• Nenhum resultado encontrado

No capítulo anterior, por meio do cruzamento de fontes legislativas e orais, foi possível traçar um panorama das relações políticas entre o município de Chopinzinho e seu distrito administrativo de São João durante a segunda metade da década de 1950. Não sendo interessante e conveniente para um pequeno município perder territórios e população (e consequentemente arrecadação de impostos), vimos como a elite local da referida municipalidade procurava salvaguardar seus interesses políticos e econômicos no citado distrito, impondo a nomeação de subprefeitos em certos momentos e autorizando benefícios de infraestrutura (embora não signifique que, de fato, saíram do papel) para a comunidade em outras situações (na eminência da emancipação sanjoanense). Indubitavelmente, percebe-se que estes eventos colaboraram e estimularam a consolidação de um clima de tensão política entre Chopinzinho e o recém-emancipado, município de São João. Com a autonomia sanjoanense a tendência era que essa rivalidade sustentada entre ambas as municipalidades se atenuasse, já que São João sairia da área de controle de Chopinzinho. Porém, não é isto que vamos ver.

O que se nota é que as relações sociais entre as cidades são intensas e, desse modo, a circularidade social proporciona uma confluência e um cruzamento de ideias políticas, interesses sociais, padrões, condutas e emoções, que serão fundamentais para a construção de

232 Quanto a esta área não nomeada nas publicações do Diário Oficial do Estado do Paraná, acredita-se se tratar de uma pequena localidade comumente chamada de Lontrinha, somada a adjacências territoriais.

uma rivalidade velada, muitas vezes indireta ou inconsciente, digamos, assim, entre os municípios vizinhos.

Portanto, é nesse contexto que nasce o litígio envolvendo a comunidade nomeada de Sede Sulina (nome sugestivo para um ambiente colonizado por sulistas, não?). Ocorre que tal comunidade era de domínio chopinzinhense até a emancipação de São João, mas, com a emancipação deste e pelos limites territoriais propostos, a localização da comunidade de Sede Sulina entrava na área de influência sanjoanense. Com isso, a partir de meados do ano de 1960 concomitantemente à soberania de São João, a comunidade de Sede Sulina era incorporada a este como um de seus distritos administrativos. Teoricamente, a mudança e a elevação de status da comunidade para distrito poderia e tenderia a ser benéfica para a mesma. Além da maior proximidade geográfica com o centro urbano de São João, o distrito demandaria uma maior atenção da elite política sanjoanense para a execução de obras de infraestrutura (estradas, transporte coletivo, posto de saúde, construção de escolas etc.) do que em outras comunidades do município, já que se estabeleceria como um dos maiores distritos de São João (sendo menor apenas em população que o distrito de São Jorge). Nesse sentido, durante a primeira legislatura sanjoanense, a aludida comunidade já teria o apoio do seu próprio interlocutor, o vereador eleito pelo PTB, Armando Hoff.

Entretanto, a situação não foi analisada sob o mesmo prisma pelas lideranças comunitárias da Sede Sulina e da elite política de Chopinzinho. Tanto é verdade que, se assim não fosse, o povo do referido distrito (ou grande parcela dele) através de seus representantes não apoiaria um plebiscito para desmembrá-lo de São João e anexá-lo novamente à Chopinzinho.

Desta maneira, a situação aparece oficialmente na 6ª Reunião Ordinária realizada em nove de dezembro de 1961 na Câmara Municipal de Vereadores de Chopinzinho. Relata-se que:

Foi apresentado por 175 eleitores da localidade de Sede Sulina, atual Município de São João, um requerimento acompanhado da assinatura dos 175 eleitores requerendo um plebicito (sic) e solicitando a retificação de divisas, devendo a mesmas seguir as da Colonizadora Dona Leopoldina, pretendendo os mesmos pertencer ao Município de Chopinzinho.233

233 Câmara Municipal de Vereadores de Chopinzinho - PR. Ata de sessão ordinária realizada em 09 dez. 1961. Livro 1. p. 68. (68).

