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CAPÍTULO 3 – ESCOLHAS METODOLÓGICAS

3.4 Etapas da pesquisa

3.4.2 Segunda fase Intervenção

A segunda fase do estudo foi iniciada logo após a aplicação do questionário 2 e consistiu no planejamento conjunto de aulas com a professora Marília e na colaboração com a professora em sala de aula, havendo maior atuação da pesquisadora nos momentos propícios para a abordagem histórica e filosófica dos conteúdos. Foram planejados três momentos para a inserção da abordagem histórica e filosófica, ao trabalhar os seguintes temas: origem da vida; estrutura do DNA e evolução dos seres vivos. A escolha desses temas se deve: (a) à polêmica que os envolve e que, muitas vezes, gera conflitos em sala de aula, conforme apontado na seção 1.4; (b) à sua relevância para o estudo da Biologia e (c) à discussão que, atualmente, se tem sobre esse assunto no meio científico. No ano de 2009, inclusive, foram realizados diversos eventos em comemoração ao bicentenário de nascimento de Charles Darwin, o que colocou a Teoria da Evolução em ênfase também nos meios de comunicação.

No primeiro momento, foram introduzidas as idéias dos primeiros filósofos gregos sobre a origem dos seres vivos, comentadas as relações entre a Filosofia e a Ciência, discutidos os experimentos que embasaram as teorias da abiogênese e da biogênese, incluindo dados da época desses experimentos e dados biográficos de Pasteur, pesquisador que deu importantes contribuições para a aceitação da teoria da biogênese. Por último, discutiu-se a hipótese heterotrófica, que é a explicação mais aceita entre os biólogos para a origem da vida. Além da abordagem histórica e filosófica, foram utilizados as seguintes estratégias de EA e recursos didáticos: aula expositiva-dialogada; transparências; projeção de um trecho de filme; leitura de um texto formulado a partir de reportagens extraídas de uma revista de divulgação científica; leitura de um capítulo de livro didático; resolução e correção de um questionário.

Logo após essas aulas, a professora Marília foi afastada das atividades, por motivo de saúde. Dois professores se sucederam na substituição dessa professora e, para auxiliá-los, a pesquisadora acabou ficando à frente de aulas em

que inicialmente deveria ter papel menos ativo, por não serem tratadas com abordagem histórica e filosófica. Além desse imprevisto, outros acontecimentos também provocaram alterações no planejamento da pesquisa. Os dois módulos de aulas de Biologia da turma F eram geminados. Isso é uma vantagem para o uso de estratégias de EA que necessitam de mais tempo, como é o caso da projeção de filmes, de determinadas aulas práticas ou da realização de discussões, mas se tornaram um problema quando, em virtude de eventos não previstos no cronograma, as aulas acabaram não acontecendo. Essas ocorrências causaram redução da carga horária disponível para trabalhar os conteúdos da disciplina e cancelamento de várias atividades inicialmente planejadas.

A abordagem histórica e filosófica para o estudo do DNA resumiu-se a alguns comentários instantes antes da aula prática em que os alunos montaram um modelo de DNA. Isso ocorreu em resposta a um questionamento feito por uma aluna que, na aula anterior, perguntara ao professor como haviam chegado ao conhecimento da estrutura do DNA.

O estudo da evolução dos seres vivos também foi bastante prejudicado, pois, como se planejou trabalhá-lo após o estudo do funcionamento celular, especialmente do material genético, para facilitar a compreensão dos mecanismos evolutivos, esse conteúdo foi o último a ser abordado, sendo preciso inclusive utilizar carga horária de outras disciplinas para isso. Além da abordagem histórica e filosófica, foram utilizados as seguintes estratégias de EA e recursos didáticos: aula expositiva-dialogada, com apoio de slides; leitura de um texto construído a partir de uma revista de divulgação científica; resolução e correção de um questionário; projeção e discussão de trechos de filmes. Os slides continham imagens, citações de falas de Charles Darwin e animação para explicar o processo das mutações.

