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A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Caneças, após o despacho da sua extinção de 5 de Setembro de 1913 e adjudicação dos seus bens à Comissão Concelhia de Administração dos Bens Eclesiásticos, continuou a apelar às mais altas instâncias políticas, ao Ministro da Justiça, na esperança de que as suas alegações fossem atendidas favoravelmente.

Como se analisou no capítulo anterior, o processo que conduziu à dissolução da Irmandade e ao encerramento da capela foi estudado, pediram-se pareceres às entidades concelhias, após novos pedidos de reabertura da capela ao culto e a comunicação da constituição do agrupamento cultual transitório, em 1914 (ano em que os moradores de Caneças e Vale de Nogueira apresentaram a representação, em 28 de Janeiro para a criação da paróquia civil de Caneças).

Porém, um despacho de indeferimento às pretensões referidas, de 3 de Outubro de 1914, do Governador Civil, e reafirmado por um documento assinado, mas não datado, afastou a possibilidade de reiniciar o exercício do culto público na capela.

Para alguns autores, o ano de 1914 «marcou a grande viragem para o confronto doutrinal com o regime»333, devido à discussão gerada em torno da Lei da Separação (neste estudo já se apresentou algumas das problemáticas suscitadas por

333

Cf. Joaquim Veríssimo Serrão – Igreja portuguesa. In História de Portugal. 2ª ed. Lisboa: Editorial Verbo, 2011, vol. 12, p. 135.

100 Casimiro de Sá no parlamento) «apresentava-se como um marco decisivo para a compreensão de um caminho que se aproximava do fim, o da “guerra religiosa”»334

. Realizou-se o II Congresso da Federação das Juventudes Católicas (2 e 3 de Maio de 1914, na Igreja de N. Sr.ª do Carmo, no Porto). No ano seguinte, aconteceram o I Congresso dos Médicos Católicos (Porto) e o III Congresso das Juventudes Católicas (Braga). Foi fundado o Centro Católico Português335 (1917). Em 30 de Janeiro de 1921, ocorreu o I Congresso do Centro Católico Português (Lisboa).

As mudanças políticas, no que concerne à discussão do modelo da Lei da Separação de 20 de Abril de 1911, entre os deputados republicanos, alertavam para a necessidade da sua reformulação, pois a Lei era geradora da discórdia entre a Igreja e o Estado. Estava em causa a estabilidade social e os princípios da liberdade individual, mas também das instituições, particularmente da Igreja Católica.

Possivelmente, o ambiente político então vivido, tenha sido propício aos católicos e habitantes de Caneças, apoiados pelo pároco de Loures Joaquim Pombo, para alcançarem seus intentos, malgrado o despacho de 3 de Outubro de 1914.

Entretanto, o Governador Civil, Cassiano Nunes, chamou a si o processo da aprovação do projeto de estatutos e anulou o despacho de 5 de Setembro de 1913, pelos motivos mencionados no capítulo 1, ordenando que o processo seguisse «com urgência, os seus trâmites legais»336, de acordo com as orientações do Ministério da

334

Cf. Sérgio Pinto - Separação religiosa como modernidade: decreto-lei de 20 de Abril de 1911 e

modelos alternativos, p. 103.

335

Fundado em 8 de Agosto de 1917, em Braga, com o apoio da hierarquia católica portuguesa. Destacou-se pela sua intervenção na vida parlamentar portuguesa. Grupo representativo da Igreja Católica desenvolveu a sua ação em defesa da religião católica, da religiosidade do povo, dos valores humanos e cristãos. Antes da fundação do Centro, os católicos elegeram dois eclesiásticos, em 1915, um para a Câmara dos Deputados e outro para o Senado. Cf. Manuel Braga da Cruz – Partidos Políticos Confessionais. In Dicionário de História Religiosa de Portugal. Dir. Carlos Azevedo. Mem Martins: Círculo de Leitores S. A. e Centro de Estudos da História Religiosa – UCP, 2000. Vol 3, p. 380-384. Sobre as intervenções de António Lino Neto, um dos quatro deputados eleitos pelo Centro, nas eleições de Abril de 1918, leia-se: António Matos Ferreira; João Miguel Almeida - António Lino

