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A consolidação do cenário macroeconômico benigno no decorrer do ano favoreceu o processo de fl exibilização da política monetária, com impactos sobre a alocação dos recursos fi nanceiros. A crescente higidez do sistema, consubstanciada no fortalecimento das instituições, por sua vez, possibilitou o aperfeiçoamento da regulamentação vigente e promoveu ganhos de efi ciência sem detrimento da autonomia, segurança e credibilidade sistêmica.

As reduções nas taxas de juros concorreram para a promoção de uma nova dinâmica de realocação das captações e das aplicações do sistema bancário. Conforme tendência delineada nos últimos três anos, a distribuição dos ativos do sistema evidenciou maior alocação dos recursos para operações de crédito, em contrapartida à redução da carteira de títulos e valores mobiliários.

Nesse sentido, ao fi nal de 2006, as operações de crédito representavam 30,8% do total dos ativos do sistema bancário, ante 28,6% em 2003, e a parcela de títulos e valores mobiliários, 27,8%, ante 28,1% em 2003. Quanto à composição da carteira de títulos, a participação dos títulos públicos reduziu-se e alcançou 70,2% em dezembro de 2006, ante 84,1% ao fi nal de 2003, trajetória compatível com o crescimento da emissão de instrumentos privados, com destaque para as debêntures.

Assinale-se a publicação, em janeiro, da Resolução 3.339, que objetivou estimular a liquidez do mercado de títulos de renda fi xa privados e ampliou o rol de títulos aceitos em operações compromissadas mediante a inclusão de instrumentos voltados para a securitização de créditos. Ademais, foi permitida a contratação de operações compromissadas com pessoas físicas e jurídicas não fi nanceiras que tenham por objeto os títulos privados.

Acompanhando a realocação das operações ativas, as receitas provenientes das operações de crédito e arrendamento mercantil prosseguem superiores às referentes a aplicações em títulos. Esse movimento contribuiu para o crescimento na participação das receitas com créditos no total da intermediação fi nanceira, que evoluiu de 50,4% em 2005 para 54,3% em 2006, enquanto foi reduzida a parcela de rendas com títulos, de 43,2% para 40,7%, nas mesmas datas.

Com relação às principais fontes de fi nanciamento para as atividades de intermediação, ao contrário do movimento verifi cado em 2004 e 2005, registrou-se redução na parcela dos Certifi cados de Depósitos Bancários (CDBs). O estoque desses depósitos no total da exigibilidade do sistema bancário passou de 18%, ao fi nal de 2005, para 16,1%. Por outro lado, observou-se crescimento na participação de outras fontes, como depósitos interfi nanceiros e operações compromissadas com títulos da carteira própria que, somados, evoluíram de 22,5% para 26,5%, no período.

Como forma de impulsionar a atividade realizada pelas Cooperativas de Crédito, a Resolução 3.399 incluiu essas entidades no rol de instituições fi nanceiras aptas a receber e efetuar depósitos interfi nanceiros. Tal medida se estendeu igualmente às Companhias Hipotecárias e autorizou ainda que as Sociedades Corretoras de Câmbio realizassem esse tipo de depósito. Dessa forma, permitiu-se a ampliação das possibilidades de gerenciamento de liquidez dos segmentos de menor porte, observados os limites de exposição por cliente aplicáveis a cada uma dessas instituições.

Em relação à política de microcrédito destinada à população de baixa renda e a microempreendedores, a Resolução 3.422 buscou aprimorar o arcabouço vigente, com ampliação dos limites das operações de crédito. Nesse contexto, o limite para concessão a pessoas físicas passou de R$600,00 para R$1.000,00. No caso de operações destinadas a empreendimentos produtivos, o limite foi ampliado de R$1.500,00 para R$3.000,00, e, no âmbito das operações do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, instituído pela Lei 11.110, de R$5.000,00 para R$10.000,00.

Com a fi nalidade de viabilizar a canalização de recursos ao setor produtivo privado em condições favoráveis, a Resolução 3.382 facultou aos bancos comerciais, aos bancos de investimento, aos bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimento, aos bancos de desenvolvimento e às caixas econômicas o acolhimento de empréstimos, em reais, de organismo fi nanceiro multilateral autorizado a captar recursos no mercado

brasileiro. Tal medida complementou a Resolução 2.845, que autorizou a International

Finance Corporation (IFC) a emitir, no mercado local, obrigações em moeda local, desde

que os recursos assim captados fossem destinados para empreendimentos produtivos em território brasileiro.

