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CAPITULO I – REVISÃO DA LITERATURA

6. GESTÃO DOS SERVIÇOS E INSTALAÇÕES DESPORTIVAS MUNICIPAIS

6.5 Caracterização das instalações desportivas

6.5.1. Sistemas de funcionamento de uma piscina

Sarmento (1999) expõe o conceito de Piscina como: sistema integrado e interativo de atividades. Atividades aquáticas: formativas, treino e recreativas;

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carácter individual, coletivo e familiar. Atividades complementares: jacúzi, saunas húmidas e secas, solários, salas de aeróbica e de musculação. Atividades comerciais: bares, lojas de desporto, gabinetes médicos, entre outros.

Este mesmo autor refere que no funcionamento de uma piscina devemos ter em atenção os seguintes sistemas:

- Sistema de circulação de água;

- Sistema de tratamento químico da água; - Sistema de aquecimento de água;

- Sistema de aquecimento e refrigeração do ambiente.

Todos estes sistemas devem funcionar na sua maior eficácia, com o intuito de garantir a qualidade do serviço prestado e uma gestão adequada da instalação.

6.5.1.1 Sistema de circulação de água.

O tratamento da água da piscina inclui os processos de clarificação, de desinfeção e de neutralização. Admitem-se ainda processos de oxidação e de foto-oxidação para remover da água redutores, como as cloraminas e os trihalometranos, que afetam negativamente a qualidade da água da piscina. Para garantir a devida qualidade, esta é continuamente reciclada, tratada, devolvida ao tanque de natação.

A qualidade da água da piscina depende fundamentalmente da filtração e da oxidação/desinfeção. A Diretiva CNQ 23/93 do Conselho Nacional de Qualidade (CNQ)18 sugere que “ as instalações de recirculação e tratamento da água devem ser dimensionadas para fornecer, a todo o momento e a cada tanque que alimentem um caudal de água filtrada e desinfetada…”. De acordo com esta normativa o circuito de recirculação clássico de tratamento de água na piscina pode ser considerado o seguinte:

18 DIRECTIVA CNQ N.º 23/93 “A QUALIDADE NAS PISCINAS DE USO PÚBLICO”, Conselho

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Figura 1 - Esquema do circuito clássico de tratamento de água da piscina.

Beleza et al (2007, pp. 103) publicam que “atualmente considera-se que, no mínimo, 50% da água reciclada deve ser recolhida continuamente na superfície da bacia da natação. De preferência, toda a água para recirculação e tratamento deve ser recolhido à superfície”.

Perante a NORMATIVA 23/93 CNQ como meio de regeneração complementar da água das piscinas, deverá ser assegurada uma reposição diária de água nova (potável), na proporção mínima de 30 litros por dia e por cada banhista que tenha utilizado a instalação. Esta reposição deverá fazer-se por meio de sistemas automáticos, com válvulas com abertura controlada por sondas de nível, e sempre com passagem prévia da água através de um tanque de desconexão que funcionará igualmente como tanque de compensação. As operações de aspiração e limpeza devem ser diárias e os tanques devem se esvaziados para limpeza de fundo, pelo menos duas vezes em cada ano. As bombas de recirculação devem ser dimensionadas para as condições de serviço da instalação de tratamento de água, e em igual número à quantidade de filtros instalados.

6.5.1.2. Sistema de tratamento químico da água.

O tratamento da água é fundamental para a eficácia na qualidade do serviço e na manutenção das condições de segurança para os banhistas. Para uma aceitável tratamento da água da piscina é imprescindível uma boa

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filtração, garantindo uma desinfeção eficaz evitando sobredoseamento de desinfetante.

De acordo com os requisitos de qualidade e tratamento de água presentes na NORMATIVA 23/93 CNQ a água dos tanques na piscina deve ser filtrada, desinfetada e possuir poder desinfetante residual, de modo a que as suas características físico-químicas e bacteriológicas respondam a determinadas normas, tais como: a sua transparência deverá ser inferior a 1 UTF (unidades turbimétricas de formazina), ou a 3 mg/l SiO2 (graus sílica de turvação), a transparência deve ser visualmente controlada e de modo, a partir de qualquer ponto do cais e a uma distância na horizontal mínima de 10 metros; a água não deve ter substâncias que prejudiquem de qualquer forma os banhistas

A filtração consiste na passagem da água por um organismo que retém as partículas, incluindo microrganismos, em suspensão e devendo ser utilizados filtros fechados, de funcionamento de pressão. Os meios filtrantes tradicionais atuam por retenção mecânica das partículas e por absorção de matéria coloidal (Beleza et al 2007). São utilizados filtros de areia, antracite e diatomite. O uso da areia é o mais generalizado, no entanto a antracite permite maiores velocidades de filtração e menor consumo de água de lavagem. Segundo Beleza et al (2007), a água filtrada através de uma camada dupla de areia e de antracite atinge quase sempre melhor qualidade do que a obtida com o leito de areia.

A neutralização da água da piscina garante a qualidade da água e principalmente combate a contaminação da água. Tendo em conta a NORMATIVA 23/93 CNQ e de acordo com Beleza et al (2007) a água da piscina deve ter um pH entre 6.9 e 8.0 dado que o pH líquido do globo é 7.4, este o valor ideal para a piscina, daí o intervalo ótimo deve corresponder a valores entre 7.4 e 7.6. Quando o Ph da piscina se encontra fora desse intervalo é necessário fazer a sua correção por adição de um ácido, quando o pH for superior a 7,6 ou de base quando o pH for inferior a 7.4. A este processo chama-se neutralização.

