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2.3 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE

2.3.2 Situação do Brasil

A tuberculose ainda é um problema de saúde prioritário no Brasil que, juntamente com outros 21 países, alberga 80,0% dos casos mundiais da doença (Brasil, 2005 a; Who, 2009). A proporção da TB em um País reflete o estágio de desenvolvimento social no qual este se encontra, onde os determinantes do estado de pobreza, as condições sanitárias precárias, as deficiências de organização do sistema de saúde e de gestão dificultam a redução de doenças marcadas pelo contexto social (Brasil, 2002 d). Ruffino-Netto e Pereira (1982) afirmam que, “a Tuberculose é uma doença que ultrapassa as barreiras biológicas, e antes dela ser mesmo desvio ou disfuncionalidade biológica, é um problema social”.

A TB no Brasil predomina no sexo masculino, na relação de dois para um, em relação ao feminino. Apesar de ocorrer com maior força na faixa etária do adulto jovem, entre 20 e 49 anos, ela vem se mantendo em elevados coeficientes nas faixas etárias dos idosos. É a 7ª causa em gastos com internação no SUS por dia de internação e a 1ª de morte dos pacientes com AIDS, as populações mais vulneráveis são: as indígenas em que a incidência é quatro vezes maior do que a média nacional, os portadores de HIV (30 vezes maior), os presidiários (40 vezes maior) e moradores de rua (60 vezes maior). No entanto, há ocorrências em todos os segmentos da sociedade, independente da renda ou da escolaridade (Hijjar et al., 2005).

Embora ainda represente um importante problema de saúde publica, houve uma evolução gradual nos indicadores da doença no Brasil. Dados da OMS divulgados pelo Ministério da Saúde por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, em 24 de março 2010, mostram que o País melhorou sua posição no ranking das 22 nações que concentram 80,0% dos casos da doença no mundo, passando da 18ª para 19ª. Em 2008, ocorreram 70.989 casos novos, versus 72.140,

em 2007. Consequentemente houve diminuição de incidência, que passou de 38,1 para 37,4 por 100 mil habitantes. Houve um declínio também nos números da mortalidade. Em 2008, foram 4.735 óbitos por tuberculose, enquanto que em 2007 ocorrem 4.823 (Brasil, 2010c).

O Brasil é um país de ampla extensão territorial, apresenta, portanto uma significativa variedade geográfica, socioeconômica e cultural, destacando-se a diversidade dos espaços urbanos em um único país. A maioria dos doentes encontra-se nas capitais e regiões metropolitanas dos grandes municípios, dos 5.565 municípios brasileiros 315 são considerados prioritários, nestes, estão concentrados 70,0% dos casos de TB do país. De acordo com os dados de 2008, os maiores registros de incidência estão nos estados do Rio de Janeiro (68,64 por 100 mil habitantes), Amazonas (67,88), Pernambuco (47,61), Pará (43,72), Ceará (43,2) e Rio Grande do Sul (42,53). Os menores do país foram registrados no Distrito Federal (13,73), Tocantins (13,67) e Goiás (13,91). A região Sudeste, principalmente os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, possui a maior carga da doença no país, enquanto que a região Norte possui a maior incidência quando comparado às demais regiões do país (Brasil, 2009a).

O Brasil tem normas técnicas padronizadas e garante, através do SUS, acesso gratuito ao diagnóstico, ao tratamento e à prevenção, entretanto, apesar da terapêutica eficaz, o controle da TB em termos epidemiológicos ainda está longe do preconizado. A avaliação em nível nacional dos indicadores de cura e abandono de tratamento respectivamente de 73,0% e 9,0% revela resultados insatisfatórios em relação ás metas, de curar de 85,0% dos casos de TB e reduzir o abandono para menos de 5,0% (Moreira et al., 2007, Brasil, 2009a). O percentual de abandono de tratamento nas diversas regiões do Brasil é bastante variável, realidade que dificulta o controle da doença (Paixão, Gontijo, 2007).

Figura 1 – Gráfico do percentual de abandono dos casos novos de TB. Brasil e UF, 2008

Fonte: MS / SVS / SINAN. * Dados preliminares, sujeitos a revisão

A descentralização das ações de controle da tuberculose para a Atenção Básica tem sido ampliada nas ultimas décadas do século XX e constitui uma das principais recomendações do PNCT aos estados e municípios. Houve um aumento do percentual de pacientes com TB que fizeram testes de detecção do HIV, no início da década, apenas 26,7% fizeram o teste, e em 2008, o percentual elevou-se para 48,0%. A expansão da cobertura do TS tem sido importante para a redução da incidência, atualmente 43,0% dos casos novos são acompanhados, e 86,0% dos municípios prioritários, que concentram 70,0% dos casos de tuberculose, adotam o TS como estratégia para aumentar o percentual de cura da doença. Várias ações realizadas no país contam desde 2007 com o apoio e aporte de recursos da ordem de US$ 27 milhões até 2012 do Fundo Global sediado em Genebra. Atualmente, são beneficiados 57 municípios das regiões metropolitanas de Belém, São Luís, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Baixada Santista e Porto Alegre e o Município de Manaus, áreas que concentram 45% dos casos de tuberculose no Brasil (Brasil, 2010 d).

Segundo dados do Ministério da Saúde em 2010, o balanço positivo na luta brasileira contra a TB passa por investimentos nas ações de prevenção e controle, o orçamento total em 2009 foi de US$ 74 milhões um aumento de 14 vezes em relação a 2002 que era de US$ 5,2 milhões. Na ultima avaliação do MS quinze

0 2 4 6 8 10 12 14 SE PB PA RJ RS SP RO PE AM AL PR MG SC CE MA AP RN AC MT MS GO BA RR ES TO DF PI Brasil: 9 %

estados, o Distrito Federal e 114 municípios prioritários alcançaram metas importantes no controle da doença. A avaliação de indicadores mostrou ainda que três estados (MS, SC e SP) e o DF, além de oito municípios (Campo Grande-MS, Curitiba-PR, Goiânia-GO, Palmas-TO, Guarapari-ES, Itaquaquecetuba-SP, Criciúma e Joinvile-SC), foram bem avaliados em diversos indicadores selecionados. O DF e Joinvile (SC) se destacaram por terem atingido todas as metas (Brasil, 2010 d).

A avaliação dos concorrentes foi feita com base em seis critérios epidemiológicos, sendo que três deles referentes ao ano de 2007 e outros três de 2008. Do ano de 2007 foram selecionados os indicadores de percentual de cura, abandono do tratamento e informações sobre o enceramento de casos, dos dados de 2008 considerou-se as informações sobre a realização de testes de HIV em pacientes com tuberculose e o percentual de pessoas que tiveram de se submeter a um novo tratamento da doença e que realizaram o exame de cultura, que permite o diagnóstico de bacilos resistentes aos medicamentos. Além desses, também foi considerado o percentual de cobertura do Tratamento Diretamente Observado (TDO) (Brasil, 2010 d).

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