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O entendimento dos sintomas que são expressos pelos pacientes e interpretados pelos médicos podem receber diferentes conotações, cujas atribuições podem estar vinculadas a contextos culturais e sociohistóricos. Diferentes componentes subjetivos podem estar envolvidos, seja pelo que os sintomas representam para os pacientes que informam como os sentem, ou pelo modo de como o médico entende o que lhe foi informado. Os sintomas que os pacientes expressam, representam o resultado da sensação e da emoção, isto é, do modo como eles os percebem.

Reproduzo, em seguida, a abordagem desses assuntos em livros textos de Medicina. Na prática, para que os sintomas se tornem conhecidos, faz-se necessário que seja realizada uma completa e detalhada colheita da história clínica (a anamnese). É uma atitude que denota tempo, conhecimento, experiência, atenção e capacidade de comunicação entre o médico e o paciente, para que ambos possam se expressar com clareza e espontaneidade.

A - Dor

O conceito de dor foi extraído do livro Rheumatic Diseases, capítulo 2, escrito por Katz, (1977, p.11-14) e do livro Harrison’s Principles of Internal Medicine, capítulo 12, escrito por Fields e col., (1998, p.53-58).

Relata-se, a seguir, como o sintoma da dor é definido, que fatores podem estar associados, ou sob quais influências pode ser modificado. Uma das definições, encontrada num livro texto diz: “Dor... é uma experiência, extremamente pessoal, variável pela

influência de fatores relacionados a aprendizados culturais,..., atenção e outras atividades cognitivas” (MASON; CURREY apud KATZ, 1977, p.11).

Seguem-se outras afirmativas:

“Dor é a queixa mais comum e a mais difícil de se avaliar, porque sua tolerância individual pode variar muito. Apenas o paciente sabe avaliar a quantidade de dor que ele está experimentando e existe uma dicotomia entre a quantidade da dor sentida e o modo como ela se expressa. O mecanismo da dor é complicado”. (KATZ, 1977, p.11).

“Existe apenas uma dor que é fácil de ser conduzida, que é a dor dos outros” (RENÉ

LERUCHE apud KATZ, 1977, p.11).

A resposta à dor pode diferir entre diferentes doenças e pode variar em pessoas com a mesma desordem. A intensidade da dor tem um impacto menor quando se está feliz e se agrava quando coexiste com sentimentos de hostilidade e ressentimento. Hart et al. citam como fatores que podem modificar a resposta à dor: alterações sistêmicas e sintomas

como a fadiga, a depressão e a ansiedade . (apud KATZ, 1977, p.13). Katz refere também distúrbios de sono como conseqüência da dor.

Em outro artigo escrito em um livro clássico de Medicina Interna, o autor comenta que a dor costuma ser o sintoma mais comum a estimular o paciente a buscar ajuda médica. Dor é uma sensação desagradável que desencadeia ansiedade e estresse e, por isso, é considerada como manifestação de dualidade: sensação e emoção.(FIELDS; MARTIN, 1998, p.53).

Fields et al. (1998, p.57) comenta: “Porque depressão é o distúrbio emocional mais

comum em pacientes com dores crônicas, eles devem ser questionados quanto a seus humores, padrões de sono e atividades diárias”.

Os dados descritos denotam a complexidade que representa a avaliação médica do sintoma da dor, diante da subjetividade do paciente e do médico, da individualidade da sensação da dor, da incapacidade em se mensurar a dor, afora outros fatores que poderão estar envolvidos, como a veracidade da informação de quem a refere.

B-Distúrbios de humor: Depressão

Inicialmente, releva-se a conotação ampla do termo depressão e de suas diferentes interpretações que podem advir do conceito popular, do médico clínico e do especialista, o

psiquiatra. O termo pode se referir a um sintoma como também a uma entidade nosológica, que é definida por critérios pré-estabelecidos pelos especialistas que a estudam. A

sintomatologia depressiva pode refletir um estresse psicológico causado pela própria

doença ou por medicações usadas, ou pode simplesmente coexistir nesse mesmo período. (REUS, 1998, p.2490-2491).

