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O setor metalúrgico brasileiro abrange os segmentos de siderurgia, ferro-gusa, ferroligas, metais não ferrosos e fundição, cada qual com seus principais destinos/clientes, conforme apresenta o Quadro 2 (BRASIL, 2010). Dessa forma, as subseções a seguir irão informar as principais características de cada setor da indústria metalúrgica brasileira.

Quadro 2 – Segmentos do setor metalúrgico brasileiro.

Fonte: Adaptado de Brasil (2010).

Siderurgia

O setor siderúrgico obteve em 2009 uma produção de aço bruto de 26,5 milhões de toneladas (Mt), o que representou um decréscimo de 21,3% em relação ao ano anterior. Considerando a produção mundial de aço, em torno de 1,22 bilhão de toneladas, pontua-se que o Brasil representa 2,2% da produção mundial de aço e ocupa a 9ª posição no ranking dos países produtores, sendo que a China ocupa a primeira colocação com uma produção de 567,8 Mt (BRASIL, 2010).

Em 2009, o consumo per capita de produtos siderúrgicos foi de 97 kg/hab. Contudo, considerando que na China a marca de consumo per capita é de 331 kg/hab. por ano, cabe a

esse setor um desafio em tentar aumentar o número de consumo no país (BRASIL, 2010). Além disso, há uma grande preocupação com o crescente aumento das importações de aço.

Esse setor obteve um faturamento de US$ 28,4 bilhões, com declínio de 33,6% em relação a 2008, e em 2009 empregou 113 mil pessoas, apresentando uma redução de 2,8% em relação ao ano anterior. Quanto às exportações, a siderurgia brasileira obteve a soma de US$ 4,7 bilhões, com uma queda de 41,3% em relação ao ano anterior (BRASIL, 2010).

Cabe salientar que esse setor obteve um retrocesso, pois foi afetado pela crise mundial no final de 2008. Atualmente, vem se recuperando e apresenta uma expectativa de crescimento em função das necessidades de investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 (BRASIL, 2010).

As empresas brasileiras de produção de aço bruto e suas respectivas produções em 103 ton., em 2009, são: Gerdau (6.105), Usiminas (5.637), ArcelorMittal Tubarão (5.334), CSN (4.375), ArcelorMittal Aços Longos (3.171), Votorantim Siderurgia (617), ArcelorMittal Inox Brasil (607), V & M do Brasil (387), Sinobras (181) e Villares Metals (92), conforme relaciona a Tabela 1 (BRASIL, 2010).

Tabela 1 – Produção brasileira de aço bruto por empresa.

Notas: Correspondem à produção de aço em lingotes + produtos de lingotamento contínuo + aço para fundição. (*) As estatísticas da Aços Villares estão incorporadas às da Gerdau.

Fonte: Brasil (2010, p. 39).

Em relação à América Latina, o Brasil ocupa o 1º lugar, conforme demonstra a Tabela 2 (BRASIL, 2010).

Tabela 2 – Produção de aço bruto na América Latina.

Fonte: Brasil (2010, p. 39).

Destaca-se também a produção de laminados, distribuídos entre produtos planos, com destaque à Usiminas (produção de 4.957 Mt), e produtos longos, com a Gerdau (produção de 3.864 Mt), conforme ilustra a Tabela 3.

Tabela 3 – Produção de laminados (unid. 103 t).

* As estatísticas da Aços Villares estão incorporadas às da Gerdau. Fonte: Brasil (2010, p. 40).

Como já destacado, os produtos siderúrgicos servem de base para outras atividades econômicas, porém cabe assinalar que a distribuição setorial de vendas internas de produtos siderúrgicos atende em grande medida aos distribuidores e revendedores (5.445 Mt), seguidos pela construção civil (2.566 Mt), autopeças (1.812 Mt) e setor automobilístico (1.479 Mt), ver Tabela 4 (BRASIL, 2010).

A siderúrgica brasileira importou um pouco mais de 2 milhões de toneladas de produtos distribuídos em semiacabados (em grande parte fornecidos pelos EUA, Itália e Rússia), produtos planos (fornecidos em grande parte pelo Canadá, Áustria, Suécia, China, México e outros) e produtos longos (fornecidos em grande parte pela China, Argentina e Índia, entre outros) (BRASIL, 2010).

O Brasil exportou em 2009 mais de 8 milhões de toneladas de produtos, distribuídos entre a Argentina, Coreia do Sul, EUA, China, Peru, Indonésia, Colômbia, Taiwan, entre outros países. Esses resultados demonstram o potencial econômico desse setor via exportações, pois obteve a soma de US$ 4,7 bilhões nesse período (BRASIL, 2010).