Analisemos os fatos: a apresentação de um requerimento deste gênero em uma sessão pública evidencia, de início, que há uma mobilização e um interesse manifesto de um número de pessoas em mudar uma determinada situação. Nesse caso específico cento e setenta e cinco eleitores avalizam e outorgam a realização de um plebiscito que retifica as divisas do distrito de Sede Sulina em favor do município de Chopinzinho. O trabalho de colher todas essas assinaturas e levá-las ao órgão legislativo municipal integram apenas uma pequena parte das etapas. Admite-se que essa decisão somente foi construída e embasada após inúmeras reuniões entre os grupos políticos interessados, nas quais se estabeleceram acordos e confluíram-se os interesses políticos, econômicos e sociais. Posteriormente, convencer o povo do distrito da validade e importância dessa medida é outra etapa do processo.

Dessa forma, na continuação do documento afirma-se: “Logo apos o Sr. Presidente consultar dois representantes da referida localidade submeteu a votação secreta, cuja apuração foi favoravel aos requerentes por 7 votos a favor e um (1) contra ficando assim aprovado definitivamente”.234

O pontapé inicial para a reanexação da Sede Sulina para a esfera política de Chopinzinho estava dado. Os trâmites burocráticos é que ditariam o tempo para a situação se concretizar. Todavia, o interessante a visualizarmos nesse trecho documental é a intersecção e a confluência de interesses em jogo. A votação dos legisladores chopinzinhenses, praticamente unânime (7 votos favoráveis e apenas 1 contrário) em relação ao requerimento que prevê o pertencimento da comunidade para Chopinzinho, conflui e interessa aos dois representantes da comunidade in loco – os quais certamente representam lideranças comunitárias que mantêm laços e vínculos com a elite política chopinzinhense. Isto é, existe uma consonância política entre ambas as partes.

Contudo, o que nos chama a atenção também é a menção de uma empresa colonizadora, conhecida como Dona Leopoldina. O instigante é que o requerimento exige que as divisas da comunidade sigam os limites da referida colonizadora. Por quê? Quais são as relações políticas mantidas entre o distrito e, por extensão de suas lideranças comunitárias, com a referida empresa colonizadora?

Mesmo com escassas informações sobre a atuação da empresa colonizadora Dona Leopoldina na região, é perfeitamente possível que muitos moradores do distrito tivessem propriedades que perpassassem as áreas da citada companhia. Do mesmo modo, é plenamente aceitável que a empresa, através de seus gestores, mantivesse um contato apurado e interesses

234 Id, Ibid. p. 68.

afins com as lideranças do distrito de Sede Sulina e com a elite política de Chopinzinho. Ou seja, nesse cenário a realização do plebiscito – reorganizando as divisas da Sede Sulina de acordo com os limites da empresa Dona Leopoldina e passando à jurisdição chopinzinhense – combinava o interesse de alguns moradores, o interesse privado da empresa e a intenção dos dirigentes comunitários. Torna-se plausível assim a ideia de que pertencer à Chopinzinho era melhor ou mais interessante de modo político e econômico do que depender da influência sociopolítica de São João.

Porém, nesse contexto outra versão da história aparece. Mesmo mantendo uma ideia similar com relação aos interesses políticos em jogo, o ex-vereador sanjoanense Primo Zaffari De Carli, referindo-se à atuação de empresas colonizadoras no distrito em questão, afirmou:

Inclusive o gerente da Companhia (Sulense) Sulina, já tratou de se desmembrar daqui pra lá, para pagar os impostos lá e não pagar aqui né?! [Existiam duas empresas grandes na Sede Sulina] A Sulina e a Dalmagro. A Sulina era o território da Sede Sulina, e o terreno urbano era da Dalmagro. Se chamava empresa Dalmagro, mas era participação de colonização, colonização que vendiam terra. Tem tudo isso na jogada.235

Dessa maneira, vemos que De Carli expande o panorama, citando outras duas empresas colonizadoras no distrito de Sede Sulina. A Sulense (ou conhecida como Sulina) e a Dalmagro. A primeira possuía e comercializava territórios no interior do distrito e a segunda mantinha e vendia lotes territoriais urbanos. Não sabemos ao certo se tais companhias eram autônomas ou se por ventura eram subsidiárias da colonizadora Dona Leopoldina.

Todavia, o que mais nos interessa no momento é o fato do ex-vereador afirmar que o gerente da companhia Sulense procurou desmembrar o distrito, no qual sua empresa trabalhava e se concentrava, para pagar os impostos em Chopinzinho. O que motivava essa suposta tendência? Por que a predileção por se vincular à Chopinzinho? O que eventualmente a companhia ganharia com essa mudança?

