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O sistema de vigilância local e as faces do controle social: o “bom” versus o “mau”

4. A DESQUALIFICAÇÃO SOCIAL E AS FRONTEIRAS MORAIS ENTRE OS POBRES

4.3 A DEMARCAÇÃO DE FRONTEIRAS MORAIS NO BAIRRO A

4.3.2 O sistema de vigilância local e as faces do controle social: o “bom” versus o “mau”

Foi tratado anteriormente, no âmbito dos atores institucionais, as formas de controle, sejam elas formais ou informais, que a sociedade impõe sobre os “assistidos” pelo Estado. Neste momento cabe compreender, mais especificamente, como este sistema de “vigilância” funciona entre os próprios moradores dos espaços de concentração de pobreza onde realizamos a pesquisa. Em primeiro lugar, de forma análoga ao que foi verificado entre os operadores do PBF no Município, percebe-se que os pobres também zelam por um conjunto de valores que são utilizados como parâmetro de julgamento moral. Pensando no benefício do Programa, a associação direta que é feita do PBF com o “benefício variável”, vinculado à composição familiar, faz com que os próprios pobres se orientem por um viés moralizante no que tange ao investimento do recurso do Programa.

O direcionamento do que seria o “correto” e o “incorreto” na aplicação do benefício, pode ser constatado tanto entre os não beneficiários quanto entre os beneficiários. Assim, a totalidade dos agentes acredita que o recurso deva ser gasto prioritariamente em artefatos para as crianças, como material escolar, e em alimentação, em primeiro lugar para atender as necessidades dos filhos, e em segundo lugar, para atender as necessidades familiares. Alguns artigos, como roupas e sapatos, também são mencionados, desde que direcionados para as crianças. E em menor medida verifica-se a legitimação no uso do benefício para fins outros, como, pagamento de aluguel, de luz, de gás, etc.

Neste movimento, entre os não beneficiários, o uso legítimo do benefício, em um primeiro momento, é orientado para as crianças. Como menciona Josias, o dinheiro “Tem que ser gasto em alimento com as crianças, né? Com material escolar, né? E não com... Ir para o botequim, bebida.” Carla, também não beneficiária, acrescenta que o benefício é: “Ah, pra comprar um remédio, um material de escola, alguma coisa que a pessoa precisa, né?”. Ou seja, afirma-se que o dinheiro do Bolsa Família deva ser utilizado em prol da criança, tendo em

vista que ele não é para ser gasto com próprios pais. Esse olhar carregado por um tom moralizante, fica evidenciado na fala de alguns não beneficiários que, ao enfatizarem o que consideram ser o uso “correto” do benefício, explicitam, ao mesmo tempo o que qualificam como o uso “incorreto”. Exemplo disso, é o que já fora relatado por Josias, quando aponta que o benefício não é para “Ir para o botequim, bebida”.

No ato da entrevista com Josias, o mesmo estava acompanhado de uma vizinha que participou, perifericamente, da pesquisa. Em um dos momentos, ela mencionou:

Mas aí você vê, né, gente que tem Bolsa Família sentada na porta do bar e vê se tá no trabalho? Não, porque tá bebendo. Eu conheço um monte só, que só na porta do botequim. Recebe, vai para porta do botequim. Você vê pessoa bebendo na beirada de um bar, você sabe que recebe Bolsa Família, vai bem final de semana é sinal que não está tão pobre assim, né?

Percebe-se, neste ponto, que a vizinha de Josias faz uma correlação direta entre quem está “bebendo na beira de um bar” com a condição de beneficiário do PBF. Já Bernadete, ex- beneficiária, não concorda com o fato do benefício ser a única renda da família, em substituição à renda do trabalho. Para ela, o benefício é um complemento e deve ser utilizado apenas no atendimento das necessidades da criança. Logo, corroborando esta leitura em torno da utilização do benefício ela acrescenta:

Bolsa família, principalmente, tem que ser gasto com as crianças, com alimentação, com remédio, material de colégio. Mas geralmente não é isso que funciona. R: Como que funciona?

