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1. Situação Financeira antes do Curso

1.2. Situação Financeira após o Curso

Diante da questão colocada se houve modificação da renda individual após o curso do SENAI, os dados – conforme tabela 11 – revelam que cerca de aproximadamente 70% (setenta porcento) responderam afirmativamente, sendo que o restante em torno de 30% (trinta porcento) responderam negativamente, índice este considerado elevado caso não seja avaliado que em parte foi opção do próprio entrevistado em permanecer sem emprego para que pudesse dedicar-se à continuidade do estudo e à profissionalização, conforme alguns depoimentos.

Tabela 11 – Situação financeira após o curso – Houve modificação da renda? RE SP OS T A ABS %

Sim 12 67

Não 06 33

TOT AL 18 100

Quanto ao nível de renda mensal após o curso do SENAI, conforme a tabela 12, a média salarial ficou entre 2 (dois) a 3 (três) salários mínimos. Embora cerca de 22% (vinte e dois porcento) permaneçam sem nenhuma renda, conforme já revelado na opção de permanecer sem intenção de trabalhar, como foi mostrado na tabela anterior

Tabela 12 – Situação financeira após o curso – Nível de renda mensal FAI X A D E RE N D A ABS % Sem renda 04 22 < 1 S.M. 04 22 1 à 2 S.M. 04 22 3 à 5 S.M. 06 34 TOT AL 18 100

Comparando-se a situação financeira dos egressos do SENAI após o curso, levando-se em conta o nível de renda mensal e a situação financeira desses egressos, verifica- se que de quase 100% sem renda individual – ou seja, dos extremamente dependentes da renda familiar – cerca de 80% passaram a ter alguma renda (embora no nosso entendimento esse percentual seja baixo) – em media entre 2 a 3 salários mínimos – em que pese estejam dentro do contexto amazônico, já comentado anteriormente, no qual 75% das pessoas ocupadas ganham até 2 salários mínimos. Isso quer dizer que o SENAI forma para a média Amazônia, não estando os seus egressos “acima da média”. A mesma coisa pode ser dita para as outras faixas de renda.

A questão levantada acerca de equidade na remuneração27 entre outros membros da organização – ou seja equidade interna já abordada no capítulo I – dos que estavam trabalhando, a tabela 13, demonstram que após o curso do SENAI a maioria absoluta disse que não existe essa equidade, embora 33% (trinta e três porcento) tenham respondido afirmativamente.

Tabela 13 – Situação financeira após o curso – Existe equidade interna? RE SP OS T A ABS %

Sim 05 33

Não 10 67

TOT AL 15 100

E ainda, foi-lhes indagado, se a atual remuneração apresentava equidade – neste caso equidade externa, isto é, referente ao mercado de trabalho ou em relação a outros profissionais. Na tabela 14, mostramos que mais da metade dos entrevistados disseram que não, sendo que 40% (quarenta porcento) responderam afirmativamente. Isso revela que, tanto

27 Remuneração:O que é percebido por um indivíduo, ou por uma coletividade, como fruto do capital ou da remuneração do trabalho.

na equidade de remuneração interna e externa, a profissionalização obtida não está em termos medianos possibilitando alcançar o nivelamento de renda, tanto em comparação com outros colegas de mesma organização, quanto em relação ao mercado de trabalho. Porém, deve-se considerar que embora os dados revelem essa constatação, não deve ser absoluta essa análise, tendo em vista outros fatores impactantes como, experiência, amadurecimento e segurança profissional.

Tabela 14 – Situação financeira após o curso – Existe equidade externa? RE SP OS T A ABS %

Sim 06 40

Não 09 60

TOT AL 15 100

Com base no modelo de WALTON citado por diversos autores, sobretudo, Fernandes (1996) e Rodrigues (1994), e apresentado no Capítulo I deste trabalho, no que diz respeito aos critérios e indicadores de QVT para a compensação justa e adequada em termos de equidade interna e externa da remuneração não se constata entre os egressos a remuneração necessária para o empregado viver dignamente dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais, sociais e econômicos da sociedade em que vive (Fernandes Op. cit.) confirmação do que trata Rodrigues (Op. cit) citando diretamente Walton, o qual vê o trabalho em primeiro plano, como meio do individuo ganhar a vida.

