3.2 O F UNDO DE P ARTICIPAÇÃO DOS M UNICÍPIOS (FPM)
3.2.2 O sistema vigente
O sistema de transferência do FPM é atualmente regulamentado pela Constituição Federal de 1988, pelo Código Tributário Nacional e por dispositivos legais complementares, conforme apresentado no quadro 5 a seguir.
Quadro 5 - Instrumentos legais vigentes do FPM.
Instrumento legal Principais disposições
Art. 159 Composição do FPM (atualizado).
Art. 160 a 162 Competências, direitos e obrigações dos entes envolvidos. Art. 34 (ADCT) Adequação do percentual do FPM ao Art. 159.
Constituição Federal de 1988.
Art. 60 (ADCT) Destinação de recursos ao Fundef. Art. 86 e 87 Composição do FPM.
Art. 91 Critérios de distribuição do FPM. Art. 92 Cálculo das cotas municipais. Art. 93 Pagamento das cotas municipais. Código Tributário
Nacional – Lei nº 5.172 de 25/10/1966.
Art. 94 Comprovação da aplicação das cotas municipais.
Ato Complementar nº 35, de 28/02/1967. Altera a Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966, e legislação posterior sobre o Sistema Tributário Nacional.
Decreto-Lei nº 1.881, de 27/08/1981. Altera a Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966, cria a Reserva do FPM e dá outras providências.
Lei Complementar nº 59, de 22/12/1988. Dá nova redação ao parágrafo 3º do art. 91 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional).
Lei Complementar nº 62, de 28/12/1989. Estabelece normas sobre o cálculo, a entrega e o controle das liberações dos recursos dos fundos de participação e dá outras providências.
Emenda Constitucional nº 14, de
12/09/1996. Destina 15% dos recursos do FPM ao Fundef – criação do Fundef. Lei Complementar nº 91, de 22/12/1997. Dispõe sobre a fixação dos coeficientes do fundo de participação dos
Municípios, em especial sobre o redutor financeiro. Lei Complementar nº 106, de
23/03/2001. Dá nova redação aos parágrafos 1º e 2º do art. 2º da Lei Complementar nº 91, de 22 de dezembro de 1997, que dispõe sobre a fixação dos coeficientes de distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios.
Emenda Constitucional nº 55, de
20/09/2007 Altera o art. 159 da Constituição Federal, aumentando a entrega de recursos pela União ao FPM em 1%. Fonte: adaptado de Gasparini e Miranda (2006).
A partir de setembro de 2008, o montante do FPM passou a ser composto de 23,5% da arrecadação líquida do IPI e do IR, sendo deduzido desse valor os 15% do Fundef. A arrecadação bruta desses impostos é apurada decendialmente15 pela Receita Federal do Brasil (RFB), que deduz as restituições e incentivos fiscais16 ocorridos no mesmo período e comunica o montante da arrecadação líquida resultante à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Esta secretaria realiza a contabilização dessas arrecadações líquidas no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), informando em seguida ao Banco do Brasil (BB) o montante financeiro a ser transferido. O Banco do Brasil calcula o valor da cota de cada município, de acordo com os coeficientes definidos pelo TCU e com o valor total do FPM fornecido pela STN, e realiza a distribuição dos recursos aos Municípios.
As cotas de participação do FPM são fixadas pelo TCU com base nas populações de cada município brasileiro e no PIB per capita das Unidades da Federação, ambos fornecidos pelo IBGE, sendo que as informações sobre a renda não são necessariamente do período vigente. O IBGE envia ao TCU até o dia 31 de outubro de cada exercício as informações populacionais de cada município, de acordo com o Art. 102 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.Após a formulação, até o último dia útil de cada exercício, o TCU publica no Diário Oficial da União e comunica ao Banco do Brasil e à STN os coeficientes individuais de participação dos Municípios, que terão vigência durante todo o exercício seguinte, de acordo com a Decisão nº 1.121/2000 e nº 853/2000 do TCU.
A repartição dos recursos do FPM ocorre da seguinte forma: 10% aos Municípios das capitais dos Estados, 3,6% para os Municípios do interior incluídos na Reserva do FPM, e 86,4% aos Municípios do interior. Essas categorias são apresentadas a seguir e ilustradas na figura 4.
15 Em períodos de 10 dias.
Figura 4 - Repartição dos recursos do FPM.
Fonte: elaboração própria.
