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Expressão do item: Identificar e aproveitar as soluções e potencialidades da mesorregião.

Participante 1

Soluções e Potenciais Locais

Que orgulho eu tive ao chegar ao Amazonas, há pouco tempo, e ouvir o gerente me dizer que nunca tinha imaginado que um dia ele entenderia tanto de pupunha para semente, pupunha para palmito, açaí, cupuaçu, agroextrativismo. O aproveitamento do chocolate que eles estão fazendo do cupuaçu. Quer dizer, é um novo olhar.

De que forma eu vou sair das comodities[mercadorias negociadas nas Bolsas de Valores] deixando de pensar só no arroz, no milho e no feijão, que são e vão continuar sendo importantíssimos e produzidos? É preciso identificar as potencialidades daquela região, fazer o aproveitamento das soluções endógenas, para não perdermos aquilo que as populações sabem fazer tão bem.

Participante 2

Soluções e Potenciais Locais

O aproveitamento das soluções endógenas é uma coisa que a gente colocou desde o começo na estratégia de DRS. Muitas vezes, quando damos palestras em algumas universidades, somos criticados por esta questão, como se estivéssemos com isto querendo barrar o avanço da ciência e tecnologia nas localidades. Não é nada disso. A academia tem que repensar esta visão restrita do aproveitamento das soluções endógenas e abrir uma discussão interna sobre isto. As tecnologias sociais não são um contraponto à modernidade.

Não adianta tirar o emprego de 300.000 mulheres quebradeiras de coco de babaçu no Maranhão, botando uma indústria por lá. Eu tenho que arrumar soluções tecnológicas que mantenham aquelas pessoas naquela atividade, diversificando a produção, o beneficiamento, mas que não sejam tecnologias excludentes.

Nossa metodologia é endógena por natureza. As equipes de trabalho DRS são equipes locais, aproveitam sempre os saberes locais, de uma forma muito mais intensa do que outras iniciativas do gênero.

O nosso sistema DRS[aplicativo utilizado pelo BB para gerenciar a estratégia de DRS] permite que as equipes de DRS consultem o trabalho uma das outras, e muitas vezes esta troca de experiência flui. Porém só é incorporado algo que as localidades acham oportuno à sua realidade, e à sua capacidade de trabalho.

Participante 3

Soluções e Potenciais Locais

O aproveitamento de soluções endógenas é também cultural, e é político, para que a gente possa saber aproveitar essas soluções endógenas. Nós não pudemos fugir disso, não tem jeito. As soluções endógenas estão preocupadas com a qualidade de vida e a manutenção de empregos na região. E isto está perfeitamente aderente à nossa visão de desenvolvimento.

Participante 4

Soluções e Potenciais Locais

A estratégia de DRS não chega como prato feito nas localidades. As soluções têm que partir do próprio grupo que está trabalhado o assunto, os parceiros e beneficiários.

A metodologia tem que ser participativa e construtivista. As soluções têm que partir, digamos assim, do conjunto das pessoas que estão de alguma forma interagindo e propondo soluções. Então, a metodologia não é endógena? Não é de baixo para cima, de dentro para fora? Nós não podemos querer fazer DRS aqui em Brasília. Esse é o problema, fazer DRS enviando-o por malote, ou sair fazendo por eles.

Participante 5

A metodologia de trabalho do DRS do BB fala de parceria, fala de endógeno, dos saberes locais, da construção coletiva junto à comunidade.

Participante 6

Soluções e Potenciais Locais

A solução tem que vir de baixo, ela é endógena. Os saberes são locais, a construção é coletiva.

Cultura

Expressão do item: Respeitar e valorizar a diversidade cultural. Incentivar as manifestações culturais típicas das comunidades apoiadas.