Muitas vezes a depressão, pode ser confundida com tristeza ou frustração, reações humanas normais frente a situações de perda. Podem se associar a alterações no sono, no

apetite e na capacidade de concentração. A depressão se refere a um transtorno mental

relacionado ao humor, que nem sempre é desencadeada por uma situação de vida desfavorável.

Depressão, bulimia, anorexia nervosa e desordens de ansiedade ocorrem com maior freqüência na mulher. (KOMAROFF et al., 1998, p.23).

C– Distúrbios do sono: Insônia

Esse resumo foi extraído do capítulo 27, com o título de Desordens do Sono e do Ritmo Circadiano, escrito por Czeisler et al. no livro texto de Harrison’s Principles of Internal Medicine, 1998, p.150-159.

O autor afirma que o distúrbio do sono está entre as queixas mais freqüentes e que um terço dos adultos nos Estados Unidos experimenta um distúrbio ocasional ou persistente. A privação do sono ou a ruptura do ritmo circadiano pode levar a sérios prejuízos das funções diárias. As desordens do sono podem resultar de condições psiquiátricas.

A insônia é definida como a queixa de sono inadequado; pode ser classificada de acordo com a natureza da ruptura do sono e da duração da queixa. Pode ser subdividida em falta de sono e sono não restaurador. Para Czeisler a insônia persistente pode levar a

distúrbios de humor. Ele refere que o distúrbio do sono pode se iniciar em conseqüência de

um evento que possa gerar um estresse emocional, e que pode ter uma duração que se prolongue mais que o incidente inicial. Os pacientes podem descrever os distúrbios do sono como cansaço ou fadiga, prejuízos motores e cognitivos, que podem se seguir aos distúrbios do sono. A diferenciação entre sonolência e fadiga pode ser difícil, particularmente pela

imprecisão dos pacientes descreverem seus sintomas. Acrescenta que o distúrbio do sono pode ser um sinal de depressão e que pode iniciar antes que o paciente perceba distúrbio de humor.

D– Fadiga: assunto extraído do capítulo 22, do livro texto: Harrison’s Internal Medicine,

escrito por Criggs, (1998, p.121).

Para esse autor, a queixa de fadiga é encontrada em um grupo de pacientes que se sentem cansados e que não perderam a habilidade de realizar suas tarefas habituais, mas que perderam a habilidade de poder realizá-las repetidamente. Além disso, o termo fadiga também necessita ser diferenciado da fraqueza apresentada por pacientes que têm doenças neuromusculares periféricas, com destruição ou perda de função de seus músculos, nervos ou suas transmissões e que têm sua fadiga confirmada por exames complementares.

E - Ansiedade: estudo extraído do capítulo 385, escrito por Reus no livro texto de Medicina

Interna, Harrison’s Internal Medicine, (1998, p.2486-2490).

Ansiedade pode expressar desde uma sensação subjetiva de preocupação, inquietude, medo, como pode indicar um componente ou uma reação a uma doença médica primária ou uma condição psiquiátrica.

As desordens primárias de ansiedade são classificadas de acordo com a duração dos sintomas e com a existência e a natureza dos fatores precipitantes. Durante a avaliação de um paciente ansioso, deve-se determinar se a ansiedade antecede ou é posterior a uma doença ou se pode estar relacionada a efeito colateral de uma medicação. Sintoma de ansiedade pode ser representante de somatização, quando presente na ausência de doença orgânica diagnosticável. (REUS, 1998).

A reação individual a diferentes traumas pode ocorrer das mais variadas formas e com diferentes durações. Segundo Réus os pacientes podem desenvolver ansiedade e se tornarem estressados, quer após um trauma recente, ou em resposta a um evento do passado, que deixou seqüelas Acrescenta que pacientes ansiosos e estressados, geralmente, aumentam a

vigilância e o medo e, desse modo, submetem-se a um maior risco de desenvolver distúrbios de humor, como a depressão; e ainda que a desordem de estresse pós- traumática é mais freqüente na mulher.