Tabela 4 – Distribuição setorial das vendas internas de produtos siderúrgicos (unid. 103 t).

Ferro-gusa

A indústria de ferro-gusa (ou ferro fundido) obteve em 2009 uma produção de 25,1 Mt, com declínio de 28% em relação a 2008, conforme a Tabela 5. A indústria localizada no estado de Minas Gerais representa 60% da produção nacional, seguida pelos polos de Carajás (estados do Pará e Maranhão) com 25% da produção (BRASIL, 2010).

Esse setor foi grandemente afetado pela crise mundial de 2008, motivo pelo qual foram desativados 80% dos fornos no estado de Minas Gerais (BRASIL, 2010).

Quanto à localização das fábricas de ferro-gusa, estas estão distribuídas em cinco estados brasileiros, sendo: 65 em Minas Gerais, 10 no Paraná, 7 no Maranhão, 4 no Mato Grosso do Sul e 3 no Espírito Santo (BRASIL, 2010).

Grande parte do ferro-gusa produzido em Minas Gerais é utilizada para o abastecimento do mercado interno e o restante, com toda a produção de Carajás, é exportado. As exportações brasileiras de ferro-gusa destinam-se aos EUA, China, Coreia do Sul, Taiwan, Países Baixos e Tailândia, e representaram em 2009 mais de 3 Mt de produtos e US$ 1 milhão (BRASIL, 2010).

Tabela 5 – Produção brasileira de ferro-gusa.

Ferroligas

A produção brasileira de ferroligas foi de 559,7 Mt, em 2009, com declínio de 43% em relação a 2008. O mercado externo consome 56% do volume produzido nesse setor, representando 73% do faturamento. Portanto, abastece grandemente o mercado externo e destinou-se, nesse período, à China, Japão e Países Baixos (BRASIL, 2010).

Esse setor também obteve um declínio nas importações e exportações no ano de 2009, em relação a 2008. As importações representaram 48 mil toneladas de produtos e a soma de US$ 126 milhões, com queda de 46,6% em volume e 66,8% em valor. As origens das importações de ferroligas em 2009 advêm da França, China, África do Sul, EUA, Venezuela, Índia, Argentina, Noruega, Áustria, entre outros (BRASIL, 2010).

As exportações, por sua vez, totalizaram 260 mil toneladas em volume e US$ 1,4 bilhão, com queda de 27,5% em volume e 38% em valor, em relação a 2008. Essas exportações destinaram-se aos EUA, China, Japão, Países Baixos, Cingapura, Coreia do Sul, Argentina, Itália, entre outros (BRASIL, 2010).

As ferroligas servem de base para as siderúrgicas, pois seus insumos – como ligas de ferro associadas a outros elementos (manganês, silício, cromo, níquel, nióbio, entre outros) – são elementos indispensáveis para a produção de aço.

Metais não ferrosos

A produção de metais não ferrosos inclui a extração de alumínio, chumbo, cobre estanho, níquel, silício metálico e zinco (ver Tabela 6). Segundo dados do anuário do setor metalúrgico brasileiro (BRASIL, 2010), esse setor empregou, em 2009, 62.494 funcionários. Nesse segmento, o Brasil obteve um superavit de US$ 753 milhões no saldo da balança comercial, sendo o alumínio o principal responsável pelo valor positivo.

Tabela 6 – Produção brasileira de metais não ferrosos (unid. t).

Fonte: Brasil (2010).

a) Alumínio

O Brasil ocupa a 6ª posição na produção mundial de alumínio, com 1,5 Mt do minério, e contribuiu em 2009 com 4,3% da produção mundial, que foi em torno de 36 Mt. Esse setor obteve uma queda de produção de 7,5% em relação a 2008, com faturamento de US$ 13,3 bilhões nesse ano, mesmo representando uma queda de 20% em relação ao ano anterior. Esse setor tem destaque na geração de empregos diretos, na ordem de 62 mil, e abastece, em grande parte, o mercado interno e exporta apenas 914 mil toneladas para o mercado externo. Nesse caso, as exportações totalizaram em 2009 US$ 1,7 bilhão, com queda de 39% do valor, em relação ao ano anterior.

b) Chumbo

Quanto à produção do chumbo, a única produtora desse minério pertence ao grupo Votorantim Metais, a Mina de Morro Agudo, Paracatu/MG, que exporta totalmente a produção

brasileira. Segundo dados do anuário do setor metalúrgico brasileiro (BRASIL, 2010), existe a previsão de investimento em inovação tecnológica de cerca de R$ 122 milhões na usina de beneficiamento nos próximos 5 anos. De todo modo, existe a produção secundária de chumbo por meio da reciclagem de sucata de baterias automotivas (cerca de 100 mil toneladas em 2009) e sua produção sofre influências da preocupação ambiental, gerando uma diminuição de sua demanda (BRASIL, 2010).

