• Nenhum resultado encontrado

Carmona (2009, p. 337-338) elege a sentença como sendo o momento mais importante do processo para o árbitro, o ato pelo qual este decide qual será a prestação jurisdicional aplicada para as partes no caso concreto: “Em poucas palavras, a sentença arbitral, em princípio, é o ato através do qual o julgador põe fim ao processo.” O mesmo autor salienta que já se utilizou a dicotomia sentença/laudo para referir-se à decisão arbitral nos Códigos de Processos Civil de 1939 e 1973, porém, devido à conhecida natureza jurisdicional da arbitragem, considerando que essa é sinônima da sentença estatal, seria descabida a hipótese de essa ser tratada com outra terminologia. Outro aspecto para isso se deve às questões políticas, “[...] eis que o legislador mostrou sua intenção de fortalecer o resultado prático da atividade arbitral, deixando clara a equiparação de efeitos entre sentença estatal e sentença arbitral.” Na mesma linha de pensamento, Fernandes (2007, p. 31) leciona que “[...] a natureza jurídica da arbitragem é jurisdicional. Eis aí uma primeira razão para falar-se em sentença e não laudo arbitral. Falar em laudo pode levar à equivocada conclusão de que a decisão do árbitro teria de ser homologada pelo juiz estatal.”

Para Arenhart (2005, p. 18): “Denomina-se de sentença arbitral o ato do árbitro ou do tribunal arbitral que decide a controvérsia, submetida à arbitragem. É ato em tudo assimilado à sentença judicial, com a única ressalva de que não pode conter, entre seus efeitos, qualquer expressão de imperium, por não se tratar de ato estatal.” Luis Cláudio da Silva Chaves (2009, p. 1) contribui quanto à conceituação: “A sentença arbitral, por sua vez, consiste no comando

privado emitido em virtude da investidura conferida ao árbitro pelas partes, relativamente à demanda entre elas, tendo conteúdo similar ao da sentença judicial. Não é, pois, o mesmo que sentença judicial. Possui, entretanto, os mesmos efeitos da sentença judicial.”

Carmona (2009) classifica as sentenças arbitrais em terminativas e definitivas. As primeiras são dotadas de conteúdo unicamente processual, sem julgamento de mérito, enquanto que as segundas aplicam o direito ao caso concreto:

Assim, uma sentença arbitral em que os árbitros decretem a invalidade da convenção arbitral ou onde estabeleçam que a controvérsia não é arbitrável, será meramente terminativa, enquanto a decisão em que se reconheça o direito de uma das partes a uma indenização por perdas e danos será catalogada como sentença arbitral de mérito (definitiva, portanto). (CARMONA, 2009, p. 337, grifo do autor).

Quanto ao resultado imposto aos litigantes, as sentenças arbitrais se distinguirão entre declaratórias, constitutivas e condenatórias. Aquelas que única e simplesmente se limitarem a assumir a existência ou não da relação jurídica ou falsidade documental serão as chamadas sentenças declaratórias. As sentenças constitutivas, por sua vez, serão aquelas que além de legitimar um direito pedido por uma das partes, constituirão, modificarão ou extinguirão uma relação jurídica. Por fim, as sentenças condenatórias serão aquelas que declararão o direito e, ainda, irão obrigar a parte vencida ao pagamento de uma prestação. (CARMONA, 2009).

Quanto a essa matéria, Arenhart (2005, p. 18) complementa: “Desse modo, esta sentença pode ser declaratória, constitutiva ou condenatória – não terá, porém, jamais, caráter mandamental ou executivo.” Nesse sentido, pode a sentença conter uma pluralidade de tais eficácias, ou ainda, tendo sido realizados pedidos cumulados, poderá enquadrar-se como sendo mais de um desses tipos acima arrolados.

