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m sua ignorância, o ser humano sempre está atribuindo a origem dos efeitos que colhe em sua vida a forças exteriores. Assim, o homem nunca admite que boa parte das reações adversas em sua vida foram causadas por uma má palavra, um mau pensamento e/ou uma má ação sua. As causas é sempre um encosto, a inveja, o olho-grande, um feitiço ou o diabo. Enfim, ele nunca é o causador, mas sempre a vítima. Dizemos “boa parte” porque existem injustiças sociais.

E

O ser humano sente uma estranheza ao apresentar certas tendências primitivas de seu ego e, assim, numa ignorância total sobre si mesmo, acredita que estas tendências não foram originadas nele ou por ele mesmo, mas por forças ocultas. Desta forma, lamentavelmente tenta se eximir de seus erros. Assim, passa toda a sua vida sem olhar para si mesmo, sem se conhecer e vive numa profunda ignorância, independente do seu nível intelectual.

Só através do despertar da consciência é que vamos superar e vencer todos os temores. O autoconhecimento

despertará em nós o maior indício do despertar do bem supremo: o senso ético.

O autoconhecimento nos libertará das trevas do mal (da ignorância) ao nos revelar o bem universal. Somos profundamente bondosos. Basta, para tanto, deixarmos a luz de nossa consciência invadir nossas vidas.

Não há, de fato, nada a ser temido. Aliás, existe sim, o nosso próprio ego, pois é ele que nos conduz à floresta do erro e da dor. Quando o homem entender que é o seu ego que precisa ser superado, pois, ele é o único que produz o erro e o mal, então terá alcançado a verdadeira luz da sabedoria e, assim, estará livre de todo temor e, desta forma, será um verdadeiro agente da divindade e do bem.

O diabo e o mal representam apenas a nossa escuridão, nossa ignorância, geradora de erros e, portanto, da relatividade do mal.

Nenhuma lei física ou espiritual dá sustentação à existência real de entidades invasoras do livre-arbítrio humano.

Cristo já dizia que “O mal não é o que entra na boca do homem, mas o que sai da sua boca”, ou seja, suas palavras. Também disse “minhas palavras não voltarão vazias”. As palavras de ninguém ecoarão no vazio. Elas sempre vão provocar alguma reação. Sendo positivas,

gerarão reações positivas. Sendo negativas, gerarão reações equivalentemente negativas.

Enfim, se o ser humano, através de suas palavras, propaga a intolerância, a discórdia, a maledicência, etc., não pode esperar obter reações outras senão a própria intolerância, discórdia, etc. Ou seja, através de pensamentos, palavras e atos o ser humano, às vezes, gera o conflito e, portanto, o mal.

Neste caso, é ele mesmo o próprio promotor e agente do mal, quando se deixa dominar por seus interesses egoístas, condenando, perseguindo, discriminando e maltratando pessoas. O mal que colhe, em virtude de seus atos, teve origem em si mesmo, em seu ego, em seu egoísmo, e não por força de invasões sobrenaturais à sua individualidade e do seu livre-arbítrio.

É verdade que as religiões, livres destas superstições, podem contribuir enormemente para o melhoramento de caráter do ser humano. Assim, de fato, contribuirá para livrá-lo do mal.

Afinal, todas apontam a bondade como exemplo supremo de comunhão com o divino e apelam para o exemplo a ser seguido de seus fundadores. No caso do cristianismo, não existe exemplo mais grandioso do que a postura de Jesus.

Ele eliminou o mal, o seu ego, praticando o bem. Que exemplo melhor teríamos? Não importa mesmo se alguém não seja religioso e até mesmo seja ateu, o exemplo de Jesus Cristo é um grande referencial humano.

O fato do ser humano se conhecer tão pouco e, assim, na ignorância total sobre si mesmo, faz gerar fantasmas, que não passam de frutos da obscuridade em que vive, não importando sua condição social ou cultural.

O ego humano é o responsável por todos os impulsos estranhos e desconhecidos. Assim, estes impulsos sempre surpreendem o homem. Não sabendo explicar a origem de alguns comportamentos bizarros, o ser humano não os reconhece como frutos de sua vontade consciente e, assim, imagina que influências estranhas os provocam e, pior, é capaz de dominá-lo.