Neto: intervenções parlamentares (1918-1926). Lisboa: Divisão de Edições da Assembleia da

República e Textos Editores Lda. 2009, p. 407. 336

Cópia do despacho do Governador Civil de Lisboa Cassiano Nunes, denominado Resolução de 9

de Abril de 1915 (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/028- Processo 2101, fl. 10, cópia nº 5. O

Governo Civil reiterou a informação de que a Irmandade do Santíssimo Sacramento, erecta na capela de São Pedro, não tinha sido extinta nem o projeto de estatutos aprovado, o qual foi apresentado no prazo legal, não obstante os dois despachos exarados, em que o primeiro mandava extinguir a Irmandade e o segundo anulava o primeiro despacho e ordenava a aprovação dos referidos estatutos.

101 Justiça. A resolução de 9 de Abril de 1915337 permitiu o prosseguimento da aprovação dos estatutos, que a Irmandade tanto reclamou.

Todavia, as decisões pareciam não ser unânimes entre os órgãos administrativos, resultando o encerramento formal da capela de S. Pedro de Caneças por decreto de 15 de Junho de 1915, pois a Comissão Concelhia de Administração dos Bens Eclesiásticos considerara a cedência da capela338 à Câmara Municipal de Loures.

Cerca de três meses depois, Caneças é elevada a paróquia civil, em 10 de Setembro. O testemunho do pároco Joaquim José Pombo, expresso na sua carta de 16 de Junho de 1914, cumpria-se, pois no seu entendimento era um dos motivos importantes para a abertura da capela ao culto.

Os habitantes consideravam a criação da freguesia uma questão importante para a resolução dos problemas da localidade339, tendo em conta a distância a que se encontravam de Loures, situação agravada pelas más condições viárias, prejudicial também às práticas religiosas.

A solidariedade demonstrada, no processo de criação da freguesia340, pela Junta de Paróquia de Loures e Câmara Municipal de Loures, não se verificou para com a Irmandade, fiéis e moradores de Caneças quando solicitaram a capela aberta ao culto público. Refira-se que alguns dos peticionários subscreveram os requerimentos em nome da liberdade de culto ou para a criação da freguesia.

Face a protestos quanto à legalidade da resolução de 9 de Abril de 1915, o Governador Civil de Lisboa, João d’ Oliveira da Costa Gonçalves, respondeu341

ao Presidente da Comissão Central de Execução da Lei da Separação que, de acordo com o ponto único do artigo 189º do Código Administrativo de 1878, a resolução de

337 Idem. 338

Em 3 de Abril de 1914, esta Comissão informou a Comissão Central de Execução da Lei da Separação que a capela tinha sido assaltada, tendo sido furtadas três coroas de prata e «vários outros objectos» (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/095. Cx. 274).

339

«Sete casas e Caneças; povoação esta muito importante, e há anos a querer desligar-se da freguesia. […]». Cf. José Joaquim da Silva Mendes Leal – Admirável igreja matriz de Loures, p. 218.

340

Requerimento para a criação da freguesia de Caneças. Cf. Anexo XXXIII. 341

Ofício da 3ª Repartição do Governo Civil de Lisboa, de 24 de Março de 1916, ao Presidente da Comissão Central de Execução da Lei da Separação. No mesmo ofício, informa que os bens da

Irmandade arrolados foram vendidos (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ ADMIN/028 - Processo 2101, fl.11).

102 9 de Abril de 1915 só podia ser anulada por recurso, interposto para o Supremo Tribunal Administrativo342.