À luz do art. 31 da Lei de Arbitragem (VADE MECUM, 2010), os efeitos da decisão arbitral não englobarão apenas os litigantes, mas também os sucessores das partes, o que ocorre analogicamente na sentença judicial. “Obviamente, e mais uma vez do mesmo modo do que ocorre com a sentença judicial, pode a sentença arbitral operar efeitos (naturais e reflexos) em face de terceiros, não podendo, porém, ser exigida em relação a terceiros, nem sendo estes efeitos indiscutíveis para terceiros.” (ARENHART, 2005, p.18). Conclusivamente, sabe-se que quanto a terceiros, esses poderão sim sofrer consequências da

sentença judicial, mas terão seu direito de protestar contra tais efeitos, bem como não poderão ser obrigados a qualquer imposição presente na sentença arbitral.

A última classificação feita por Carmona (2009) distingue sentenças finais, que finalizam o processo, julgando o litígio de forma integral das sentenças parciais, que decidem parte do litígio, sem resolver toda a lide. Para Gilberto Giusti e Ricardo Tadeu Dalmaso Marques (2010, p. 2): “As questões apreciadas em uma sentença parcial, aliás, podem ou não ser precedentes às demais. Em caso positivo, a sentença parcial poderá até mesmo se tornar final, encerrando aí o procedimento (como quando se decide pela incompetência dos árbitros).” O fundamental da sentença parcial é a ideia de que as partes aceitem que os árbitros decidam alguma questão antes das outras, ou como condição para que as demais sejam resolvidas. A sentença parcial condiciona o procedimento arbitral a algumas subdivisões, mas produzem os mesmos efeitos que produziria uma sentença final.

Neste aspecto, cabe referir que a Lei de Arbitragem é indiferente quanto à possibilidade de sentença parcial. A lei é omissa, porém, a doutrina vem considerando vantajosa e válida tal possibilidade (já que essas tornam o processo mais célere, ágil e de melhor compreensão), defendendo que cabe às partes e aos árbitros delimitarem as normas procedimentais que melhor se encaixem em seu caso concreto.As sentenças parciais, como facilitadoras do procedimento arbitral, vêm sendo utilizadas com maior recorrência para discutir a competência dos árbitros, a lei aplicável ao caso concreto, responsabilidades incumbidas a uma das partes ou aquelas que demandem liquidação. (GIUSTI; MARQUES, 2010).

Carmona (2009, p. 382) faz referência ao art. 29 da Lei de Arbitragem, a saber: “Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem [...]” (VADE MECUM, 2010, p. 1602) que, para seu entendimento, atesta que em todo procedimento arbitral haveria sentença única, cuja finalidade seria dar fim à arbitragem. Porém, com o advento da Lei 11.232/2005, que reformou o Código de Processo Civil, abriu possibilidade de uma nova interpretação da matéria. Sendo de comum acordo das partes aceitarem a sentença parcial em seu procedimento, não haverá motivo para que a lei traga obstáculos para impedir sua vontade. Porém, destaca alguns empecilhos possíveis que tal sentença poderá causar, “[...] no sentido de redimensionar o sistema de impugnação das decisões arbitrais parciais, adequar as previsões relativas às execuções de tais provimentos (e a disciplina de sua respectiva

imutabilidade), bem como acomodar os prazos previstos na arbitragem (em especial, o prazo para proferir sentença).”

Mesmo que o art. 32 da referida lei imponha a nulidade da sentença que não decidir todo o mérito, tal mandamento não pode ser considerado um entrave à utilização da sentença parcial. Por essa linha de pensamento, a conceituação da sentença por Carmona (2009), estudada acima, estaria equivocada (“é o ato através do qual o julgador põe fim ao processo”). Se ainda restavam dúvidas quanto à possibilidade de prolação de sentenças parciais, com a reforma processual civil delimitada pela Lei 11.232/2005, confirmou-se que, até expressamente na lei, elas são válidas. “E a partir dessa alteração no sistema de devido processo legal brasileiro, passou-se - ainda mais - a considerar, em arbitragem, a validade da prolação de sentenças parciais.” (GIUSTI; MARQUES, 2010, p. 4).

