enumeradas, e as diversas espécies de servidão que a seu tempo estudaremos, encontramos os colonos - classe que não pertence, nem à primeira, nem à segunda das suas divi sões da população; mas entre ambas, como uma transição, tanto pode ser considerada uma quase liberdade de servos, como uma quase servidão de homens livres. Se a história nos diz que o colonato já no tempo do Império começava a ser uma forma de emancipação incompleta dos servos, também nos diz que as crises das invasões fizeram descer à condição de colonos muitos homens livres. O facto é que a classe aparece agora com uma importância nova; e o nome de plebei que no tempo dos Romanos, conjuntamente com o de privati, designava a massa dos proletários, designa agorajá especial mente os colonos. Colono é aquele que cultiva o campo alheio, livre quanto à pessoa, mas adscrito à terra que agri culta. O colonato caracteriza-se mais pelas relações do domí nio do senhor ou patrão sobre a terra possuia pelo lido, do que sobre a pessoa deste. Se a instituição por um lado, parece ir filiar-se no sistema de beneficio e protecção da propriedade goda, é facto que ela existia sob a administração romana; e por isso vemos aplicar-se o sistema de colonato, não só às sortes godas privilegiadas com a isenção, como as tertiae tribu tárias deixadas aos Hispano-Romanos.
Forma de servidão mitigada, ou forma rude e incompleta ainda de propriedade, o facto é que sob o regime feudal o colonato se obliterava na Europa; ao passo que se desenvol via na Península tornando-se o principal instrumento de abolição da servidão. De tal modo surgia um novo motivo de primazia da Espanha entre as nações europeias da Idade Média; e mais tarde, na era da Renascença, ela era a primei ra de todas na cena política, porque, já completamente aca bada na sua elaboração interna, se achava capaz de exercer uma acção dominadora sobre o Mundo.
Falta-nos agora descrever a condição das classes servas.
Qualquer que tivesse sido a acção das doutrinas dos filósofos antigos condenando a escravidão como um facto contra a Natureza, é provado que a condição real dos escravos se fora tornando gradualmente suportável. Verdade é, porém, que, em princípio, o escravo romano era uma cousa, ao passo que o
escravo godo, embora muito inferior aos lidos ou plehei, em bora sem jurisdição, erajá um homem - como que um menor -voltando a escravidão a ter um carácter doméstico'. Assim se caracterizara também a escravidão entre Gregos e Roma nos, quando a época do desenvolvimento particular dessas sociedades fora correspondente à época do desenvolvimento da sociedade germânica no momento da sua disseminação pela Europa OcidentaJ2. Primeiro as guerras, dando uma nova origem à escravidão, depois a indústria, acrescentando uma segunda, fizeram obliterar o carácter doméstico que em toda a parte é o primitivd.
Entre os Godos é o mister ou oficio que exprime generica mente a condição servil: evidente prova da feição doméstica da servidão. As leis designam sempre os servos pelos nomes de ministeriales, donde se fez a palavra «mesteirais», sinónimo de artífices do português da Idade Média. Efectivamente o servo idoneo, ou bom, é o mecânico e o artífice; os trabalha dores rurais são viliores, ínfimos, rústicos, e para eles há uma designação especial: mancipii. São a abjecção da abjecção.
Diferentes caminhos levavam, durante a paz, à condição de servo. O primeiro era o nascimento, e os outros as diver sas formas de queda da condição livre: a insolvibilidade, ou a servidão fingida com o fim de o homem livre obter, venden do-se, um preço indevido.
Assim como a sociedade dos livres tem uma aristocracia, assim também sucede à sociedade dos servos. O liberto ou manumisso é um dos tipos dessa nobreza; mas a verdadeira expressão dela está nos servos fiscais, cuja situação efectiva é frequentemente superior à dos colonos e até à dos bucelários. Os servos fiscais eram os cobradores e escrivães da fazenda do príncipe. Encontrámo-los na aula regia; e acabando por dizer que até lhes era concedido o possuir outros servos da categoria ínfima dos manciPii, temos demonstrado a existên cia da aristocracia.
