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CAPÍTULO 3 CRIANÇAS AOS SEIS ANOS NA ESCOLA:

3.3 A IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE

3.4.2 Segundo mães, pais e crianças, elas gosta(m) de ir para a

(Mãe Turmalina Verde) Gostam.

(Mãe Granada) Ele gosta, mas eu percebo que ele não gosta muito, assim, quando se trata de matemática. (...) Não sei se é porque ele tem a dificuldade ainda, né? Recém tá começando...

(Jr) É, às vezes eu tenho dificuldade por causa que... Por causa que a professora passa muito, né? Aquele dia eu... eu... eu não consegui, né, fazê aquelas continha, né, que eu não sei. Daí a professora brigô comigo e mando um bilhete. Daí eu fiquei...

(Granada Pai) Pelo que ele me fala aqui em casa, assim, a professora... força muito o psicológico dele, daí a... ele fica com as ideia muito perturbada.

(Mãe Granada) (...). Daí se as professoras ou os professores não tiver um pouquinho de paciência... Porque, imagina, a gente já foi criança, a gente sabe que a mente da gente fica, né, meio perturbada, atribulada um pouco...

(J) Você ... se sente pressionado...? (Junior) [Concorda com gestos de cabeça] (J) É pior, né?

(Junior [Concorda com gestos de cabeça]

(Mãe Granada) Isso. Daí ele fica... (...) Isso, daí ele não... (J) É isso [para o menino] que aconteceu?

(Junior) É.

(J) Tu sente às vezes, assim, quando a professora fica brava? (...) Fica mais atrapalhado?

(Jr) A professora às vezes briga, né, e manda um bilhete pra casa...

(J) Daí você fica pior? Daí fica mais difícil? (Menino Granada) (Concorda com gestos]

(J) Fica... Ai, ai... E essa professora é mais brava do que a do ano passado?

(Menino Granada) Antes tinha uma professora mais boa, agora, essa aí...

(J) É mais brava?

(Menino Granada) Mais ou menos... Mais ou menos brava! (Mâe Pedra do Sol) Gosta.

(J) Gosta. Sente que ele gosta?

(Mâe Pedra do Sol) Hum hum (afirmantiva). (Mª Mãe Amazonita) Gosta!

(Mãe Lápis Lazúli) Gostam. (J) Os dois?

(Mãe Lápis Lazúli) Hã hã. Bastante! (Mãe Quartzo Verde) Gosta. Agora sim! (J) Agora sim?

(Mãe Quartzo Verde) Agora sim. Porque nessa fase que eu falei do ano passado (...) ele tava tendo bastante dificuldade.

(J) Na hora que mudou as professoras?

(Mãe Quartzo Verde) Na hora que mudou as professoras, exatamente.

(J) Isso é uma dificuldade que precisava ser melhor trabalhada pela escola...

(Mãe Quartzo Verde) É. Isso é complicado... E eles se apegam muito, né, aos professores.

(J) Eles são tão pequenos (.... Eles estão saindo da família, de um núcleo bem menor...

(Mãe Quartzo Verde) É, exatamente. Ainda mais o primeiro ano, que ele recém está indo pra a escola. Então, na verdade, o que acontece (...) (...) Porque [eu] trabalhava... trabalhava fora, então, eles ficavam na escola particular. Então, na verdade, é assim: eles vieram de uma creche (...) aí, quando nós nos mudamos pra cá, foi a época dele entrar no primeiro ano e o Diogo no segundo ano. Então, eu acho que foi muita mudança também na cabeça dele, né? Sabe o que acontece? Ele se apegou, porque como eles estavam já numa creche, que eram menores e tal, então ele foi pra aquela outra escola, ele se apegou à professora; daqui a pouco aquele porto seguro que ele tinha foi embora. E aí, como é que fica? Eu acho que foi isso que dificultou bastante. E ele... e ele se apegou muito a ela mesmo, muito de... chorava assim, ele chorava! Teve uma vez que ela... que ela deu um grito na sala de aula e aí - só que não era com ele, era com o coleguinha do lado - e ele chegou em casa, ele soluçava de tanto que ele chorava! “Por que [é] que ela gritou comigo? Logo ela gritou comigo!” (...) Aí eu disse: “Mas meu filho o que [é] que aconteceu?” Aí eu conversei com ela, tudo, ela disse: “Não, mas eu não gritei contigo!”. E ele disse assim: “Não foi comigo?” Porque ele... ele ficou tão magoado porque ele tem um sentimento tão grande...com ela que ele ficou tão magoado de ela ter gritado que aí ele foi perguntar: “Mas logo eu?” Sabe? Aquela coisa assim de dizer: “Logo eu que gosto tanto de ti, tu foi grita comigo...”. Então, eu achei isso muito curioso, assim. Eu vi que realmente ele teve uma afinidade com ela assim... inexplicável. (...). E até hoje é assim. Ele vê ela, ele abraça, ele beija. E ele antes de ele ir pra turma dele, pra sala dele de aula que é com outra professora... (...) Ele passa lá, dá um beijo e um abraço nela. É a primeira pessoa que ele cumprimenta na escola. Então ficou bem... eu acho que...

