• Nenhum resultado encontrado

Significado de Família: cuidado, laços, afetividade e religião

Os contextos teóricos servem para nos lembrar a importância e o significado da família para cada um de seus membros e em especial para os idosos, responsáveis pela configuração do estudo. A história da família contada pelos seus precursores nos dá uma dimensão especial para família contemporânea.

A cultura é um produto social que organiza toda a vida dos indivíduos e da comunidade, tanto determinando o modo de viver, os costumes e sua transmissão de geração a geração como por promover as ações que criam as instituições sociais como família, religião, formas de trabalho distribuição de tarefas entre outras. Chaui (2003) inspirada numa visão antropológica afirma que os seres humanos são capazes de criar uma ordem de existência que não é simplesmente natural e sim uma ordem simbólica. Mais fiel entretanto, a uma perspectiva antropológica, diria que tal “existência natural” é de fato culturalmente construída.

Nessa perspectiva retomamos a obra de Bastos (1986), que em seu estudo, procurou desvendar na obra de Gilberto Freire, nas inúmeras leituras, o pensamento brasileiro, aceitando ou rejeitando diferentes explicações sobre a formação nacional e a simbologia. Nesse sentido, o autor considera que as obras ajudam a compreensão no que se refere ao espaço subalterno, como a escravidão, mulher, menino, sexo, religiosidade, magia, alimentação, envelhecimento, habitação, família, entre outros personagens e situações que ajudam a redescobrir dimensões às vezes essenciais de uma realidade social e cultural que não estava sendo questionada, codificada, conceituada em muitas das análises anteriores e contemporâneas. Apresenta ainda a questão cultural como ordem simbólica e interpreta a cultura como fruto de capacidade do ser humano de atribuir para si mesmo regras e normas que asseguram a existência e conservação da comunidade.

Os símbolos surgem para interpretar a realidade, dando-lhe sentido. A cultura como um conjunto de práticas e comportamentos, ações e instituições pelas quais os seres humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, modificam os rituais de trabalho, rituais religiosos e rituais familiares. A criação simbólica ainda determina valores nas relações humanas como: fertilidade,

forma de tratamento de acordo com a faixa etária (crianças e velhos) e formas de relação de poder. (CHAUI, 2003). A cultura não pode ser vista como estática, de fato está sempre em mudança. Os comportamentos variam de formação social para formação social e podem variar numa mesma sociedade entre segmentos e no decorrer do tempo. Segundo Prost e Vincent (1992) falar sobre o comportamento e evolução da família parece ser simples, pois os estudos revelam que a família perdeu suas funções públicas e passou a ter funções privadas. A mudança de funções favorece a privatização da família e uma desinstitucionalização. Contudo, as famílias que agora desempenham suas funções privadas, já não são as mesmas que desempenhavam funções públicas. Observa-se em nossa sociedade que as famílias passaram a ser “informais”. Conquistaram o direito de ter uma vida privada autônoma.

Por meio desse parâmetro fiz uma revisão das principais mudanças ocorridas e procuro identificar as obrigações fundamentais na família ocidental.

Dentre os diversos fatores que contribuíram (e ao mesmo tempo são sinais da mudança) para a mudança na família, alguns autores destacam o divórcio, a participação da mulher no mercado de trabalho, o exercício da sexualidade e o crescimento do individualismo.

A partir da industrialização e das mudanças demográficas do século dezenove, observa-se uma diferenciação gradual entre os grupos de idade e mudanças relacionadas às funções e à idade. Na família, as configurações de idade ainda eram consideravelmente diferentes da atual; o declínio da natalidade afetou tanto o tamanho da família como as configurações de idade.

Para Hareven (1999), “uma das principais mudanças históricas a esse respeito foi a transição da grande família para uma menor, e do amplo espectro de idade dos filhos na família mais extensa para família comprimida, com 2-3 filhos de idades próximas”. O número maior de filhos significava, além de uma grande família, também a diversidade de suas idades.

