• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 1 – Considerações metodológicas

1.4. Sobre quem essa tese fala:

Perfil socioeconômico, educacional e demográfico de mulheres e homens envolvidos em situações de violência doméstica e atendidos pelo Setor de Análise Psicossocial da Coordenadoria de Promotorias de Justiça de Samambaia, em 2013 e 2014

Essa parte da pesquisa é uma análise documental, quantitativa e est á diretamente vinculada à ideia de produzir conhecimento constante sobre a população atendida pelos Setores de Análise Psicossocial. Os dados foram coletados a partir dos prontuários – documentos profissionais com cópias de procedimentos e de processos judiciais, assim como informações sobre as atuações da equipe especializada, como relatórios parciais e relatórios finais (enviados à Promotoria de Justiça demandante da análise). O propósito do levantamento foi conhecer a população atendida na Coordenadoria de Promotorias de Justiça de Samambaia, especificamente mulheres que narraram o sofrimento de violência e os homens (e algumas mulheres) que foram considerados autores de violência doméstica, nos anos de 2013 e 2014, nos processos judicias em que foram demandadas intervenções do SETPS/CPJSA.

O perfil abaixo apresentado é um recorte: o número de pessoas que passaram pela intervenção do setor é menor do que a quantidade de processos judiciais registrados nas cinco Promotorias Especiais Criminais e de Defesa da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (PJECVD) da CPJSA, em 2013 e em 2014. Dados foram coletados a partir de prontuários, em que constavam boletim de ocorrência, cópias de processos/procedimentos judiciais em questão, além de outros materiais específicos, como relatórios técnicos, anotações, questionários preenchidos pela equipe etc.

O Setor de Análise Psicossocial/CPJSA, em 2013, recebeu solicitação para atuação em 249 procedimentos judiciais – entre notícias de fato25, medidas protetivas de urgência,

inquéritos policiais e processos judiciais (após a denúncia da promotoria de justiça) referentes a meninas, adultas e idosas que sofreram violências. Em 2013, foram registrados 1.251 novos inquéritos policiais e 322 notícias de fato nas quatro Promotorias de Justiça Especiais Criminais e de Defesa da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar existentes à época26. A demanda ao Setps/CPJSA, em 2013, se referiu a cerca de 15% dos casos que

entraram nas PJECVDs no ano. As solicitações feitas ao SETPS/CPJSA se referiram a 253 mulheres que teriam sofrido violências e 249 homens apontados como autores dos fatos. Em 2013, em nenhum dos procedimentos judiciais constavam mulheres como autoras das violências.

Em 2014, o Setps/CPJSA recebeu demanda de análise para 350 processos judiciais em que constavam meninas e mulheres como vítimas. Essa quantidade de solicitações ao Setps/CPJSA representou cerca 20% da demanda às Promotorias de Justiça Especiais Criminais e de Defesa da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar. Nesse ano, 344 homens e seis mulheres foram apontadas como autoras das violências, enquanto 361 mulheres constavam como vítimas. Em um dos prontuários analisados, constavam três pessoas como vítimas. Em outros quatro prontuários, duas pessoas constavam como vítimas. Em nenhum caso atendido pelo Setps/CPJSA, mais de uma pessoa constava como autora das violências, nos períodos analisados (2013 e 2014). O perfil das mulheres e dos homens, no que tange ao ano de 2014, se refere aos dados coletados sobre 344 homens, 6 mulheres autoras das violências e 361 mulheres consideradas vítimas.

