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Foto 20 Uberlândia (MG): acidente envolvendo três veículos sem vítimas fatais na Av João

4. Resultado dos dados referentes ao Polos Geradores de Tráfego e às Instituições de

4.3. Soluções propostas pelos entrevistados

Ao realizar a entrevista despadronizada, buscou-se compreender as dificuldades vivenciadas pelos usuários na mobilidade urbana. Nesse sentido, pediu-se aos entrevistados que sugerissem soluções para melhorar a mobilidade urbana na cidade de Uberlândia como um todo e, especialmente, em frente à instituição que acessam. As soluções apontadas serão descritas a seguir.

Os entrevistados apontaram a necessidade de diversificação dos modais de transporte utilizados na cidade, priorizando o transporte público feito pelos ônibus, com vistas ao melhoramento de sua qualidade e diminuição dos custos da tarifa. Apontaram, também, a necessidade de dotar o espaço urbano de ciclovias, de forma a incentivar o uso da bicicleta.

Dentre as reivindicações apontadas pelos entrevistados, podem-se destacar: melhoria da fiscalização, implantação de sinalização onde não há e necessidade de educar a população. Acredita-se que essa educação, acompanhada de fiscalização e punição dos infratores, pode coibir o descumprimento à legislação vigente e desestimular a transgressão da lei. Foi

destacada, ainda, a importância de se instalar infraestrutura viária nos PGTs e Instituições de Interesse Social, tais como áreas de embarque, desembarque e estacionamentos.

No que se refere às soluções propostas pelos pais de alunos das instituições de ensino pesquisadas, foram destacadas as seguintes necessidades: implantação da sinalização onde ela não existe, maior fiscalização, instalação de redutores de velocidade, regulamentação de áreas de embarque e desembarque e criação de estacionamento próprio para as escolas, em consonância com o seu tamanho. Assim, vale destacar a fala de um entrevistado: “Que a

engenharia de tráfego sinalizasse corretamente as vias, e que os condutores tivessem mais tolerância e colocassem em prática o que aprendeu sobre legislação de trânsito”.

Em relação às reivindicações dos moradores e comerciantes próximos a esses estabelecimentos, o destaque foi a importância de educar as pessoas. Considerando as várias infrações cometidas, tais como parar em fila dupla, estacionar na porta da garagem, impedindo a entrada e saída dos moradores, poluição sonora em decorrência da buzina dos veículos, cumpre descrever o relato de um entrevistado em relação à instituição particular de ensino, que afirmou: “Na cidade com um todo é a educação no trânsito mesmo, porque o

pessoal não tem muita educação e aqui na porta da escola tinha que ter uma fiscalização, porque a lei diz que é proibido parar em fila dupla, mas acontece todo dia”.

Os entrevistados próximos à escola pública ressaltaram as limitações impostas à mobilidade nos horários de entrada e saída dos alunos, em função da rua ser de mão dupla e estreita. Dessa maneira, é importante enfatizar a fala de um entrevistado:

Na porta da escola, transformar a rua em mão única e mais sinalização; colocar faixa de pedestre e placas e ensinar na sala de aula como se comportar, até as mães das crianças andam no meio da rua. Para a gente aqui, até a pé fica difícil, os passeios ficam cheios de pessoas e os carros estacionam de um lado e outro da rua e o espaço fica pequeno para as pessoas , aí a gente anda no meio da rua.

Para os profissionais que atuam nas escolas, incluindo-se professores e demais funcionários (equipe administrativa e serviços gerais), além das reivindicações já apontadas, há a proposta de se realizar um trabalho de conscientização e educação com pedestres e motoristas. Essa ação deve ser desenvolvida nas escolas, aliada às políticas públicas, conforme ressaltado na fala de um entrevistado: “Primeira solução: trabalhar o tema com os

alunos em sala de aula. Segunda: ter um profissional da SETTRAN orientando nos horários

de entrada e saída”. Nessa perspectiva, é necessário considerar que a segurança e o conforto

na mobilidade urbana são responsabilidades de todos. Portanto, cada agente deve assumir e cumprir sua função com as respectivas medidas que lhe são atribuídas.

Na creche, a sugestão dos entrevistados esteve relacionada à necessidade de implantar sinalização que faça a advertência da existência da creche e que possibilite a redução da velocidade por parte dos condutores. Outra reclamação presente na fala dos entrevistados foi a falta de respeito à sinalização. Assim, propõem-se mais fiscalização, destacando, também, a importância da mudança de comportamento das pessoas ao circular, não só em frente à instituição, mas na cidade como um todo, conforme relatado por um entrevistado:

Acho que educação o povo não tem, você fica esperando muito tempo e os carros não param. Hoje, cada dia que passa, não vejo solução, será movimentado e mais problema, as pessoas ficam mais sem educação, porque estudo não adianta. No ônibus, os estudantes não deixa bancos para idosos, crianças de colo e grávida, ignoram, fecham o olho e vira a cara, mas não cede o lugar, às vezes, até o cobrador chega a pedir.