Ordena a lei que a decisão arbitral seja apresentada por meio de documento escrito, e que estejam nela presentes as condições impostas pelo art. 26 da Lei de Arbitragem. Dessa forma, em mais uma semelhança com o procedimento estatal, deverão estar acostados na sentença o relatório, a fundamentação e o dispositivo, bem como a designação do local e da data em que foi prolatada, além de conter a assinatura do(s) árbitro(s) responsável(s) pela mesma. É fundamental que os litigantes sejam mencionados no relatório, bem como que nesse conste um resumo dos fatos que deram causa ao litígio. As questões de fato e de direito serão analisadas na fundamentação da sentença arbitral, sendo essa a justificativa pela qual os árbitros decidiram de determinada forma. Nesta fase se definem as premissas do julgamento, tais como as provas produzidas, argumentos defendidos por cada litigante, dentre outros pontos imprescindíveis para o convencimento dos árbitros. (ARENHART, 2005).

O art. 26 da Lei de Arbitragem delimita os requisitos fundamentais da sentença arbitral:

Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:

1. I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;

2. II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de

direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade;

3. III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem

submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e

4. IV - a data e o lugar em que foi proferida.

Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos

árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato. (VADE MECUM, 2010, p. 1601).

Esmiuçadamente, o relatório é a primeira parte da sentença, que deve conter uma espécie de histórico, com todos os acontecimentos e razões apontados pelos litigantes. O julgador deverá se preocupar em trazer neste segmento da decisão a síntese do que foi alegado pelas partes e apontar as questões que serão resolvidas na parte da motivação. Para Carmona (2009, p. 369), o relatório assume duplo cargo, a saber: “[...] tecnicamente, serve para identificar o litígio que está sendo dirimido, estabelecendo os parâmetros e as balizas da sentença; psicologicamente, mostra aos contendentes que suas razões foram levadas em conta e devidamente analisadas para chegar-se a uma decisão.” Segundo o art. 32 da Lei de Arbitragem, a falta do relatório faz nula a sentença arbitral, pois esse é condição para que o ato seja válido. (VADE MECUM, 2010).

A motivação é o momento da sentença em que o árbitro deixa de somente relatar os fatos e passa a impor neles opinião e julgamento, ou seja, “[...] abandona o papel de mero relator imparcial e fiel dos acontecimentos, passando a analisá-los, estudá-los [...]” (CARMONA, 2009, p. 370). Nesta fase o árbitro transparece suas razões e julga os fatos pelas quais o fizeram julgar de determinado modo, se constituindo em uma justificativa que importa principalmente às partes.

Finalizada a motivação, dá-se lugar ao dispositivo, pelo qual os árbitros deverão, especificamente, julgar. É imprescindível que esses estejam cientes de que suas decisões não poderão fugir do que foi pedido pelos litigantes. Em outras palavras, não poderá haver decisões extra, citra ou ultra petita. Como último item obrigatório, exige-se que na sentença estejam registrados data e local em que a sentença foi proferida. (CARMONA, 2010).

Delimitadas as razões do fundamento, adentra-se à sentença arbitral, dispositivo no qual os árbitros deverão analisar e resolver quanto aos pedidos que lhe foram dirigidos. Julgando necessário, fixar-se-á nesta fase o prazo para que seja cumprida pelos dois polos a sentença arbitral, bem quanto ao que se refere às custas oriundas da arbitragem. Igualmente, encontrando-se possibilidade quanto a isso, os árbitros serão encarregados na sentença de julgar quanto à litigância de má-fé, se houver, sujeitando o responsável às consequências pactuadas na arbitragem. (ARENHART, 2005).

Quando a sentença arbitral for proferida por tribunal arbitral, será decidida pela maioria dos votos. No caso de discordância, o voto de minerva será do presidente do tribunal (art. 24, § 1º). Todavia, o árbitro que tiver seu voto vencido, se julgar conveniente, declarará em apartado seu próprio voto, porém, tal medida não irá mudar o teor da sentença, nem mesmo terá repercussão em termos de eficácia da decisão. (ARENHART, 2005).

Em termos de comparação entre sentença arbitral e estatal, contribui Fernandes (2007, p. 36):

Por disposição expressa do art. 31 da Lei de Arbitragem, a sentença arbitral produz os mesmos efeitos da sentença estatal. Ela irá resultar na extinção da relação jurídica processual, bem como visará a obter decisão de cunho declaratório, constitutivo ou condenatório. Além disso, irá gerar um elevado grau de imunidade entre as partes que fizerem parte do processo arbitral, sem prejudicar ou beneficiar terceiros [...]. A sentença arbitral condenatória constitui título executivo e permite a constituição de hipoteca judiciária [...]