Portanto, em todas as tabelas e em todos os gráficos desta sessão, o número total de prontuários analisados foi de 249 para o ano de 2013 e 350 para o ano de 2014. Em 2013, nos 249 prontuários, 253 mulheres constavam como vítimas. Em 2014, dos 350 prontuários, 361 pessoas do sexo feminino estavam definidas como vítimas. O perfil aqui apresentado se refere, portanto, a 253 pessoas, em 2013, e 361 pessoas, em 2014. Para os autores de

demanda dirigida aos órgãos da atividade-fim do Ministério Público, submetida à apreciação das Procuradorias e Promotorias de Justiça, conforme asatribuiçõe sda srespectivas área sde atuação, poden d ose rformulada presencialmenteou não,entendendo-se como tal, arealizaçãode atendimentos,bem comoaentrada de notícias, documentos, requerimentos ou representações” (CNMP, 2014). Ou seja, uma outra forma das Promotorias de Justiça atenderem à população, sem que necessariamente haja registro de ocorrência policial. Como uma promotora de justiça explicou-me certa vez, há pelo menos duas possibilidades: que a notícia de fato seja encaminhada à delegacia para que seja instaurado inquérito policial/termo circunstanciado ou que ela seja arquivada após atuação da promotoria de justiça. Na pesquisa quantitativa, foram analisados todos os prontuários do SETPS/CPJSA em que constavam meninas e mulheres como vítimas, e não só os registrados por meio da Lei Maria da Penha.

26 Atualmente, a Coordenadoria de Promotorias de Justiça de Samambaia possui 5 Promotorias de Justiça Especiais Criminais e de Defesa da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar. A 5ª PJECVD foi criada em 2014.

violências, o número total da amostragem é de 249 homens, em 2013, e de 360 pessoas (344 homens e 6 mulheres), em 2014.

Aqui, cabe fazer menção aos problemas na coleta de dados: nem sempre os prontuários continham todas informações necessárias para a pesquisa. Isso parece ter acontecido por alguns motivos: em primeiro lugar, a solicitação da promotoria de justiça foi recebida e a equipe do SETPS/CPJSA tentou realizar estudos psicossociais ou acolhimento de mulheres em situação de violência doméstica, mas por algum motivo os estudos não aconteceram. Por vezes, a equipe enfrentava dificuldades em encontrar as pessoas listadas nos procedimentos judiciais, principalmente pela mudança de endereço e de número de telefone. Isso inviabiliza a atuação profissional.

Em segundo lugar, nem sempre as informações constavam no prontuário. Mesmo quando os estudos psicossociais/acolhimentos foram realizados, nem sempre as profissionais pareciam se preocupar em transpor as informações recebidas em entrevistas, visitas domiciliares etc. para o prontuário em si. Certamente, muitas coisas foram anotadas em cadernos de profissionais e de estagiários, mas acabaram não compondo relatórios técnicos. A imagem acima é parte de um dos cadernos de uma profissional. Nas anotações, fica claro que, durante a entrevista, pergunta-se sobre fontes de renda e sobre gastos das entrevistadas. Entretanto, nem sempre essas informações foram transcritas aos prontuários, o que dificultou a coleta de dados.

Imagem 2: Cópia de página de caderno profissional

Em terceiro lugar, em 2013 e 2014, muitos pedidos de atuação do SETPS/CPJSA se referiram à verificação do cumprimento de medidas alternativas à prisão e à realização de

novos encaminhamentos às pessoas envolvidas nos procedimentos judiciais. Tais solicitações geraram a abertura de prontuários, mas raramente cópias dos autos foram feitas. Ou seja, alguns prontuários contêm somente o encaminhamento realizado e nenhum dado sobre as pessoas envolvidas. Esses três pontos dificultaram a coleta de dados quantitativos no que se refere aos prontuários referentes às violências domésticas sofridas por meninas e mulheres abertos pelo SETPS/CPJSA.

A equipe do SETPS/CPJSA não atende demandas somente em processos judiciais referentes à aplicação da Lei Maria da Penha. Algumas violências domésticas que atingem meninas e mulheres, por vezes, são registradas nas delegacias com outras classificações legais. Casos envolvendo crianças, adolescentes e idosas nem sempre são registradas com a informação “lei 11.340/2006”. Na pesquisa quantitativa, foram analisados todos os procedimentos judiciais em que constavam meninas e mulheres como vítimas, e não só os registrados por meio da Lei Maria da Penha.