Não foi difícil que a mentalidade primitiva transferisse as razões, para tais surpreendentes comportamentos, às influências sobrenaturais. E, sendo assim, certamente existiria uma entidade do mal promotora desta influência, já que ela sempre resulta em efeitos maléficos.

Ora, se focarmos o ser humano exclusivamente, dissecá-lo e estudarmos suas partes constituintes, as suas motivações e impulsos constataremos que existe

além da racionalidade uma parte obscura nele que é reagente e individualista. Esta parte é o seu ego.

O ego é competitivo, centralizador e divisionista. Tudo isto gera aquilo que conhecemos como comportamento maléfico. Afinal, as atitudes egoístas sempre causam algum tipo de malefício a outrem, pois visam tão-somente apenas o próprio bem-estar de seu agente, em detrimento dos outros.

O ego não age através da razão. Ele é nossa parte mais obscura, mais animalesca, mais instintiva. Isto não significa dizer que a razão não exerça algum poder sobre o ego e que ele não exerça alguma influência sobre o raciocínio.

Seja como for, ele sempre foi representado alegoricamente por símbolos de obscuridade, de brutalidade, de ganância egocêntrica, etc. Ele sempre representou o oposto da luz, ou seja, da consciência divina e, portanto, do mal, da ignorância.

Seria o oposto a Deus (a luz), ou melhor, à verdade. Enfim, sua escuridão (ou seja, a ignorância ou a falta de consciência) pode gerar o mal. Não é à toa que ele é representado como uma serpente (o animal, o instinto).

Não é por um acaso que o nosso ego seja representado na forma de um bode, de uma serpente e, enfim, de todas as figuras horrendas. O diabo, com seus

chifres, suas intenções sempre maldosas, baixas, forma um conjunto onde resume instinto e malícia, sendo a melhor representação de nosso ego. Todavia, confundir esta alegoria com uma entidade real...

Existe um símbolo magnífico que retrata perfeitamente o ser humano vencendo seu ego, seus instintos, que é a imagem de São Jorge matando o dragão.

O nosso ego seria o tentador, afinal a sua natureza é realizar todos os desejos egoístas. Contudo, como representa o oposto à razão, ele gera um conflito interior no ser humano.

Por isso, alguns começaram, equivocadamente, a lhe atribuir uma origem sobrenatural, ou seja, além do controle consciente do ser humano. Foi daí que surgiu a superstição sobre influências maléficas.

Supostamente havia uma influência que o ser humano não poderia controlar. Mas, sabemos que as origens dos desejos egocêntricos estão no próprio ser humano e são gerados nele. Não ter a consciência deste processo fez a ignorância transferir às causas estranhas, exteriores, certos comportamentos nefastos.

Quando deixamos nos dominar por certos impulsos é porque ainda mantemos certos desejos egocêntricos. São estes desejos egocêntricos que nos causam todos os

males, pois, afinal eles sempre vão gerar infortúnios, já que sempre estarão prejudicando pessoas à nossa volta.

Ao colhermos os frutos de nossos comportamentos negativos, não podemos atribuir os males que nos acometem, em virtude de produzi-los, às forças e influências sobrenaturais, como se não fôssemos nós mesmos os causadores (seja individual ou coletivamente).

Mas, este raciocínio é refinado demais. Basta dizer tão-somente que existe uma forma muito simples para exorcizarmos pensamentos de ódio, inveja, ciúme, rancor, disputa, orgulho e vingança, responsáveis por todas as desgraças humanas: a bondade.

Só a bondade pode eliminar a maldade que o ego produz.

Ao eliminarmos crenças em nós, eliminamos os medos e, assim, vamos sentir a necessidade de nos conhecer melhor para exercermos algum domínio sobre o nosso próprio ego.

O ser humano, em sua ignorância, deu poder a um fantasma, fruto apenas de seus medos e para justificar seu comportamento nefasto, egoísta, negativo, transferiu a sua responsabilidade para este e, assim, deixou de se conhecer melhor.

Continua na ignorância e continuará nela se teimar em permanecer na obscuridade desta crença.

A humanidade só entrará na Luz quando se libertar das trevas da ignorância e enquanto ela não se libertar desta sombra, que a aterroriza, então, jamais vai conseguir se curar desta cegueira que a deixa presa na escuridão e o diabo será o grande fantasma que provocará todo tipo de aberrações.

