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Significados da planificação As Docentes

SEGUNDA PARTE Estudo Empírico

Capitulo 6 – Análise e Interpretação dos Dados

4- Análise e interpretação dos dados das entrevistas

4.1. Conceção sobre a planificação

4.1.2. Significados da planificação As Docentes

Em relação à categoria Significado da planificação, definimos uma subcategoria: grau de importância. Taylor (1967) demonstrou que os professores planificavam por ordem de importância: atendiam às necessidades, habilidades e interesses dos alunos; do conteúdo a ensinar; às finalidades do ensino e dos métodos de ensino.

Quando questionadas se a planificação é um ato importante, as docentes garantem que sim, uma vez que lhes permite organizar e estruturar o que pretender trabalhar e desenvolver junto das crianças. A educadora (E3) afirma que estas são importantes na medida que lhe permite obter informações e conhecimentos das crianças, são importantes porque lhe confere a possibilidade de avaliar não só as crianças, mas a sua própria ação. Na perspetiva da educadora planificar implica realizar pesquisa bibliográfica “penso sempre numa parte de pesquisa, em termos bibliográficos (…) saber se aquilo que estou a pensar faz sentido, portanto tenho logo ali uma primeira reação ao que vou desenvolver”.

As educadoras mencionam que a planificação as ajuda a serem ponderadas, a coordenar as ideias e orientar trabalho a desenvolver, e que tende a promover a aprendizagem das crianças. Para a educadora E1, é importante planificar porque “… trata- se principalmente para não me perder… a planificação começa de um nível mais abrangente para um nível mais preciso… e à medida que se especifica, melhor é em termos de organização… no fundo é uma orientação para o meu trabalho… é “importante na forma de organizarmos o nosso pensamento (…) é também uma forma de trabalharmos para a média nacional dos alunos”. Permite refletir sobre a prática, como a educadora (E3) defende quando afirma “… é importante planificar e refletir […] pronto no meu ponto de vista a planificação leva-nos à avaliação e a avaliação leva-nos à planificação”. Continua

dizendo que as planificações “…são uma orientação do meu trabalho que pode ser cumprida ou não… mas justificando sempre as opções que se tomaram e porque é que foram alteradas… e partir daí também nos leva à avaliação… se a criança está envolvida, se está a ter interesse ao não a planificação que se pré estabelece…”. A educadora (E6) realça que para si a planificação é muito importante porque “… a partir do momento que as realizo com o objetivo de desenvolver capacidades em todas as áreas de desenvolvimento… para mim são importantes…”.

O discurso das docentes salienta outro aspeto que influencia as opções que o professor faz na planificação e lecionação. Trata-se do sucesso da aprendizagem dos alunos. Este aspeto é crucial na regulação do processo de ensino do professor, que tende a manter as suas estratégias quando os alunos apresentam um bom nível de aprendizagem e alterá-las no caso contrário (Brown & McIntyre, 1993). Estas destacam assim o papel de retroalimentação da reflexão sobre as aulas já realizadas para a posterior planificação das aulas seguintes, opção seguida também por outros autores (Pacheco, 1996).

Órgãos de Gestão

Em relação à categoria Significado da planificação, definimos uma subcategoria: grau de importância. Quando questionados se a planificação é um ato importante na Educação Pré escolar, todos são unânimes quanto à sua importância, postulando que esta é uma ferramenta essencial e que confere eficiência ao ensino e também na organização na tomada de decisões.

Coordenadora do Conselho de Docentes Pré escolar

Na opinião da Coordenadora a planificação tem de existir e “não podemos estar só à espera daquilo que a criança nos dá… isso também não… deve-se planificar para se cumprirem os objetivos previstos na legislação em vigor OCEPE… é necessário planificar a ação educativa. Esta ação pressupõe a existência de um projeto curricular de turma. É função do Educador de Infância, planificar e criar todas as condições necessárias para estimular o desenvolvimento das crianças, nunca esquecendo que cada uma tem o seu próprio ritmo […].