Dessa forma, levamos em conta a ênfase para as colocações de Walton (p. 12) citadas em Rodrigues (1994: p. 82) para quem a compensação recebida pelo trabalho realizado é um conceito relativo, não um simples consenso sobre os padrões objetivos e subjetivos para julgar a adequação da compensação). Este autor, ainda em Rodrigues (Idem) conclui estimando que a adequação e a honestidade do salário e/ou compensações são questões parcialmente ideológicas (p. 13), e que a renda adequada e a compensação justa

poderiam ser melhor definidas com a resposta aos seguintes questionamentos:

Renda adequada: a venda de um trabalho de horário integral encontra padrões determinados de suficiência ou o padrão subjetivo do recebedor?

Compensação justa: o salário recebido por certo trabalho leva uma relação apropriada com o salário recebido por outro trabalho? (Walton apud Rodrigues Op. cit. : p.13).

Torna-se difícil afirmarmos, que a remuneração obtida pelos egressos, caracteriza- se como adequada.

Assim, por entendermos, embora divergindo de alguns autores, que dificilmente teremos em uma sociedade capitalista globalizada, com um mercado de trabalho extremamente competitivo, uma compensação adequada e justa indicada por uma remuneração adequada, deixamos de trabalhar diretamente com esse critério e utilizamos no estudo, embora sem deixar de citar, somente os critérios de equidades interna e externa, já comentados.

No que diz respeito à remuneração, achamos interessante o pensamento de Moretti (Op. cit) quando afirma, com base em diversos autores que:

[...] Não se pode verificar a qualidade de vida no trabalho sem levar em conta a dimensão “remuneração”. Ocorre que, toda espécie de “emprego28” está,

indispensavelmente, associada a uma remuneração o que já não ocorre com o trabalho29

(nota nossa). É provável haver trabalho sem remuneração, mas não

“emprego” sem remuneração. O homem é empregado para trabalhar e pelo seu trabalho recebe uma remuneração. Interessa-se averiguar a qualidade de vida no trabalho, na vida profissional e não na vida privada, o indicador desta humanização pela via salarial, tem de ser proporcional ao que se faz no trabalho e não a manutenção da sua vida fora. Desta forma, mesmo que o trabalho se constitua em um meio socialmente aceito, para que os seres humanos garantam a sua sobrevivência através da remuneração, a mensuração da qualidade de vida no trabalho deve se ater ao que se faz na organização para recebê-lo. Assim, para que se possa ter esta subvariável de maneira sólida e segura na composição variável QVT, é necessário “amarrá-la” a fatores objetivos e mesuráveis [...] (Moretti Op. cit: p. 10)

28 Vertexto Araujo, R. M. l. SENAI: uma proposta de educação para o trabalho [não para o emprego] e para a cidadania. Belo Horizonte,

MG. 1998.

29 Trabalho Assalariado: atividade pela qual o trabalhador recebe um pagamento (em dinheiro ou in natura), dentro de um quadro de

relações, estabelecidas entre mercadores livres, entre vendedores e compradores de força de trabalho. A forma assalariada do trabalho camufla, entretanto, a exploração capitalista; cria a ilusão de que o salário é pagamento da totalidade da força de trabalho despendida pelo trabalhador. Na realidade, o que se paga é só o valor dos meios de subsistência do trabalhador e sua família, necessários à reprodução das suas energias físicas e mentais, ou seja, o valor da sua força de trabalho. Além deste, o trabalhador cria um valor a mais, a mais-valia, que é apropriada pelo capitalista e constitui a condição para o processo de acumulação (Sadala & Machado 2000, P. 334).

A essas considerações acrescentamos a análise de Oliveira30 (2001), para .a relação unívoca entre escolarização e melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afirmada pela teoria do Capital Humano.

[..] em função de um aumento de renda que decorre, diretamente, de sua melhor qualificação para o desempenho no mercado de trabalho. Em outras palavras, o incremento da produtividade – decorrente do aumento da capacitação – levaria a que o indivíduo também se beneficiasse pelo aumento dos seus salários (Oliveira Op. cit.: p. 28).

Assim, torna-se imprescindível analisar outros critérios e indicadores que fundamentam a Qualidade de Vida no Trabalho. Como a seguir analisamos as condições de trabalho e subvariáveis no contexto do indicador econômico.

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