O homem e a mulher só serão livres quando se libertarem da ignorância, quando tiverem domínios sobre os seus próprios egos. Assim, livres de temores terão a paz e serenidade para enfrentar todas as dificuldades na vida.

É verdade que, às vezes, nos confrontamos com situações extremamente difíceis como doenças graves, desempregos, separações conjugais, perda trágica de um ente querido e desgraças de todas as espécies.

Às vezes, nos vemos num “inferno” e somos tentados a cometer todos os desatinos possíveis. Não encontramos esperança e consolo em nada. A ciência parece incapaz, diante de certas doenças, de resolver os nossos males graves de saúde. As instituições públicas não nos oferecem esperança. O Estado foi, até agora, incapaz de nos oferecer uma alternativa digna para as nossas aflições sociais.

Com justiça, procuramos todas as alternativas que nos apareçam. De fato, nas instituições religiosas encontramos alento e esperança. As Leis Universais precisam ser confiadas. Encontramos, nestas instituições, consolo e esperança. A fé e a autoconfiança são resgatadas. Reconquistamos forças e realmente conseguimos superar fases difíceis.

Ninguém pode negar o papel fundamental que as religiões cumprem para salvar o ser humano do desespero e desesperança. Alguns, simploriamente dizem tratar-se de um simples processo alienante. Mas, as coisas não são tão simples assim.

Há coisas que o Estado, a ciência e psicologia não são capazes de solucionar. A alma humana é uma das coisas mais misteriosa que existe. As religiões existem e precisarão existir, pois cumprem e cumprirão um papel que é muito específico no campo mental (espiritual).

Mas, as religiões também podem de fato alienar e desvirtuar os preceitos que lhes deram origem. É a superstição a responsável por estes desvios e alienação. Assim, aquilo que deveria cumprir plenamente a elevação espiritual do ser humano torna-se, ao contrário, a sua degradação e atraso.

Existe realmente um grande motivo para termos esperança. Somos todos nós seres humanos capazes de

coisas fantásticas. Com segurança e confiança podemos transformar qualquer situação. A fé inabalável pode nos gerar inspiração para solução e consolo de todos os nossos problemas imediatos.

A autoconfiança é uma poderosa ferramenta para derrotarmos, superarmos ou aprendermos a conviver

com todos os males que nos afligem.

Podemos encontrar, através da espiritualidade, esta segurança, livres de superstições, caso contrário, o tormento e o medo sempre estarão nos afligindo.

Portanto, as religiões não podem servir de suporte para o tormento e o medo. O diabo não existe. A religião que dá vida ao diabo está mergulhada nas trevas da ignorância e do mal.

Gerarão intolerância, preconceito, medo, desconfiança, insegurança e, conseqüentemente, maldade. O exemplo passado, das injustiças cometidas no período de caças às bruxas, não nos deixa nenhuma dúvida em relação ao que esta mentalidade pode gerar.

A humanidade precisa livrar-se deste atraso e as religiões precisam, portanto, se depurar de todas as crenças que as deixam presas nas trevas da ignorância e superstição, para, enfim, estarem plenamente iluminadas. As religiões serão um centro de produção

de valores humanos, onde a bondade será a grande resultante.

É um absurdo estarrecedor constatarmos a existência de mentalidades tão supersticiosas nos dias atuais. E, se ela ainda existe é porque a ignorância ainda persiste. Sendo assim, a ignorância precisa ser urgentemente eliminada do seio de nossa sociedade ou jamais teremos uma civilização digna deste nome.

Seja como for, as religiões não podem ser o veículo de sustentação e propagação da ignorância e da superstição. A primeira coisa que devem fazer é eliminar de vez esta concepção tão atrasada, que dá vida e poder a um diabo.

O diabo é a própria ignorância.

Quem conhece, através da sociologia, da psicologia, da física e mesmo de valores intrinsecamente espirituais, como os fatos se originam, não pode endossar explicações esdrúxulas e sobrenaturais às circunstâncias e fenômenos que nos ocorrem.

É inadmissível uma religião, digna desta condição, afirmar fatos que nos envolvem através de explicações supersticiosas. A função de uma religião, comprometida com a verdadeira elevação espiritual do ser humano, é iluminar as mentes e não, ao contrário, consolidar crenças absurdas, sem nenhuma relação com

as verdadeiras Leis Universais, que tanto regem o mundo físico, material, quanto às verdades espirituais.

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