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SITUAÇÕES PARTICULARMENTE STRESSANTES

CATEGORIAS SUB CATEG. UNIDADES DE REGISTO

CONDIÇÕES DE TRABALHO

FÍSICAS C5”...condições de trabalho que não são de facto as

ideais...”

I1”...o espaço físico e o ambiente...”

CONDIÇÕES DE TRABALHO

RECURSOS MATERIAIS

C6”...as coisas não existem...”

CARACTERISTICAS DO TRABALHO

GESTÃO DO TEMPO C6”...o doente chega atrasado à sala...” Ax1”O que me tira do sério é as pressas...”

CARACTERISTICAS DO TRABALHO

COMPLEXIDADE TECNICA

E5”O desconhecimento, se me pedem alguma coisa que eu não conheça à partida é mais stressante e estão sempre na nossa actividade a surgir coisas que desconhecemos.”

C5”...uma patologia que me escapa mais ao meu vulgar...”

I1”...uma cirurgia em que esteja próximo do coração e em que não podemos falhar.”

A1”...o momento da indução anestésica que até tudo correr bem (...) é um momento (...) stressante...”

CARACTERISTICAS DO TRABALHO

COMPLICAÇÕES E1”...quando a (...) parte cirúrgica ou(...) anestésica se complicam e põem em risco a vida do doente...” E6”...situações de risco com os doentes...”

A1”E naqueles doentes de urgência, muito mal ou hemorrágicos em que é preciso resolver um problema rapidamente.”

SITUAÇÕES PARTICULARMENTE STRESSANTES

CATEGORIAS SUB CATEG. UNIDADES DE REGISTO

CARACTERISTICAS DO TRABALHO

ERRO C8”...situações em que eu vejo que há erros gritantes de procedimento (...) coisas que se estão a fazer fora daquilo que estava estabelecido (...) são as coisas que mais me irritam e enervam.”

CARACTERISTICAS DO TRABALHO

DEPENDÊNCIA DOS DOENTES

A1”...quando vejo gente que tem filhos pequenos e que tem doenças difíceis...”

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

INTERDISCIPLINAR E4”...é saber que vou ter de trabalhar com uma ou outra pessoa pontualmente (...) que vai ser gerador de stresse...”

E4”...a perspectiva de ter de trabalhar um dia com aquela pessoa pode ser stressante por vários motivos, não só por ser (...) mais exigente ou mais refilona mas pelo tipo de abordagem que faz.”

E6”...o relacionamento (...) com outras classes profissionais (...) com alguns cirurgiões, com algumas anestesistas...”

E7”... não respeitam a minha actividade quando eu estou a dar o máximo e estou com toda a atenção do mundo e ainda assim falam comigo como se tivesse cinco anos e não como uma profissional...”

E7”... não trabalhar em equipa é o mais grave para mim...”

C5”...uma equipa de enfermagem demasiado desatenta...”

C10”...quando eu sinto que ao meu lado seja enfermeiro, auxiliar ou anestesista é uma pessoa que não está ali como fazendo parte da equipa...”

I3”...está tudo desconcentrado do que se está a fazer...”

QUADRO 33: Categorização na dimensão Situações Particularmente Stressantes.

SITUAÇÕES PARTICULARMENTE STRESSANTES

CATEGORIAS SUB CATEG. UNIDADES DE REGISTO

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

CONFLITO E1”...o desrespeito de alguns elementos (...) também

pares, mas principalmente de outras equipas cirúrgicas (...) e anestésicas...”

E7”... eu vejo alguém ou participo num conflito fico com o dia estragado...”

C2”...ter de trabalhar com certas pessoas que eu sei que à partida não vão ter uma atitude tão construtiva (...) postura de bloqueio...”

C7”...nós lidamos com pessoas muito variadas, de estratos sociais (...) e há que haver respeito entre as pessoas...”

C10”...a má vontade ostensiva ...” I4”...haver mau ambiente...”

A3”A falta de respeito que os meus colegas cirurgiões tem (...) pelo doente (...) na altura sinto-a como se fosse por mim...”

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

RELAÇÃO COM SUPERIORES

I3”Sobretudo falta de confiança, o excesso de crítica e o excesso de pressa.”

I4”...fico triste se às vezes não posso fazer uma determinada coisa...”

Ax1”...tentam culpabilizar o auxiliar (...) o doente não é operado porque o auxiliar demorou x tempo...” Ax2”Pressionadas nós estamos a ser todo o momento, médicos, cirurgiões, anestesistas, às vezes até colegas seus (...) que na brincadeira vão dando uma piadinha...”

M2”...o mais pequenino é que apanha sempre por tabela...”

M2”...falta de comunicação (...) nós não temos culpa que não hajam camas (...) que não transferem os doentes...”

SITUAÇÕES PARTICULARMENTE STRESSANTES

CATEGORIAS SUB CATEG. UNIDADES DE REGISTO

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

RELAÇÃO COM SUBORDINADOS

E1”Com os auxiliares também temos alguns problemas mas são coisas que eu consigo gerir muito mais facilmente...”

E6”...algumas auxiliares (...) causam alguns stresses...”

PAPEL NA ORGANIZAÇÃO

AMBIGUIDADE DE PAPEL

E2”...situações que não dependem de mim para serem resolvidas...”

E3”...chega um doente que não quer fazer um tipo de anestesia e que o obrigam a fazer, (...) não sabe (...) o que vai fazer e que depois vou dar uma explicação esfarrapada ao doente...”

E7”... chamadas para urgências que não são mais que cirurgias programadas, e os enfermeiros são tratados como marionetas que alguém manipula a seu belo prazer.”

C1”...não ser tratado de igual maneira que outras pessoas noutras situações...”

