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A Seleção de Fornecedores de e-learning

2.2 ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DO E-LEARNING NAS EMPRESAS

2.2.3 A Seleção de Fornecedores de e-learning

Segundo Carlivati (2002), o primeiro passo para lançar um programa de

e-learning é definir claramente qual problema se quer resolver, qual a oportunidade

deve ser aproveitada, qual objetivo empresarial se quer atingir. Em seguida, deve-se observar qual o degrau entre a situação atual e a desejável, tornando claros a mudança de desempenho ou comportamento necessário para que o objetivo seja alcançado.

Após essa identificação, a empresa deverá decidir se irá comprar ou desenvolver a solução de e-learning. Apesar de uma solução personalizada parecer a ideal, a necessidade e os recursos disponíveis devem ser balanceados por meio de considerações práticas sobre o que está disponível no mercado e quais as limitações de tempo, custo, recursos e capacidade de implementação.

Para aumentar as chances de sucesso, é importante entender como estão segmentados os fornecedores de e-learning e como avaliar seus pontos fortes e fracos.

Segundo Birochi (2003), existem diversas formas de segmentar a indústria de

e-learning. O autor apresenta uma segmentação do mercado norte-americano

realizado pela consultoria WRHambrecht, dividindo as empresas fornecedoras em função de oferecerem: conteúdo, tecnologia, serviços ou alguma combinação dos três.

Lemos (2003) apresenta outra forma de dividir essa indústria, separando-a em: instituições educacionais, consultorias e provedoras de serviços e soluções.

Após adquirir um bom entendimento sobre a segmentação e o funcionamento dessa indústria, o próximo passo é a construção da solução de e-learning mais adequada a empresa.

Para esse propósito, Lewis e Michaluk (2002) sugerem um processo de quatro passos para construir a melhor solução de e-learning considerando a escassez de tempo e recursos: (i) definir um critério de seleção e obstáculos que deverão ser superados; (ii) criar uma lista de fornecedores; (iii) selecionar e testar os cursos; (iv) embalar e implementar.

O primeiro passo envolve a elaboração desde uma breve lista com a descrição dos usuários finais até uma longa lista mais detalhada com seu histórico acadêmico e profissional. A profundidade da lista varia de acordo com a necessidade. Devem ser descritas as características dos usuários e como os cursos serão utilizados. Podem ser incluídos tópicos gerais relacionados com sua utilização, tais como: quanto tempo os usuários terão disponíveis para cada sessão, qual seu nível de educação e conhecimento sobre a utilização de computadores e se eles acessarão o curso do trabalho ou de casa.

É importante também colocar nessa lista tópicos relacionados com a tecnologia, tais como: se os computadores dos usuários possuem placa de som, qual o

tamanho dos monitores que serão utilizados, qual a velocidade da conexão, entre outros.

Consultando o departamento de TI, poderá ser verificado se existem políticas de utilização que proíbem a instalação de determinados aplicativos ou softwares requisitados para acompanhar determinados cursos. Nesse caso, devem ser antecipadas possíveis soluções.

Com os critérios de seleção e a lista de limitadores em mãos, o segundo passo é criar uma lista de fornecedores. Para isso, é necessário visitar suas páginas na Internet, examinar suas propostas, contactar os vendedores dos fornecedores e requisitar informações adicionais.

Lewis e Michaluk (op. cit.) recomendam que, se o curso for comprado por meio de uma página de comércio eletrônico pública, pelo menos um curso deve ser adquirido de cada fornecedor, testando também a experiência com seu comércio eletrônico, o que pode ser um indicador do cuidado que o fornecedor tem com aspectos tecnológicos.

Da mesma forma, caso seja necessária alguma integração com o LMS da empresa, instalações na sua intranet ou algum outro processo administrativo especial, deverá conversar com o fornecedor sobre a exeqüibilidade e o custo de cada solução.

Devem ser eliminados da lista fornecedores que não se enquadram nos critérios preestabelecidos e que não possuam bom número de cursos que coincidam com os objetivos de aprendizagem da empresa.

Os autores analisam que, à proporção que o e-learning se vai tornando mais conhecido e utilizado, a qualidade dos cursos vai melhorando, produtores de conteúdos mais fracos desaparecem e os padrões técnicos se tornam cada vez melhores.

Até agora, no entanto, não há unanimidade em determinar quais seriam os melhores fornecedores de conteúdo de e-learning. Ressaltam que os responsáveis por desenvolverem portfólios de e-learning podem escolher entre um grande número de produtores de conteúdo, mas raramente podem recomendar uma seleção de cursos de apenas uma fonte.

Austin (2005) observa que o fornecedor não deve ser apenas selecionado em função de produzir conteúdo com qualidade, e sim pelo fato de apoiar os esforços da empresa contratante, durante e após sua implementação. Lembra que é importante selecionar um fornecedor que tenha: experiência, clientes que passem boas referências, conteúdo excelente e consistente, habilidade e disposição para personalizar os conteúdos disponíveis e orientação para o resultado do treinamento.

Uma vez que já se tem uma lista dos fornecedores que atendem os critérios e uma lista de cursos candidatos de cada um deles, Lewis e Michaluk (op. cit.) afirmam que é hora de solicitar uma demonstração. Muitos fornecedores trabalham na melhoria contínua de seus cursos e suas ofertas variam em qualidade, por isso é muito importante testar cada curso, pois eles podem apresentar grandes diferenças em função da época em que foram produzidos.

