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O DEMÔNIO DE CADA UM DE NÓS A QUESTÃO DO BEM E DO MAL -O DIABO EXISTE REALMENTE?-

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O DEMÔNIO DE CADA

UM DE NÓS

A QUESTÃO DO BEM E DO MAL -O DIABO EXISTE

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REALMENTE?-O DEMÔNIREALMENTE?-O DE CADA UM DE NÓS

A QUESTÃO DO BEM E DO MAL

-O DIABO EXISTE

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Hideraldo Montenegro

hideraldo2007@yahoo.com.br Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Diagramação: Hideraldo Montenegro Capa:

Revisão: Hideraldo Montenegro Montenegro, Hideraldo, 1957 O demônio de Cada Um de Nós , 2006 p.68 Crônica

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...11

EXORCIZANDO DEMÔNIOS...15

TIRANDO O DIABO DO CORPO...18

DESFAZENDO FEITIÇOS...25

LIBERTANDO-SE DAS TREVAS...31

SUPERANDO AS TENTAÇÕES...39

ELIMINANDO TEMORES...50

AFASTANDO ENCOSTOS...59

SALVANDO A ALMA DO FOGO DO INFERNO...64

NA CASA DO SENHOR NÃO EXISTE SATANÁS...68

DAS TREVAS PARA A LUZ...71

DEUS EXISTE?...80

APRENDENDO A MORRER...84

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Para todos que desejam a paz, a fraternidade e a transformação coletiva

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“A primeira coisa que te será revelado, se meditares sobre as trevas, é que as trevas não existem, não têm qualquer existência.

é mais misteriosa as trevas do que a luz, E não têm absolutamente existência – pelo contrário, não passa de ausência de luz”.

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Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."

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INTRODUÇÃO

ão há especulação mais inquietante para a civilização humana do que a possibilidade da existência de uma entidade do mal. Seja como for, esta questão vem aterrorizando a humanidade desde os seus primórdios.

N

Isto poderia nos parecer uma questão do passado e ultrapassada diante dos avanços científicos e tecnológicos. Contudo, a realidade dos fatos não é bem esta, ao contrário. Apesar de tudo, esta crença avança com a mesma força que tinha na Idade Média quando os maiores absurdos aconteceram contra qualquer idéia ou comportamento diferente. Tudo que era estranho, novo e, principalmente, contrário às idéias dominantes da época era considerado obra de influência satânica.

Via-se em qualquer questionamento, investigação, especulação e mesmo em doenças mentais evidentes, ou seja, em problemas psicológicos, a ação do demônio. Também qualquer idéia contrária a certos dogmas era considerada obra do próprio demo e, portanto, tinha que ser exterminada.

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O pior disto é que as pessoas que se enquadram nas situações acima eram consideradas agentes do diabo (certamente tinham algum pacto com este) e deviam ser também exterminadas.

A fogueira da inquisição queimava sem parar.

Mas, embora se conheça demais esta história e este fato deveria nos servir de exemplo para jamais repetir tamanha imbecilidade, ainda assistimos posturas que a alimentam e ainda a mantém, apesar de todo progresso científico provando que os fenômenos naturais eram resultados de causa e efeito.

É evidente que se poderia supor que com a eliminação do analfabetismo, na maioria das pessoas, esta crença seria definitivamente resolvida. Entretanto, o que testemunhamos é a sua fixação.

Esta idéia tão primária perpassa tanto coletividades iletradas quanto os meios doutos teológicos da mesma forma que acontecia no alvorecer da civilização. Dogmas relativos a esta questão estranhamente permaneceram intocados. É evidente que alguns segmentos religiosos mantêm idéias tão absurdas por simples interesse mercantilista. O diabo virou um bom motivo para se ganhar dinheiro. Não podemos afirmar

que os responsáveis por tais atitudes acreditem de fato

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assistimos a malícia interesseira que existe por conta disto. O fato é que esta crença virou uma mercadoria.