(J) ...Marcado.

(Mãe Quartzo Verde) É, ficou bem marcado.

(Mãe Rubi Indiano) Adora, né Menina Rubi Indiano? (risos) (J) [Para Menina Rubi Indiano] Concorda?

(Menina Rubi Indiano) Hã hã.

(Mãe Ametista) Agora não tá gostando. (J) Nesse momento não?

(Mãe Ametista) Tá reclamando bastante. (J) O que [é] que ele reclama?

(Mãe Ametista) Tá reclamando que ele tá escrevendo muito, que a professora não tem paciência com eles - não somente com ele, com... em geral, que a professora é muito brava. Mas eu entendo o lado dele e o lado dela.

(J) É?

(Mãe Ametista) Eu sei que ela tá cobrando e eu peço pra ela cada vez cobrar mais - porque ela cobra lá, eu cobro aqui, eles cobram na Casa de Criança. Ele não vai lá pra brincar, ele vai lá pra aprender. Então, eu quero que ele aprenda. Acho que... ele diz que eu sou igual à professora, né? Tudo bem (risos)...

(J) Tá fechando... (risos) (Mãe Ametista) Tudo bem. É!

(J) Mas eles são tão pequenos, né...? ...) têm vontade de brincar... (Mãe Ametista) São. Tem, tem. (

(J) Dá pena, também...

(Mãe Ametista) É. (...) Mas eu explico bastante pra ele: “Ó, estuda de manhã, à tarde você tem tempo pra brincar, você tem tempo pra se divertir”.

(J) Mais tranquilo lá na Casa da Criança? É mais leve pra ele...? (Mãe Ametista) É, sim, sim; bem mais leve. Lá não tem... (J) Eles vão aprendendo mas brincando, mas dançando... enfim... (Mãe Ametista) Isso, isso! É!

(Mãe Opala de Fogo) Gosta. (...) Ela gosta. Tem dia que ela não acorda muito boa, mas depois se anima.

(J) É? Tem que acordar cedo né? (Mãe Opala de Fogo) Tem!

(Mãe Safira) Antes, no começo ele ia brigando comigo, ia me irritando, mas agora ele tá gostando de ir pro colégio; mas antes ele não gostava. (risos)

(J) É mesmo Menino SafiraMenino Safira? No começo você não gostava?

(Menino Safira)[Balança a cabeça para um lado e outro] (Mãe Safira) Agora ele tá gostando.

(J) Também é tão... tão cedo, né? Com seis aninhos era ainda... (Mãe Safira) É. Com seis aninhos já começar...

(Mãe Safira) Sair da creche e foi pro colégio. Aí ele dizia: “eu não preciso...”

(J) Ele estudava onde? Na Casa da Criança ou na...(...) creche? (Mãe Safira) Ele ficava na creche, aqui na... a Creche Anjo da Guarda. (...) Daí ele fez o prezinho ali (...) ele ficava o dia todo ali. Aí de manhã ele fazia um período, daí à tarde ele fazia o período do pré (...) Depois saiu da creche, foi direto pra primeira; daí foi aonde ele estranhou né? Porque aí, ali na creche ele ia pertinho e depois lá ele descia mais longe.

(J) E outras coisas mais, né...?

(Mãe Safira) Ele dizia... e daí lá tem mais atividade pra fazer, então, ele assim: “Ah mãe, isso aqui é muito chato!”. “Eu não gosto disso!”.

(J) (risos) [Apesar da dureza do que era relatado, na descontração do momento a pesquisadora ri da intensa ênfase dada, na voz da mãe, à afirmação do menino... Fez ver o quanto podem ser chatas, do ponto de vista da criança, as sérias atividades preparadas por mal pagas e bem intencionadas professoras, como desdobramento da orientação do Banco Mundial!]. É, Menino Safira? No começo era chato?

(Menino Safira)[Concorda com gestos de cabeça]. (J) E agora?

(Menino Safira) Agora é legal. (J) Agora tá legal...

(Mãe Safira) Agora tá legal [repete o filho, sorrindo] (J) ... Pegou o jeito da coisa?

Menino Safira concorda com gestos de cabeça

(J) É? [E o menino continua sacudindo a cabeça, afirmativamente].

Sorrindo, a mãe enche os olhos de lágrimas...

Aí estão algumas das preocupações das mães e dos pais, e algumas das indicações das próprias crianças – que neste momento da entrevistas já estavam no segundo ano – sobre a ida à escola em suas demandas e afetos. Nos capítulos seguinte, mais elementos do campo.