Por sua vez, os deficientes visuais da ADEVIUD sugeriram como medidas necessárias a implementação de sinal sonoro e piso tátil nas vias de maior fluxo da cidade. A manutenção da sinalização existente em frente a essa instituição, destacando a pintura das faixas de pedestre e do meio fio, foi outra questão destacada, visto que pode auxiliar e melhorar o deslocamento. Além disso, a criação de infraestrutura viária que contemple as necessidades dos deficientes, a construção de ciclovias e a padronização de calçadas foram destacadas na fala de um entrevistado, que explicou:

Na cidade, as principais travessias de maior acesso, centro, Shopping, Carrefour, UAIS, rodoviária, colocar sinal sonoro. Na ADEVIUD falta piso tátil, e melhorar a sinalização, pintar meio fio com pintura destacada PARE, faixa de pedestre entrada e saída de comércio, órgão público principais onde qualquer pessoa tem acesso. Deveria ter ciclovia.

Os deficientes visuais reclamaram não apenas da falta de infraestrutura viária, mas da necessidade de uma cidade dotada de equipamentos urbanos para atender as suas necessidades, tais como bancos, restaurantes e lojas. Assim, vale destacar a fala de um entrevistado: “Projetos de lei para deficientes, caixa eletrônico com viva voz, restaurante

com cardápio em Braille”.

Cabe, ainda, ressaltar a necessidade de se promover uma Educação para o Trânsito que melhore o comportamento das pessoas, no sentido de preparar a sociedade para lidar com o deficiente visual. Muitas vezes, as pessoas veem um deficiente, mas não sabem como proceder para ajudar. Assim, eles sugeriram a elaboração de uma cartilha e a realização de campanhas educativas que possam orientar a população sobre como ajudá-los, tal como ressalta um entrevistado:

Deveria fazer uma cartilha educativa para quem dirige, para o motorista de coletivo, curso de motivação para motoristas e cobradores, trabalham desmotivados com falta de educação, não esperam não só o deficiente visual, mas idosos também. Terminal, ter consciência, todos querem sentar, para quem tem baixa visão deveria ter o número do ônibus grande nas laterais dos coletivos, porque a gente pergunta os motoristas não respondem.

Também os idosos da instituição selecionada solicitaram a melhoria da sinalização existente, pois as faixas de pedestres estão praticamente apagadas. Pediram, ainda, para colocar sinalização, de forma a reduzir a velocidade dos veículos. Destacaram, também, a necessidade de implementar a Educação para o Trânsito, conforme apontou um entrevistado:

“Eu acho que era os motoristas ter mais consciência , porque falta muita educação”.

Na UAI Tibery, as pessoas alegaram a necessidade de implantar sinalização no cruzamento, tornando a fiscalização eficiente, e reforçaram a importância de educar a população. Um dos entrevistados comentou: “Acho que deveria ter um semáforo, acho que

deveria ter mais educação no trânsito sim, fiscalização deveria ter também”.

Por último, os entrevistados relataram o desrespeito dos condutores em relação ao pedestre. Em dias chuvosos, por exemplo, os carros passam em alta velocidade, molhando quem está circulando de transporte não-motorizado. Assim, um entrevistado sugeriu que:

Deveria privilegiar o pedestre, quem está de carro chega mais rápido, o pedestre não tem o privilégio de ter um sinal só para ele passar, deveria ter um sinal só para ele. Quando estou de bicicleta e a pé e está chovendo, o carro passa e joga água no pedestre, não para e dá risada na cara da gente, é uma falta de respeito com o ser humano.

Diante das soluções propostas e das situações abordadas na pesquisa, reconhece-se a necessidade de melhoria da infraestrutura viária para contemplar todos os cidadãos e, mais do que isso, o desenvolvimento de programas e projetos educativos que considerem a Educação para o Trânsito. No entanto, é preciso que haja uma articulação de toda a sociedade, com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana, tornando-a inclusiva e sustentável. Assim, é necessário implementar políticas públicas que possam direcionar verbas para programas e campanhas educativas, criar e regulamentar as leis, fiscalizar de forma eficiente, planejar a mobilidade urbana, analisar e avaliar os empreendimentos de PGTs e Instituições de Interesse Social. Nessa perspectiva, sugere-se a implantação da Educação para o Trânsito como uma alternativa à redução dos conflitos e acidentes de trânsito em Uberlândia, especialmente nos PGTs e Instituições de Interesse Social selecionados para estudo nesta pesquisa.

Portanto, a melhoria da infraestrutura viária nesses estabelecimentos e a concretização da Educação para o Trânsito constituem as duas principais reivindicações dos entrevistados.

No entanto, verifica-se que mesmo havendo uma infraestrutura adequada, o comportamento das pessoas ao circular é inadequado. No capítulo a seguir, será abordada a Educação para o Trânsito como uma alternativa para melhorar o comportamento das pessoas ao circular no entorno desses empreendimentos.

5. EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO: Uma alternativa para amenizar os