No passado ela serviu para perseguições ideológicas, mas o capitalismo a transformou também numa mercadoria e a credulidade alheia passou a ser explorada de forma mais imoral possível.

O medo ainda é o maior responsável pela sustentação de tal crença. O raciocínio, mesmo cético, é o seguinte: “... e se existir? Seja como for, não vou

arriscar”.

Assim, como popularmente é conhecido o senhor das trevas, Diabo, Satanás, Demônio e Lúcifer, tem uma existência sustentada pelo medo. Afinal, quem arriscaria desafiar e testar tal crença?

Desta forma, desde a sua formação, a humanidade vive assombrada por esta crença e, pior, vive como refém. Impotente o crente recorre a todos os recursos disponíveis. É aí que os aproveitadores de plantão se fazem presentes.

Basta uma boa reflexão para ajudar a exorcizar para sempre esta maldição e, assim, contribuir para os crentes se livrarem de vez deste tormento diabólico. A reflexão é a melhor e a mais eficaz fórmula para exorcizar definitivamente o mal do que qualquer outra que até agora fora utilizada.

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Não estamos sendo irônicos com este assunto, ao contrário, infelizmente testemunhamos a gravidade dele. Portanto, o trataremos conforme merece ser tratado. Afinal, ele vem assombrando a humanidade desde o seu surgimento.

Pensamos que enquanto isto não for resolvido não poderemos, de fato, alcançar a plenitude de nossa condição humana.

Assistimos estarrecidos partidos políticos serem criados por grupos que tentam perpetuar mentalidade tão atrasada. O perigo disto é muito óbvio. Quando ignorância e poder se juntam o desastre é iminente.

Isto é preocupante. O diabo, ou seja, a ignorância não pode ter o poder nas mãos, pois, as trevas só podem gerar o mal.

Para ser humano se libertar definitivamente de todos os demônios que o atormenta só existe uma fórmula: o conhecimento.

“Quem conhece a luz (ou seja, a verdade – ou Deus), não teme o mal (ou seja, as trevas), pois o elimina”.

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EXORCIZANDO DEMÔNIOS

ertamente, este tipo de reflexão que é colocada aqui é proibida e condenada por aqueles que insistem em perpetuar idéias obscuras, geradoras de medos, na intenção de conservarem seus status de manipuladores, apesar do atraso das crenças que defendem e professam.

C

Afinal, o medo, resultante apenas da ignorância, sempre serviu para a manipulação. O poder, endossado pelo medo, atraiu e atrai todo tipo de oportunista e este tem interesse em escravizar mentalmente os seus seguidores através da conservação de idéias que não representam nenhuma ciência e conhecimento de fato, mesmo num campo tão abstrato quanto o metafísico, espiritual.

Nada melhor, neste instante, do que lembrarmos a imagem de Jesus expulsando os mercadores do templo.

Não é surpresa, portanto, que idéias como estas expostas aqui sejam combatidas e olhadas com ceticismo e uma pseudo-indiferença.

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Também, como é ensinado por alguns segmentos religiosos, presunçosamente se autodenominando

profundos conhecedores do assunto, “expert” em

“ocultismo”, o diabo usa de artimanhas para enganar. Argumentar-se, inclusive, que ele se utiliza deste tipo de pensamento, como os desenvolvidos aqui, para se passar despercebido e, assim, mais uma vez, enganar os devotos de Deus. Segundo estes, quem está por trás de argumentos contrários às suas idéias é o próprio satã. O crédulo, amedrontado, certamente não vai se arriscar e, desta forma, preferirá continuar nas trevas da ignorância onde o medo é a sua sustentação.

Assim, continuará escravo de exploradores de plantão que, no fundo, paradoxalmente, a despeito de seus discursos inflamados e atitudes supostamente combativas, não passam de agentes do mal.

Portanto, se existe algum demônio enganando os crentes, este é o seu próprio pseudo-exorcista, pois, está explorando a credulidade de milhares de seguidores ao manter uma crença tão infantil, primária e absurda.