No final do semestre, aplicou-se o questionário 3 (APÊNDICE C) que visava apreender possíveis mudanças na visão dos alunos sobre a NC, sobre o EC e sobre o interesse na disciplina de Biologia. Esse questionário foi aplicado na semana de provas, no dia das avaliações de Biologia e de Filosofia e foi entregue aos alunos à medida que estes terminaram as provas. Apenas uma aluna recusou- se a responder o questionário. Foram respondidos, anonimamente, 17 questionários, porém dois foram excluídos da análise, um por não conter a idade do respondente e outro por ter sido respondido por aluno menor de 18 anos. Assim, foram analisados

15 questionários, 10 respondidos por pessoas do sexo feminino e cinco por pessoas do sexo masculino. A idade dos respondentes variou de 19 a 54 anos, a maioria entre 30 e 40 anos.

Após a entrega dos resultados, foi feito um convite para que os alunos participassem de grupos focais para discutir as aulas de Biologia do semestre. O objetivo era aprofundar e esclarecer as informações obtidas no questionário 3, além de permitir a discussão de outros aspectos que se tornaram relevantes no decorrer do estudo, como o papel da avaliação sobre o comportamento de alunos e professores da escola. Para facilitar a discussão dos principais pontos de interesse deste estudo, foram formuladas frases que sintetizavam algumas opiniões sobre as estratégias EA e os recursos didáticos empregados e sobre os conteúdos abordados ao longo do semestre (APÊNDICE G). Essas frases foram construídas a partir de dados levantados nas respostas dos alunos aos questionários e às entrevistas, em conversas informais e até em comportamentos observados em sala de aula. As frases foram distribuídas aos alunos para que eles emitissem suas opiniões acerca do assunto tratado por cada uma delas. Ao final, eles foram convidados a expressar suas opiniões sobre pontos não contemplados pelas frases e que eles julgassem importantes.

Esse procedimento foi adotado em três encontros, cada um desses com alunos e momentos diferenciados. No primeiro encontro, realizado no final de junho, apenas dois alunos, Laís e Rogério, compareceram e, apesar do procedimento ter sido mantido como planejado, não pode ser considerado um grupo focal devido ao pequeno número de participantes. No entanto, as opiniões emitidas por esses alunos foram consideradas, juntamente com as obtidas nos grupos realizados posteriormente, para a análise dos dados. Esse encontro teve duração de uma hora e três minutos.

O segundo e o terceiro encontros aconteceram no mesmo dia, em setembro de 2009, na semana de provas, quando foi possível reunir grupos de alunos voluntários para a discussão. O segundo encontro ocorreu imediatamente antes da realização das provas daquele dia, contou com a participação de quatro alunos - Bernardo, Fernanda, Vanessa e Isabel – e teve duração de 27 minutos. O terceiro encontro foi realizado logo após os alunos terem realizado as provas, teve a participação de cinco alunos - Laís, Rogério, Marta, Elisângela e Alberto – e duração

de uma hora e trinta minutos. Entre os alunos participantes desses encontros, ainda não foram descritas as especificidades de Laís, Elisângela, Alberto, Vanessa e Isabel. Entretanto, no dia dos encontros, não houve tempo para obtenção de seus dados pessoais, não sendo possível descrevê-los com detalhes. As discussões ocorridas nesses encontros foram transcritas literalmente e submetidas à análise da conversação e à análise de conteúdo. A análise da conversação foi novamente utilizada para a diferenciação entre falas espontâneas e induzidas e para apoiar a realização de inferências.

A seguir, é apresentado o esquema metodológico, em que os instrumentos de coleta de dados foram dispostos de acordo com o momento e objetivo de sua utilização. Também foram indicados os meios de registrar as informações obtidas a partir da utilização desses instrumentos (FIGURA 2).

Instrumentos de coleta de dados Meios de registro 2ª Fase: Interven- ção In tr o d u ç ã o d a H F C

Grupos focais(gravação em áudio)

Entrevistas semi-estruturadas(gravação em áudio)

Questionário 3

Observação participante(diário reflexivo)

Entrevistas semi- estruturadas individuais (gravação em áudio) Questionários 1 e 2 1ª Fase: Estudo explora- tório

Observação Participante(Diário reflexivo)

Análise de documentos