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2.2 IMPORTAÇÃO

2.2.5 Sistema Cambial

O sistema cambial nas importações, diz respeito à contratação de câmbio, ou seja, a necessidade de adquirir outra moeda.

Em relação ao pagamento, as importações podem ter ou não cobertura cambial, sendo o primeiro caso, uma importação que será paga pelo importador ao exportador, ou seja, há a contratação de câmbio. Já as operações sem cobertura cambial estão concentradas em operações sem destinação comercial, ou seja, o importador não realizará qualquer pagamento ao exportador, não havendo a necessidade de aquisição de moeda estrangeira, como por exemplo, bens destinados a exposições, feiras, competições esportivas. (FARO; FARO, 2010, p. 69).

Nas operações com cobertura cambial, há a necessidade da contratação de câmbio, ou seja, a troca entre duas moedas. Essa operação é feita através de um contrato de câmbio gerado por estabelecimentos financeiros que atuam com autorização do Banco Central do Brasil a operar em câmbio. Esta operação pode ser realizada entre um banco e as pessoas ou empresas, e mesmo entre bancos.

O contrato de câmbio pode ser de compra ou venda, sendo o de venda quando o banco entrega a moeda estrangeira, recebendo em troca a moeda nacional, e o contrato de compra sendo o contrário, ou seja, quando o banco está recebendo a moeda estrangeira e dando em troca a moeda nacional. (KEEDI, 2012, p.136).

A remessa da moeda estrangeira será efetuada por meio de uma ordem de pagamento ou de autorização de reembolso, que é realizada exclusivamente pelo banco com o qual o contrato de câmbio foi celebrado ao seu correspondente no exterior, sendo o beneficiário o vendedor, via de regra o próprio exportador da mercadoria. (VIEIRA, 2013, p. 88).

Em relação ao período de contratação, segundo o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais, Título 1, Capítulo 12, Seção 1, item 20 (apud VIEIRA, 2013, p.88):

As operações de câmbio destinadas ao pagamento de importações brasileiras, inclusive relativas a parcelas de principal de importações financiadas até 360 dias, podem ser celebradas para liquidação pronta (até dois dias úteis da data de contratação) ou futura (até 360 dias da data de contratação), independentemente da modalidade da transação.

Ainda conforme Vieira (2013, p. 91) “para efetivação do contrato de câmbio, o importador deve entregar ao banco negociador, cópia de todos os documentos comerciais pertinentes, independentemente de a operação ser à vista ou à prazo.”.

Em seguida serão apresentadas as modalidades de pagamento. 2.2.5.1 Modalidades de Pagamento

Quanto às modalidades de pagamento na importação, podem ser efetuados através de pagamento antecipado, remessa direta de documentos, cobrança e crédito documentário, conforme descritos no Quadro 3:

Quadro 3 - Modalidades de pagamento nas importações

Modalidade Descrição conforme Segre (2012, p.89) Pagamento

antecipado (remessa antecipada)

Somente nesta modalidade ocorre a remessa financeira antes do embarque da mercadoria ou da prestação de um serviço. Uma vez que esta modalidade coloca o importador na posição de dependência do exportador, é necessário que exista alto grau de confiança entre ambos, pois, uma vez efetuado o pagamento e não concretizado o embarque, o importador poderá ter dificuldades em reaver o montante desembolsado. Remessa direta de documentos (remessa sem saque)

O exportador embarca a mercadoria e remete diretamente os documentos ao importador, sem a existência de título constitutivo da dívida (sem saque). Essa operação é muito utilizada entre firmas interligadas, pois ao contrário do pagamento antecipado, é o exportador que assume todos os riscos inerentes à operação, ficando o importador em situação de efetuar o pagamento em qualquer momento. Sua vantagem consiste na liberação rápida na aduana de destino, pois os documentos chegam ao importador sem a demora dos trâmites bancários. Cobrança Essa modalidade é regida pela Publicação n 522 da Câmara de Comércio

Internacional (CCI), onde o exportador, após o embarque da mercadoria, entrega a documentação à um banco (banco remetente), para que seja encaminhada a outro banco no país do importador (banco cobrador), que se encarregará de obter o pagamento ou aceite e posterior pagamento do importador. Por envolver um terceiro na transação (banco), essa modalidade pode ser classificada como de médio risco para ambas as partes. A cobrança pode ser a vista ou a prazo.

