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3. Learning by searching (aprendizado através de

2.4 Sistemas de inovação e redes tecnológicas

O processo inovativo está condicionado a diversos fatores ligados à empresa, como conhecimento, aprendizagem, e tantos outros aspectos abordados anteriormente. Todavia, o ambiente no qual a empresa esta inserida é de fundamental importância para o desenrolar do processo inovativo. O conceito de sistemas de inovação descreve a importância do ambiente e das interações que nele ocorrem. Os recursos e condições locais, como a confluência social e institucional, além de questões histórico-culturais, são determinantes para verificação do desempenho de atividades inovadoras. Através desses elementos característicos de uma sociedade, surgem estímulos ao processo inovativo, que culminam em um aumento da competitividade, por meio de estratégias coletivas entre firmas e organizações.

Assim, os sistemas de inovação, que condicionam o processo inovativo através das relações entre os agentes, tendo como exemplos: empresas, instituições financeiras, universidades etc. são um importante conceito. Esses sistemas podem ser analisados sob forma nacional, local/regional ou setorial. FREEMAN e LUNDVALL (apud LASTRES et. al., 1999, p.58) entendem por sistema nacional de inovação (SNI), como sendo “[um] sistema constituído por elementos e relações que determinam em grande medida a capacidade de aprendizado de um país e, portanto, aquele de inovar e se adaptar às mudanças do ambiente” .

Observa-se dessa maneira, a importância do SNI, por permitir a captação, através das interações que visam o aprendizado, de oportunidades de inovação, que podem surgir a partir de uma mudança de paradigma, por exemplo. De acordo com NICOLAU e PARANHOS (2006, p.35), o SNI é formado, nessa perspectiva de interação, pelos seguintes atores e componentes:

[empresas] (responsáveis pela produção e distribuição), por instituições de ensino e pesquisa (universidades e centros de pesquisa), por instituições financeiras, por um conjunto de legislações, normas e regulamentos formais (legislação trabalhista, comercial etc.) e pelos traços culturais e comportamentais.

Além dos sistemas de inovação em âmbito nacional, não pode-se esquecer de descartar a grande influência (cada vez maior) dos sistemas locais de inovação (SLI). A necessidade do estudo voltado para o fator regional, deriva da necessidade da integração local por parte de médias e pequenas empresas, dado que estas, muitas vezes não conseguem interagir com atores de nível nacional. Pode haver ainda, uma maior convergência dos sistemas de inovação, chegando a sub-sistemas locais voltados para setores específicos (NICOLAU; PARANHOS, 2006).

Os SLI permitem que áreas distintas, que possuem diferentes níveis de conhecimento e capacidade de aprendizagem, tomem um rumo próprio, criando vantagens competitivas para essas regiões. Cria-se assim, um maior dinamismo local de inovação, um ambiente cada vez mais propício para busca de inovações, dada a maior capacidade de interação e entrosamento entre os atores locais. A necessidade de uma abordagem localizada do processo inovativo “[parece] oferecer uma melhor possibilidade de compreensão do processo de inovação na diversidade que se considera existir entre os diferentes países e regiões, tendo em vista seus processos históricos específicos e seus desenhos políticos institucionais particulares” (LASTRES et. al., 1999, p.59).

Assim, é necessário destacar algumas características do SLI, sendo essencial a percepção da existência do conhecimento tácitos local, que incorre em diferentes níveis de cumulatividade. Os atores regionais estabelecem, assim, suas próprias rotinas baseadas no conhecimento acumulado, o que acaba por gerar fortes integrações locais, coordenando e dando maior eficiência ao processo inovativo. Essas rotinas permitem que alguns atores inseridos em determinados SLI busquem e identifiquem melhores oportunidades, se comparadas a agentes envolvidos em SLI com níveis de conhecimento inferior.

Observa-se com isso, certa vantagem de alguns sistemas sobre outros. Isso decorre da diversidade tecnológica concebida através do conhecimento tácito gerado de maneira local, dando condições diversas de cumulatitidade, oportunidade e apropriabilidade para cada SLI. VARGAS (2001, p.65) destaca outras importantes características dos SNI:

A possibilidade da troca de informações e contatos pessoais freqüentes entre os agentes, dada à facilidade da proximidade, determina importantes vantagens para o local. Há também o argumento de que a oferta local de serviços complementares especializados, fornecedores e outros tipos de organizações e infra-estrutura favorece a flexibilização da produção, minimizando custos daquelas firmas que atuavam integradas verticalmente e oferecendo novas oportunidades tecnológicas. Finalmente, também os recursos naturais disponíveis no local podem ser, dependendo do tipo da atividade, uma importante fonte de vantagem competitiva.

É importante destacar a conectividade entre o sistema nacional e regional, uma vez que existem atores, que apesar de estarem inseridos no desenvolvimento de um processo inovativo local, pertencem a sistemas maiores, do qual o local faz parte. Mesmo que o sistema local seja altamente dinâmico, criando altos níveis de conhecimento, ele necessita da interação com sistemas maiores a fim de proporcionar uma maior competitividade ao sistema. (VARGAS, 2001).

Em síntese, verifica-se a grande importância da interação local das organizações e instituições que deriva dos hábitos, dos costumes, da educação, das políticas, entre outros importantes fatores. Essa interação acaba por estimular o processo de aprendizagem que reflete em uma maior competitividade local, convergindo para um melhor desempenho econômico.

Assim, tornam-se importantes fatores voltados para questões políticas, cabendo ao governo local, proporcionar uma infra-estrutura adequada e políticas de incentivo, como financiamentos, treinamento, suporte pesquisa, dentre outros fatores que despertem interesse do processo de aprendizagem, e por conseqüência, atividade inovadora. Com isso, obter-se-á um mercado local cada vez mais competitivo, capaz de selecionar as melhores soluções, dentro dos problemas propostos. (VARGAS, 2001).

Discutidos os sistemas de inovação, cabe ainda ressaltar, que essas formas de interação entre as organizações podem surgir através de “redes tecnológicas”, que são definidas por CASSIOLATO et. al. (1996, p.52) da seguinte maneira:

Este tipo de configuração baseia-se em inter-relacionamentos cooperativos rotinizados entre firmas e agentes inseridos na infra-estrutura científico-tecnológica - universidades, institutos de pesquisa, centros de transferência etc., viabilizando a exploração de oportunidades tecnológicas promissoras. De um modo geral, estas configurações podem ser associadas ao conceito de “redes tecnológicas”, que procuram integrar os diferentes agentes envolvidos no processo inovativo.

As “redes tecnológicas” acabam por gerar um processo coletivo de aprendizado dentro de um arranjo, dando um maior dinamismo no processo inovativo. “O aprendizado coletivo resultante da complementaridade faz com que os conhecimentos que não são utilizados produtivamente por um agente possam ser utilizados por outro agente da rede” (MORAIS, 2000 apud SOUZA, 2007, p.18). As redes permitem desta maneira, que sejam desenvolvidas atividade de P&D, possibilitando a geração e difusão de inovações tecnológicas. A interação universidade-empresa, que viabiliza esse processo de P&D e distribuição de conhecimento

para os atores que estão envolvidos nesse sistema de inovação, exemplifica uma forma de “redes tecnológicas”. (MORAIS, 2000 apud SOUZA, 2007).

2.5 Relação universidade-empresa: contribuição para um sistema