Em 2013, das 253 meninas e mulheres que constavam como vítimas, 226 solicitações estavam registradas por meio do aparato legal da Lei Maria da Penha e 27 não utilizaram essa lei. Neste ano, todas as solicitações feitas ao SETPS/CPJSA foram geradas por boletins de ocorrência, registrados em delegacias de polícia. Em 2014, 282 meninas e mulheres apareceram como protegidas pela Lei Maria da Penha, enquanto 76 solicitações tinham sido registradas por meio de outras leis. Três pedidos de atuação do SETPS/CPJSA ocorreram após recebimento de notícia de fato por meio do Disque 180 e não a partir de boletins de ocorrência. As tabelas abaixo se referem a esses dados:

Tabela 3. Uso da Lei Maria da Penha no registro da ocorrência referente às meninas e às mulheres – processos recebidos pelo SETPS/CPJSA – 2013

2013

Sim 226

Não 27

Total 253

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Tabela 4. Uso da Lei Maria da Penha no registro da ocorrência referente às meninas e às mulheres – processos recebidos pelo SETPS/CPJSA – 2014

2014

Sim 282

Não 76

Disque 180 3

TOTAL 361

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

prontuários analisados era marido ou companheiro das mulheres vítimas. No gráfico 1 (abaixo), é possível notar que, em 2013, cerca de 40% dos homens mantinham tal vínculo familiar e afetivo com as meninas e mulheres que sofreram violências. Em 2014 (gráfico 2), 38% das pessoas autoras de violência foram os maridos e os companheiros. Em seguida, nos dois anos, ex-maridos e ex-companheiros figuraram como aqueles que mais perpetraram violências contra meninas e mulheres.

O gráfico 1 é ilustrativo desses vínculos, em 2013.

Gráfico 1 – Vínculo entre autores e vítimas das violências - 2013

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Em 2014, houve maior variedade de vínculos familiares e afetivos, nos prontuários analisados, como demonstra gráfico 2 abaixo:

Gráfico 2 – Vínculo entre autores e vítimas das violências - 2014

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Essa variedade pode ter acontecido por necessidade de promotores de justiça do local em receber elementos referentes às violências de gênero em procedimentos judiciais em que pessoas vítimas e autoras de violências não configuravam um casal heterossexual. Em meados de abril de 2015, uma promotora de justiça pediu ao Setor de Análise Psicossocial/CPJSA que

Marido/Companheiro Ex-Marido/Ex-Companheiro Ex-namoradoPai Filho Irmão Outros Padrasto Namorado Tio Cunhado Mãe Filha Sogro Sobrinho Avô EnteadoNeto Não informado 38,00% 28,00% 6,00% 5,00% 4,10% 3,50% 3,50% 2,50% 2,50% 1,40% 1,40% 0,80% 0,80% 0,50% 0,50% 0,30% 0,20% 0,20% 0,80% 2014 Marido/Companheiro Ex-marido/Ex-companheiro Filho Ex-namorado Pai Irmão Padrasto Tio Namorado Cunhado Amigo Outros 41,00% 27,00% 7,50% 4,50% 4,50% 3,20% 2,80% 2,40% 1,60% 0,80% 0,40% 4,30% 2013

os relatórios técnicos passassem a conter explicitamente o porquê alguns casos deveriam ser protegidos pela Lei Maria da Penha. De acordo com essa promotora de justiça, o “tribunal anulou sentenças de dois processos de irmãos” (cadernos de campo, conversa com promotora de justiça, abril de 2015). Não era interesse de promotores(as) de justiça perder nos processos judiciais.