A maioria das pessoas que eu conheço, que não trabalha, o aluguel é pra pagar um aluguel, pra fazer compra, as crianças mesmo fica de lado, porque o único consumo que ela tem é o Bolsa Família.

R: Você acha que as crianças deveriam ter prioridade?

Prioridade. Ah, eu conheço colega minha que do Bolsa Família vai beber. R: No bairro mesmo?

No bairro mesmo. Se veste, mas não veste a criança. Beber, diversão e as crianças ficam ali na necessidade.

Termos pejorativos como “pinguça”, gestos indicativos de que o benefício era “bebido” ou ainda a alusão de que alguns beneficiários utilizariam este dinheiro para a compra de “drogas”, delineiam a percepção de alguns interlocutores não beneficiários. No mais, estas concepções chegam a formatar propostas, como a de apresentação da “nota fiscal” no intuito de prestar conta dos gastos dos beneficiários. Entretanto, é importante frisar que este olhar

negativado sobre o beneficiário ganha sustentação nas redes de “fofocas” e nos comentários depreciativos disseminados pelos atores locais que se baseiam pelo artifício do que Elias e Scotson (2000) chamaram de “minoria dos piores”. Ou seja, ainda que não represente o olhar do conjunto dos não beneficiários, é possível dizer que estas, entre outras difamações, ganham adeptos por meio dos poucos exemplos negativos, que acabam por se sobrepor aos positivos, pois tendem a ir ao encontro das pré-noções já forjadas em torno do Programa para alguns atores.

Notamos, entretanto, que este grupo se posiciona desta forma quando trata a questão de forma genérica. Entretanto, quando a análise passa a ser feita tomando por referência a própria realidade do sujeito pesquisado, o leque em torno da legitimidade do gasto do benefício, por exemplo, se amplia. Neste ponto, em que pese uma minoria de não beneficiários nunca ter precisado requerer a um benefício assistencial, a maioria, ou já precisou, ou possui um familiar que recebeu ou recebe o benefício, flexibilizando a forma com a qual se concebe a utilização do benefício.

A título de exemplo, a senhora Lucélia, não beneficiária, e mãe de Ângela, beneficiária, aponta que sua filha solicitou o benefício do Programa em um momento em que estava desempregada e grávida. Hoje, apesar da filha estar trabalhando, a senhora Lucélia menciona que o dinheiro do Bolsa Família é pouco, mas alega que ajuda na compra de uma fruta, no pagamento de uma conta de luz e, ainda, na ajuda com o aluguel. Ou seja, ainda que se compreenda o Programa como necessário para intervir sobre a condição de pobreza do sujeito, o olhar quando direcionado a um “outro” é sempre embasado em uma concepção de pobreza extrema, enquanto o olhar voltado para seu ciclo familiar e até de amigos próximos, é orientado por uma concepção de pobreza ampliada49, legitimando que o recurso possa ser investido para fins outros que não os diretamente relacionados à alimentação e à criança.

49 Rocha (2003) traz contribuições importantes para pensar a diferenciação entre pobreza absoluta e pobreza

relativa. A pobreza absoluta, foco dos programas de transferência de renda no Brasil, faz referência a sobrevivência física ou, ao não provimento das necessidades vinculadas ao mínimo vital. Já a pobreza relativa é definida mediante a não satisfação das necessidades a serem atendidas em função do modo de vida predominante na sociedade, lembrando que a delimitação dos relativamente pobres se dá em um ambiente onde os mínimos sociais já são garantidos a todos. Assim, no âmbito brasileiro, ao imperar a pobreza absoluta devido a gama de pessoas que não possuem suas necessidades básicas atendidas, é adotada a definição de valores correspondentes a duas linhas predominantemente. A linha de extrema pobreza está associada a uma cesta de consumo alimentar mínimo; enquanto a linha de pobreza está relacionada ao custo de atendimento de todas as necessidades de alimentação, habitação, vestuário etc.