A Comissão Central considerou que não tinha competência para interpor recurso ao despacho do Governo Civil de 9 de Abril de 1915343, e informou, em Fevereiro, que esperava a atenção do Governador Civil «para a situação anómala da referida irmandade»344. A Comissão aguardava «a douta resolução»345 do Governador. Pelo documento, a Comissão instava o Governador a anular a resolução de 9 de Abril, com os fundamentos de ter sido proferida durante a ditadura de Pimenta de Castro e que os seus bens tinham sido transferidos e a declaração ao abrigo do artigo 38º tinha sido entregue fora de prazo. A capela de São Pedro permaneceu encerrada ao culto pelo que, juridicamente, a Irmandade não tinha constituição legal346. Parece, contudo, que as determinações da Comissão Central de

342

Código Administrativo de 1878: «Artigo 189º - As resoluções tomadas pelo governador civil podem, em todos os casos e a todo o tempo, ser revogados pelo governo. Ponto único: Das resoluções tomadas pelo governador civil há recurso para o supremo tribunal administrativo nos casos de incompetência, excesso de poder, violação e ofensa de direitos.»

343

Despacho do Governo Civil de 9 de Abril de 1915, transcrito a fl. 10 que anulou o do mesmo

Governo Civil, transcrito a fl. 9, de acordo com a lei em vigor (ACMF – CJBC/LIS/LOU/

ADMIN/028 - Processo 2101, Fl. 10, cópia nº 5). A Comissão Central de Execução da Lei da Separação, na sua Resolução nº 3196, de 22 de Maio de 1918, decidiu deslindar o processo de extinção da Irmandade, e devolveu-o volveu ao Governo Civil, argumentando que o despacho de 9 de Abril ofendeu os interesses da Provedoria Central da Assistência de Lisboa. No mesmo documento,

informa que não tinha competência para interpor recurso do despacho de 9 de Abril (ACMF –

LIS/LOU/ADMIN/028 - Processo 2101, cx. 274.) 344

Ofício da Comissão central de execução da Lei da Separação ao Governador Civil, de 28 de Fevereiro de 1916 (AGCL - Processo nº 1353, cx. 51). Cf. Anexo LII.

345 Idem. 346

Faltava o alvará do Governador Civil, órgão que determinava a aprovação dos estatutos. Desde o tempo da monarquia liberal, esta era uma das competências dos Governadores Civis bem como a aprovação do orçamento e contas. Durante o regime monárquico (desde o século XVIII), o poder político não superintendia o culto, as suas práticas, nem tão pouco determinava as despesas para assegurar o mesmo, conferia, com especial atenção o cumprimento das contribuições prediais, a décima (imposto aplicado sobre os rendimentos das corporações em favor de atos de beneficência, no Concelho, e do ensino primário na respetiva freguesia (Código Administrativo Português de 17 de Julho de 1886, art. 220 - ponto 4º) e, posteriormente, foi instituída a dádiva para assistência aos tuberculosos. Já pelo decreto-lei de 18 de Julho de 1835, art. 43º, as confrarias não podiam gastar os seus rendimentos ou alienar propriedades sem autorização do Governo Civil, mas «conservarão a ação primária da sua administração interna»; o produto das confrarias em excesso podia ainda auxiliar os estabelecimentos congéneres mais necessitados «usando sempre de maior circunspecção e prudência» (Decreto-lei de 18 de Julho de 1835, art. 43º - ponto 2º). O Código Administrativo de 1836 admitia a dissolução de mesas caso as contas não estivessem em ordem; ao Administrador Geral competia aprovar as contas das Irmandades, após fiscalização do Conselho de Distrito (art. 108º - ponto 2º). O Código de 18 de Março de 1842 conferia ao Governador Civil a competência de auxiliar com as sobras das rendas das Irmandades os estabelecimentos pios mais necessitados «ou mais úteis, ouvindo as Juntas de Paróquia e as câmaras respectivas (art. 229º- ponto VI); ao Administrador do Concelho competia receber as contas das Irmandades na 1ª quinzena de julho (art. 248º - ponto III). Em suma até 1910, os restantes Códigos Administrativos (de 21 de Julho de 1870; 13 de Maio de 1878; 17 de Julho de 1886; 6 de Agosto de 1892; 2 Março de 1894; 21 de Junho de 1900; e ainda o Código Civil de 1867), atribuem ao Governador Civil as competências seguintes: fiscalizar e aprovar as contas;

103 Execução de Execução tiveram preponderância na orientação dos acontecimentos. Registe -se a cedência de espaços, pertencentes à capela de São Pedro, à Junta de Freguesia, em 1 de Maio de 1918347, sitos no Largo do Pião da localidade.