Por causa da amostra selecionada para dados quantitativos (todos os dossiês referentes à população feminina vítima atendida pelo Setps/CPJSA), o perfil etário das meninas e das mulheres é variado. Em 2013, dez crianças e 26 adolescentes constavam no registro do SETPS/CPJSA como vítimas de violências. Das adultas, 53 eram mulheres jovens (18 a 25 anos), 98 mulheres tinham entre 26 e 39 anos, 61 mulheres estavam na faixa de 40 a 59 anos e cinco eram idosas. Em 2014, o perfil etário foi o seguinte: 11 crianças e 35 adolescentes, 81 jovens mulheres, 135 mulheres entre 26 e 39 anos, 83 mulheres entre 40 e 59 anos e 16 idosas constavam como vítimas de violências. Nos dois anos, a maior parte das solicitações se referiu às mulheres adultas (18 a 59 anos): 84% da demanda ao setor, em 2013 e 82,8%, em 2014, se referiu a essa faixa etária.

Tabela 5. Faixa etária das meninas e mulheres em situação de violência, registradas pelo SETPS/CPJSA – 2013 e 2014 (%) Faixa etária 2013 2014 0 – 11 anos 4% 3% 12 – 18 anos 10% 9,7% 18 – 25 anos 21% 22,4% 26 – 39 anos 39% 37,4% 40 – 59 anos 24% 23% 60 – 69 anos 1,2% 2,8% 70 ou mais 0,8% 1,7% TOTAL 100% 100%

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

A maior parte das mulheres e dos homens que constavam como autores das violências nos procedimentos judiciais também se refere a adultos. Em 2013, 62 eram jovens adultos, 107 homens tinham entre 26 e 39 anos, 71 estavam na faixa etária entre 40 e 59 anos e três eram idosos, lembrando que nenhuma mulher apareceu como perpetradora de violências nos prontuários analisados, em 2013. Em 2014, foram 62 jovens adultas; 160 pessoas entre 26 e 39 anos; 119, entre 40 e 59 anos e 9 autoras de violências com 60 anos ou mais.

É importante ressaltar que, em 2013, 6 meninos/adolescentes constavam como autores de violências27. Isso se deu porque, até o final do ano, o SETPS/CPJSA recebia também

solicitações das Promotorias Infracionais da Infância e Juventude, daquela Coordenadoria de Promotorias de Justiça. Em 2014, foi criado Setor Psicossocial da Infância e Juventude (SETJUV/CPJSA) que passou a analisar os casos de adolescentes que cometeram atos infracionais.

Tabela 6 – Faixa etária das pessoas que constavam como autoras de violência, registrados pelo SETPS/CPJSA – 2013 e 2014 (%) Faixa etária 2013 2014 12 – 18 anos 2% 0% 18 – 25 anos 25% 18% 26 – 39 anos 43% 45% 40 – 59 anos 29% 34% 60 – 69 anos 1% 2,5% 70 ou mais 0% 0,50% TOTAL 100% 100%

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Sobre a situação sócio-ocupacional das pessoas envolvidas nos procedimentos judiciais analisados, é possível dizer que a taxa de desemprego de mulheres girava em torno de 13%, em 2013 e 12%, em 2014. Em taxas similares, muitas mulheres declararam exercer atividades em suas próprias casas, registradas nos prontuários como “do lar”: 16% das mulheres, em 2013 e 12% delas, em 2014. Como os dados envolvem também crianças e adolescentes, nos dois anos, 11% das pessoas foram declaradas como estudantes (gráfico 3).

Em 2013, a maior parte das mulheres trabalhava: 67% das mulheres estava inserida no mercado de trabalho, seja formal ou informal. As desempregadas representaram 13% das mulheres. As aposentadas somaram 1,5%, em 2013, e 3,5%, em 2014, o que também representa renda por meio do trabalho. Em 2014, a taxa de emprego caiu para 47% e o número de desempregadas também diminuiu levemente: 12% das mulheres estavam fora do mercado de trabalho. Essas quantidades podem ter sido influenciadas pelo aumento do número de prontuários em que essa informação não constava (de 4%, em 2013, para 14%, em 2014). Houve leve aumento na quantidade de aposentadas entre os dois anos: 3,5%. A maior quantidade de aposentadas, em 2014, pode ser explicada pelo aumento de casos atendidos pelo SETPS/CPJSA que se referiram às idosas naquele ano.