A opinião de Carmona (2009, p. 368) é semelhante, sendo que o autor destaca que “[...] o legislador quis assemelhar – tanto quanto possível – a estrutura da sentença arbitral à da sentença estatal, seguindo fielmente o modelo do art. 458 do Código de Processo Civil (com suas virtudes e defeitos).” O referido autor ainda ensina que em paridade com a sentença estatal, a sentença arbitral deverá demonstrar em seu corpo todo o desempenho dos árbitros, pois sua finalidade mais esperada é a de que supere as expectativas das partes de que seu litígio foi decidido com dedicação, cautela e de forma justa.

Como observa Fernandes (2009, p. 32): “Tão logo seja proferida, a sentença arbitral passa a produzir os mesmos efeitos da sentença judicial e, se condenatória, irá constituir título executivo judicial. Se necessário, o juiz estatal dará apoio para que seja executada a sentença arbitral.” Trilhando caminho semelhante, Arenhart (2005, p. 19) assim se pronuncia: “Tratando-se de sentença arbitral de cunho condenatório, tal decisão constituirá título executivo, subsidiando – em caso de não cumprimento voluntário do preceito – processo de execução na via judicial (art. 31, in fine).” Se constituir título executivo, a sentença arbitral aceitará que a parte vencida seja executada através de qualquer das modalidades cabíveis (execução de quantia certa, obrigação de fazer ou não fazer ou ainda entrega de coisa). Se o prazo limitado na sentença arbitral se esgotar, não havendo, no entanto, cumprimento espontâneo do que rege a mesma, admitir-se-á que o título seja exigido por meio judicial, através de processo de execução, embasado no que prevê o Código de Processo Civil.

De acordo com o art. 28 da Lei de Arbitragem (VADE MECUM, 2010), em caso de as partes chegarem a um acordo durante o procedimento, a sentença arbitral será exclusivamente homologatória, não havendo, portanto, uma decisão que analise o mérito da questão propriamente dito. Também não ocorrerá julgamento de mérito caso tenha sido comprovada a nulidade do compromisso arbitral. Aquela que impere quanto ao acolhimento ou rejeição do pedido apresentado na arbitragem necessariamente fará julgamento de mérito.

Quanto a essa possibilidade, Arenhart (2005, p. 19) manifesta-se:

A sentença arbitral também poderá revestir-se de caráter meramente homologatório. Efetivamente, quando as partes, no curso da arbitragem, chegarem a algum acordo a respeito do litígio, poderão elas solicitar ao árbitro (ou ao tribunal arbitral) homologação desta transação por sentença, mesmo para que se revista ela da eficácia de título executivo, à semelhança da sentença arbitral condenatória.

Chaves (2009, p. 1) destaca uma das grandes vantagens alcançadas pelas partes no procedimento arbitral, qual seja, a celeridade: “A grande vantagem da sentença arbitral é a celeridade, caracterizada pela possibilidade de convenção acerca do prazo em que querem obter uma decisão acerca do litígio submetido ao julgamento do árbitro. Caso nada convencionem, o prazo será de seis meses, contados da instituição do juízo arbitral ou da substituição do árbitro.”

A sentença arbitral deverá respeitar o prazo fixado na convenção de arbitragem, porém, faltando tal delimitação, o prazo será de seis meses, a contar da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro, como prevê o art. 23 da Lei. Sendo esse prazo desrespeitado, desde que a parte interessada noticie o árbitro, dispondo-lhe um prazo de dez dias para entregar a sentença, extingue-se o compromisso arbitral e, consequentemente, ocasiona a nulidade de tal julgamento (art. 32, inc. VII da referida lei). (ARENHART, 2005).

Em semelhante posicionamento ensina Carmona (2009, p. 341-342):

Nada tendo sido estipulado na convenção arbitral a respeito do prazo para sentenciar, aplica-se o termo legal de seis meses, que passa a fluir a partir do instante em que é instruída a arbitragem, sendo interrompido (não suspenso!) o prazo em questão se algum dos árbitros tornar-se impedido de prosseguir em sua função. Nesta última hipótese, o prazo volta a fluir por inteiro tão logo seja substituído o árbitro.