A conjuntura política nacional de instabilidade, após 1911, desencadeou nos partidos políticos diferentes atitudes e perspetivas na chamada “questão religiosa”, face à Lei da Separação. Também o ambiente político-administrativo local sofreu alterações com a criação da Freguesia de Caneças, em 10 de Setembro de 1915. A Circular de 23 de Junho de 1911 de Francisco de Medeiros348 procurou esclarecer a interpretação dos artigos da Lei da Separação em relação à constituição das cultuais, mas os anos que se seguiram não foram consensuais para o cumprimento das disposições políticas.

Mais tarde, o governo ditatorial de Sidónio Pais que «encarava o fenómeno religioso de forma diferente do radicalismo»349 provocado pela Lei da Separação, considerou imperioso resolver o mal-estar causado pela Lei de Abril, para evitar conflitos e defender a liberdade e tolerância religiosas, conforme o preâmbulo do decreto nº 3856350, promulgado em 22 de Fevereiro de 1918.

superintender na aplicação dos fundos de legados pios, doações e heranças e na alienação ou aquisição de bens imóveis, para que não contrariassem o fundo que os criou; verificar se as corporações cumpriam os regulamentos governamentais; aprovar os estatutos das corporações e podiam propor a dissolução de mesas administrativas ou de Irmandades que não tivessem o nº de irmãos suficientes para comporem a mesa ou os estatutos aprovados. O regime republicano revogou o Código Administrativo de 4 de Maio de 1896 e repôs o Código de 1878, por o considerarem de orientação liberal e democrática, na defesa da descentralização e da autonomia administrativa. O Código foi aprovado pelo Decreto com Força de Lei em 13 de Outubro de 1910, sob a tutela do Ministro do Interior António José de Almeida.

347

Resolução número 3047, de 1 de Maio de 1918 (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/045 - Processo 3020, cx. 274). Nesta data, o Presidente da Junta de Freguesia de Caneças era António Maria Leal. O pedido do espaço tinha sido apresentado pelo Presidente da Junta de Freguesia de Caneças Policarpo Domingos Pedroso, em 5 de Abril de 1916, porque a Junta estava instalada provisoriamente em sua casa, por falta de recursos. Na nova dependência, a Junta de Freguesia podia realizar as suas sessões e guardar aí o seu arquivo. Deste processo, constam os pareceres favoráveis da Administração do Concelho de 24 de Julho de 1916 à Comissão Central de Execução da Lei da Separação, para a cedência de dependências da capela à Junta de Freguesia; e da Comissão Concelhia dos Bens Eclesiásticos, sob a presidência de João Raymundo Alves. Como esses espaços estavam em estado de ruína, a Junta comprometia-se a realizar as obras necessárias à sua recuperação. Nesta morada de casas funcionou o registo civil, como consta do auto de posse de entrega das ditas casas ao Benefício Paroquial, em 9 de Outubro de 1946, p. 54 e 54 verso, Anexo XIV.

348

Cf. João Seabra - O Estado e a Igreja em Portugal no início do século XX: a Lei da Separação de

1911, p. 107-109.

349

Sérgio Pinto – Separação religiosa como modernidade: decreto-lei de 20 de Abril de 1911 e

modelos alternativo, p. 115.

