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Sistematização e análise de dados

No documento Acordos de pesca (páginas 70-75)

1. INTRODUÇÃO

1.7 Metodologia

1.7.4 Sistematização e análise de dados

que por comunidade obteve-se entre 22,6% a 33,3% dos pescadores de pirarucu respondentes do formulário dos custos do manejo.

1.7.3.6 Levantamento de dados secundários

Os dados secundários foram consultados em documentos da ONG Sapopema, como relatórios de campo, relatórios técnicos e relatórios de gestão. Além disso, dados de censo populacional de pirarucu, área alagável das comunidades e do monitoramento da pesca (2003-07) foram levantados no banco de dados da entidade. Todos esses dados foram acessados sobre consentimento da diretoria da instituição. Os dados secundários foram utilizados a fim de complementar os dados levantados em campo.

1.7.4 Sistematização e análise de dados

1.7.4.2 Monitoramento participativo da pesca

Com relação aos dados do monitoramento pesqueiro, estes foram armazenados em planilha eletrônica do software Microsoft Excel. A partir disso, fez-se uso da estatística descritiva para calcular medidas de tendência centrais (média e mediana), desvio padrão, valores mínimos e máximos, frequência absoluta e percentual em relação às variáveis analisadas (CORREA, 2003).

Como parâmetro de produtividade pesqueira, utilizou-se a captura por unidade de esforço (CPUE), sendo calculada para cada pescaria realizada. Para o cálculo de CPUE, dividiu-se a produção (kg) pelo esforço pesqueiro, sendo que o esforço pesqueiro é calculado multiplicando o número de pescadores envolvidos na pescaria pelo tempo dispendido com a atividade, incluindo-se o tempo de viagem até o local de pesca (MACCORD et al., 2007;

CASTELLO; MCGRATH; BECK, 2011), conforme a fórmula abaixo:

CPUE = produção (kg)/ nº de pescadores * tempo da pescaria

Utilizou-se como unidade do tempo de pescaria tanto horas, como dias, obtendo-se, dessa forma, a CPUE (dia), isto é, baseada no número de dias gastos na pescaria, e a CPUE (hora) que considera a quantidade de horas dispendidas na pescaria. Os dois valores permitem a comparação com estudos publicados que utilizam a proposta de Petrere (1978), bem como estudos que justificam o uso da unidade ‘horas’ tendo em vista que a duração das pescarias artesanais na Amazônia normalmente não excede 24 horas28 (MACCORD et al., 2007;

MCGRATH; SILVA; CROSSA, 1998). Também se efetuou o cálculo da Captura por Viagem que diz respeito a soma dos quilos produzidos em cada pescaria.

Para verificar a normalidade dos dados de CPUE, Captura por Viagem, tempo de pescaria, realizou-se o teste de normalidade Shapiro-Wilk para cada. Uma vez verificada a distribuição assimétrica dos dados, utilizou-se testes não paramétricos. Os testes foram realizados no software Past, são eles: Mann-Whitney (U), Kruskal Wallis (W) e Qui-quadrado. No caso das avaliações com teste Kruskal-Wallis, posteriormente, utilizou-se o teste de Dunn (Post-hoc) a fim de verificar entre quais grupos havia diferença estatística significativa (GUIMARÃES, 2008). Foram consideradas as seguintes variáveis: hidroperíodo,

28Vale dizer que alguns pescadores ribeirinhos pescam integrados a barcos de pesca (geleiras). Nesse sentido, eles passam vários dias pescando até completar a carga da embarcação principal. Entretanto, se considerarmos somente a carga do bote/canoa/rabeta e/ou bajara, a pesca é realizada dentro de 24 h.

arreio, comunidade (categóricas), nº de pescadores, captura por unidade de esforço, tempo de pescaria e esforço pesqueiro (contínuas).

Para avaliar se houve diferença entre o nº de pescadores por pescaria em cada comunidade, utilizou-se o teste Qui-quadrado, sendo que o nº de pescadores foi considerado como variável dependente e a comunidade como variável independente. No que diz respeito a diferença do tempo de pescaria entre as comunidades, utilizou-se o teste de Mann-Whitney, sendo o tempo de pescaria foi considerado como variável dependente e a comunidade como variável independente. Este teste também foi utilizado para avaliar se houve diferença estatística significativa entre a produtividade pesqueira (CPUE), considerando somente as pescarias de malhadeira, entre as comunidades, no qual CPUE foi tomada como variável dependente e comunidade como variável independente. Para avaliar se houve diferença na produtividade pesqueira (CPUE), bem como do tempo de pescaria e do esforço pesqueiro em relação ao hidroperíodo utilizou-se o teste de Kruskal Wallis, realizados separadamente, sendo que o hidroperíodo foi considerado como variável independente e as demais foram consideradas como variáveis dependentes.