Julgamos ter percorrido toda a série de problemas e fenó menos históricos sugeridos pela constituição da monarquia visigoda. Pensamos ter discriminado, quanto nos limites
, V. II/stituições Primitivas, pp. 276-289.
2 V. História da República Romal/a, I, pp. 378-397. 3 V. Regime das Riqlle�as, pp. 1 79-184.
HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO IBÉRICA 9 \
deste trabalho cabe, o que no sistema d e revolução e institui ções se deve considerar como pertencendo ao movimento de dissolução da Espanha romana, e aquilo em que já aparecem elementos para a futura constituição da Espanha moderna. Estas duas correntes seguem paralelamente o seu caminho através das épocas do domínio godo. Fatal, inevitável, como é a primeira, só mais tarde a segunda poderá, livre e inde pendente, avançar no sentido de um progresso positivo.
A monarquia visigoda, como reprodução artificial que em parte era da monarquia imperial romana, cai a pedaços, ví tima da corrupção interna, do vírus desorganizador que ac tua com maior energia ainda no rude e forte bárbaro. Carlo vingianos da Espanha, já o dissemos, os reis godos têm de ceder aos novos invasores o ceptro mal seguro em suas mãos impotentes. A dissolução do Império antigo tem de consu mar-se.
Apesar de uma certa melhoria nas condiçqes de algumas classes, as chagas fundamentais da época romana, isto é, a propriedade condensada em grandes massas, a escravidão, a servidão geral, a propriedade, a voracidade fiscal: tudo se manteve e em parte se agravou. O povo miserável porven tura esperara na Igreja a redenção; os escravos, fiados na doutrina caridosa do Evangelho, tinham talvez esperado a alforria; mas o clero, tornando-se Governo, reconsiderara, e logo que empunhou o ceptro, desposou as doutrinas inimi gas. Santo Isidoro de Sevilha, que por tanto tempo dirigiu os concílios de Toledo e foi «glória da Igreja Católica» reproduz as antigas teorias naturalistas de Aristóteles e de Cícero acerca da escravidão, e a condição dos servos, se num sentido melhora, é todavia mais onerosa, pois às obrigações antigas se juntam agora os serviços pessoais que príncipes e senhores visigodos implantam com o seu domínio.
Os bispos regentes dos reis, os clérigos seus confessores, levando pelo terror do Inferno os bárbaros infantis e corrom pidos, governando os concílios que presidem à nação, nada fizeram no sentido de melhorar a sorte dela. Apenas fun daram uma nOV<;l teoria do Estado - a teocracia. Rodeado dos seus fidalgos, o rei vinha humildemente ajoelhar diante dos padres do concílio, implorando com soluços e lágrimas que interviessem por ele perante Deus para lhe inspirar leis sábias. Constituída a fé como suprema virtude cívica, apare-
ceu a intolerância feroz como missão principal do Governo; e sobre todas as chagas da sociedade imperial romana, que pelo menos era céptica, lavrou o cancro da perseguição dos judeus, formalmente declarada (61 6) no reinado de Sisebuto, impondo aos sectários de Moisés a conversão ao cristia nismo. A repressão da revolta de 694, tramada de acordo com os judeus marroquinos e cujo pensamento era fazer da Espanha um Estado mosaico, lançou na fogueira da intole rância religiosa o novo combustível da vingança política.
Eis aí o reverso da medalha de grandeza que antes esboçá mos. Eis como todos os elementos sociais conspiravam para a queda do carcomido império visigodo. Os judeus ardiam numa insurreição surda; os servos, na apatia da miséria ne gra, eram indiferentes à nação; os proprietários eram inimi gos irreconciliáveis de um regime que provara ser incapaz de os salvar. E era com esses servos armados que se formava a maioria da peonagem do exército do rei Rodrigo! Por isso os doze mil homens de Taric bastaram para conquistar a Espa nha.
Os novos bárbaros que se avizinham para a avassalar não vêm do Norte: são um punhado de árabes à frente de um exército de berberes. Esta circunstância, que determina uma nova transfusão de sangue africano nas veias do corpo penin sular, faz com que a Espanha siga uma história diversa da quela que as segundas camadas de invasões prepararam à Europa Central.