350

104 Neste contexto político, em 9 de Abril de 1918, reaparece um grupo de fiéis351 (antigos confrades e mesários), em nome da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Caneças, signatários de um abaixo-assinado, em que solicitavam, ao Ministro da Justiça352, a reabertura da capela de São Pedro de Caneças ao culto. Invocavam na representação a inexistência de motivo originado pela Irmandade e que a mesma não tinha sido dissolvida legalmente. Em 2 de Maio de 1918353, insistem no pedido, evocando os mesmos motivos do anterior e, finalmente, conseguem a abertura da capela ao culto.

Sob proposta do Ministro da Justiça, foi publicada a portaria nº 1.354354, de 10 de Maio de 1918, mas publicada em 13 de Maio, determinando que a Igreja de São Pedro de Caneças fosse afeta ao culto público, por se provar «a necessidade para o exercício do culto público católico, na freguesia e concelho de Loures» de Caneças. Para tal, a igreja tinha de ser entregue à corporação religiosa355 que se regularizasse, de acordo com o decreto nº 3.856356, de 22 de Fevereiro de 1918 e a portaria nº1244357 de 4 de Março de 1918.

Antes de a Irmandade regularizar358 a sua situação, a capela foi aberta ao exercício do culto público, realizando-se «a primeira missa […] pelas 12 horas»359,

351

Francisco Fernandes Lapa, Miguel Silvestre Cruz Sobrinho, Jacinto Francisco Raposo, José Martiniano Sarreira, Domingos Fernandes Coelho.

352

ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/079 - Processo 5189, L. 10, fl. 240. Cf. Anexo LVI.

353

ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/079 - Processo 5189, L. 10, fl. 240. Cf. Anexo LVII. 354

Portaria nº 1.354/1918. D. G. nº 103. I Série (13 de Maio de 1918). Portaria do Ministro da Justiça e dos Cultos Martinho Nobre de Melo (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/079 - Processo 1269, L. 5, fl. 18). Cf. Anexo LVIII.

355

O exercício do culto continuava a depender das corporações, segundo o “decreto de Moura Pinto”. A “questão religiosa” atenuada com o decreto, de certa forma com outras desobrigações, como o fim da proibição de uso vestes talares (revogação do art. 176º da Lei da Separação de 20 de Abril de 1911), mas a problemática da autonomia da Igreja, em relação à organização e gestão do culto e ao direito de posse de bens materiais, continuava a ser o motivo de contestação da hierarquia católica. Cf. Luís Salgado de Matos – A Separação do Estado e da Igreja, p. 453-469. Leia-se a carta do Bispo do Porto sobre o decreto de Moura Pinto, remetida a António Lino Neto, em 18 de Fevereiro de 1923. Sobre as Irmandades considera que estas funcionam de acordo com as leis civis, o que revela o desprezo pela hierarquia católica, e as submete à tutela do Estado e, por outro lado, a sustentação do culto público continua a depender das corporações. Refere-se ainda ao direito da Igreja sobre os seus bens imobiliários, dos quais tinham sido espoliados e às obrigações pecuniárias da Igreja em relação ao estado. Cit. por António Matos Ferreira; João Miguel Almeida – António Lino Neto: intervenções

parlamentares (1918-1926), p. 379-381.

356

Decreto nº 3856/1922. D.G. nº 34. I Série (22 de Fevereiro de 1918) (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/079 - Processo 1269, L. 5, fl. 18).

357

A portaria nº 1244 regulamentava a entrega de bens às corporações religiosas do culto público católico, a guarda, conservação e seguro dos bens cedidos (ACMF – CJBC/LIS/LOU/ADMIN/079 - Processo 1269, L. 5, fl. 18). Portaria nº 1244/1918. D.G. nº 46. I Série (4 de Março de 1918).

