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DA PÓS-GRADUAÇÃO NACIONAL

O caso PQI é um exemplo de programa que sempre teve uma preocupação com o estabelecimento de parcerias e de cooperação, haja vista as dificuldades encontradas pelas equipes coordenadoras dos projetos:

Desde o seu surgimento, o PQI sempre objetivou promover o crescimento acadêmico das instituições de ensino superior públicas, por meio do estímulo à elaboração e à implementação de estratégias de melhoria do ensino e da pesquisa. Para a sua concretização, foi fundamental o apoio a projetos de pesquisa em cooperação entre instituições nacionais56.

144 Ao que se sabe, há integração inter e intra-sistema/subsistema. O PQI, como subsistema, demonstra que essa integração é benéfica ao sistema:

O intercâmbio entre instituições de origem e cooperantes é considerado propício à produção conjunta do conhecimento, transcendendo os propósitos da simples formação de recursos humanos qualificados. As características do Programa favorecem, pois, o estabelecimento de uma política de qualificação institucional de forma coletiva, levando em consideração os interesses do pesquisador, dos departamentos e a política das instituições de ensino superior57.

Pelo Relatório, é possível que o PQI facilite o estabelecimento de um ambiente efetivo de intercâmbio entre instituições de ensino e de pesquisa. A vinculação da qualificação ao exercício da pesquisa, nos moldes propostos pelo Programa, além de constituir uma forma de incentivo ao desenvolvimento de novos grupos de pesquisadores, também contribui para o fortalecimento daqueles já existentes, por meio das missões de trabalho e dos recursos humanos qualificados. De maneira geral, todo esse processo repercute sobre o sistema da pós-graduação nacional:

(...) a maioria dos egressos do PQI são participantes de grupos de pesquisa do CNPq, uma clara perspectiva que o PQI venha fortalecer o programa de pós-graduação emergente ou outro grupo venha a fortalecer a pós-graduação (SA).

O estabelecimento de parcerias é decorrente de uma visão filosófica e ideológica, hoje, arraigada nos inúmeros programas e projetos do Governo e das instituições que recebem recursos públicos. Essa nova visão está positivada em documentos legais, representativos do discurso do sistema jurídico brasileiro, como a Constituição da República, leis esparsas (Lei das PPPs – Parcerias Público-Privadas) entre outros.

O gráfico a seguir apresenta uma diversidade de atuações compartilhadas entre bolsistas e pesquisadores das instituições cooperantes, as quais confirmam que o modelo de qualificação, aliado à cooperação

interinstitucional preconizado pelo PQI, apresenta resultados satisfatórios e valoriza a ambiência da pesquisa.

4,5% 4,9% 8,0% 9,6% 4,5% 7,6% 8,8% 11,8% 1,9% 5,1% 7,4% 7,3% 7,3% 11,3% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% Ensino na pós- graduação Orientação na pós- graduação Co-orientação na

pós-graduação pesquisa Atividades de

Banca(s) de

qualificação de

mestrado/doutorado Banca(s) de defesa

de

mestrado/doutorado artigo(s) em Publicação de

períodico Publicação de livros cadastrado no CNPq grupo de pesquisa Participação em evento científico Organização de Cursos de curta

duração

Reuniões entre

pesquisadores comitês editoriais Participação em novos projetos Apresentação de

conjuntos

Identifique, entre as atividades listadas abaixo, quais as que a sua instituição já realizou com a participação dos pesquisadores da(s) instituição(ões) cooperante(s):

Gráfico 6 – Atividades realizadas pelas instituições de origem com a participação das instituições cooperantes58

Todas essas atividades listadas resultam de um discurso cujo mote é o da produtividade acadêmica, no sentido ideológico da disputa pelo poder e pela excelência (na avaliação atribuída pela Capes às instituições) e da disputa pelos recursos financeiros e orçamentários. Esse último aspecto, aliás, será motivo de análise em um tópico deste capítulo.

Nesse sentido, o Programa atende a critérios de produtividade:

(...) considerando produções acadêmicas dos bolsistas do PQI, e considerando a média anual de publicação de periódicos, capítulos de livros ou trabalhos completos em eventos científicos, então, o que mais me chamou atenção desse

146

gráfico59 é que apenas 3,8% diz que os nossos bolsistas não

estão produzindo nada (SA).

Por meio da orientação semântica, uma análise do PQI mostra um conjunto positivo de ações que consolidam o movimento da integração sistemática. E isso é perfeitamente possível por meio da análise do arcabouço lexical, em que se depara com as escolhas e com as decisões dos sujeitos (FAIRCLOUGH, 1992a, trad. 2001a). E o PQI aponta para um discurso de concretização, solidificação do seu construto filosófico. Eis um fragmento retirado do Relatório:

Entre os méritos do PQI, apontam-se o estímulo à criação, à implementação e à consolidação de programas de pós- graduação, bem como o incentivo às atividades de pesquisa do docente recém-qualificado, considerando as perspectivas de continuidade da integração entre este e a instituição na qual se capacitou. Além disso, a possibilidade de dispor de recursos para consolidar ou implantar uma linha de pesquisa, ao retornar da capacitação, é, sem dúvida, um forte motivo para a continuidade do aperfeiçoamento acadêmico60.

Assim, os sistemas informacionais, como o da pós-graduação, cujos critérios de produtividade estão vinculados à noção de uma racionalidade técnica, segundo Ianni (1997), tendem a se organizar com base na razão instrumental, técnica, nos princípios da produtividade, da lucratividade, e da quantidade. E isso é perfeitamente visível no mundo acadêmico, no qual a produtividade é um divisor de águas em matéria de avaliação, de agregação de recursos e de pessoas.

Essa racionalidade técnica, portanto, é a racionalidade da dominação, que se configura em uma hegemonia. Tal constatação, sem dúvida, tem um sentido lógico, pois quem produz mais (informação, conhecimento) detém mais poder (de barganha). Essa é a lógica do Mercado que, aos poucos, vem sendo incorporada aos outros setores da sociedade, como o setor da educação, por exemplo.

59 Ver gráfico 6.

5.5 RELAÇÕES CLIENTELÍSTICAS E HOMOGENEIZAÇÃO DAS