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Sobre o aprendizado e a aceitabilidade do teatro de bonecos

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Sobre percepções e conceitos

4.1.7 Sobre o aprendizado e a aceitabilidade do teatro de bonecos

Para concluir a fase de levantamento sobre as percepções e concepções dos atores sociais participantes, avaliou-se o que as crianças internalizaram de informações e conceitos trabalhados através das apresentações teatrais. Essas considerações são elementos essenciais para situar e entender a articulação da educação ambiental com a educação lúdica, num contexto geral de transformações e de expectativas futuras.

Medina e Santos (2011) ressaltam que a sensibilização ambiental é um processo que afeta a totalidade da pessoa, na etapa da educação informal e que pode persistir de forma permanente. Possui uma forte inclinação para a formação de atitudes e competências. Acerca da questão: O que você aprendeu hoje? Nota-se as narrativas abaixo.

“Que os humanos distroi a sua casa, que são as florestas, rios e mares” Criança n° 21

“Muitas coisas sobre ambiente e animais marinhos” Criança n° 34 “Que para nois viver precisamos do meio ambiente e devemos cuidar dele e dos animais” Criança n° 70

“Devemos reduzir a poluição o quanto antes pois isto acarreta na vida de outros seres vivos” Criança n° 76

“Que não devemos sair por ai jogando lixo nos rios e mares” Criança n° 58

“Que diversas ações humanas podem ocasionar transtornos ao meio ambiente aquático” Criança n° 15

“Precisamos urgente cuidar mais do meio ambiente e do mar” Criança n°11

“A poluição jogada no mares faz muito mau para os animais marinhos podendo levar a morte de todos” Criança n°18

“Aprendi que a vida marítima é muito cencível e nós homens não somos educados para respeitar os animais” Criança n° 29

“Aprendi que estamos todos juntos, tudo é ligado, o que fazemos errado aqui traz mal para outro depois” Criança n° 44

Nesse contexto, percebeu-se a formação de consciência, atitudes, aptidões, capacidade de avaliação e de ação crítica no mundo. O que é considerado positivo diante do contexto de crise ambiental e necessidade de formação de cidadãos ecologicamente sensíveis.

Nesse sentido, apoiados em Moraes e La Torre (2004), pois, pressupostos epistemológicos pautados nas emoções que regem a organização do vivo têm implicações importantes nos processos de construção do conhecimento e nas maneiras de viver/conviver dos seres humanos e no sentirpensar das circunstâncias que envolvem as pessoas.

O processo de sentirpensar resulta de uma modulação mútua e recorrente entre emoção, sentimento e pensamento que surge no viver – conviver de cada sujeito. Esse entrelaçamento revela o quanto o emocional de uma pessoa afeta o emocional de outra, de modo que nas conversações que se entrecruzam, mudanças estruturais e de conduta são produzidas, originadas no âmbito relacional do sentirpensar (MORAES; LATORRE, 2004). Dessa forma, é possível que as conversações dos personagens – representando crianças vivenciando e interagindo com animais em situação de risco, tenha provocado emoções e sentimentos que produzem a prática da integração e da integridade, da escuta, inclusive dando ênfase no cuidar do ser, a partir de um fazer mais coerente com os pensamentos e sentimentos.

No raciocínio de Maturana (2011, p.118) “se quiser conhecer a emoção, observe a ação e se quiser conhecer a ação, veja a emoção”. Sentirpensar é portanto, o encontro da razão com o sentimento, lembrando que conforme ensina a biologia não é a razão que nos leva a ação, mas sim, a emoção.

De tudo isso, denota-se que a criação de situações de aprendizagens nas quais estão presentes os diferentes sentidos e processos mentais, nas quais, os significados são compartilhados e as crianças estão implicadas, serão as mais adequadas estratégias para produzir aprendizagem integrada.

Acerca da aceitabilidade do teatro de bonecos, verificou-se que houve uma excelente aceitação por parte do público infantil, 96% das crianças participantes demonstraram satisfação com o recurso utilizado. Contudo, observou-se que as crianças (4%) que afirmaram não gostar do teatro de bonecos estão dentro da faixa etária de 13 e 14 anos, demonstrando já desinteresse por interações infantis.

Neste cenário, a ferramenta lúdica, aqui em destaque o teatro de bonecos se apresenta como um recurso positivo para atividades educativas. Através da incorporação de critérios socioambientais, ecológicos, éticos e estéticos em seus objetivos didáticos é possível construir novas formas de pensar, incluindo a compreensão da complexidade e das emergências das inter- relações dos diversos sistemas que compõem a realidade ambiental.

Das crianças que curtiram as apresentações teatrais, 90% afirmaram gostar por ser divertido ou engraçada. Os outros 10% não responderam a subquestão. Também observou-se interesse e diversão dos adultos presentes, voltando total atenção para a apresentação teatral. Apresenta-se algumas narrativas.

“Gostei muito, eles nos ensinaram a não jogar lixo no mar e a cuidar melhor da natureza” Criança N° 28

“Porque demosntra a falha da humanidade na terra” Criança N°62

“Achei engraçado e com um tema sério” Criança N° 64 “Foi divertido e interessante e legal” Criança N° 23

“Foi divertido e agente aprendeu mais do meio ambiente” Criança N° 14

“Porque trata de um assunte importante de uma maneira divertida” Criança N° 02

“Porque faz com que agente reflita antes de agredir o meio ambiente” Criança N° 75

Assim, o teatro de bonecos permite, pelos seus pressupostos básicos, uma nova interação criadora que redefina o tipo de sujeito que a sustentabilidade necessita formar e os cenários futuros que é possível construir para a humanidade, em função de uma nova racionalidade ambiental. Não se trata apenas de ensinar sobre a natureza, mas de educar para e com a natureza; para compreender e agir corretamente ante os desafios da relação ser humano-natureza. Através da arte teatral com bonecos, é possível ensinar o papel do ser humano na biosfera para a compreensão das complexidades ambientais e dos processos históricos que condicionam os modelos de desenvolvimento adotados pelos diversos grupos sociais.

Neste caso, o teatro permite valorizar e utilizar temas transversais que são fundamentais para uma educação integral ambiental.