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Entre as CD dos professores destacamos a elaboração de Sequências Didáticas (SD). Trivelato e Tonidandel (2015) propõem que os professores elaborem SD Investigativas (SDI) com as seguintes estratégias: a) tenha uma questão-problema que proporciona o engajamento dos estudantes em sua reso-lução, b) trabalhar em pequenos grupos de alunos para estimular a formulação de hipóteses; c) elaboração de práticas (experimentos; observações) para obter e registrar dados ou fornecê-los por meio da sequência didática; d) discussão dos dados com seus pares e a consolidação desses resultados de forma escrita; e) a elaboração de afirmações (conclusões) a partir da construção de argumentos científicos, apresentando evidências articuladas com o apoio baseado nas Ciências Biológicas. Dessa forma, os estudantes poderiam superar as dificuldades e aprimorar a capacidade argumentativa.

Para que essas e outras estratégias possam ser implementadas nas licenciaturas de CB, é necessário reconhecer que os professores têm dificuldades para desenvolver de modo eficaz e lidar com o rigor desejável para ensinar argumentação nas suas aulas (por exemplo: uma aula de Ecologia). Devemos pensar em preparar os docentes de Ciências e Biologia para enriquecer o contexto argumentativo no ambiente escolar. Assim, poderemos proporcionar uma formação para que sejam capacitados a fornecer aos seus alunos critérios para escolhas de evidências e avaliação de enunciados, apontando limitações e inconsistências de determinadas ideias e desafiando os alunos a justificarem seus posicionamentos (FREIRE; MOTOKANE, 2013).

A maneira de configurar a sequência de atividades é um dos traços mais nítidos que determina as características diferenciais da prática educativa. Essa pode ser no modelo mais tradicional da aula, na qual a sequência caracteriza-se pela

exposição, estudo sobre apontamentos, livro didático, prova e qualificação, ou pelo método de projeto de trabalho global, cuja sequência envolve a escolha do tema, planejamento, pesquisa e processamento da informação, índice, dossiê e avaliação. Todos os elementos identificadores de qualquer modelo ou método de ensino organizam-se em sequências articuladas (ZABALA, 2015).

De acordo com Zabala (2015), uma SD de ensino ou de aprendizagem compreende quatro fases:

1. Intenção – produzir algo externo a partir de alguma ideia em que são sugeridos os seguintes passos: perspectivar, planificar, executar e avaliar. Nessa fase, os alunos escolhem o objeto ou a montagem que querem realizar e a maneira de se organizar;

2. Preparação – É o momento de definir e fazer a montagem das atividades do projeto. Para isso, serão exigidos o planejamento e a programação dos diferentes meios que serão utilizados, os materiais, as informações indispensáveis e as etapas e tempo previstos;

3. Execução: os meios e os processos a serem seguidos. A intenção é solucionar um problema intelectual;

4. Avaliação: momento de comprovar a eficiência e a validade do produto realizado; a fim de aperfeiçoar uma técnica de aprendizagem ou adquirir determinado conhecimento ou capacidade.

O autor diz que os conteúdos em uma SD só podem ser considerados relevantes na medida em que desenvolvam nos alunos a capacidade para compreender uma realidade que se manifesta globalmente e classifica os conteúdos em:

• Conteúdos Conceituais (que é preciso saber) – são relacionados a fatos, conceitos e princípios. Os primeiros exigem o uso de esquemas de conhecimentos mais simples e geralmente ligados a atividades que induzem à reprodução da informação tal como ela foi transmitida. Quando alguém “aprendeu (fatos) quando é capaz de recordar e expressar de maneira exata, o original, quando se dá a data com precisão, o nome sem erro, a atribuição exata do símbolo” (ZABALA, 2015, p. 41);

• Conteúdos Procedimentais (que é preciso saber fazer) – se referem ao conjunto de ações ordenadas destinadas à obtenção de um fim, para que se atinja um objetivo. São eles: a leitura, o desenho, a observação, o cálculo, a classificação, a tradução, enfim ações ou conjunto de ações que demonstrem o domínio de habilidades de fazer;

• Conteúdos Atitudinais (que admitem “ser”) – supõe um conhecimento e uma reflexão sobre os possíveis modelos, uma análise e uma avaliação das normas, uma apropriação e “elaboração do conteúdo, que implica a análise dos fatores positivos e negativos, uma tomada de posição, um envolvimento afetivo e uma revisão e avaliação da própria atuação” (ZABALA, 2015, p. 48).

Esses conteúdos podem ser utilizados com critérios para avaliar os conteúdos de SD, de acordo com as ações desenvolvidas pelo professor:

1. Apresentação situação problema (conteúdo conceitual);

2. Problemas ou questões (conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal);

3. Respostas intuitivas ou suposições (conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal);

4. Fontes de Informação (conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal);

5. Busca de informação (conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal);

6. Elaboração de conclusões (conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal);

7. Generalização (conteúdo conceitual);

8. Exercícios de memorização (conteúdos: conceitual, procedimental); 9. Prova ou exame dos conteúdos: (conceitual, procedimental e

atitudinal);

Zabala (2015) propõe uma série de perguntas acerca das SD, que tem o objetivo de reconhecer sua validade. Segundo o autor, os questionamentos sobre as atividades da SD devem ser:

a) Será permitido determinar os conhecimentos prévios que os participantes têm em relação aos novos conteúdos de aprendizagem? b) Os conteúdos são propostos de forma que sejam significativos e

funcionais para os estudantes?

c) Poderemos inferir nos conteúdos que são adequados ao nível de desenvolvimento de cada participante?

d) Representarão um desafio alcançável para o estudante, ou seja, que considerem suas competências atuais e as façam avançar com a ajuda necessária, permitindo criar zonas próximas de desenvolvimento proximal e intervir?

e) Provocarão um conflito cognitivo e promoverão a atividade mental do participante, necessária para que estabeleça a relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios?

f) Promoverão uma atitude favorável; serão motivadores em relação à aprendizagem de novos conteúdos?

g) Serão capazes de estimular a autoestima e o autoconceito em relação à aprendizagem que se propõem? O participante poderá sentir o grau apreendido e que seu esforço valeu a pena?

h) Auxiliarão o participante a adquirir habilidades relacionadas com o aprender a aprender, tornando-o cada vez mais autônomo em suas aprendizagens?

CAPÍTULO II - METODOLOGIA

Neste capítulo discorremos sobre o tipo de pesquisa, o contexto da pesquisa, os instrumentos para coleta de dados e as etapas percorridas no caminho metodológico: etapa exploratória (perfil dos sujeitos e diagnóstico dos conhecimentos prévios); etapa de intervenção (elaboração do curso e realização do curso) e avaliação (avaliação dos documentos produzidos pelos alunos e analisados pelo pesquisador).

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