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SATISFAÇÃO DO EX-ALUNO COM SUA ATIVIDADE RURAL

11,54%

72,73%

1

Rede pública Rede comunitária

O jovem, para permanecer com a atividade rural, deve estar satisfeito com o rendimento financeiro de suas atividades, caso contrário, a região oferece oportunidades de saída do meio rural, mesmo na incerteza do futuro, por ser uma região de fácil acesso principalmente para a indústria calçadista do Vale dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre.

4) Quando perguntado aos que permanecem na área rural, se estão satisfeitos com o rendimento financeiro de suas atividades nos últimos anos, as respostas foram as seguintes:

a) Nas escolas da rede pública, num total de 26 jovens, 07 não responderam ou não souberam responder, apenas 03 (11,54%) responderam que estão satisfeitos, e alguns, citam como motivos da satisfação "que estamos numa era que mostra algumas mudanças, na valorização de nossos pequenos agricultores" (Elizandro Barimarki); "gosto muito e então não importa quanto ganho, mas moro no meio rural porque gosto" (Camila Secretti) e, 16 (61,54%) que não estão satisfeitos, merecendo registro para as seguintes afirmações: "pouco lucro e bastantes despesas" (Tiago Freo); "porque o tempo não contribui e preços baixos dos produtos" (Marcos Szydloski) e "por causa dos altos preços dos insumos" (Ezequiel Rocha), o que significa dizer que os projetos agropecuários das famílias não são eficientes e não atendem aos desejos dos jovens sobre suas necessidades básicas, de consumo ou de segurança para um futuro com qualidade de vida, demonstrado através da expressão "pouco lucro da atividade" feita pela maioria dos insatisfeitos. Outros motivos também alegados foram a falta de assistência técnica, problemas de política agrícola e climático.

b) Na rede comunitária o índice dos que estão satisfeitos com suas atividades agropecuárias sobe para 72,73% quando 8 responderam afirmativamente, justificando com afirmações como "está dando para fazer algum investimento" (Evandro Dal Água); "houve muitas mudança" (Ivânio Ruani), referindo-se às mudanças ocorridas em sua propriedade; “não é tanto pelo rendimento, mas sim pela satisfação de fazer o que gosto” (Vander Endler); "a propriedade mudou depois de ter aplicado técnicas e experiência praticadas na escola" (Ex-aluno não identificado) e "pouco custo de produção, novos mercados e grande economia em produção de alimentos de consumo" (Ex-aluno não identificado), um não respondeu e apenas 2 (18,18%) responderam que não estão satisfeitos.

O grau de insatisfação com suas atividades rurais entre os ex-alunos da rede comunitária é bem menor que os da escola da rede pública, o que nos leva a deduzir que há uma diferença na formação, tendo em vista que nas duas situações, os meios de produção, mão-de-obra, capital e trabalho são semelhantes nas duas situações.

Fica evidente, tanto no público da escola da rede pública como da rede comunitária que a satisfação com as atividades rurais que desenvolvem está ligada ao gosto nato pela atividade ou como conseqüência do uso de tecnologias que permitiram melhorar a economia da

propriedade, que por sua vez está relacionada com o desejo de permanecer no local, reforçando assim a idéia de uma escola voltada à melhoria das atividades profissionais das famílias dos agricultores.

A pesquisa tentou buscar informações sobre a influência da escola para a permanência do jovem no meio rural, bem como à saída do jovem, se a falta de estudo relacionada com o meio rural também contribuiu para a saída do meio rural através das três questões seguintes:

5) Se o ex-aluno está ou pretende ficar no meio rural, a escola contribuiu:

a) Nas escolas da rede pública, num total de 26 que estão no meio rural, 10 (38,46%) responderam que a escola influenciou para sua decisão de permanecer, pois a escola mostra um mundo urbano mais difícil de viver que no mundo rural, 9 (34,62%) responderam que a escola não influenciou para a sua decisão de permanecer no meio rural e 6 (26,92%) não responderam.

O que se evidencia nesta questão é que a grande maioria daqueles que pretendem continuar no meio rural ou que ainda nele permanecem, não foi influenciada pela escola, mas sim por outros fatores. Nesta questão, parece estar a escola ausente da problemática, ou sem ações que possam modificar a realidade a favor da permanência do jovem no meio rural, com dignidade e qualidade de vida.

b) Na escola da rede comunitária, dos que estão no meio rural ou pretendem ficar nele, num total de 11, todos (100%) responderam que a escola influenciou e a grande maioria justificou que a escola mostra um mundo rural com mais futuro que o mundo urbano e um mundo rural melhor de viver que no meio urbano, através de práticas políticas pedagógicas que levou o educando a desenvolver o social e, principalmente, o econômico em suas famílias e em suas comunidades.

6) Quando questionados se a escola também contribuiu para sua saída, ou intenção de sair do meio rural, o resultado foi o seguinte:

a) Nas escolas da rede pública, 01 não respondeu; 16 (61,54%) responderam que a escola não contribuiu e 09 (34,62%) responderam que a escola contribuiu para sua para sua saída, ou intenção de sair do meio rural, justificando que a escola mostra um mundo rural difícil de viver, que o meio rural não tem futuro e outras justificativas como "a escola ajudou a apurar meu senso crítico e assim a criar expectativa de vida um pouco melhor que o rural" (Adriano Cukoski); "a escola mostra que para fazer dinheiro no meio rural tem que ter terra e maquinário" (Ezequiel Rocha). Essa afirmativa do jovem Ezequiel, que é concluinte da escola Agrotécnica de Nível Médio, deixa transparecer que a escola, possivelmente a de Ensino Médio, prega um modelo de agricultura empresarial voltada à grande propriedade, não sendo essa a realidade da região, pois a mesma é constituída de pequenas propriedades e há uma matriz produtiva não mais adequada para região, que era aplicada com sucesso na década de 70, onde predominava a produção de grãos, principalmente da cultura da soja; "porque ela ensina uma realidade que faz seguir uma faculdade, um outro meio de trabalho" (Célia Tur). A escola, neste caso, não vê o meio rural como uma possibilidade de geração de renda e emprego, apesar dos 20,30 hectares de terra em média por família dos que ainda permanecem no meio rural; "ela abriu nossos horizontes, que ao longo do tempo devem ser percorridos" (Deivis Sepp). Segundo Sepp, essa é uma demonstração clara de que a escola mostra outro horizonte, que não o rural, a ser seguido.

b) Os dois que não mais permanecem no meio rural na rede comunitária, não responsabilizam a escola pela sua saída, e sim outros fatores como a falta de terras.