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Seleção dos Participantes e ambiente virtual

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.2 Seleção dos Participantes e ambiente virtual

A construção do espaço amostral humano, ou seja, os estudantes foi fruto de uma caminhada empírica, ou melhor, alguns trabalhos vieram sendo realizados para que fossem estruturadas algumas formas de captura de dados e o ambiente virtual a realizar a pesquisa, dentro do contexto abordado.

A caminhada surge de uma verificação didática, onde os estudantes internalizam mais saberes quando estes lhes são apresentados de diferentes locais, formas e estratégias, acompanhados de extensões tecnológicas das mais diversas. Como numa aula expositiva o professor (a) conta com o quadro negro, giz, pincel, em uma aula de campo ele precisará de roteiro, caderno de campo, GPS, tabelas e outros itens. Portanto, dentre as modalidades didáticas propostas por Krasilchik (2011), a proposta didática aplicada nesta pesquisa no ambiente virtual e presencial, pode englobar todas as modalidades da autora.

Foi desta necessidade de implementação nas aulas de biologia que se buscou trabalhar com os ecossistemas de aprendizagem, postando e discutindo os conhecimentos trabalhados nas aulas de biologia num blog. O blog foi à primeira ideia posta em ação onde seriam postados assuntos das aulas expositivas, relatos de aulas de campo, atividades e assuntos relacionados para que os participantes da pesquisa pudessem discutir e deixar suas impressões na rede.

O trabalho inicia com a construção da página: (http://perodolfocomciencia. blogspot.com.br/), que comportasse mas produções de todas as turmas de biologia que o pesquisador leciona na Escola. Entretanto, logo percebeu-se o problema: a quantidade de computadores que a escola possuía (15 máquinas no laboratório de informática, cinco da secretaria e 23 notebooks dos professores) e a velocidade da internet (2 Mb) limitava muito as atividades com o blog.

Por conta desta limitação, surgiu a proposta de atividade com a rede social Facebook, por ser um ambiente com interface de fácil uso com equipamentos móveis, no caso o celular. Grande parte dos estudantes possui este tipo de aparelho, conectados a internet via operadora de celular. Mas por que o Facebook e não outras redes sociais? De acordo com levantamento prévio, junto aos professores e estudantes no ambiente escolar (escolha aleatória de três turmas do universo de 14), obteve-se um resultado de que 100% sabiam o que era o facebook e/ou tinham perfil neste ambiente online, sendo a rede social mais acessada, sem levar em

consideração neste momento, a frequência, tempo de acesso e/ou horário, por exemplo. Assim, em conjunto com o professor regente do laboratório de informática, foi planejada a criação de um perfil/grupo na comunidade virtual, bem como o nome, a abordagem e a moderação.

Após a definição do nome – Rizoma de Canaan – onde a terminologia Rizoma em biologia significa um tipo de caule subterrâneo, em que o vegetal produz novos brotos e consequente geração, ramifica-se e percorre caminhos aleatórios na formação de novas estruturas. Para Deleuze e Guattari (1992), que também oferecem uma definição filosófica de rizoma, onde todas as partes estão interligadas; as linhas de fuga são ideias, os espaços de crescimento, podem acontecer em qualquer lugar, sempre e especialmente pelo meio. Nessa projeção Guattari (1990) diz que o rizoma rompe com a hierarquia estanque, o rizoma pede, porém, uma nova forma de trânsito possível por entre suas inúmeras e múltiplas possibilidades de conexão, aproximação, cortes e percepções. Com esse ideológico filosófico e biológico das estruturas e conexões das informações, e associado a comunidade do trabalho – Canaan, a comunidade se chama “Rizoma de Canaan”. As várias atividades que surgiram fazendo a integração entre as TIDICs e a disciplina de biologia, como o Bioclick, Biodesenho e outras, surgiram gradativamente em resposta às necessidades da comunidade e constam descritas nos resultados.

No Grupo Focal (GF) foram realizadas duas sessões com o mesmo grupo de sete estudantes participantes das atividades nos ecossistemas virtuais. Nestes encontros, o pesquisador, desempenhou também o papel de mediador.

Os encontros de GF com estudantes aconteceram no laboratório de informática da Escola E.M. Pe. Rodolfo, em horário pré-definido com os participantes, onde os estudantes foram convidados a sentarem-se em cadeiras dispostas ao redor de uma mesa com dois gravadores de áudio.

Inicialmente foram distribuídos papel e caneta para anotações e foi explicado que a identidade de cada participante na presente pesquisa seria mantida em sigilo, conforme termo de consentimento assinado anteriormente pelos responsáveis. A seguir realizou-se uma breve apresentação explicando o trabalho e esclarecendo os objetivos do encontro, bem como os critérios de escolha dos participantes e a forma de registro − gravação em áudio −, com que todos os participantes concordaram.

Mesmo que surgissem, durante os encontros, diferentes pontos de vista ― porque, nesta técnica, não se está em busca de consensos ―, era importante que ficasse claro que, nesse trabalho, todas as ideias e opiniões interessavam e que não havia resposta ou posicionamento certo ou errado, nem bom ou mau argumento. Além disso, foi esclarecido que não se tratava de um diálogo com o pesquisador, mas com o grupo. Assim, não precisavam atuar como se estivessem respondendo à mediadora, pois o GF não se caracteriza como uma entrevista coletiva, mas como uma conversa que deve acontecer entre os membros do grupo.

Com os estudantes o encontro foi iniciado com a apresentação dos participantes. Em seguida iniciou-se o diálogo sob o direcionamento dos questionários semi-estruturados. Para que o ambiente fosse acolhedor e informal tomou-se o cuidado prévio de deixar café, suco e bolo disponíveis para os participantes durante as sessões. Embora sempre houvesse estudantes mais falantes que outros, neste primeiro encontro, todos participaram dando suas opiniões. As interações fluíram de forma cooperativa apesar dos contrapontos e divergências, o que manteve o debate aceso em toda a sua duração.

Com a coleta de dados junto aos estudantes, procurou-se categorizar os dados fazendo-se uma leitura completa do corpus de análise, feita pelas transcrições das entrevistas, dados dos questionários e os diários de observação. Após essa leitura, com a pergunta que motivou a fazer essa pesquisa, fez-se destaques no corpo do texto a ser analisado, realces ou partes que foram consideradas importantes para responder as questões a respeito do tema. Depois disso, fez-se um resumo das partes destacadas em palavras, que pudesse expressar o sentido da análise. Tais palavras (ou pequenas frases) constituíram as categorias iniciais de análises.

A opção metodológica de “Análise do Discurso” pode ser entendida pela escolha da “natureza da pesquisa” ser uma Pesquisa-Ação. Já que na Análise do Discurso a interferência do pesquisador desaparece, dando lugar a uma análise mais profunda por trás do discurso, uma vez que o interesse do enfoque discursivo não pode residir nas “relações psicológicas” (inferências) de um indivíduo em face de um objeto qualquer pelo simples fato de uma análise do discurso não compartilhar com a análise de conteúdo do mesmo horizonte teórico (BARDIN, 2009).

A elaboração das categorias foi fundamentada nas verbalizações dos entrevistados sendo registradas em quadros matriciais, após um certo refinamento

gramatical de forma. Em todo o processo de construção de categorias, procurou-se preservar na íntegra a fala do entrevistado.

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