As hipóteses mais aceitas, como as apontadas para o caso da Companhia Dona Leopoldina, é que havia um jogo de interesses políticos e econômicos em funcionamento, tanto por parte dos gestores da empresa como das lideranças comunitárias da Sede Sulina e da elite política chopinzinhense que, confluindo em seus acordos (talvez visando benefícios políticos e pessoais de um lado e uma carga menor de impostos de outro), culminaram na realização de um plebiscito. Isto é, para o estabelecimento concreto dessa teia de situações, o

235 DE CARLI, Primo Zaffari. op. cit.

distrito deveria pertencer a Chopinzinho, e para isso, dever-se-ia convencer a população da necessidade do plebiscito.

Ao encontro deste pressuposto, De Carli complementava sua visão dos fatos abordando as relações políticas entre o pessoal engajado da comunidade de Sede Sulina com a direção administrativa do município de Chopinzinho:

O prefeito de Chopinzinho-PR na época [Armin Matte] tinha interesse, demais, tinha muito interesse em ter a Sulina para eles, e desmembrar de São João-PR. Visto que, nós tinha até vereador aqui da Câmara nossa, que era o Armando Hoff, que era vereador nosso, companheiro nosso, só que ele procurou se desligar de nós e se ligar com Chopinzinho-PR.236

Com essas palavras de um membro da classe política sanjoanense à época, é notável que a lembrança do evento não ocorre de modo ocasional. Ela era amparada e compartilhada pelo grupo que sustentava e incorporava De Carli. Em outras palavras, era a elite politica de São João que fornecia as ideias e as posturas adequadas a serem seguidas pelos seus membros (nesse caso, instigar a rivalidade afirmando que Chopinzinho tinha interesses políticos na comunidade de Sede Sulina). Além disso, em outro nível da memória coletiva, deve-se presumir que a vitalidade dessa lembrança é sintoma de que a mesma ainda esteja ativa na consciência do grupo que a forjou, já que a memória coletiva só retém do passado aquilo que ainda pode estar vivo e/ou ativo.237

Por outro lado, o jornal “Nossa Gazeta” – em um artigo publicado em 26 de janeiro de 2012 – tratando sobre as comemorações de vinte e quatro anos da emancipação do então município de Sulina, sugere alguns indícios para as questões ambíguas envolvendo os litígios entre São João e Chopinzinho na história do citado município. O texto afirma: “Em 1960, com a criação do município de São João, Sede Sulina fica pertencendo em parte para São João e em parte para Chopinzinho, tendo como divisor o rio Capivara.”238 Na documentação analisada não encontramos referência a essa divisão espacial entre ambas as municipalidades. Porém, se tal recorte foi mesmo levado a cabo é inegável que, com a perda de sua integridade física e social, a comunidade de Sede Sulina não aceitaria esta divisão. Mobilizando as lideranças comunitárias e o povo do distrito é também nesse contexto que surge o interesse das Companhias colonizadoras em pertencer à Chopinzinho.

236 DE CARLI, Primo. op. cit. 237

HALBWACHS, op. cit, 86.

238 Sulina comemora 24 anos de emancipação política e 26 anos de história. Jornal Nossa Gazeta. São João - PR, p. 04, 26/jan. 2012.

Dessa maneira, devemos lembrar que historicamente a comunidade de Sede Sulina pertenceu à Chopinzinho. Com isso, existiria uma maior afetividade social e política da comunidade e, consequentemente, de suas lideranças com a elite local de Chopinzinho. É nessa direção que nascem os vínculos e a proposta de plebiscito que visava reanexar o distrito de Sede Sulina (no momento sob o controle sanjoanense) a Chopinzinho. Por outro lado, nos incumbe igualmente perguntar: Será apenas a proximidade política e social que mantêm esse pedido de plebiscito em pé? Que outros interesses políticos e econômicos estariam fortuitamente em jogo? A anexação da Sede Sulina para Chopinzinho seria mais oportuno para quem?