Nessa fase, devem ser respondidas questões como se o conteúdo do curso realmente atinge os objetivos de aprendizagem, e se o curso é apropriado para a empresa e sua audiência. Antes da decisão final, é importante testar o curso com alguns dos prováveis usuários. Testes de campo permitem observar o comportamento dos usuários desde a aquisição ou o primeiro acesso ao curso até sua conclusão; é importante também ouvir seus relatos sobre essa experiência.

Lewis e Michaluk (op. cit.) concluem que mesmo o melhor portfólio do mundo pode fracassar sem um sólido plano de implementação. Isso envolve responder às seguintes questões: Como o portfólio será apresentado: em material impresso ou apenas por meio da intranet corporativa? Como as pessoas serão preparadas para utilizar o e-learning? O que será feito para incentivá-las a iniciarem os cursos e concluí-los? Quais informações serão fornecidas para ajudar as pessoas

acessarem e utilizarem os cursos? Que instruções serão dadas para possibilitar uma aprendizagem efetiva? Que mecanismos de feedback serão utilizados e como o sucesso do programa será mensurado?

Os autores sugerem designar alguém da área de criatividade e de tecnologia de informação para ficar responsável pela implementação do plano. Além disso, recomendam que o tempo requisitado para fazê-lo não deve ser subestimado.

Para facilitar o processo de implementação, Austin (op. cit.) sugere iniciar a aplicação com o grupo menos resistente, iniciando com um programa que possua elevada chance de sucesso e depois disso dar atenção para outras áreas de negócios que apresentam obstáculos e nas quais haja outras dificuldades envolvidas.

Há ainda outros aspectos a serem considerados para garantir que a implementação seja bem sucedida. Koven (2003) recorda a importância de identificar “patrocinadores” internos do projeto, que garantirão os recursos e a energia necessária para o programa, assim como de assegurar que as pessoas estejam preparadas para essa aprendizagem.

Austin (op. cit.) afirma que esses campeões, ou líderes carismáticos, irão incentivar os outros a valorizar e defender as iniciativas de e-learning. Koven (op.

cit.) recorda que os empregadores também podem querer buscar ajuda fora da

organização, contratando consultores com experiência prévia na implementação de programas de e-learning.

Observa que o programa de e-learning deve atender diversos grupos dentro da empresa, tais como novos contratados e aqueles que desejam melhorar suas habilidades administrativas e obter mais conhecimentos sobre o negócio e dessa forma o programa tende a ser mais aceito. Recorda que a importância do elemento humano no processo de e-learning não deve ser ignorado.

Finalmente, para garantir o sucesso do programa, Koven (op. cit.) lembra que é importante incorporar o elemento diversão. Dessa forma, os funcionários serão encorajados a fazer parte do programa e aderir aos cursos em que se inscreveram.

Todos esses aspectos devem ser observados na seleção, além de considerar também o apoio que esses fornecedores de e-learning proporcionarão durante o processo de implementação.

Lemos (2003, p. 118) afirma que uma grande vantagem para as empresas na contratação de universidades para soluções de e-learning é já deterem essas instituições amplo conhecimento e experiência sobre os processos de ensino e aprendizagem, ainda que em grande parte presencialmente.

Recorda que iniciativas em e-learning não podem prescindir desse conhecimento, concluindo que a parceria entre universidades e empresas, para a oferta de cursos regulares, pode agregar valor aos serviços que essas instituições prestam e gerar muitos benefícios para as empresas e também para os profissionais que nelas atuam.

Quanto às consultorias, ressalta que seu ponto forte é a oferta de cursos de prateleira, embora algumas façam adaptações necessárias ou desenvolvam soluções personalizadas a partir das necessidades geradas pelas empresas. Analisa que normalmente os cursos oferecidos pelas consultorias possuem uma ênfase muito grande no conteúdo, mas possuem certas limitações na sua adaptação ao formato sob medida.

Além disso, coloca que, no caso das consultorias, a questão do suporte nos cursos envolvidos é bem restrita, limitando-se às questões técnicas, sendo poucas aquelas que oferecem serviço de tutoria, que compreendem suporte de instrutores e monitores para os cursos que oferecem.

Percebe que há pouco estímulo à colaboração nos cursos prontos, não sendo muito comum a disponibilização de áreas para a discussão de temas. Não obstante as

restrições apontadas, conclui que as soluções ofertadas pelas consultorias são uma opção considerável na busca de alternativas em e-learning.

Em relação aos provedores de serviços e soluções, formados basicamente por empresas de informática especializadas em soluções de aprendizagem, Lemos (op.

cit.) observa que geralmente, ao contrário das consultorias, seu ponto forte é o

desenvolvimento web dos cursos e não seu conteúdo.

Nesse caso, é muito comum a utilização de múltiplos recursos, em função do grande domínio que esses provedores possuem sobre eles. Conclui, no que tange à disponibilização de ferramentas para suporte, comunicação e colaboração, que esse é o segmento que costuma oferecer a maior variedade de opções, pois a facilidade de customização é grande.

Finalizando esse tópico, vale a pena ressaltar que a seleção de fornecedores é apenas uma parte do processo de implementação de e-learning nas empresas. O processo completo, assim como as principais falhas que acontecem ao longo de sua execução, será apresentado no tópico a seguir.