Municípios das capitais (10% do FPM)
Do valor total do FPM, 10% são destinados aos Municípios das capitais dos Estados, que são distribuídos proporcionalmente a um coeficiente individual de participação, resultante do produto de dois fatores representativos: um populacional, diretamente relacionado com o percentual da população de cada município em relação ao conjunto das capitais; e um econômico, inversamente relacionado com a renda per capita do respectivo Estados17.
A Lei complementar nº 91/1997, art. 4º, ratificou os critérios definidos na lei nº 5.172/1966 e assegurou às Capitais, a partir do exercício de 1998, no mínimo, o mesmo coeficiente atribuído no exercício de 1997, sendo os ganhos adicionais, em relação aos coeficientes legalmente indicados, sujeitos ao redutor financeiro.
O IBGE fornece ao TCU as populações para as capitais com data de referência de 1º de julho, conforme dispõe a Lei 8.443/1992, e os valores de renda per capita para os respectivos Estados. A partir dessas informações o TCU calcula o fator população e o fator renda per capita, visto que o coeficiente final das Capitais resulta do produto desses dois fatores, conforme o disposto no art. 91, §1º, da Lei nº 5.172/1966.
O fator população de cada ente é obtido calculando-se a relação entre a população de cada ente e o somatório das populações das Capitais. O fator renda per capita de cada Estado é obtido calculando-se a relação entre a renda per capita de cada ente e a renda per capita do País, e com o inverso desse valor (expresso em percentual). O coeficiente apurado para as
17 É utilizado um índice relativo da renda per capita de cada entidade participante, tomando-se como 100 a renda
per capita média do País. (Art. 90 do Código Tributário Nacional)
4%
Capitais resulta do produto entre o fator população e o fator renda per capita do Estado a que a Capital pertence.
Quando o coeficiente apurado é menor que o coeficiente vigente no ano de 1997, de acordo com a Lei Complementar nº 91/1997, art. 4º, o coeficiente de 1997 é mantido, aplicando o redutor sobre o ganho adicional. Os Municípios não-amparados são beneficiados com a redistribuição do montante retirado dos Municípios amparados.
A participação relativa de cada Município no montante financeiro destinado às Capitais é dada pela relação entre o coeficiente final ajustado do Município e a soma de todos os coeficientes finais.
Municípios do interior (86,4% do FPM)
Do valor total do FPM, 86,4% é destinado aos Municípios do interior, que são distribuídos proporcionalmente a um coeficiente individual determinado critério populacional, diretamente relacionado ao número de habitantes do Município, e de acordo com a participação dos Estados fixada na Lei Complementar nº62/1989, artigo 5º.
A partir dos dados sobre a população dos Municípios divulgados pelo IBGE, o TCU atribui a cada Município do interior um coeficiente populacional individual, determinado de acordo com as faixas de habitantes.
Quando o coeficiente apurado for inferior ao vigente em 1997, mantém-se o maior valor e aplica-se o redutor sobre o “ganho adicional”, ou seja, sobre a diferença entre os dois valores18. Após a aplicação do redutor, o ganho adicional ajustado é somado ao coeficiente apurado para o exercício, resultando no coeficiente final do Município amparado. O valor reduzido é redistribuído aos demais Municípios não amparados diretamente pelo redutor19, da seguinte forma:
Calcula-se a participação relativa do Município no total do Estado, na forma da proporção do coeficiente calculado em relação ao somatório de todos os coeficientes dos Municípios do Estado.
A distribuição do FPM aos Municípios do interior envolve a participação de cada Estado, de acordo com a Resolução TCU nº 242, de 2 de janeiro de 1990, cada Estado tem direito a uma participação diferenciada na distribuição dos recursos do FPM.
O percentual inicial do FPM (86,4%) que cabe ao conjunto dos Municípios do interior em cada Estado foi fixado em função do disposto no parágrafo único do art. 5º da Lei
18 Lei Complementar nº 91/1997, art. 4º. 19 Art. 2º da mesma lei.
Complementar nº 62, de 28 de dezembro de 1989. Que dispõe sobre os coeficientes individuais de participação para que, no caso da criação e da instalação de novos Municípios, o surgimento das novas unidades repercutisse somente nos Municípios do próprio Estado, calculado de acordo com a relação entre o coeficiente final do Município e a soma de todos os coeficientes finais.
Municípios do Reserva FPM (3,6% do FPM)
Do valor total do FPM, 3,6% é destinado aos Municípios do interior incluídos na Reserva20 do FPM: parcela distribuída aos Municípios do interior com mais de 142.632 habitantes – enquadrados nos coeficientes 3,8 e 4. Essa modalidade entrou em vigor em 1982. Esses Municípios também recebem a parcela referente à sua participação como Município do interior.