358

O Administrador do Concelho de Loures, Calixto Morgado, intimou a Irmandade, em 25 de Novembro de 1918, a declarar o seu propósito em solicitar a aprovação do projeto dos seus estatutos, anteriormente apresentados à 3ª Repartição do Governo Civil, conforme orientações do Governo Civil

105 no dia 29 de Junho, dia do Padroeiro S. Pedro. Por pedido dos habitantes de Caneças ao Patriarca D. Mendes Belo foi autorizada a celebração do batismo e matrimónio na capela360. A missa aconteceu sem o despacho de nulidade da dissolução da Irmandade em 5 de Setembro de 1913. O referido despacho foi proferido pelo Secretário de Estado do Trabalho, em 11 de Novembro de 1918:

«Declaro nulo e insubsistente o despacho que mandou extinguir a irmandade do Santíssimo Sacramento, de S. Pedro de Caneças, para o efeito de ficar subsistindo, e mando se proceda à aprovação dos seus estatutos.»361 A Irmandade do SSº Sacramento de Caneças confirmou ao Governador Civil o seu propósito em «solicitar a aprovação da reforma dos seus estatutos»362, após indicação do Governo Civil à Administração do Concelho363. Contudo, somente, em 1 de Janeiro de 1921364, em reunião magna de quarenta e três irmãos, na Casa de Despacho da capela de S. Pedro, foi aprovado o projeto de estatutos365, ao abrigo do decreto 3856, de 22 de Fevereiro de 1918, e eleita a mesa administrativa da Irmandade366. Após as alterações introduzidas por sugestão do Governador Civil e o pagamento dos direitos de mercê e do imposto especial367, à Irmandade foi concedido alvará em 29 de Setembro de 1921368.

de Lisboa. Estariam a referir-se ao projeto remetido em Setembro de 1912 (AML – Administração do Concelho de Loures, ano 1918).

359

Ofício do Juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Caneças à Junta de Freguesia de Caneças, de 25 de Junho de 1918, comunicando a abertura da capela ao culto (AJFC – Livro 1º de

registo da correspondência recebida). O Presidente da Junta de Freguesia comunicou a situação ao

Administrador do Concelho, no mesmo dia. Cf. Anexo LX.

360

Ofício do Patriarca ao pároco da Ameixoeira autorizando as respetivas celebrações até à colocação do pároco de Loures e após a «reconciliação» da capela, de 25 de Junho de 1918 (AHPL – Registo da

Correspondência com os Vigários da Vara e Párocos, 1917-1929, p. 11. U.I.114). Cf. Anexo LIX. A

«reconciliação» pode ser entendida como a autorização formal da abertura da capela ao culto público com a devolução do espaço de culto e objetos de culto aos paroquianos, o que aconteceu somente em 25 de Dezembro de 1922. O pároco da Ameixoeira ficou também encarregue do culto na Igreja Paroquial de Bucelas, em 23 de Maio de 1918 (AHPL – Registo da Correspondência com os Vigários

da Vara e Párocos, 1917-1929, p. 59. U.I. 114). Entre 1915 e 1925, o pároco colado da Igreja de N.

Sr.ª da Encarnação da Ameixoeira foi Delfim Simões Amaro que também participo em 1904 na festa religiosa de S. Pedro. (AHPL – Registo cronológico paroquial. U.I. 69).

361

AGCL – Processo nº 1353, cx 51. Cf. Anexo LXIII. 362

Ofício de 3 de Dezembro de 1918 enviado ao Administrador do Concelho que o remeteu na mesma data ao Governo Civil (AGCL – Processo nº 1353, cx. 51). Cf. Anexo LXII.

363 Cf. Anexo LXIV. 364 Cf. Anexo LXV. 365 Cf. Anexo LXVI. 366

AGCL – Processo nº 1353, cx. 51. Cf. Anexo LXV. 367

Cf. Anexos LXVII. 368

106 Em Novembro de 1922, o decreto369 de 13 de Novembro, anulou o de 12 de Junho de 1915, o qual cedia à Câmara Municipal de Loures a capela de São Pedro de Caneças para a instalação de uma escola. O mesmo decreto determinou que a capela «com todos os seus anexos» fosse «definitivamente incorporada na Fazenda Nacional». Este despacho significava que não existia corporação constituída, e por