A inserção profissional das mulheres que foram atendidas pelo SETPS/CPJSA é variada. Sobressaem, no entanto: 1) as atividades domésticas ou de cuidado com outras pessoas, como empregadas domésticas, faxineiras, diaristas e babás. Essa área concentrou entre 11% (2013) e 8% (2014) da inserção profissional das mulheres que chegaram ao

SETPS/CPJSA; 2) as atividades na área de limpeza e serviços gerais (7,5% das mulheres empregadas, em 2013 e 2014); 3) as atividades na área de comércio e serviço, como vendas, recepção e secretariado (7%, em 2013, e 7,5%, em 2014). Em seguida, há inserção na área de beleza e estética (4,5%, em 2013, e 2,5%, em 2014). O gráfico 3 ilustra a inserção ocupacional das meninas e mulheres atendidas, em 2013 e 2014:

Gráfico 3 – Situação ocupacional de meninas e de mulheres atendidas pelo SETPS/CPJSA – 2013 e 2014

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Abaixo, estão listados exemplos de profissões citadas nos procedimentos judiciais analisados, no que tange às mulheres.

Tabela 7. Exemplos de profissões citadas nos processos judiciais, referentes às mulheres vítimas atendidas pelo SETPS/CPJSA

Auxiliar de serviços gerais Enfermeira Costureira Auxiliar/técnica administrativa Técnica de enfermagem Cozinheira Empregada doméstica Auxiliar de enfermagem Manicure

Faxineira Vendedora Cabeleireira

Diarista Empresária Atendente de lanchonete

Babá Autônoma Balconista

Atendente de telemarketing Recepcionista Auxiliar de contabilidade Do lar Agente comunitária de saúde Técnica em contabilidade Professora Corretora de imóveis Cuidadora de idosas

Operadora de caixa Gerente Garçonete

Balconista Encarregada Comerciária

Repositora Gari Auxiliar de cozinha

Auxiliar de pedreira Servidora pública Secretária

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Desempregada Do lar Atividades na área doméstica/cuidados Atividades na área de limpeza/serviços gerais Atividades administrativas Atividades na área educacional Atividades na área de saúde Atividade na área de comércio e serviços Atividade na área de beleza e estética Atividade na área de alimentação Autônoma Outras atividades Aposentada Estudantes Não se aplica Não informado 13,00% 16,00% 11,00% 7,50% 3,50% 1,00% 1,00% 7,00% 4,50% 0,00% 3,00% 16,00% 1,50% 11,00% 0,00% 4,00% 12,00% 12,00% 8,00% 7,50% 5,00% 1,50% 3,00% 7,50% 2,50% 3,00% 2,50% 6,50% 3,50% 11,00% 0,50% 14,00% 2013 2014

Os dados referentes aos homens e às mulheres autoras de violências foram ainda menos preenchidos nos prontuários do que os dados referentes às meninas e às mulheres. Cerca de 20% dos prontuários não continham informações sobre a ocupação e a inserção no mercado de trabalho dos homens envolvidos nas situações de violência recebidas pelos SETPS/CPJSA. Porém, mesmo com essa quantidade de não preenchimento, algumas questões parecem ser relevantes. A maior parte deles estava empregada: em 2013, cerca de 60% trabalhavam (seja no mercado formal ou informal). No mesmo ano, 15,2% estavam desempregados. Em 2014, 64% dos homens trabalhavam, em comparação com 13,4% de desempregados.