Representação da Educação Pré escolar na Direção Executiva

A especificidade da Educação pré escolar não é compreendida por todos gerando por vezes desencontros entre os órgãos intermédios e os que trabalham no terreno, mas na opinião da REPCE está a existir mudança nesse sentido. A mesma considera que se deve planificar e que é importante fazê-lo mas, “não da forma como se planifica para os outros ciclos porque nós temos especificidades… é assim… nós temos áreas e essas áreas devem ser mantidas […].”

Para ela, é necessário que as educadoras se munam de instrumentos adequados e específicos ao contexto pré escolar que facilitem práticas planificativas, “uma das coisas que nós utilizamos… temos um livro de ponto para cada educador… que foi elaborado por mim e com o apoio de todas as colegas… no qual procurámos atingir as áreas de conteúdo e também as atividades não letivas, não curriculares e as pessoas fazem sumários mediante as várias áreas que trabalham durante o dia”. Revela no entanto que o grupo inicialmente sentiu algumas dificuldades, mas atualmente consideram-no como este contribuiu para organizar as práticas diárias. Segundo a REPECE, o livro de ponto não é “ uma forma de planificar, mas sim um registo do que foi trabalhado ao longo do dia”, considerando como um processo que “obriga a que as pessoas reflitam mais diariamente”. Salienta também que quando pensou no livro de ponto, que isso de alguma forma se tornasse numa imposição que obrigava as colegas a planificar diariamente e a uniformizar a sua prática, mas constatou que o mesmo não aconteceu. “Não, é giro porque isso não se notou aqui connosco e cada um regista de formas diferentes. Também não existe normas de preenchimento.”

Refere também que considera fundamental que as Educadoras utilizem instrumentos abrangentes que lhes permitam regular a sua prática educativa e consequentemente ajudarem as crianças, tomando consciência das suas capacidades, das suas dificuldades e a forma de as ultrapassar. No entanto, salienta que não existe uma imposição de práticas: “não estabelecemos nenhum modelo de planificação, nem a periodicidade, portanto as pessoas podem continuar… enquanto não houver nada na lei que nos obrigue… cada uma faz como melhor entende…”. Segundo a mesma, existe uma prática variada, “há quem faça planificações diárias, semanais e quinzenais ou mensais…”, mas apesar de dizer que o Agrupamento não impõe um tipo de planificação específica,

acaba por referir que existe uma imposição central ao nível do Ministério da Educação. “Não é nosso interesse que as pessoas tenham de mudar a sua metodologia de trabalho pelo facto de terem de fazer uma planificação… é assim, ela é obrigatória… por que é assim … tu se fores visitada pela inspeção solicitam-te logo a planificação… por isso ela é obrigatório, o que não é obrigatório é a periodicidade, se ela é semanal, mensal”.

Diretor do Agrupamento

Na perspetiva do Diretor, planificar é na realidade bastante importante: “claro que se deve planificar, se não era um improviso cada dia… chega-se lá e fazia-se o que desse na cabeça (risos)”. No entanto, refere também que a planificação não pode ser encarada de forma rígida atendendo à idade e ao contexto especifico da Educação pré escolar: “acredito também que na educação de infância possam surgir questões improvisadas… uma vez que também não existem disciplinas no verdadeiro sentido da palavra, existem áreas que provavelmente… é natural que a margem de preços seja mais dilatada e que seja mais flexível”. Salienta no entanto que existem competências, objetivos e metas que a Educação pré escolar deverá promover: “é óbvio que tem de haver áreas e domínios a desenvolver, tem que haver metas que à partida pretendem atingir, o que devem fazer com os alunos, qual deve ser o produto a atingir no final do ano para cada faixa etária, seja para os três, quatro e cinco anos e também para que possa existir uma articulação entre jardins.”

4.1.3 Dilemas