Com o aumento da população idosa, aliada à diminuição do tamanho ocorreram modificações sociais importantes que afetam a capacidade da família em prestar apoio a seus membros idosos. Dentro das funções da família, o papel da

mulher sempre esteve ligado aos cuidados da casa, dos filhos, dos doentes e dos idosos. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, a família perdeu a capacidade de prestar apoio aos seus membros idosos. Outro fator importante é a queda fecundidade que pode representar uma redução sensível da rede potencial de apoio para as futuras gerações. (ROUQUAYROL, 2003)

Apesar das baixas taxas atuais de fecundidade, a população brasileira idosa possui um número grande de filhos, como resultado da fecundidade passada. A partir de dados de um trabalho de Berquó e Cavenaghi (2006), pode-se observar a da taxa de fecundidade entre as diversas faixas de rendimento médio domiciliar per capita.

As pesquisas demonstram que famílias com um maior número de filhos contam com os mais jovens para cuidar dos pais idosos. Essas famílias não vivenciavam o “ninho vazio”. Em nosso estudo, o número de filhos entre os entrevistados ainda é grande como a coabitação; nas regiões periféricas da cidade de São Paulo, tem-se o advento do desemprego e a ausência de moradia, de modo que os filhos, mesmo após o casamento, permanecem na mesma casa dos idosos além de muitos também serem responsáveis financeiramente por filhos e netos.

Verificamos que os idosos que fizeram parte do nosso estudo ainda são responsáveis pelo sustento da família, não necessitando do apoio financeiro e poucos necessitam de cuidados oferecidos pelos filhos. O casamento de algumas das idosas entrevistadas terminou com a morte do esposo antes mesmo da criação dos filhos, dificultando ainda mais a situação precária em que viviam, mas isso não influenciou na educação dos filhos e netos. As mulheres idosas mesmo diante de circunstâncias desfavoráveis aceitam as adversidades da vida para suprir as necessidades da família. Para a idosa o seu desempenho como boa dona de casa implica em controlar o dinheiro recebido, priorizando os gastos com a alimentação dos filhos e netos.

Ter a família como símbolo de “amor, acolhimento e proteção” significa privilegiar a ordem moral sobre a ordem legal, assim as exigências dos direitos universais de cidadania, com freqüência conflitantes com os critérios pessoais dificultam estabelecer critérios morais universais. Nota-se que a família ainda é o

núcleo responsável pela promoção, desenvolvimento e bem estar dos seus membros.

Sarti (2007) escreve que o universo moral é constituído por uma cadeia de relações sociais ordenada pela reciprocidade entre três obrigações fundamentais: dar, receber e retribuir.

A manutenção da família, assim como a maternidade, faz parte do curso da vida e envolve as mulheres em papéis familiares ativos até a velhice. Observarmos vínculos fortes entre idosos e familiares, especialmente entre os avós e netos.

[...] minhas filhas, meu netos, meus genros, minha bisnetinha, as mães dos meus genros, marido da minha neta(...) é a minha vida.... (ANGÉLICA) [...] .família é tudo, como eu amo a família, os filhos, netos, meus irmãos, a igreja... (GÉRBERA)

[...] cuido do Robinho (neto) desde as fraldas (...) A mãe nunca cuidou, sempre foi eu, ele fala que me ama (...) eu que sou a mãe, acha a mãe de Lúcia.... (MARGARIDA)

[...] cuido dos meus netos, moram na minha casa desde pequenos, eles me ajudam arrumar a casa, cuido como se fosse meus filhos. (MAGNÓLIA) [...] esperei sete anos para nascer minha tão esperada neta (...) ela é tudo, sabida, fala com todos, é inteligente. (GÉRBERA)

[...] Meus netos são minha vida, se não fosse eles o que ia fazer da minha vida, moram comigo desde o nascimento, são como meus filhos. (...) minha filha mais nova, nunca teve juízo, bebe muito, mas eu como mãe, não posso abandonar, quando ela precisa, estou sempre aqui de portas abertas para ela. (ALFAZEMA)

[...] minha família é tudo, hoje a minha alegria é poder cuidar do meu netinho mais novo, ele me faz sentir capaz e útil. (PALMA)

Estes depoimentos mostram a resistência do modelo da mãe cuidadora entre nossas depoentes idosas, malgrado as mudanças na instituição família como indicamos antes e na sequência. Segundo Hareven (1999), a principal mudança observada no século passado e atualmente é que as necessidades coletivas vivenciadas pela família passaram a ser individualizadas. As mudanças que levaram ao isolamento dos indivíduos mais velhos hoje se enraízam não tanto em mudanças na estrutura familiar ou nos arranjos residenciais, mas nas mudanças de papéis e valores da família. Para Airês (1978), “a família moderna se separa do mundo e impõe a sociedade grupos isolados de pais e filhos. À medida que a maior

diferenciação entre os estágios da vida começou a se desenvolver, as funções sociais e econômicas tornaram-se mais relacionados à idade, aumentando a segregação entre os grupos etários.