No que tange aos beneficiários, a percepção em torno do investimento do benefício segue um caminho semelhante, com algumas singularidades, tendo em vista que este público se encontra inserido no centro deste processo. Eliane, por exemplo, recebe o benefício, segundo ela, por conta da neta. Ela é uma das pessoas que corroboram a ideia de que o Programa Bolsa Família é antes um benefício vinculado à composição familiar, e não necessariamente à renda, fazendo com que seu olhar se direcione apenas para famílias com crianças, influindo assim, em sua concepção acerca do emprego do benefício, que segundo ela: “Eu acho. Tem que ser para as crianças. Tem uns que recebem o Bolsa Família e a criança nem vê. Acho errado, acho que é para ajudar a todos, né, as crianças. Eu gasto com a minha, com a minha neta, não é minha filha não, mas eu que crio, a responsabilidade é minha, eu gasto com ela, né?”

Vilma, assim como Eliane, prioriza o benefício no atendimento das necessidades das crianças, destacando que: “Eu compro o material das crianças, roupa compro pra eles, até mesmo na alimentação às vezes”. Entretanto, em que pese a mesma vincular o benefício aos filhos, criticando, inclusive, famílias que não tem filhos pequenos e que mesmo assim recebem o dinheiro do Programa; Vilma foi umas das poucas beneficiárias no bairro A que não recusaram a ideia de que o benefício do Programa também contribui para investimento em fins outros que não necessariamente os filhos, ou até mesmo a casa.

Já Lucimara ampliou o leque do que considera como o “correto” uso do benefício, destacando, entretanto, que devem haver prioridades, “condenando” a utilização do benefício em fins considerados supérfluos, como “cuidar dos seus cabelos”, por exemplo. Sobre isto, a beneficiária afirmou que quando precisa de dinheiro para arcar com cuidados de beleza, aciona sua rede familiar, em especial sua irmã que é quem lhe presta apoio financeiro, seja de forma gratuita, seja na forma da prestação de serviços como faxina. No mais, compreendendo que a necessidade familiar vai além da alimentação básica, a mesma utiliza o benefício em prol da família, em seu conjunto, sem perder de vista a preferência dos seus filhos. Assim, para além do investimento em artigos escolares, a mesma acredita ser legítima a utilização do recurso para o pagamento de uma conta de luz, de aluguel e na compra de alimentos diversos, como achocolatado, etc.

Vanete também corrobora uma leitura ampliada de investimento do benefício. sendo assim, ela compreende que: “O Bolsa Família tem que ser usado para roupa pra criança, ajudar o esposo e em casa, nas contas de luz, comprar comida também que tiver faltando, remédio, criança também precisa de remédio quando não encontra no posto”. Além disso, a beneficiária acrescenta que utiliza o dinheiro do Programa para a compra de roupas, calçados

entre outras coisas para ela mesma, e indica que o benefício tem lhe ajudado “a se cuidar mais”. O que acaba gerando, em alguns momentos, segundo Vanete, “brigas” entre ela e o marido, como pode ser conferido no trecho abaixo:

Ah, briga dele falar pra mim que eu tô gastando dinheiro em coisas desnecessárias, que ele está precisando de ajuda no gás, na luz, que não tá podendo, que tá desempregado, que conseguiu o dinheiro só pra fazer compra pra dentro de casa, só pra botar comida dentro de casa. Aí já houve coisas desnecessárias que eu falo, ah é comprar um presente pra alguém que tá fazendo aniversário, é comprar as coisas pra mim.

Em que pese as “brigas” em torno da utilização do benefício em bens considerados desnecessários, Vanete menciona se sentir mais “independente” hoje em relação ao marido. Já o restante dos beneficiários, segue a lógica empreendida por estes e por alguns não beneficiários, que é a de que o benefício deva ser prioritariamente devido às crianças, e em segundo lugar, expandido para outros fins que corroboram o entendimento da pobreza em sua versão ampliada, e não absoluta, como pagamento de aluguel, de luz, de roupas, e até de exames médicos, como mencionou Marieta.

Em menor medida que no grupo dos não beneficiários, os beneficiários não reproduzem as noções socialmente negativadas de utilização do benefício em “bebida ou drogas”, por exemplo. Apenas uma beneficiária mencionou de forma genérica que “Tem pessoas que usa pra beber, né? Risos.” (MARIETA, 26 anos, beneficiária). O que não significa, como fora discutido anteriormente, que este grupo não esteja orientado por concepções morais que resultem em fronteiras que dividem os “bons beneficiários”, ou seja, aqueles que zelam pelo uso “correto” do benefício, e os “maus beneficiários”, que seriam aqueles que utilizam o recurso de forma “incorreta”.

