leonês (neste caso, já não a Fernando II, mas a Afonso IX), apenas para ver esse matrimónio (e a solução política que consagrava) dissolvido; surge, por fim – e talvez seja este o aspecto mais importante –, reconhecido na sua realeza e no seu direito a governar Portugal, já uma entidade política também ela plenamente reconhecida.

480 Consulte-se o capítulo 1.