Nesse quadro, é inegável que a elite política de São João não apoiaria a possibilidade de plebiscito. Apoiá-lo seria problemático, já que o município perderia território, população e dinheiro no desmembramento de um dos seus distritos administrativos. Dessa forma, na ata da sessão ordinária realizada na Câmara Municipal de Vereadores de São João em 15 de fevereiro de 1962, é exposta a recusa ao pedido de plebiscito. Lê-se:

Aprovou-se a remessão de um oficio à Assembleia do Estado do seguinte teor: Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná: A Câmara Municipal de São João, através da unanimidade de seus membros, vem a presença de V. Excia., a fim de solicitar a quem de direito, seja convertido em deligência na região, a solicitação de Plebiscito feito pela Câmara Municipal de Chopinzinho. A nossa solicitação prende-se ao fato de que chegou ao conhecimento desta casa, que a maioria das assinaturas opostas ao pedido de plebiscito, constituem-se de nomes de pessoas não residentes na região plebiscitária.239

Isto é, constata-se, de início, que o poder local sanjoanense desconfia e acusa os políticos de Chopinzinho de manipulação do pedido de plebiscito levado ao distrito de Sede Sulina. Segundo o que consta na ata citada, a maioria das assinaturas contrárias ao pedido de plebiscito na região litigiosa era de pessoas que nem residiam em tal comunidade, inviabilizando, assim, o processo legal do plebiscito. Em uma primeira análise, a mensagem literal da ata parece ser confusa, já que se diz “[...] a maioria das assinaturas opostas ao pedido de plebiscito, constituem-se de nomes de pessoas não residentes na região plebiscitária”. Esse pedido de plebiscito é levado a cabo por Chopinzinho, mas o escrivão provavelmente se refere neste caso ao pedido de manutenção da comunidade para São João. Por isso, os legisladores sanjoanenses denunciam que pessoas não residentes na comunidade

239 Câmara Municipal de Vereadores de São João - PR. Ata de sessão ordinária realizada em 15 fev. 1962. Livro 1, p. 5 verso, 6. (5-6).

estariam votando contra a permanência do distrito de Sede Sulina para São João e, por consequência, legitimando a comunidade em benefício de Chopinzinho.

Desse modo, ao se estabelecer um cabo de força, no qual se contrapõem discursos e ações políticas, corre-se o risco de a chamada “perversão democrática”240 ganhar espaço. Em nome de um ideal democrático – o plebiscito e a soberania popular – recorre-se a atividades antidemocráticas para se obter sucesso e vantagem eleitoral, como é o caso das supostas assinaturas de eleitores não residentes no distrito de Sede Sulina.

Em contrapartida, deve-se assinalar igualmente o fato de a Câmara Municipal de Vereadores de São João denunciar a suposta ilegalidade do processo plebiscitário à Assembleia Legislativa do Estado. Tal denúncia, além de mostrar a importância e chamar a atenção para a necessidade de uma minuciosa fiscalização estadual do procedimento, mostra que os legisladores sanjoanenses procuravam estar em consonância com a Constituição Federal de 1946.

O art. 3º da Carta Magna afirma: “Os Territórios poderão, mediante lei especial, constituir-se em Estados, subdividir-se em novos Territórios ou volver a participar dos Estados de que tenham sido desmembrados”.241 Ou seja, a questão-chave está na referida lei especial. Tendo em vista que as mesmas são elaboradas pela Assembleia Legislativa do Estado, a elite política de São João astutamente pressiona os senhores que poderão aprovar um plebiscito para o desmembramento de uma porção de seu território. Neste embalo, os vereadores sanjoanenses finalizam o ofício enviado à Assembleia Legislativa Estadual argumentando: “A referida região, constituída de terras legalizadas, interessa sobremaneira ao município de São João por proporcionar uma renda muito boa e que, em caso de vir a faltar, causará grandes dificuldades ao mesmo”.242

Portanto, constata-se que a elite política sanjoanense elabora e constrói um discurso para convencer os legisladores estaduais da importância do distrito para o município. Do mesmo modo, tal discurso procura legitimar a Sede Sulina em benefício sanjoanense pela via emocional, recorrendo as possíveis dificuldades, sobretudo financeiras, que a desintegração causaria ao município. Porém, qual seria a força deste discurso nesse momento? Seria ele validado e levado em consideração?

240 Termo cunhado por Boaventura de Souza Santos. 241

BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (de 18 de setembro de 1946). op. cit.

242 Ata de sessão da Câmara Municipal de Vereadores de São João - PR realizada em 15 fev. 1962. loc. cit. p. 5 verso, 6 (5-6).

