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O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um sistema público não- contributivo, descentralizado e participativo, que tem por função a gestão da assistência social no campo da proteção social brasileira. Ele é constituído pelo conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios no âmbito da assistência social. Tais serviços são prestados diretamente por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais da administração direta e indireta ou através de convênios com organizações sociais, sem fins lucrativos, inscritas nos conselhos de assistência social.

A Norma Operacional Básica de Assistência Social 2005 ─ NOB/SUAS, disciplina a operacionalização da gestão da política de assistência social no território brasileiro, exercida de modo sistêmico pelos entes federados, em consonância com a Constituição Federal, a Lei Orgânica de Assistência Social LOAS/1993 e as legislações complementares. A NOB/SUAS também estabelece nova sistemática de financiamento baseada em pisos de Proteção Social Básica e Especial, em conformidade com critérios de partilha pautados em indicadores, porte de municípios e em análise territorial realizada de fundo, a fundo de forma regular e automática. Define responsabilidades e critérios para a adesão ao SUAS e aos níveis diferenciados de gestão de Estados e Municípios.

Este sistema regula, em todo o território nacional, a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades do sistema cidadão de serviços, benefícios e ações de assistência social de caráter permanente ou eventual, executados e providos por pessoas jurídicas de direito público sob critério universal e lógica de ação em rede hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil (BRASIL, 2006f, p. 13).

A implantação do SUAS como um sistema único supõe unir para garantir o rompimento com a fragmentação programática, entre as esferas do governo e entre as ações por categorias e segmentos sociais. Ele é um sistema articulador e

provedor de ações de proteção social básica e especial junto a municípios e estados.

O modelo de gestão supõe um pacto federativo, com definição de competências dos entes das esferas de governo. Uma lógica de organização das ações: por níveis de complexidade, por território, considerando regiões e portes de municípios. Também unifica nacionalmente os conceitos e procedimentos, assim como estabelece padrões dos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado, padronização da nomenclatura dos serviços e da rede socioassistencial.

Uma organização referenciada no território que tem como eixos estruturantes:

 Matricialidade sócio-familiar;

 Descentralização político-administrativa e Territorialização;  Novas bases para relação entre Estado e Sociedade Civil;

 Financiamento pelas três esferas de governo, com divisão de responsabilidades;

 Controle Social;

 Política de Recursos Humanos; e

 Informação, Monitoramento e Avaliação. (BRASIL, 2006f, p.14).

A NOB/SUAS busca garantir aos seus usuários cinco seguranças.

A primeira é a acolhida com a oferta de serviços e espaços para a realização de Proteção Social Básica e Especial.

A segunda, a segurança social de renda, operada pela concessão de bolsas-auxílio financeiros, sob determinadas condicionalidades. Esta segurança é para os cidadãos não incluídos no sistema contributivo da seguridade social. O BPC inscreve-se nesta segurança.

A terceira, a segurança do convívio, exige que as ofertas de serviços garantam oportunidade e ação profissional para (i) “construção, restauração, e fortalecimento de laços de pertencimento (de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança e interesses comuns e societários)” (BRASIL, 2006f, p. 18) e (ii) para a qualificação de vínculos sociais por meio de projetos pessoais e sociais de vida em sociedade.

A quarta, a segurança de desenvolvimento de autonomia, exige ações dos profissionais e sociais que afianciem o protagonismo pessoal e social do usuário para a vida em sociedade.

oferta de auxílios em bens materiais e em pecúnia em caráter transitório, denominados de benefícios eventuais para as famílias, seus membros e indivíduos” (BRASIL, 2006f).

O SUAS estabelece a organização dos serviços com base no grau de complexidade da rede de atendimento, a partir de duas dimensões de atenção ao cidadão: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e de Alta Complexidade. A Proteção Social Básica que tem “como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições; e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (BRASIL, 2006g, p.33), tem caráter preventivo e processador de inclusão social. Seus destinatários são os segmentos de populações que vivem em condições de vulnerabilidade social como, por exemplo: pobreza, privação (ausência de renda, precária ou nulo acesso aos serviços públicos) e fragilização dos vínculos afetivos (discriminação etária, étnica, de gênero ou por deficiência). Ela visa processar a inclusão de grupos em situação de risco social nas políticas públicas, no mundo do trabalho e na vida comunitária e societária, além de prevenir as situações de risco social.

De acordo com NOB/SUAS 2005, a Proteção Social Básica deverá operar por intermédio de:

a) Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), territorializados de acordo com o porte do município;

b)rede de serviços socioeducativos direcionados para grupos geracionais, intergeracionais, grupos de interesse, entre outros;

c) benefícios eventuais;

d) benefícios de Prestação Continuada;

f) serviços e projetos de capacitação e inserção produtiva (BRASIL, 2006f, p.36).

Conforme informações contidas no site do MDS, a Proteção Social Básica já está sendo executada por meio do Programa Agente Jovem, dos Centros de Referência da Assistência Social; do Programa de Atendimento Integral à Família e programas e projetos executados por Estados, Municípios, Distrito Federal e entidades sociais, destinados ao atendimento de crianças de 0 a 6 anos, da pessoa idosa e de suas famílias.

constituindo-se como prestação de transferência de renda, nas ofertas da Proteção Social Básica, dada a sua natureza e nível de complexidade.

A Proteção Social Especial é a modalidade de atendimento assistencial destinada às famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, cumprimento de medidas sócioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, etc. (BRASIL, 2006f, p. 37).

Na NOB/SUAS, a Proteção Social Especial tem por referência a ocorrência de situações de risco ou violação de direitos. Ela inclui a atenção aos seguintes segmentos:

a) crianças e adolescentes em situação de trabalho; b) adolescentes em medida socioeducativa;

c) crianças e adolescentes em situação de abuso e/ou exploração sexual;

d) crianças, adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, migrantes, usuários de substancias psicoativas e outros indivíduos em situação de abandono;

e) famílias com presença de formas de negligência, maus-tratos e violência (BRASIL, 2006f, p.37).

A Proteção Social Especial está dividida em duas modalidades de atenção ao cidadão. A primeira é a Proteção Social Especial de Média Complexidade que oferece atendimento às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. Seus serviços são: o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), os Centros de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), os Serviços de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual (Programa Sentinela) e os Serviços Específicos de Proteção Social Especial para Pessoas Idosas e Pessoas com deficiência. Os serviços: Plantão Social, Abordagem de Rua e medidas socioeducativas em meio aberto à adolescente (Prestação de Serviços à Comunidade e Liberdade Assistida), também fazem parte da Proteção Social Especial de Média Complexidade.

A segunda é a Proteção Social Especial de Alta Complexidade que oferece atendimento às famílias e indivíduos com uma grave violação de direitos, sem

vínculos familiares e comunitários que se inscrevem na necessidade de proteção integral a seus usuários. Tais serviços são oferecidos na forma de albergue, Atendimento Integral Institucional (abrigo), Casa Lar, Família Acolhedora, República, Moradias Provisórias, Casa de Passagem, Trabalho Protegido e medidas socioeducativas restritivas e privativas de liberdade.