Podemos tomar como referência, neste momento, as contribuições de Goffman, (1988) a respeito do estigma, no intuito de compreendermos porquê as famílias beneficiárias são lidas de forma negativa quanto ao uso “indevido” do dinheiro, que conforma uma das facetas do “controle social” no bairro estudado. De acordo com o autor, em nossa relação com o outro, imputamos ao agente o caráter que esperamos que ele tenha, sendo essa construção chamada por Goffman (1988, p.6) de identidade virtual. O agente, por sua vez, pode apresentar indícios de que possui atributos não correspondentes às nossas expectativas prévias, ocorrendo uma divergência entre o que idealizamos e sua identidade social real.

Em outros termos, o atributo em si não é algo passível de depreciação, mas a discrepância entre os atributos que se espera de alguém e o que essa pessoa realmente revela ter, é o que leva à estigmatização. A partir de tais pressupostos, conseguimos compreender que o problema não é o gasto em bens como roupa, sapato, relógio, ou artigos de beleza, que leva as pessoas a sofrerem uma deterioração moral. O gasto em bens representados supérfluos em si não é algo lido como negativo, dependendo de quem o pratica. Sendo assim, se uma pessoa trabalha, o investimento em bens como os relatados não é algo questionável sendo inclusive aceitável pela sociedade.

Contudo, quando nos referimos às famílias beneficiárias, estabelece-se outro entendimento. Isso porque, primeiramente, estas famílias recebem um recurso governamental que exige que estas cumpram determinadas regras, como mencionado anteriormente. Estas regras são de dois tipos: a primeira seria uma regra institucionalizada proposta no desenho do Programa que corresponderia às condicionalidades; a segunda seria uma regra voltada para um controle moral, não necessariamente estabelecido de forma explícita. Logo, os beneficiários de um Programa de transferência de renda como o PBF são interpretados a partir de um protótipo, onde se espera que estes utilizem esse dinheiro, para os fins que idealizamos quando se pensa em um Programa voltado para uma população pobre. Assim, é legítimo, por exemplo, o gasto em alimentação.

Dessa forma, o “controle social” exercido sobre os assistidos pelo Estado, que tem no sistema de vigilância estabelecido em torno do “gasto” deste público uma de suas faces, encontra respaldo ainda no que, tanto beneficiários quanto não beneficiários, compreendem como “beneficiário legítimo”, que tem a ver, em última instância, com a concepção de pobreza que norteia os pobres pesquisados. Neste sentido, recaímos na outra face do sistema de vigilância imputado a este grupo que é a defesa intransigente dos mecanismos de controle social exercido por meio das condicionalidades e das estratégias de “fiscalização”, como a visita domiciliar para fins de comprovação das necessidades do público-alvo do PBF.

Verifica-se, neste movimento, que a esmagadora maioria dos entrevistados apoia uma fiscalização mais incisiva sobre os beneficiários, no intuito de aferir as reais condições de “pobreza” destes, indicando ser isto, inclusive, o que falta para melhorar o Programa. Com exceção de duas beneficiárias, o restante dos interlocutores, dentre os quais destacamos tanto beneficiários quanto não beneficiários, concordou com a proposta de visita domiciliar para atestar a situação de pobreza incidente sobre os sujeitos. Com isso, assim como entre os atores institucionais partícipes desta pesquisa, a defesa da visita domiciliar não corrobora a proposta

de proteção social a partir da melhor compreensão das condições de vida em que a população pobre se encontra, mas sim, indica uma prática de fiscalização de caráter policialesco.