I I I
A OCUPAÇÃO ÁRABE'
Um novo encontro, como o dos Cartagineses e dos Roma nos, já esquecido nas tradições de uma antiga história, veio acabar de impor o cunho à fisionomia da Espanha, cuja ci vilização parece com efeito sair da combinação do génio de duas raças produzindo um tipo distinto de ambas. Quem agora capitaneava os Espanhóis não eram romanos, eram godos; e Cartago sumira-se do rol dos impérios, vindo as po pulações de África desembarcar na Península sob o comando dos generais do Islão.
Entre os dois choques, que são para a etnologia hispânica um mesmo movimento, tinham ocorrido os factos históricos por nós observados e que davam agora à Espanha uma fisio nomia diversa da antiga. Ao tempo da invasão romana vimos os Espanhóis desposarem a causa de Cartago, e os Cartagine ses acharem na Península uma população afim; agora vemos que a romanização transformou os Espanhóis a ponto de já não reconhecerem nos novos invasores os seus antigos com panheiros de armas, nem os porventura seus irmãos de san gue. Tal poder as ideias de uma civilização exercem sobre a massa como que informe das populações semibárbaras, que chegam a obliterar nela as simpatias vinculadas a uma des cendência comum!
Quando dizemos romanização da Península, incluímos nesta palavra o facto eminente de um cristianismo mais ou menos pagão, difundido e nacionalizado no intervalo das duas invasões de africanos. Acontecimentos semelhantes ti-
nham-ocorrido do outro lado do Estreito. A África Setentrio nal, subjugada pelos Romanos, passara das mãos destes às dos Vândalos, para afinal cair sob o domínio dos Árabes. O cristianismo tinha aí assentado arraiais, e a própria Car tago fora a pátria de um dos seus organizadores, Santo Agos tinho; mas com a conquista muçulmana desapareceu o domí nio bizantino e perdeu-se a religião cristã.
É hoje, porém, reconhecidamente provado que nem no pensamento do Profeta, nem no sistema da sua nova religião, nem na política dos califas, houve a ideia ou o propósito de guerrear para converter o mundo. Pelo contrário, as conver sões aparecem como consequência das conquistas, e não raro se lamenta que os povos submetidos tão prontamente abra cem o Corão. A Guerra Santa, dissera Maomé, só é dever quando nos agridam os inimigos do islão. O culto de Alá não foi propagado pela força: foi-o apenas o império dos califas. Estes, longe de buscarem fazer prosélitos, viam com senti mento as conversões, porque, isentando do imposto os sub metidos, diminuíam os réditos do seu tesouro. Por outro la do, a falta de originalidade do islamismo fazia com que os povos achassem nele mais ou menos definidos os dogmas da sua anterior religião. Era o mesmo que, por certos lados, su cedera com o cristianismo, quando as nações romanizadas do Ocidente introduziram nele as suas tradições pagãs.
Se os judeus, cujos livros Maomé mais directamente apro veitara, resistiam - da mesma forma que resistiam aos cris tãos -, não sucedia assim à cristandade copta do Egipto e da Síria, que via no Corão muitos dos seus dogmas e não repelia a cristologia do livro sagrado de Maomé.
Dispusera este que todos os sectários do «Livro Sagrado» -judeus e cristãos - tivessem liberdade de culto, mediante pagamento de um imposto. Essa faculdade estendeu-se de pois aos persas da bíblia de Zoroastro com a conquista da província de Baharém; e mais tarde Oman (644-654) deu o mesmo privilégio aos do Norte da África. Segundo se vê, a tolerância para com as religiões estranhas crescia à maneira que as conquistas avançavam.