Estimou-se a produção mensal de pescado em cada comunidade. Para tal, multiplicou-se a captura por pescador por dia (CPUE) (média e mediana) pelo número de pescadores da comunidade e multiplicou-se pela frequência mensal de pesca. A frequência mensal de pesca foi obtida a partir da extrapolação da frequência semanal de pesca, calculada a partir da média de pescarias por semana entre os pescadores entrevistados, com base em Cerdeira, Ruffino e Isaac (2000) e Isaac e Cerdeira (2004).

1.7.4.3 Monitoramento da produção do pirarucu, dados secundários e levantamento de custos

No que diz respeito aos dados de estoque populacional de pirarucu, estes foram inseridos em planilha eletrônica do Microsoft Excel. A partir disso, realizaram-se cálculos de crescimento percentual populacional, conforme Arantes, Garcez e Castello (2006). Para cálculo da densidade populacional de pirarucu, utilizaram-se resultados dos censos populacionais de pirarucu mais recentes das comunidades do estudo. Posteriormente, dividiu-se o total de pirarucus contados pela área alagável da comunidade29. A disposição em estágios deplecionado e sobre-explorado basearam-se na classificação de Castello et al. (2015).

29 Considerou-se como área alagável a área total da comunidade.

Os dados de produção do pirarucu foram digitados e organizados no Microsoft Excel.

Após isso, realizaram-se os seguintes cálculos para estimar a produção: somaram-se as produções individuais de cada pescador, totalizando na produção total monitorada dividida pelo número de pescadores monitorados, resultando na produção média por pescador. A produção média por pescador foi multiplicada pelo número de pescadores de pirarucu em cada comunidade. A partir disso, obteve-se a produção total estimada de pirarucu por comunidade.

O faturamento bruto da pesca do pirarucu foi estimado a partir do faturamento das produções individuais de pirarucu monitoradas. A partir disso, obteve-se o faturamento total da produção monitorada, que foi dividido pela quantidade de pescadores participantes do monitoramento da produção, resultando no faturamento bruto médio de pirarucu por pescador.

O faturamento bruto médio foi multiplicado pelo número de pescadores de pirarucu de cada comunidade. Por conseguinte, obteve-se o faturamento bruto estimado da produção de pirarucu por comunidade, método adaptado de Amaral (2009).

Por fim, os dados de custos do manejo do pirarucu foram armazenados em planilhas do software Microsoft Excel 2010, tendo como base a ferramenta “Green Value”30, aplicada para análise financeira de projetos de base comunitária. A ferramenta Green Value contabiliza custos de tempo investido, de materiais (combustível e gelo, por exemplo) e custos depreciativos da infraestrutura utilizada (HUMPHRIES; HOLMES, 2014).

Os custos de transação e transformação do co-manejo do pirarucu foram calculados com base nos seguintes itens: recursos externos aplicados nas atividades de co-manejo (apoio técnico em forma de materiais, infraestrutura e tempo investido), dinheiro gasto pelos comunitários para participação no co-manejo (principalmente em forma de combustível, alimentação e transporte), custos depreciativos de investimento em infraestrutura para o manejo e contrapartida dos comunitários em forma de trabalho (mão de obra) nas atividades de co-manejo. O custo de trabalho dos comunitários é um custo de oportunidade que foi medido conforme o pagamento recebido por uma diária no meio rural (ALMEIDA;

MCGRATH; AMARAL, 2006; KUPERAN et al., 2008). Utilizando-se da ferramenta Green Value, os custos de tempo investido foram calculados conforme a equação abaixo:

Custo de tempo/atividade = nº de trabalhadores * total de dias * custo do trabalho no meio rural

30 https://www.green-value.org/inicio-port

Os custos materiais foram calculados a partir do cálculo da quantidade consumida de cada material durante o período de realização da atividade. Em seguida, multiplicou-se a quantidade consumida pelo valor de cada unidade para obter-se o custo de materiais para cada atividade do manejo. Por fim, a soma dos custos materiais de cada atividade resultou nos custos totais de materiais do manejo, utilizando-se da seguinte fórmula:

Custo total de materiais = custo de material/serviço da atividade 1 + custo de material/serviço da atividade 2 + ... + custo de material/serviço da atividade 5

Para cálculo dos custos depreciativos da infraestrutura, dividiu-se o custo dos equipamentos pela vida útil de cada equipamento. Em seguida, efetuou-se a soma dos custos depreciativos individuais totalizando o custo depreciativo total do manejo do pirarucu. Por conseguinte, o faturamento total estimado foi diminuído dos custos totais de transação e custos de transformação, separadamente e depois em conjunto. O valor obtido considerou-se como o lucro do manejo do pirarucu em cada comunidade.

2. CARACTERIZAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E ECONÔMICA DAS

No documento Acordos de pesca (páginas 70-75)