No processo de evolução das famílias, percebe-se de certa forma, que os lares podem ser compostos por uma única pessoa, onde vivem a vida privada doméstica tornando-se uma vida privada individual.

As transformações culturais e socioeconômicas do século passado levaram gradualmente a uma separação do trabalho de outros aspectos da vida e a um abandono dos valores familiares em favor do individualismo e da privacidade. Os idosos criam possibilidades para o desenvolvimento material dos filhos e netos, favorecendo o individualismo e o distanciamento destes de suas obrigações coletivas na família. “Toda energia do grupo é gasta em ajudar os filhos a subir na vida, individualmente e sem qualquer ambição coletiva.”

[...] eles trabalham, tem a vida deles, todos trabalham, são bons filhos. (GÉRBERA)

[...] eu não estudei não, só trabalhei na roça, mas tenho uma neta até na faculdade... (LÓTUS)

[...] criei sozinha os quatro, sabe né, o Jair sai cedo, eu que fazia tudo, todos estudaram, tem a vida deles(...)se precisar eu ajudo. (GÉRBERA) [...] quando era moça não tive chance de estudar, mas minhas filhas todas estudaram, hoje trabalham e tem a vida delas. (ALFAZEMA)

[...] sempre vivi para a minha família, vim de uma família sofrida, mas que permaneceu unida, e procuro manter minha família unida, e gosto de fazer as coisas para ajudar todos, não tenho dinheiro para ajudar, mas sempre tem um lugar para todos na minha casa. Meus filhos estão bem casados e são bons filhos, é isso que a gente fica feliz. (PALMA)

De novo, os depoimentos colhidos mostram continuidades e mudanças: estas mulheres reconhecem o individualismo dos filhos (têm a própria vida) e desempenham papéis tradicionais (cuidadoras), mas também incorporam novos (provedoras).

A família pode ser vista como um sistema dinâmico no qual seus membros estão envolvidos emocionalmente uns com os outros. O termo envolvimento emocional implica em obrigações e responsabilidades dentro do contexto familiar ao

longo do ciclo vital. Em todos os estágios da vida, a família tem sua importância, mas nos extremos, muitas vezes se torna essencial. É o sistema considerado ideal para o equilíbrio afetivo e físico das pessoas, permitindo um desenvolvimento “natural” e valorizando as suas potencialidades de maneira global. É o que dizem as mulheres ouvidas:

[...] a família não perdeu a importância, acho que a relação de família tem que ter sempre(...)pode ser que algumas casas não tenham. (ANGÉLICA) [...] é bom né, às vezes até cansa, fazer o que, família é assim, é bom e ruim ao mesmo tempo, mas a gente não sabe viver sem. (PRÍMULA)

[...] a gente quando é moça pensa que os filhos vão crescer e não vão dar mais trabalho, que nada, aí vem os netos também para a gente cuidar, fica tudo com a gente. (PRÍMULA)

[...] não sei quem vai cuidar de mim se eu precisar com certeza vai ser alguém da família, pois família é assim, sempre um cuida do outro, hoje cuido dos meus netos, quando preciso de alguma coisa telefono pra um, pra outro e, sempre aparece alguém para ajudar. (ALFAZEMA)

[...] a família é o lugar que sempre tem apoio, por pior que é a família, sempre existe um apoio, na minha família a gente apóia um ao outro, procurando ajudar todos, o que esta melhor ajuda o outro, continuo cuidando de todos, precisou é só chamar a mãe, a avó. Cuido até do ex- marido, Ele também é da família, dele às vezes canso, ele me explora, mas faço tudo para ele ficar bem. (PALMA)

As etapas evolutivas da família vão desde a formação do casal, passado pelo nascimento dos filhos, até a etapa dos filhos adultos. Percebe-se que diferentemente do que se espera “ninho vazio” entre os idosos, nos deparamos com os avôs ainda responsáveis pela criação de seus netos. Constatamos que as famílias ampliadas estão presentes em nosso cotidiano, compostas por avós e netos, principalmente na periferia da cidade, que de alguma forma provêm as necessidades de apoio financeiro, educação e de saúde de seus membros.