Carmona (2009, p. 341) salienta que, assim como as partes têm autonomia para versar sobre todo o ordenamento a que irão submeter-se, nada mais óbvio e justo do que delimitarem também o tempo que durará seu processo: “As partes, ao disciplinarem o procedimento arbitral, poderão fazer correr o prazo para a sentença arbitral a partir da instituição da arbitragem (ou seja, a partir do momento em que os árbitros aceitem o encargo), como fez a Lei (supletivamente) ou escolher outro marco para fazer dali correr o tempo de que dispõe os julgadores para decidir.” A maioria dos regulamentos de órgãos arbitrais do país utiliza a regra de que o prazo passa a fluir depois da instrução, ou seja, a partir de quando cessar o prazo das alegações finais.

No mais, a lei não impede que o prazo, em concordância com a vontade das partes e anuência do árbitro, seja prorrogado sem limite de vezes, o que nada mais é do que uma extensão do prazo já estudado, previsto em lei. Nesse sentido, Carmona (2009) ressalta que a modificação do prazo deve ser de comum acordo das partes e também do árbitro, pois se esse não for avisado pelos litigantes, poderá se abster a aceitar o novo termo estabelecido.

Da mesma forma, o árbitro também não poderá modificar o prazo preliminarmente estabelecido sem o conhecimento das partes, tendo em vista que um possível prazo estendido para prolação da sentença poderia fazer com que o sistema arbitral fugisse do almejado pelos interessados.

Finalizada a sentença arbitral, as partes terão conhecimento da mesma, por meio de envio de cópia, pessoalmente, através de via postal ou utilizando-se de qualquer outro meio de informação, desde que acompanhada de prova de seu recebimento. A partir daí, abrir-se-á prazo para que a decisão seja cumprida, sob pena de o infrator que a descumprir submeter-se à demanda judicial executiva (ARENHART, 2005).

No que tange às custas e despesas, não existe dispositivo em lei que delimite quem deve pagar o que, ou seja, “[...] não há lei que fixe emolumentos ou taxas a pagar por conta da arbitragem [...]” (CARMONA, 2009, p. 373). Ao empregar a expressão “custas”, deduz-se que o legislador está se referindo às verbas destinadas ao pagamento dos encargos quanto à administração dos órgãos, já que as despesas são intituladas como gastos fundamentais à execução dos atos processuais. O árbitro terá a prerrogativa de delimitar especificadamente o

que será necessário reembolsar, e se já houver alguma delimitação de tal dispositivo na convenção de arbitragem, esta deverá ser respeitada pelo julgador.

O Código de Processo Civil, em seu art. 20, impõe que os honorários advocatícios, calculados em percentual sobre o valor da condenação ou sobre o valor da causa, bem como as custas deverão ser suportadas pelo vencido, porém, a Lei de Arbitragem diferenciada. Na arbitragem, não há obrigatoriedade de se respeitar o princípio da sucumbência, mas o árbitro, mesmo que não delimitado na convenção de arbitragem, poderá impor ao vencido que pague os honorários advocatícios. (CARMONA, 2009).

O que deve ficar claro aqui é que o árbitro não terá sempre o poder de imperar quanto à fixação de quem deve sucumbir, pois as partes terão o arbítrio de delimitar algumas alguns regramentos quanto às custas. Os litigantes poderão acordar, por exemplo, que todas as despesas decorrentes do processo arbitral sejam divididas e pagas pelos dois, em iguais valores, tanto pelo vitorioso quanto pelo vencido, sem condenação de honorários advocatícios. Porém, sem previsão de como cobrar as despesas da arbitragem, o julgador, como alternativa, poderá utilizar como norte o que dispõe o art. 20 do Código de Processo Civil. (CARMONA, 2009).

Feitas estas considerações sobre a sentença arbitral, o próximo item se ocupará de analisar os limites da coisa julgada na arbitragem, haja vista a limitada possibilidade de se impetrarem recursos.

Documentos relacionados