Ax1”Se vir o doente atrapalhado também fico aflita mas não sinto que tenha essa responsabilidade...”

PAPEL NA ORGANIZAÇÃO

CONFLITO DE PAPEIS E2”Eu sei que tenho de tentar tudo para tentar resolver mas a decisão final não sou eu que a tenho nas mãos...”

C2”...a pessoa também responde pelos seus actos não é e tem responsabilidades.”

C4”...sobrar tudo para cima do mesmo...”

C3”...quando dizem determinadas coisas que não são verdade (...) sobretudo por pessoas que não tem conhecimentos para o dizer.”

Ao passar de uma questão onde é valorizada a percepção do grupo para outra em que é solicitada a percepção individual, é curioso observar, alguma discrepância nos resultados.

Assim, relativamente aos factores indutores de stresse é dado grande ênfase às condições e características do trabalho, nas situações particularmente stressantes, estas são praticamente anuladas, surgindo poucas referências. Mantém-se especial predomínio face à relação interpessoal e surge uma nova categoria, o papel na organização, desaparecendo o clima organizacional.

A valorização da relação interdisciplinar, do conflito, da relação com superiores hierárquicos ou com subordinados, caracterizam bem a influência destes no bem- estar dos profissionais. Estas, constituem, de facto, as subcategorias dentro da relação interpessoal que efectivamente induzem mais stresse nos profissionais. A relação interdisciplinar para estes elementos é particularmente stressante quando os seguintes comportamentos são observados: quando não existe compreensão entre os profissionais, quando é necessário trabalhar com determinados profissionais, que pelo seu modo de estar são indutores de stresse, a falta de colaboração ou a desatenção de alguns indivíduos no seu desempenho.

O relacionamento com os superiores hierárquicos é sentido de forma negativa pelos internos, auxiliares e maqueiros. Os primeiros sentem-se vítimas de falta de confiança, de crítica uma vez que estão constantemente a ser avaliados pelos outros grupos profissionais, e noutro sentido sentem que a corrida pelos números os afecta na medida em que se torna difícil efectuarem determinadas técnicas porque o seu ritmo não é claramente o ritmo de um especialista. As auxiliares sentem sobretudo a pressão do tempo, pressão esta que vai descendo a escala hierárquica até chegar ao seu patamar. Por último, os maqueiros tem de gerir várias solicitações, não só do bloco operatório mas também do serviço de UCAPO. A gestão de camas no pós operatório é uma tarefa que requer alguma flexibilidade e adaptabilidade, pois é fundamental que respeite vários requisitos, como o tipo de doente, a sua estabilidade hemodinâmica e mais importante saber se o serviço de destino tem condições para os receber. Esta reflexão não é efectuada pelos maqueiros. A equipa do bloco operatório pede os doentes das várias especialidades, quando chegam ao

bloco são intervencionados e após a cirurgia permanecem no serviço de UCAPO até terem condições para serem transferidos para o serviço de origem. Toda esta passagem entre serviços é acompanhada pelo maqueiro. A incompreensão dos restantes profissionais sobre as funções dos maqueiros que tem de sujeitar-se às ordens de vinda para o bloco, à ordem de transferências ou à impossibilidade dos enfermeiros dos serviços para as transferências do serviço de UCAPO, geram faltas de articulação entre serviços. Estas falhas muitas vezes são atribuídas aos maqueiros, embora não seja das suas funções dar uma alta ou decidir quando o enfermeiro deve acompanhar o doente. As relações com subordinados são essencialmente valorizadas pelos enfermeiros relativamente aos auxiliares de acção médica, embora não contextualizem as problemáticas existentes. No entanto alguns dos conflitos observáveis no bloco operatório dizem respeito à incompreensão entre os dois grupos sobre as funções de cada um deles, associada à falta de comunicação.

Quanto ao papel na organização registaram-se duas vertentes de análise: a ambiguidade de papel e o conflito de papeis.

ROBBINS 1998 citado por RAMOS (2001:82) diz-nos que o papel “...define o

padrão comportamental esperado pelos outros, atribuído a alguém de acordo com a sua posição na organização”. Quando existe uma situação de

interdependência de funções, embora as funções de cada grupo profissional se encontrem bem definidas, torna-se difícil saber onde começa e termina o papel a desempenhar de cada profissional, de diferentes grupos. Esta zona de incerteza pode criar algum desconforto aos profissionais, como se pode observar nas unidades de registo identificadas.

A esta indefinição do papel a desempenhar, gera ambiguidade ou seja existe uma incorrecta representação dos objectivos no trabalho ou uma má correspondência entre as expectativas geradas em redor do indivíduo e as suas reais capacidades. O conflito de papéis é efectivamente gerador de stresse e no caso dos entrevistados assume uma vertente relacionada com os papéis desempenhados por diferentes pessoas. Também aqui se pode percepcionar a sobrecarga uma vez que em

Segundo RAMOS (2001:84) “Uma pessoa pode percepcionar expectativas

conflituais ou incompatíveis sobre o seu papel a partir do papel desempenhado por uma outra pessoa (conflito intra-emissor), ou a partir dos papéis de mais do que uma pessoa (conflito inter-emissores)”.

A responsabilidade também surge associada ao conflito de papel, mediando este desequilíbrio como que lembrando o sujeito de que tem responsabilidades sobre os doentes que estão dependentes de si.

Em suma, nesta dimensão de análise sobre as situações particularmente stressantes verifica-se uma desvalorização ou melhor dizendo, uma menor referência às condições e características de trabalho e uma centralização em situações que envolvam a relação interpessoal e o papel organizacional.

11.4 – DIMENSÃO ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

As estratégias de enfrentamento (coping) adoptadas pelo pelos entrevistados dividem-se em estratégias individuais e colectivas.