A deficiência de direitos e de políticas sociais efetivas na velhice faz com que a família seja o principal recurso para os idosos. Diante das circunstâncias adversas, a solidariedade surge como recursos para enfretamento das condições de envelhecimento e pobreza. Nos contatos que mantive com os idosos, percebi que são os familiares, vizinhos, amigos e irmãos da igreja que compõem a rede de apoio necessário para manutenção da vida.

[...] minhas filhas se precisar solicito ajuda. (ANGÉLICA)

[...] o Ismael (filho) que me ajuda, vai ao mercado, me deu esta casa(...) ajuda só de Deus mesmo, mas se precisar os irmãos oram por nós. (MARGARIDA)

[...] a gente sofre quando tem outro irmão sofrendo, um ajuda o outro, para isso que serve a irmandade né. (GÉRBERA)

[...] hoje em dia é difícil contar com alguém, só com aqueles mais próximos, muitas vezes os filhos não podem ajudar, mas sempre tem irmão (igreja) que pode. (MAGNÓLIA)

[...] preciso de ajuda, chamo os meus vizinhos e também os irmãos da igreja. (PRÍMULA)

[...] posso contar com a esposa do meu neto, meus netos e meus vizinhos também se precisar, posso contar. (ALFAZEMA)

[...] minha filha mais velha é quem mais me ajuda, converso mais e posso contar tudo. Ela paga meu convênio, eu não peço nada eles que acharam melhor pagar um convênio. A gente fica feliz de saber que alguém se preocupa com a gente, mesmo sem a gente pedir. O meu filho mais novo ainda conta com minha ajuda, ganha pouco e eu que cuido do filho dele com muito prazer, acho que é o que me dá mais prazer, faço a comida para eles almoçarem em casa. Quando ele ficou desempregado eu ajudava ele com a comida, eles comiam só na minha casa.(PALMA)

As redes sociais e comunitárias, incluídas no modelo de Dahlgren e Whitehead entre os determinantes sociais da saúde, entendido este modelo como o conjunto das relações de solidariedade e confiança entre pessoas e grupos. Existem diferentes formas de participação social como pertencer a grupos religiosos, associações sindicais, associações de moradores e clubes de recreação também representam formas pelas quais grupos de pessoas mantêm-se em contato e estabelecem vínculos sociais.

[...] ir para igreja e como estar no céu, todos te tratam bem, é um ambiente bom tranqüilo onde todos são iguais (...) quando a gente faz exercício junto com o pessoal do posto, é bom, a gente fica junto, não tem diferença. (PRÍMULA)

[...] é o melhor lugar, vou todos os dias, eu encontro a paz. (MARGARIDA) [...] gosto muito de receber gente em casa, de conversar, sair de casa, sempre chamo uma vizinha (amiga) pra gente sair, ir até o posto, para andar. (ALFAZEMA)

[...] participo de atividades espíritas, sempre participei, gosto das reuniões e palestras, participo de encontros da terceira idade, faço viagens com o pessoal do centro espírita. (PALMA)

Ao indagarmos sobre o significado de família; apesar das diferenças em sua estrutura e composição, vê-se que ela continua desempenhando um papel importante para os idosos, mesmo havendo mudança nos papéis familiares, com a mulher no mercado de trabalho e o conflito entre a afirmação da individualidade e as possibilidades do mundo contemporâneo; nosso estudo mostra, como destacamos anteriormente, a tradição sendo mantida a todo custo, no que diz a respeito às obrigações e as responsabilidades próprias dos vínculos familiares.

[...] família? Família é tudo. (MARGARIDA)

[...] filhos são riquezas, eu levei quinze anos para aceitar, que a minha menina morreu, guardei as coisas dela, isso é idolatria (...) família é convivência, lá em casa... (GÉRBERA)

[...] é muito importante, minha razão de viver... (ANGÉLICA) [...] família, mãe, filhos, os irmãos da igreja... (PRÍMULA)

[...] minha mãe, filhos, a igreja, os vizinhos (...) valorizo a família que tenho, pois não tive uma família, construí depois do casamento (...) meus filhos, minha mãe, ele mesmo (marido) família é tudo. (MARGARIDA)

[...] família é tudo, a vida da gente começa na família e acaba também na família, a gente vive pra família. (ALFAZEMA)