A imaginação fecunda do Árabe, nesse Oriente que é um viveiro pantanoso de loucuras religiosas, não admitia o fana tismo; e foi o génio africano de Marrocos, e da Espanha de pois, que deu ao islamismo o carácter de uma religião intole-
HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO IBÉRICA 95 rante, mantendo uma ortodoxia. Quando em Medina os des cendentes dos fundadores do islamismo foram expulsos do califado pelos Omíadas (66 1 -750) vieram, perseguidos, aco lher-se em África, de onde passaram à Espanha a pregar a verdade, pura, vencida na Arábia por uma dinastia pagã. Com efeito, os novos califas de Damasco representavam a vitória de uma reacção do politeísmo indígena da tribo árabe e eram verdadeiramente ímpios. Wâlid II (743-744) man dava as suas concubinas representá-lo nas preces públicas, e servia-se de um exemplar do Corão para alvo de frechas. La mentava as conversões que lhe diminuíam os rendimentos: o . Egipto produzia só metade do que já tinha dado, porque os cristãos coptas se tinham convertido ao islamismo.
Outro tanto sucedera aos Berberes, cuja primitiva religião - se tal nome convém aos seus cultos rudimentares - desa parecera ao contacto do islamismo. A crítica dos nossos dias mostra-nos que, seja qual for o valor moral de uma religião, o povo que a aceita só tomará dela o que for compatível com o seu génio e com o estado evolutivo da sua civilização. O isla mismo foi para as tribos do Atlas no VII século o que é hoje e
continuará a ser, avançando na África Central, para as tribos da Nigrícia'. Dessa religião que reúne a grandes requintes de inteligência uma obscuridade moral singular e um materia lismo sem caridade, o Berbere ou o Tuaregue, o Negróide, o Negro, só compreendem e por isso só aceitam a segunda metade, compatível com as suas respectivas capacidades. Hoje, para lá do Sara e pelas origens do Nilo, na região dos lagos, a propaganda islamita não é como foi a dos Árabes no
VII século entre os Berberes. De então para cá as nações da
África Setentrional ganharam independência; e Meca tor nou-se Roma, uma cidade santa, cujo califa, sem deixar de ser papa, já também não é imperador.
No VII século, porém, a missão religiosa era uma conse
quência quase sempre involuntária da conquista; e se os Ber beres afeiçoavam ao Corão o culto dos seus marabús, não se submetiam com igual facilidade ao império dos generais mu-
çulmanos. Nómadas, independentes por génio próprio, e in ,subordináveis, punham na liberdade o fanatismo constitu cional da raça; e o progresso religioso ganho com o Corão era mais uma causa de resistência, como o demonstraram as ul teriores revoluções sectárias e ao mesmo tempo políticas. Se tenta anos durou uma guerra em que se derramaram rios de sangue árabe. O Berbere valia incomparavelmente mais do que as populações abastardadas do litoral, e dava maiores trabalhos do que os podres vassalos do império persa ou do império de Bizâncio'.
A sujeição da África SetentrionaP é o prólogo da con quista da Espanha; e nesta segunda empresa, os Arabes viram repetir-se o que lhes acontecera na primeira, não com as tribos do interior, mas sim com as colónias bizantinas do litoral. Mais ou menos ortodoxos, os cristãos da África sen tiam o jugo intolerante do papado de Constantinopla; e a dominação dos muçulmanos importava para eles a liberdade religiosa. Depois, já também livres dos pesados impostos bi zantinos substituídos pela capitação árabe mais modesta, veio o desejo de se isentarem desse encargo, ganhando uma igualdade só possível no seio da religião dominante. Por isso mais tarde se foram convertendo, como também sucedeu a muitos cristãos da Espanha, trocando uma condição, análo ga à dos judeus entre as nações católicas, por uma condição, civil e religiosamente igual.
Nos últimos anos do VII século, Cartago, chave da Mauri tânia, caiu afinal em poder dos Árabes, e com ela toda a África Setentrional. Mas nem por estarem expulsos os gre gos, convertidos ou submetidos os cristãos, estava seguro o novo domínio; porque pouco antes da conquista de Espanha, a Berberia assiste a uma insurreição geral dos naturais. Di zem as lendas que os Berberes, vendo na riqueza das cidades o motivo das invasões estrangeiras, arrasaram Tânger e Tri poli, cortando as árvores, destruindo vilas, e reduzindo essa região, que os Romanos nos descreviam luxuriante e rica, ao árido e escalvado deserto agora apenas renascente à sombra da protecção da Europa. Esta lenda, como todas as lendas, é o eco de uma verdade histórica; e o suposto acto voluntário
I V. Tábuas de Cronologia, pp. 1 1 4- 1 1 8. ' V. Raças Humanas I, pp. 1 1 2- 1 1 3.