O ex-vereador sanjoanense Primo Zaffari De Carli indo na mesma perspectiva confirmava o teor do ofício dizendo que:

Olha, é o seguinte. Eu entendo que isso aí era só uma manobra de política, entendeu? Porque não havia motivo nenhum. Nós precisava da Sulina, inclusive eu batalhei muito para isso aí, pra ter a Sulina como Município de São João-PR, porque é uma população boa, você via que era uma colônia muito rica [a Sulina] e nós precisava dessa população aqui em São João-PR.243

Neste sentido, num ambiente permeado de discursos que pretendem se afirmar enquanto hegemônicos, é profícuo observar que a elite política de São João procurava engendrar e consolidar um discurso hegemônico para interferir de modo pleno nos encaminhamentos do plebiscito. Tentava-se reverter a situação instável através das palavras. E aqui novamente observamos a atuação de uma memória coletiva. Aquela que delimitava as ações da elite sanjoanense em relação ao avanço político de Chopinzinho perante o distrito de Sede Sulina. Sobre essas problemáticas, de acordo com Halbwachs: “A memória coletiva [...] é o grupo visto de dentro. [...] Ela apresenta ao grupo um quadro de si mesma que, sem dúvida, se desenrola no tempo, só que trata de seu passado, mas de tal maneira que ele se reconhece dentro dessas imagens sucessivas”.244

Contudo, o discurso elaborado pela classe dirigente de São João não obteve legitimidade perante as elites políticas da vizinhança. O pedido de plebiscito é mantido e aguardava as disposições burocráticas para ser efetivado. Na ata de reunião ordinária da Câmara de Vereadores de Chopinzinho realizada em 10 de dezembro de 1962 é exposto o seguinte teor:

Ofício n° 27/62 do Chefe do Executivo, solicitando a Câmara Municipal deste Municipio, a nomeação por parte desta Câmara de um fiscal para representa-la e acompanhar o plebiscito na localidade de Sede Sulina. Para o cargo foi nomeado o Sr. Orfelino Boschi.245

Dessa maneira, em poucos dias, o plebiscito seria realizado sem alarde na comunidade de Sede Sulina em 16 de dezembro de 1962. O proponente do pleito – o município de Chopinzinho – em consonância com as lideranças políticas da comunidade confirmava sua legitimidade política e social com a vitória nas urnas plebiscitárias. A comunidade de Sede

243 DE CARLI, Primo. op. cit. 244

HALBWACHS, op. cit, p. 93.

245 Câmara Municipal de Vereadores de Chopinzinho - PR. Ata de sessão ordinária realizada em 10 dez. 1962. Livro 01. p. 78 (78).

Sulina era, portanto, desmembrada do município de São João e reanexada ao seu município de origem, Chopinzinho. O artigo do jornal Nossa Gazeta, aludido anteriormente, contextualiza o evento afirmando: “Em 1962, é realizado o plebiscito, e toda a área da Sede Sulina fica pertencendo para Chopinzinho, assumindo a condição de terceiro distrito de Chopinzinho, publicado no Diário Oficial do Estado em 25 de Novembro de 1963”.246 Vale lembrar que a

referência à publicação do Diário Oficial diz respeito à criação e formalização do distrito de Sede Sulina. Ou seja, até tal data, Sede Sulina era administrativamente uma comunidade e não um distrito chopinzinhense.

Porém, a publicação do Diário Oficial que nos interessa principalmente aqui é a que oficializava o resultado do plebiscito. E ela foi lançada através da promulgação da Lei n° 4.715 de 20 de maio de 1963. Publicada no órgão oficial com o n° 66 do dia 21 de maio de 1963 a mesma estabelecia:

Súmula: Anexa ao Município de Chopinzinho, de acôrdo com o resultado do plebiscito realizado em 16 de dezembro de 1962, a área compreendida nas divisas que especifica.

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1°. Fica anexada ao Município de Chopinzinho, de acôrdo com o resultado do plebiscito realizado em 16 de dezembro de 1962, por fôrça da autorização dada pela Resolução n° 2/62, de 15 de junho de 1962, a área compreendida nas seguintes divisas: começa na foz do Rio Capivara com o Rio Iguaçu, atual divisa dos Municípios de Chopinzinho e São João; desce pelo Rio Iguaçu até encontrar o porto denominado São Paulo; daí, segue em linha sêca, no sentido norte e sul, obedecendo sempre a linha de terras que divide as glebas Chopim e Chopinzinho e passando pela cabeceira do Rio Ouro, até encontrar o marco denominado Zero; deste marco, no rumo Leste, segue até encontrar o rio Capivara, pela linha da terra da Colonizadora