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O pH está também relacionado com a alcalinidade da água, definida pela quantidade de ácido forte, expressa em unidades adequadas consumidas para neutralizar as bases presentes numa determinada amostra de água.

Beleza et al (2007, p. 145) afirmam que “o tratamento da água deve garantir o equilíbrio entre a contaminação e purificação de modo a satisfazer permanentemente os requisitos gerais relativos à qualidade sanitária da água da piscina”.

No tratamento químico da água são utilizados desinfetantes. Este desinfetante deve ser de longo espetro, ou seja, capaz de destruir ou inativar bactérias, cistos, vírus e algas. Segundo Beleza et al, (2007) e NORMATIVA 23/93 CNQ podem ser utilizados os seguintes desinfetantes: cloro e seus derivados, bromo e derivados, iodo, ozono, sais de cobre, sais de amónio quaternário, radiação ultravioleta.

O cloro gasoso, o hipoclorito de sódio e o hipoclorito de cálcio são os mais conhecidos na desinfeção de piscinas, são bastantes eficazes, baratos e de aplicação simples. O teor de cloro livre ativo (Cl2) mínimo de 0.5 e máximo de 1,2 mg/l para o pH entre 6,9 e 7,4; mínimo de 1,0 e máximo de 2,0 mg/l para o pH entre 7,5 e 8,0.

O bromo e derivados são de espessura densa e volátil à temperatura ambiente, sendo de manutenção perigosa. A sua aplicação é idêntica à do cloro. O teor do Bromo (Br2) deverá ser mínimo de 1 mg/l e máximo de 2 mg/l com o pH controlado entre 7,5 e 8,0.

O iodo em condições normais é um sólido cristalino mas tal como outro oxidante os cristais de iodo não devem manipulados sem proteção. Por razões económicas não se usa iodo na desinfeção das piscinas.

O ozono é a forma triatómica do Oxigénio, O3. e tem um poder oxidante

muito mais elevado do que o cloro, no entanto e apesar das suas excelentes propriedades é muito instável e de custos elevados. A ozonização da água deve ser efetuada fora das piscinas, e de modo que nos circuitos de retorno e à entrada dos tanques o residual de ozono (O3) seja inferior a 0,01 mg/l.

Os sais de cobre são utilizados na prevenção do aparecimento de algas na água, cuja aplicação é bastante delicada. Se não for bem regulada poderá

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criar alguns problemas para os banhistas e ser bastante dispendioso. Uma solução para o tratamento do aparecimento de algas pode ser a utilização de doses elevadas de cloro.

Também para combater a formação de algas pode ser utilizado os sais de amónio quaternário, que apesar de não serem tóxicos e não voláteis no tratamento das piscinas apresentam alguns inconvenientes: aumentam a concentração de compostos orgânicos e azotados, aumenta o consumo de desinfetante e quando usados em excesso produzem espuma.

Nas piscinas ao ar livre, a luz solar penetra na água e a radiação ultravioleta promove a oxidação das cloraminas e de outros compostos orgânicos, melhorando a sua qualidade. Este resultado também pode ser conseguido nas piscinas cobertas através se a água for submetida a um tratamento de desinfeção em que se use conjuntamente um composto de cloro ou de bromo e radiação ultravioleta. Todavia estes benefícios apresentam custos elevados mas justificam essa opção.

A injeção dos produtos químicos não se poderá fazer diretamente nos tanques das piscinas. A instalação de tratamento deve possuir sistemas para o doseamento e injeção das soluções (produtos químicos) nos circuitos das tubagens de recirculação.

É difícil afirmar qual o desinfetante mais eficaz, porém, “a experiência mostra que, para as mesmas concentrações, o cloro é mais eficaz do que o bromo “O tratamento da água deve garantir o equilíbrio entre a contaminação e purificação de modo a satisfazer permanentemente os requisitos gerais relativos à qualidade sanitária da água da piscina” (Beleza et al, 2007 p. 146) ”.

6.5.1.3 Sistema de aquecimento de água.

Nas piscinas cobertas deverão ser previstas instalações e equipamentos destinados ao aquecimento de água dos tanques de natação. Os sistemas de aquecimento mais utilizados são os painéis solares, caldeiras e bombas de calor.

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Conforme a NORMATIVA 23/93 CNQ as temperaturas da água dos tanques, devem ser as seguintes: tanques desportivos, em geral: 24° a 26° C, tanques desportivos para saltos: 26° a 28° C, tanques de aprendizagem e recreio: 26° a 28° C, tanques infantis ou chapinheiros: 28° a 30° C, tanques de recreio e diversão: 26° a 28°C e tanques polifuncionais: 26° a 28°C.

6.5.1.4 Sistema de aquecimento e refrigeração do ambiente

Perante a NORMATIVA 23/93 CNQ as piscinas cobertas e convertíveis deverão ser dotadas de equipamentos e instalações de climatização - renovação e aquecimento do ar - estabelecidas e dimensionadas com a potência e disposições adequadas para a satisfação dos seguintes requisitos: a humidade relativa ao ar da nave da piscina de deve ser de 55 a 75 %; a temperatura do termómetro seco deve ser superior ou igual à da água do tanque com a temperatura mais baixa, com o mínimo de 24°C; a temperatura de bolbo húmido deve ser mínima de 23°C; o caudal de ar renovado por banhista deve ser 6 litros /segundo e a velocidade do ar insuflado, inferior a 0.2 m/s.

6.6 Gestão de Qualidade e Excelência na Gestão do Desporto -