Crédito documentário (carta de crédito)

Instrumento pelo qual um banco (emissor), por instruções de um cliente seu (tomador), ou em seu próprio nome, compromete-se a efetuar um pagamento a um terceiro (beneficiário), ou à sua ordem, ou deve pagar ou aceitar saques emitidos pelo beneficiário, contra entrega de documentos estipulados, desde que os termos e condições do crédito sejam cumpridas. Essa modalidade oferece relativa segurança para ambas as partes, uma vez que ocorre a negociação de documentos por parte de um banco. O comprador tem a garantia de somente efetuar o pagamento depois de conferidos os documentos, já o vendedor tem a garantia firme de pagamento, por parte do banco emissor, depois de efetuar o embarque, nas condições acordadas.

Fonte: Adaptado de Segre (2012, p. 89).

As modalidades de pagamento variam, e devem ser acordadas entre importador e exportador, podem ser definidas de acordo com o nível de confiança que ambos têm um no outro, portanto, as modalidades que apresentam menos risco tanto para o exportador quanto para o importador, são aquelas que possuem o banco envolvido na operação, como na cobrança e no crédito documentário. As outras modalidades são menos onerosas por não ocorrer através do intermédio do banco, e geralmente se estabelecem entre empresas interligadas, ou quando há uma relação de confiança entre as partes.

O Quadro 4 aponta as vantagens e desvantagens tanto para importador quanto para o exportador, ao optar por uma determinada modalidade de pagamento:

Quadro 4– Vantagens e desvantagens

MODALIDADE AGENTES VANTAGENS DESVANTAGENS

PAGAMENTO ANTECIPADO

Exportador

• Isenção dos custos de cobrança, do risco de insolvência do importador; • Recursos a custo mais baixo; • Isenção de despesas com garantia para captação de ACC.

• Assume o risco de variação cambial; • Variação do custo de matérias primas importadas;

• Risco de gravames tributários.

Importador

• Transferência do risco de variação do preço do bem ao exportador;

• Garantia de um fornecedor cativo.

• Desencaixe de capital de giro antecipadamente ao embarque do bem;

• Assume os riscos políticos/comerciais;

• Atrasos por contingenciamento da exportação do produto. REMESSA SEM SAQUE Exportador • Isenção/redução de despesas bancárias;

• Maior agilidade na tramitação de documentos.

• Assume o risco de inadimplência do importador. Importador • Isenção de despesas bancárias; • Recebimento de mercadoria sem aceite/pagamento da cambial;

• Maior agilidade na tramitação de documentos.

COBRANÇA DOCUMENTÁRIA

Exportador

• Garantia de que a mercadoria só será entregue ao

importador, após este aceitar ou pagar o saque.

• Assume o custo bancário da operação;

• Assume o risco de inadimplência do importador.

Importador

• Intermediação da operação/tramitação de documentos, via banco, reduzindo-se o risco de extravio.

• Liberação da mercadoria somente após o pagamento/aceite do saque

.

CARTA DE CRÉDITO

Exportador

• Garantia do recebimento do valor da exportação, ao cumprir os termos e condições da carta de crédito.

• Qualquer discrepância da carta de crédito, mesmo que irrelevante, inviabiliza o recebimento das divisas da exportação.

Importador

• Pagamento da operação somente quando cumpridos os termos e condições da carta de crédito.

• Assume o custo real da carta de crédito;

• Pagamento da importação, apenas contra os documentos em boa ordem da operação comercial.

Fonte: Brasil (2014g).

A seguir serão abordados os tratamentos fiscais, ou seja, o despacho e desembaraço aduaneiro, bem como os impostos incidentes nas operações de importação.

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