Gráfico 4 – Situação ocupacional de pessoas autoras de violências atendidas pelo SETPS/CPJSA – 2013 e 2014

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

Somente uma pessoa autora de violências declarou exercer atividades domésticas em sua própria casa, como “do lar”, o que foi registrado em “outras atividades”. Atividades na área de segurança, como vigilante, policiais civis, policiais militares e militares não apareceram como profissões exercidas pelas mulheres consideradas vítimas, nos procedimentos judiciais que chegaram até o SETPS/CPJSA. Essas categorias profissionais representaram 2,8% (em 2013) e 3,7% (em 2014), da inserção profissional dos homens. A maior parte dos homens empregados exercia atividades na área de construção civil, como pedreiros, auxiliares de pedreiros, e pintores. Em 2014, 10 homens estavam trabalhavam com

Desempregado Atividades na área de construção civil Atividade na área de beleza e estética Atividades na área de limpeza/serviços gerais Atividades administrativas Atividades na área educacional Atividades na área de saúde Atividade na área de comércio e serviços Atividade na área de transporte Atividade na área de alimentação Atividade na área de segurança Autônomo Trabalhador rural Aposentado Estudante Outras atividades Não informado 15,20% 14,90% 3,20% 2,80% 5,20% 2,80% 0,40% 2,80% 8,80% 0,40% 1,60% 0,40% 18,50% 23,00% 13,40% 16,60% 0,30% 3,50% 1,00% 0,60% 0,30% 12,00% 4,60% 1,70% 3,70% 7,00% 1,00% 1,70% 0,30% 11,50% 20,80% 2013 2014

mecânica de carros, atividade inexpressiva em 2013.

Mais autores de violências se declararam autônomos do que mulheres consideradas vítimas, nos dois anos: 8,8% dos homens, em 2013, e 7% deles, em 2014, exerciam atividades dessa maneira, em comparação a cerca de 3% das mulheres que se declararam autônomas e empresárias. Nenhum homem indicou trabalhar na área doméstica e/ou como cuidador e a área de beleza e estética também representou inserção profissional masculina bem menor que feminina. Por fim, nos procedimentos judiciais analisados, nenhuma mulher foi listada como trabalhadora rural, inserção profissional que surgiu na análise do perfil sócio-ocupacional masculino.

Abaixo, seguem exemplos das profissões citadas como masculinas nos procedimentos judiciais analisados:

Tabela 8. Exemplos de profissões citadas nos processos judiciais analisados, referentes aos autores das violências atendidos pelo SETPS/CPJSA

Auxiliar de serviços gerais Do lar Auxiliar de pedreiro

Encarregado Autônomo Pintor

Repositor Frentista Bombeiro hidráulico

Alpinista industrial Garagista Vigilante

Mecânico Porteiro Policial civil

Advogado Motorista Policial militar

Eletricista Web designer Militar

Professor Fotógrafo Vigilante

Garçom Operador de caixa Servidor público

Empresário Serralheiro Marceneiro

Vendedor Pedreiro Entregador

Técnico de laboratório Bancário Gerente comercial

Vidraceiro Músico Cinegrafista

Cabeleireiro Carteiro Auxiliar administrativo

Fonte: Pesquisa Redesenhar instituições, repensar relações: antropologia das práticas sociojurídicas no enfrentamento à violência contra mulheres, DAN/UnB e MPDFT, 2015.

A maior parte das profissões listadas tem como requisito ensino fundamental ou ensino médio. Poucas exigem ensino superior. Esse perfil sócio-ocupacional é consistente com o grau de escolaridade da população atendida pelo SETPS: a maior parte das mulheres tinham somente ensino fundamental, por vezes, incompleto, em 2013 e 2014. Cerca de 40% das mulheres, em 2013, tinham estudado até a 8ª série do ensino fundamental. Dessas, mais da metade tinha estudado somente até a 4ª série.

Em 2014, a escolaridade feminina foi alterada: 14, dentre as 361 mulheres que constavam nos procedimentos judiciais, possuíam somente a 4ª série. Isso representou cerca de 4% do total de mulheres e 11% das mulheres com ensino fundamental (31% do total de

Documentos relacionados