Nos últimos anos, a Autoridade Monetária aprimorou os instrumentos adotados para controle dos riscos a que estão submetidas as instituições fi nanceiras. Nesse contexto, observou-se a continuidade do processo de transferência de responsabilidade no gerenciamento de riscos para as instituições fi nanceiras, assim como a adaptação das normas prudenciais emanadas do Comitê Basiléia à estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

No que se refere ao gerenciamento do risco operacional, a Resolução 3.380 estabeleceu que, até 31 de dezembro de 2007, as instituições fi nanceiras deverão dispor de estrutura própria capaz de identifi car, monitorar, controlar e mitigar a sua exposição. O risco operacional é defi nido como a probabilidade de ocorrência de perdas decorrentes de falha, defi ciência ou inadequação de processos internos, pessoas ou sistemas. Trata-se de medida que visa à implementação no Brasil do Novo Acordo da Basiléia (Basiléia II), que estabelece requerimentos de capital não somente para risco de crédito e de mercado, como também para o risco operacional.

O avanço da regulamentação prudencial nos últimos anos, que reduziu a possibilidade de ocorrência de crises sistêmicas, permitiu, em 2006, o aperfeiçoamento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Por intermédio da Resolução 3.400, ampliou-se o valor máximo da garantia proporcionada pelo FGC, de R$20 mil para R$60 mil, bem como foi autorizado ao conselho de administração desse Fundo a redução do percentual da contribuição mensal devida pelas instituições associadas, de 0,025% para 0,0125%. O aumento do teto de cobertura para R$60 mil, além de ter retratado uma atualização que não ocorria desde 1995, ampliou o universo de depósitos garantidos, elevou o grau de confi ança dos clientes e promoveu a melhoria das condições de concorrência entre as instituições fi nanceiras.

Quanto à segmentação do sistema bancário brasileiro segundo a origem do capital, observou-se a manutenção da trajetória de crescimento do percentual de ativos detidos pelos bancos privados nacionais, que passou de 45,2% em 2005 para 49,8% ao fi nal de 2006. Esse movimento foi infl uenciado pelos processos de aquisições de instituições estrangeiras por bancos de varejo nacionais durante o ano. Nesse sentido, a participação dos bancos estrangeiros no total de ativos reduziu-se de 21,8% para 20,1% no mesmo período. Com relação aos bancos públicos, verifi cou-se também a redução da representatividade nos ativos, de 32,9% em 2005 para 30,1% ao fi nal de 2006. Diante do acúmulo de saldos positivos no mercado cambial desde 2003, prosseguiu, em 2006, o processo de fl exibilização de regras aplicáveis às operações das instituições

Gráfico 2.17

Sistema bancário – Participação por segmentos1/

0 10 20 30 40 50 Participação (%) 2003 2004 2005 2006 Ativos totais Instituições públicas

Instituições privadas nacionais Instituições estrangeiras 0 10 20 30 40 50 Participação (%) 2003 2004 2005 2006 Depósitos totais Instituições públicas

Instituições privadas nacionais Instituições estrangeiras 0 10 20 30 40 50 Participação (%) 2003 2004 2005 2006 Patrimônio líquido Instituições públicas

Instituições privadas nacionais Instituições estrangeiras 0 10 20 30 40 50 Participação (%) 2003 2004 2005 2006 Empréstimos totais Instituições públicas

Instituições privadas nacionais Instituições estrangeiras

1/ Apresenta dados somente das instituições bancárias, sem consolidar, portanto, as posições dos conglomerados financeiros.

fi nanceiras nesse mercado. A partir de dezembro, a Circular 3.333 elevou de 30% para 60% o limite de exposição em ouro e em ativos e passivos referenciados em variação cambial, o que favoreceu o aumento da alavancagem com essas operações.

Ainda no âmbito do mercado de câmbio, a Resolução 3.426 permitiu importante evolução institucional, ao estabelecer a criação de bancos especializados em operações cambiais. Aos bancos de câmbio foi facultada a realização de operações de compra e venda de moeda estrangeira, transferência de recursos com o exterior, bem como o fi nanciamento do comércio externo. A criação dessa modalidade de banco visa estimular a competição nas transações com moeda estrangeira, visto que a exigência de capital para a sua constituição é inferior àquela requerida para os tradicionais bancos múltiplos autorizados a operar em câmbio. Adicionalmente, poderá contribuir para aumentar a oferta de serviços fi nanceiros destinados a pequenos empreendedores que se iniciam no comércio exterior.

Com relação à atribuição de supervisão e saneamento, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial de dois consórcios ao longo de 2006. Ao fi nal desse ano, permaneciam em processo de regime especial setenta instituições, ante 76 em 2005 e 85 em 2004.

Gráfico 3.1

Taxa over /Selic

12 13 14 15 16 17 18 19 20

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

% a.a.

2005 2006

Gráfico 3.2

Taxa over/ Selic x dólar x swap 360 dias

12 13 14 15 16 17 18 1.2.2006 21.3.2006 9.5.2006 23.6.2006 8.8.2006 22.9.2006 9.11.2006 28.12.2006 Taxa over /Selic/s wap 360 dias (% a.a.) 2,00 2,05 2,10 2,15 2,20 2,25 2,30 2,35 2,40 Dólar (R$/US$)

Selic Swap 360 dias Dólar