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4.3 Análise de conteúdo da editoria de cultura da franquia de Zero Hora: do impresso à

4.3.1 Seleção de elementos para a análise

Quanto à seleção dos materiais impressos, foi observada uma edição de cada década, desde o surgimento do Jornal Zero Hora, em 1967, até a sua última edição, verificada no período desta análise. Conforme pesquisa no Centro de Digitalização e Pesquisa do Grupo Rede Brasil-Sul de Comunicação, no ano de 1977, não foram feitas publicações da editoria de cultura no jornal. Por isso, foi analisada a primeira edição do caderno ZH Cultura, lançado em 03/10/1981.

A coleta envolveu contato por e-mail com o Centro de Digitalização e Pesquisa do Grupo RBS, nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. A partir disso, foram

disponibilizados os arquivos digitalizados de uma edição da editoria de cultura de cada década, sendo eles dos anos de 1967, 1981, 1997 e 2007 (ANEXOS A, B, C e D). A análise das edições mais recentes de ZH envolveu a coleta da versão digitalizada do Segundo Caderno do jornal impresso e do caderno Fíndi, através do site GaúchaZH, a partir da opção de salvar a versão do jornal em Portable Document Format (PDF) (ANEXOS E e F), além de screenshots dos detalhes incorporados no corpo do texto. Dessa forma, foram selecionadas as seguintes edições: Sábado, 13 de abril de 1967 (edição de lançamento Caderno de Cultura); Sábado, 31 de outubro de 1981 (primeira edição do ZH Cultura); Sábado, 12 de abril de 1997 (Cultura); Sábado, 07 de abril de 2007 (Cultura); Sexta, 18 de janeiro de 2019 (Segundo Caderno); Sábado, 19 de janeiro de 2019 (Fíndi - Guia de Lazer e Entretenimento).

Os materiais das publicações digitais, isto é, do site GaúchaZH, do aplicativo para smartphones no sistema Android, da página no Facebook e do perfil no Instagram de GaúchaZH foram coletados por meio de screenshots. Estes foram observados nos dias 18/01/2019 e 19/01/2019 e estão disponíveis em tabelas de análise (APÊNDICES B e C). Observou-se materiais da editoria de Cultura e Lazer do site GaúchaZH, do aplicativo para sistema Android GaúchaZH no smarthphone. Além disso, verificou-se, no mesmo período, postagens dos perfis de GaúchaZH das mídias sociais digitais Facebook e Instagram. O objetivo foi analisar as peculiaridades da distribuição dos conteúdos de jornalismo cultural da franquia que o jornal Zero Hora integra nessas plataformas. O registro foi realizado através de tabelas de monitoramento e screenshots.

É necessário lembrar que Zero Hora, atualmente, atua em franquia com duas mídias matrizes (BELOCHIO, 2018), a partir de sistemas de convergência jornalística que unificam o jornal impresso Zero Hora e a Rádio Gaúcha. O acompanhamento desta pesquisa das publicações de GaúchaZH tem o objetivo de analisar a distribuição multiplataforma dos conteúdos de cultura pela franquia e suas potenciais variações com relação às publicações mais antigas do jornal Zero Hora.

As categorias de análise dos conteúdos coletados são as seguintes: a) elementos tradicionais; b) elementos contemporâneos; c) elementos não previstos. Cada uma delas será descrita a seguir e seus elementos terão suas características detalhadas na descrição da análise. Todas as publicações selecionados foram submetidos à análise que envolve a verificação da presença ou ausência dos elementos das categorias.

A categoria que engloba os elementos tradicionais se refere às características do jornalismo cultural impresso a partir do século 20, destacadas por Ballerini (2015). São elas: elemento 1: predominância de textos opinativos (p.29); elemento 2: suplementos literários

(p.25); elemento 3: conteúdos voltados às mídias emergentes da época (p. 24); elemento 4: programação cultural (p. 24); elemento 5: conteúdo de variedades (p. 31); elemento 6: limitações e possibilidades do jornal impresso Zero Hora. Tais elementos foram escolhidos como forma de desenvolver a comparação, com inspiração no pensamento análogo, entre o jornalismo cultural de décadas anteriores, exclusivo do jornal impresso, e atual, desenvolvido no impresso, na Web, em aplicativos de mídias móveis e em mídias sociais digitais.

Busca-se perceber se existem características que se mantêm e as transformações que ocorreram através das décadas, principalmente aquelas influenciadas possivelmente pelas possibilidades da distribuição em múltiplas plataformas de mídia. Os elementos dessa categoria foram elencados levando em consideração as características do jornal impresso, como as suas limitações de espaço, tempo, atualização, interação e personalização. Elas são importantes nesta pesquisa porque cada plataforma tem suas especificidades. Considerando que o jornal Zero Hora nasceu e se desenvolveu no suporte impresso, tinha determinadas limitações enquanto existia somente nesse formato. Pode-se citar o espaço restrito para a publicação de notícias e a impossibilidade de atualização contínua.

Na categoria que se refere aos elementos contemporâneos, foram dispostas características relacionadas às práticas da convergência jornalística e da distribuição multiplataforma, além de elementos referentes às possibilidades das publicações digitais. Com isso, procurou-se perceber quais estratégias vêm sendo adotadas pela franquia da qual Zero Hora na veiculação dos conteúdos da editoria de cultura. Os elementos da categoria são os seguintes: elemento 1: shovelware; elemento 2: repurposing; elemento 3: referências a outras plataformas; elemento 4: aspectos da narrativa transmidiática; elemento 5: inserção de conteúdos de plataformas externas; elemento 6: limitações e possibilidades das plataformas digitais utilizadas. Tais elementos foram selecionados levando em consideração as possibilidades e recursos que as plataformas e as tecnologias atuais possibilitam à prática jornalística.

A categoria dos elementos não previstos inclui itens que não estão classificados como elementos tradicionais ou contemporâneos, mas foram constatados de forma recorrente ou apresentaram aspectos relevantes para a análise. Por exemplo, a ocorrência de uma prática que não está prevista em nenhuma das categorias, mas se repete com frequência nos objetos observados.

Esta análise tem suporte de dados de caráter qualitativo e quantitativo, os quais pretendem determinar, através de dois quadros, a presença ou ausência dos elementos dispostos nas categorias descritas anteriormente, bem como sua frequência. Os dados estão

dispostos primeiramente em quadros, seguidos das descrições sobre as inferências a respeitos dos elementos observados.

Faz-se necessário deixar clara a escolha das edições de 2019, que são do mês de janeiro. Isso ocorre porque optou-se por analisar edições mais próximas da data de conclusão desta pesquisa, devido à rapidez com que as práticas e interfaces mudam no contexto comunicacional contemporâneo. De modo que a intenção é se aproximar o máximo possível da realidade atual, embora entenda-se que esta pesquisa analisa um processo em curso, o qual tem por característica a mudança constante.

Entende-se que é necessário, antes de começar a descrição dos resultados da observação com base nas categorias, realizar uma contextualização quanto ao jornal Zero Hora e a franquia de GaúchaZH. Para isso, no próximo tópico, descreve-se o trajeto histórico e o contexto atual da editoria de cultura no jornal Zero Hora.