c) Cobre

A produção brasileira de cobre, em 2009, foi de 435 mil toneladas (Kt), e a produção mundial foi de 18,6 Mt (correspondendo a 1,1% da produção mundial). Atualmente, o Brasil ocupa a 21ª posição no ranking mundial, com exportações que totalizam US$ 600 milhões e um volume de 122,3 Kt, com queda de 40,3% em valor e 9,4% em volume. Essas exportações destinaram-se, principalmente, para a China, EUA e Itália. Em relação a 2008, as importações também sofreram queda de 20% em volume (com 252 Kt produzidas em 2009) e 46,8% em valor (com a soma de US$ 1,3 bilhão em 2009). O cobre e ligas também são reciclados, e obtiveram em 2009 uma recuperação de 169,2 Kt. O consumo de cobre, nesse ano, foi de 525 Kt (BRASIL, 2010).

d) Estanho

O Brasil ocupa a 7ª posição no ranking mundial de exploração de estanho, com participação de 3,3% (produção brasileira de 10 Kt) da produção mundial, que foi totalizada em 333 Kt. Sua comercialização obteve um acréscimo de 32,2% em relação a 2008. Esse setor importou 381 Kt e US$ 6,7 milhões, com queda de 57,2% em volume e 66,8% em valor. A maior produção brasileira encontra-se nos estados da Amazônia e Rondônia. Esse setor exportou cerca de US$ 48,8 milhões e 3,8 Kt, com queda de 56,2% em valor e 42,1% em volume. O fornecimento desse minério destinou-se à Holanda, EUA e Argentina (BRASIL, 2010).

e) Níquel

A produção brasileira de níquel em 2009 foi de 32,8 Kt, representando uma queda de 8,3% em relação ao ano anterior. Além disso, esse setor obteve uma participação de 2,5 % em relação à produção mundial, que foi de 1,3 Mt. O Brasil exportou 31,2 Kt de níquel e obteve a soma de US$ 221 milhões. Essas exportações foram destinadas para a Finlândia, Japão e China. Esse setor importou US$ 69,8 milhões e obteve um faturamento de US$ 658 milhões, empregando cerca de 2.340 funcionários (BRASIL, 2010).

f) Silício metálico

O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking de produção do silício metálico, representando 20% da produção mundial. Esse setor exportou em 2009 US$ 347 milhões (queda de 32%) e importou cerca de US$ 12 milhões (queda de 75%). Os principais países aos quais se destinaram as exportações foram os EUA, Alemanha e Reino Unido (BRASIL, 2010).

O silício metálico é utilizado na fabricação de ligas de alumínio para a fundição, abastecendo o setor automobilístico e aeronáutico, além das indústrias químicas, eletrônicas, entre outras.

g) Zinco

Em 2009, foram produzidos 242 Kt de zinco no Brasil, o que representou 2,1% da produção mundial (11,5 Mt). As exportações obtiveram um crescimento de 87% em volume e 9% do valor em comparação a 2008, totalizando um volume de 76 Kt e o valor de US$ 99 milhões. As importações representaram US$ 51 milhões em valor e 29 Kt em volume. Com relação ao saldo da balança comercial, cabe salientar que se obteve um superavit de US$ 48 milhões. O faturamento totalizou US$ 452 milhões, com consumo de 196 Kt. Esse setor emprega cerca de 1.030 funcionários e tem utilização no setor siderúrgico (BRASIL, 2010).

Fundição

Em 2009, a produção nacional de fundidos foi de 2,3 Mt, com uma queda em comparação a 2008 (ver Tabela 7). Dessa produção, 84% referem-se ao ferro, 7% ao aço e 9%

aos produtos não ferrosos. O estado de Minas Gerais realizou 29,5% dessa produção, seguido por São Paulo com 29,2%, Sul com 27,4%, Rio de Janeiro com 9,3% e Norte com 4,5%. A produção em 2009 caiu 31,5% em relação ao ano anterior, que foi de 94,9 Mt (BRASIL, 2010).

O Brasil exportou, em 2009, 301 Kt para os EUA e Europa, o que totalizou US$ 764 milhões (queda de 51% em volume e 48,8% em valor). Esse setor abastece o mercado interno para as indústrias automotivas e de máquinas (BRASIL, 2010).

O setor de fundição empregou 47 mil funcionários e está estruturado em 1.400 empresas, sendo 94% de pequeno e médio porte e 6% de grande porte. Esse setor foi afetado pela crise, mas possui expectativas de crescimento futuro (BRASIL, 2010).

Tabela 7 – Produção brasileira de fundidos.

Fonte: Brasil (2010).