[...] família são os filhos, netos, os parentes, os amigos e todos que amamos (PALMA)

[...] minha família é grande e é tudo, tudo começa com a família, os filhos são bons né. (CRAVO)

No desenrolar da história, observamos que as relações familiares envolvem significados emocionais. Estudiosos da sociedade apontam que a estrutura social pode ser descrita por meio de esboço das relações familiares nela vigentes. Para alguns estudiosos, uma sociedade perderia seu vigor quando as pessoas deixam de cumprir suas obrigações na família. A abordagem sociológica focaliza a família como instituição social e como sua única e peculiar característica o aspecto social da interação familiar. Os sistemas familiares apresentam características de legitimidade e autoridade. Os valores relativos à família ou direitos e deveres inerentes aos status família, as categorias de pai, filho, avô, são peculiares no nível sociológico. (GOODE, 1970)

A família carrega ainda grandes significados como afetividade e o cuidado. Elsen (1984) se refere à família como um sistema de saúde para seus membros. Ainda em seu estudo identificou a família como portadora de um conjunto de valores, conhecimentos, práticas e crenças, sendo o principal pilar de promoção da saúde de seus membros. E é nesse sistema que ocorre todo o processo de cuidado, no qual a família toma para si toda responsabilidade e iniciativas frente às dificuldades. O

cuidado, no nosso estudo, também se refere ao amor fraternal, proteção,

prevenção, afetividade, alimentação, educação, moradia, trabalho, formação ética e religiosa; nesta medida, vai muito além de um “sistema de saúde” num sentido estrito; abarca as próprias condições de produção de saúde em sentido amplo.

[...] sei lá, como a gente fala, a gente quer agradar e acarinhar quer tratar tudo por igual, não desfazer de ninguém, é cuidado que a gente tem bastante, é aí que cansa a mente, será que cuidei bem, será que tratei bem, será que não machuquei ninguém... (GÉRBERA)

[...] cuidei da mãe, só vim para São Paulo quando ela morreu, essa doença é de família (...) agora cuido dela (...) não tem ninguém para cuidar né (...) fazer caridade né, eu cuido, meu marido cuida, meus filhos ajudam... (LÒTUS)

[...] tenho que cuidar dela, a Lúcia (filha) sempre foi doente, desde pequena, aprendeu ler e escrever, mas é diferente dos outros, se pudesse não queria mais cuidar, se eu não cuidar, quem é que vai cuidar...cada vez pior..(MARGARIDA)

[...] os filhos não podem ficar largados, a família é importante para educação das crianças, para as pessoas também (...) sou companhia, amizade e amor (...) desejo a minha família com muita saúde e que se mantenham sempre unidos, todos unidos. (ANGÉLICA)

[...] eu não cuidei das minhas filhas, minha mãe não deixava, ela colocava o berço no quarto dela, mas com os netos tive que aprender; minha filha os deixava pra eu cuidar e ia embora, cuido até hoje... (ALFAZEMA)

[...] cuido do ex-marido, os filhos não podem cuidar, eles trabalham e tem a vida deles, então sou eu que tenho que cuidar, ele foi um homem bom e um bom marido, mas não sei o que aconteceu, agora tá ficando difícil de cuidar. (PALMA)

Esse cuidado com a família não termina com o crescimento e desenvolvimento dos filhos/netos, os idosos continuam se achando responsáveis por aqueles que consideram como parte de sua família. Assim, mesmo enfrentando situações desconfortáveis, ou até mesmo adversas, os indivíduos procuram apoiar

seus próximos, mesmo que em detrimento de sua qualidade de vida. Os sujeitos acreditam ser capazes de contribuír para formação dos membros familiares. É interessante notar que há uma certa hierarquia no cuidar: “ eu cuido”, “meu marido cuida”, “meus filhos ajudam”. Em alguns casos os filhos não são protagonistas, mas coadjuvantes.

[...] na casa das minhas filhas, recolho roupa, lavo uma louça, dobro uma roupa, penduro as roupas, ajudo no que posso. (ANGÉLICA)

[...] tenho que cuidar (irmã) né, ela ficou doente, não tem ninguém, não teve filhos... (GIRASSOL)

[...] peço ajuda pro filhos, daqui posso ajudar ou ser ajudada, não quero ir pro norte nada, não deixo a família (...) sinto necessidade de cuidar, cuido

Documentos relacionados