HISTÓRIA DA C IVILIZAÇÃO IBÉRICA 97 dos Berberes no princípio do VIII século simboliza uma de vastação que as guerras e as rapinas tinham consumado no decorrer de trezentos ou quatrocentos anos.
A insurreição, porém, era um facto real e não uma lenda. Musa, nomeado emir de África pelo califa. de Damasco, con seguiu sufocar o levantamento e consolidar para sempre o domínio sarraceno em África. .
Causas de ordem diversa impeliam os Árabes a atravessar o Estreito. A tentação que sobre eles devia exercer o encanto e riqueza dessa Espanha frónteira e tão próxima, seria a pri meira. Além dela, devemos lembrar o entusiasmo conquista dor que a vitória punha nos peitos dos sectários de Maomé, sem esquecer a fatalidade que arrasta as civilizações expansivas' até se esgotarem ou até encontrarem um obstá culo insuperável, só a morte pôs termo às marchas de Ale xandre, só a resistência da Europa coligada, às guerras de Napoleão - só a muralha dos Pirenéus, à marcha triunfal de Taric. A estas causas vêm juntar-se as dissenções internas da Espanha visigótica, onde os partidos, pospondo o patrio tismo e a religião ao ódio, repetiam os exemplos dos berberes vizinhos.
Vitiza fora derribado do trono de Toledo em 709 e assassi nado pelo usurpador Roderico. O rei deposto deixara porém dois filhos, cujo partido não duvidou mendigar o auxílio dos Árabes, nem alistar-se nas colunas dos seus exércitos, es perando que estes lhe dariam o trono pelo preço de uma ra zia mais ou menos grave. A este episódio político juntavam -se as causas de ordem social já enumeradas que faziam do Estado visigodo um edificio carcomido; e entre essas causas avultava a rebeldia dos judeus, numerosos, opulentos, in-, fluentes, e cruelmente perseguidos pelos Governos e pelas populações - dos judeus que esperavam melhorar de sorte sob o domínio de uma raça afim e no seio de uma religião tolerante por princípio.
À história da invasão de 7 1 1 , precedida por uma primeira tentativa sem resultado no ano anterior, anda ligada a tradi-
, V. Teoria da História Universal, nas Tábuas de Crollologia p. XIV e IlIstituições Primitivas, pp. 274-275 e ant.
ção de um certo conde Juliano, ao tempo governador de Sep tum (Ceuta) que abrira aos muçulmanos as portas da cidade proporcionando-lhes por tal forma a fácil passagem do Es treito. Ceuta seria pois a esse tempo um presídio bizantino; e Juliano, seu governador, grego ou proposto por gregos, e não um conde godo. Isolada Ceuta dos cristãos do Oriente, as suas relações com a corte de Toledo seriam porém estreitas, e parece que Juliano, tendo mandado educar uma filha nessa corte, o rei Rodrigo se enamorou dela e a violou. Da vin gança deste caso veio a invasão, porque o conde convidou Musa a passar à Espanha, e este consultou o califa que pru dentemente lhe ordenou sondasse primeiro o terreno. Preten de-se que, ainda depois da conversão de Recaredo ter remo vido as repugnâncias religiosas dos católicos espanhóis, vários pontos das duas costas sul e ocidental da Espanha se conservam sob o domínio dos Bizantinos que incitavam os naturais a repelir o jugo dos Godos. Sob o governo de Teudis (533-548) há notícia de desembarques nas costas de África, já para um ataque a Ceuta, já em auxílio dos Vândalos. En
tretanto, Cartago caía em poder de Justiniano. Por morte do