Participante 1

Respeito e Incentivo à Cultura

Então, nós temos a preocupação muito grande de respeitar a cultura local. De que forma eu vou apoiar o artesanato, que gera 8.500.000 empregos no Brasil, e que era um público com o qual a gente nem pensava em trabalhar. Trabalhar com este público, nos Planos de Negócios DRS, para nós foi uma valorização das manifestações culturais. Foi aprovado recentemente o primeiro DRS cuja atividade produtiva é o Teatro.

Participante 2

Respeito e Incentivo à Cultura

A cultura é uma fonte de riqueza fantástica. Muitas vezes a grande potencialidade de uma região é a cultura.

Ela pode ser a atividade econômica a ser explorada. E aí, ela também terá que ser observada nos seus aspectos econômicos, ambientais e sociais. Uma das principais atividades do DRS é o artesanato nas suas mais variadas manifestações. Sem interferência na forma e modo de fazer.

A gente procura buscar parceiros que tenha esta visão da preservação do valor cultural das coisas. Com a visão de que este é o principal bem a ser explorado em determinadas comunidades. A Europa explora a cultura de forma fantástica.

Em muitos Planos de Negócios DRS que acontecem no Brasil, tem ações de apoio às manifestações culturais: banda de música, uma festa tradicional, um estilo de bordado, um prato típico.

Participante 3

Respeito e Incentivo à Cultura

Num local o processo organizativo é voltado para a cultura daquele povo, daquele território. Num outro local, a cultura já é outra, então o processo de organizativo é outro.

Participante 4

Respeito e Incentivo à Cultura

Se eu estou falando em soluções endógenas pressupõe que eu tenho que valorizar e observar os saberes locais.

Eu não posso pegar e introduzir tecnologias, culturas diferentes e ou propor soluções que eles não estão prontos para pegar, e nem querem muitas vezes. Isto está muito presente nos povos ribeirinhos do Amazônia.

Muitas vezes as entidades chegam lá e querem mudar o modo de vida daquelas pessoas. Os povos ribeirinhos não estão preocupados com acumulação de capital, de bens, eles querem continuar produzindo lá, talvez de uma forma um pouco melhor, mas preservando a cultura e o seu modo de vida.

Participante 5

Respeito e Incentivo à Cultura

A questão cultural é forte, o DRS é amparado por ela. Quando você anda por aí, você vê isso muito presente. Por exemplo, o manejo cultural das quebradeiras de coco do Maranhão. Você não pode chegar lá e colocar uma máquina para quebrar os cocos. Ao redor da quebrança dos cocos, há manifestações culturais, simbolismos, emprego e renda. Nós poderíamos colocar uma máquina para quebrar coco. Mas, e o que seria feito da cultura das quebradeiras de coco? E dos 200.000 empregos gerados?

Não tem fórmula pronta devem-se respeitar os saberes locais, as culturas locais, a diversidade cultural. A gente não quer transformar as coisas em comodities[mercadorias negociadas nas Bolsas de Valores do mundo inteiro: arroz, trigo, açúcar, milho, feijão, café, soja...]. Outro dia tive uma discussão com um colega do Banco sobre as bordadeiras de Caicó-RN. Ele não acredita que uma pessoa possa ser auto-suficiente bordando toalhas à mão: “Se você for lá, colocar uma máquina e fizer cem toalhas por dia, eu acredito que tenha viabilidade econômica”. Ele só estava vendo a dimensão econômica. Isso não é DRS. Nós não temos que transformar as toalhas de Caicó em comodities.

O valor cultural na dimensão territorial é imprescindível. Tem coisas que não estão no PIB. A vocação regional, o folclore, a arte culinária, não estão no PIB. O PIB não mede isso, e estes são valores que muitas vezes a gente não aproveita. Tanto é que, de repente, o “cara” vem lá dos Estados Unidos e quer comer a tapioca.

Participante 8

Respeito e Incentivo à Cultura

Uma coisa que ainda está muito superficial no DRS é a cultura. A cultura é fundamental. Quando se valoriza o simbolismo, o folclore, as manifestações culturais, você fortalece o tecido social. E a cultura tem este papel.

A cultura junta o povo, dá identidade.