Logo, o mais comum entre os não beneficiários, quando indagados sobre a necessidade de visita domiciliar e de uma fiscalização mais incisiva, era a expressão de argumentos do tipo: Ah, eu acho que tem né, porque tem muita gente que não precisa e muitos precisam, né? (CARLA, 46 anos, não beneficiária). “Ah, concordo. Concordo sim, tem que fazer visita né! Tem que ir nas casas fazer visita pra saber se realmente tá precisando. Eu acho que isso tinha que ter sim”. (LUCÉLIA, 62 anos, não beneficiária). Por sua vez, Bernadete vai além, embasando sua defesa no argumento de que alguns beneficiários omitiriam informações e ainda mentiriam acerca de suas reais condições socioeconômicas. Segundo ela:

Eu acho que tem que ter. Porque, por exemplo, você tá vindo na minha casa, você tá vendo que mora eu e minhas filhas. Tem muita pessoa que mente. Tem marido que trabalha e fala que não trabalha. Tem muitos casos que sabe que a visita vai chegar, o marido pula até pela janela pra falar que mora sozinha.

Argumento próximo a este é o de Josias, não beneficiário, que atesta, inclusive, conhecer um beneficiário que “deu um jeitinho” para receber o benefício do Programa sem “precisar”. De acordo com Josias, a visita domiciliar deve existir, pois

Muita gente mente, dá um jeitinho de se ajeitar para poder receber. E sendo que tem uma renda mensal boa, que dá para sobreviver, né? Tem muita gente. Isso aí foi colega meu que fez lá em Friburgo na época da tragédia. Começou a receber o Bolsa Família mais o... Como é que fala? O aluguel social. Trocou de carro, financiado. O que ele fazia, trabalho de motorista, um bom salário. E motorista lá ganhava um bom salário na época que estava trabalhando. E tinha... Tinha um Bolsa Família.

Josias acrescenta que teria que ter um fiscal para vistoriar a situação de pobreza dos beneficiários de forma contínua. Assim, o mesmo menciona que: “Eles têm todo mundo que recebe, ele sabe que todo mundo que recebe [...]cidade pequena todo mundo se conhece. Aí cada mês o fiscal faz uma vistoria num bairro. Você precisa, você não precisa. Você vai ver no cofre público quanto vai dar dinheiro lá. Quanto vai aumentar.”

Em complemento ao argumento de Josias, sua vizinha reforça que a fiscalização deve existir, mencionado um fato ocorrido com a mesma. Segundo ela

Eu acho que tem que fiscalizar mais, né? Teve uma vez que mandaram ir lá fazer o Bolsa Família, para fazer o cadastro. Eu tive que mentir sobre o monte de coisa. Tem que mentir que você não tem casa própria, tem que mentir sobre um monte de coisa...

Eu nem quero, nem vou mais. Tem muita gente que passa por cima de tudo. Eu acho que quando a mãe só, como é que vai começar a trabalhar. Antes eu cuido do filho, não tem como. Agora pai e mãe tudo dentro de casa os dois trabalham, não têm necessidade. Graças a Deus com tudo difícil... Não tem serviço, não tem né? Mas graças a Deus... Eu acho que não trabalha porque não quer. Uma faxina aqui não falta. Eu fiquei desempregada aí. Eu arrumei uma faxina, eu fui para a confecção. Eu não fico sem trabalhar. Quem busca a trabalho tem!

R. Mas hoje você trabalhando? Não, agora não tô trabalhando.

Entre os beneficiários, a grande maioria também concorda com a visita domiciliar no intuito de investir em uma fiscalização mais contundente. Assim, segundo Maria, a visita domiciliar deve existir “[...]porque está tirando de quem não tem...eu conheço pessoas assim. Está tirando de quem não tem para colocar pra quem não precisa, entendeu?” No que diz respeito à fiscalização, ela acrescenta que esta deve ocorrer, principalmente dado o fato da mesma conhecer pessoas sem filhos e com “boa renda” que recebem o benefício sem qualquer necessidade. Assim,

[...] tinha que fazer uma fiscalização nas casas, sei lá...ver renda, ver a renda familiar das pessoas, alguma coisa assim. Eu acho errado, por isso que eu acho assim, devia ter uma fiscalização, igual você está fazendo aqui comigo assim....acho que tinha que ir nas casas, sei lá, alguma coisa. Conforme o aluguel social, porque tem muita gente

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