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3. REGISTRO NÃO-ESTRUTURADO E RECUPERAÇÃO SEMÂNTICA DE

3.5. Web Semântica e Gestão do Conhecimento

A Gestão do Conhecimento (GC) tem como atividades básicas a identificação, aquisição, desenvolvimento, disseminação, uso e preservação do conhecimento (ABECKER et al., 1998). Para as organizações modernas, a GC tem papel fundamental para que elas se mantenham competitivas em um mercado que depende cada vez mais do conhecimento. Para isso, a tecnologia pode ser importante como suporte para fazer melhor proveito do conhecimento e da memória corporativa.

Segundo McAfee (2006), a maioria das tecnologias de informação usadas na GC atualmente, pode ser dividida em duas categorias: canais e plataformas. Na primeira categoria estão tecnologias como e-mail e mensagens instantâneas, onde a informação pode ser criada e distribuída por qualquer pessoa, porém o seu recebimento é restrito às pessoas desejadas de um grupo. A segunda categoria é formada por Intranet, sítios corporativos Web e portais de informação. De modo geral, nas plataformas as informações são amplamente disponíveis na organização, porém a geração ou a aprovação das informações disponibilizadas é centralizada, isto é, dominada por um grupo pequeno de pessoas.

Para Davies et al. (2003), a Intranet tem um importante papel na Gestão do Conhecimento, tanto para o conhecimento explícito, que pode ser codificado, quanto para o conhecimento tácito, que a princípio não pode ser articulado. Para o conhecimento explícito, a Intranet pode permitir o acesso às informações em todos os lugares da organização, além de fornecer meios mais rápidos de atualização e, por conseguinte, mais precisão. Com respeito ao conhecimento tácito, a Intranet, segundo Davies et al. (2003), permite que as pessoas com interesses comuns possam se comunicar, encorajando, assim, o diálogo e abrindo a possibilidade de troca de conhecimento tácito. Além disso, com a globalização, muitas organizações são geograficamente distribuídas e com equipes interagindo virtualmente, necessitando, portanto, de recursos tecnológicos para dar suporte a essa interação e para as diversas atividades da GC.

Recursos tecnológicos, como a Intranet de grandes organizações, têm se tornado repositórios de conhecimento organizacional valioso, mas, embora existam muitos sistemas de gestão do conhecimento disponíveis no mercado, para Davies et al. (2003), estes sistemas têm muitas fraquezas, como, por exemplo, as expostas a seguir:

• Busca de informação: geralmente os mecanismos de busca são baseados em palavras-chave, onde o contexto da informação é desprezado. Assim, é comum que informações irrelevantes sejam trazidas em uma pesquisa e também informações relevantes sejam omitidas;

• Extração de informação: nos sistemas atuais ainda são frequentemente necessários que os usuários naveguem no sistema e leiam os documentos para extrair as informações relevantes;

• Manutenção: à medida que as fontes de informação vão ficando grandes, a sua manutenção fracamente estruturada torna-se cada vez mais difícil e demorada.

Assim, não é tarefa fácil para as organizações tornar o crescente volume de informação, na maior parte não-estruturada, em conhecimento útil (DAVIES et al., 2003). Entretanto, a integração de recursos da Web Semântica nos sistemas de gestão de conhecimento pode ser importante para superar alguns dos problemas que dificultam, por exemplo, a obtenção e disseminação de conhecimento.

A Web Semântica é uma extensão da Web onde, além das informações compreensíveis por humanos por meio de navegadores Web, os documentos são anotados com metadados que dão significado às informações, de forma que possam ser processados por máquinas (DAVIES et al., 2003). Na Gestão do Conhecimento, com a utilização das tecnologias da Web Semântica, tais como RDF, RDFS, OWL, espera-se chegar a sistemas de gestão mais avançados, com um nível de integração e troca de dados bem superior ao que se tem atualmente (BREITMAN, 2006). Sendo assim, o suporte de ontologias, que especificam e descrevem os domínios de interesse, é essencial para a organização e recuperação de informações pelo seu significado e contexto, e não apenas pelo textual.

A próxima geração de sistemas de gestão de conhecimento irá recorrer usualmente a modelos conceituais na forma de ontologia, para definir de forma precisa o significado de vários símbolos (MAEDCHE et al., 2003). Contudo, trabalhar com ontologias no contexto das organizações possui algumas particularidades, o que faz com que os sistemas de gestão de conhecimento com suporte de ontologias ainda estejam em fase inicial por diversas razões. Uma dessas razões, segundo Maedche et al. (2003), é que características largamente adotadas em sistemas de bancos de dados, como segurança, persistência, transações e aumento de dados, tipicamente não são considerados em sistemas baseados em ontologia. Além disso, muitas informações nas organizações não estão disponíveis no sistema de gestão, mas em outras aplicações (MAEDCHE et al., 2003). Outra razão é a tarefa difícil e demorada de fornecer metadados para as informações e que os usuários dos sistemas geralmente evitam (MAEDCHE et al., 2003).

Levando em conta essas particularidades, em Maedche et al. (2003), é apresentada uma arquitetura para desenvolvimento de um sistema de gestão do conhecimento baseado em ontologia. Além do mais, também é considerado que no contexto de uma organização serão necessários mecanismos de integração de múltiplas ontologias, mapeando ontologias distribuídas e heterogêneas, já que é considerado difícil impor uma ontologia única para uma organização. A arquitetura também leva em conta o gerenciamento da evolução da ontologia, uma vez que ela deve frequentemente refletir as mudanças de requisitos e de foco que pode ser comum nos sistemas de gestão do conhecimento.

Com o uso de tecnologias da Web Semântica nos sistemas de gestão do conhecimento são esperados, entre outros benefícios, uma melhor organização das informações, mecanismos automáticos para verificação da consistência e para a mineração de novas informações, e a busca de informações por consultas sofisticadas (BREITMAN, 2006).