No mínimo são agentes do mal por serem ignorantes e, assim, propagam a mais absurda crença e, por medo, os seus seguidores não se arriscam a sequer questioná-la.

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Utilizam livros sagrados para firmarem pensamentos que não correspondem ao que eles dizem de fato. Enchem as cabeças dos seus seguidores de crenças amedrontadoras e, assim, os mantêm sobre os pés.

Subjugados, os crentes ingenuamente curvam-se a todas as loucuras que lhes são ditas e determinadas. Tornam-se escravos de ignorantes e/ou oportunistas e terminam incorporando atitudes nefastas como discriminação, segregação, preconceito e toda forma de intolerância, tornando-se contraditoriamente em agentes do mal.

Contudo, diante da luz libertária da razão, não dá mais para se manter uma leitura tão primária dos livros ditos sagrados. Dogmas sempre foram impostos por um determinado grupo religioso, criando assim um impedimento a qualquer questionamento. Todavia, dogmas não passam de simples interpretações e, não, da verdade de fato. Desta forma, para aqueles que desejam sinceramente se libertar da ignorância, do medo e de todos os demônios, a reflexão, tanto quanto a meditação, constituir-se-á numa magnífica ferramenta de libertação.

A salvação é uma conquista que o ser humano precisa produzir em si mesmo.

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Mas, como nos libertamos do demônio? Ele existe de fato? Existe um mal absoluto e existe um comandante supremo das trevas?

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TIRANDO O DIABO DO CORPO

xiste um mal absoluto? Existe uma entidade promotora do mal, oposta ao bem disseminado por um Deus bondoso?

E

Podemos imaginar que o homem primitivo, diante das forças naturais, começou a qualificar alguns fenômenos como benfazejos e outros, ao contrário, que provocavam algum tipo de desgraça, como intencionalmente maléficos. Assim, imaginava que existia por trás destes fenômenos uma intenção, alguém, ou alguma força sobrenatural que os provocavam.

O homem primitivo pensava que alguns destes fenômenos o beneficiava de alguma forma e, outros, o punia. A conclusão simplista desta mente primitiva foi a de que talvez houvesse seres sobrenaturais do mal e do bem e que alguns atos pudessem agradar esses ou aqueles seres. Assim, surgiram os primeiros ritos que tentavam apaziguar e/ou agradar estes supostos seres. Oferendas, cânticos, etc., surgiram com a intenção de proteção ou de se obter alguma graça destas entidades.

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Estas deduções que hoje fazemos não é muito difícil de chegar em relação à forma presumível como nossos antepassados raciocinavam, pois, ainda continuamos assistindo tal tipo de pensamento ser elaborado no presente.

A partir do pressuposto de que forças sobrenaturais agiam para provocar todos os fenômenos naturais e se alguns destes fenômenos, às vezes, eram benéficos e outros maléficos, então, certamente existiam entidades opostas do bem e do mal. A pior idéia a respeito deste tipo de raciocínio primitivo é de que o homem era uma vítima impotente. Contudo, este primitivismo não é uma coisa do passado. Infelizmente, ele está muito presente. A maioria das pessoas está recorrendo às religiões para se proteger do mal. Não do mal que elas ou as outras pessoas provocam, mas do mal que não se pode entender, dominar, pois é abstrato, invisível, por isso, terrivelmente temido.

De certa forma, era natural que os primeiros seres humanos achassem que tudo que lhes causam bem ou mal era provocado por algum ser benéfico ou maléfico e, assim, lhes causavam prazer ou sofrimento intencionalmente. Sendo assim, começaram a acreditar que existiam seres sobrenaturais do bem e seres do mal, portanto. Afinal, em sua ignorância o ser humano não conseguia entender o que provocava os fenômenos.

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Evidente que o mal é tudo aquilo que nos provoca dor (seja física ou espiritualmente). Independente do aspecto cultural, algumas coisas como acidentes, doenças, fome, dor (física ou mental), etc, representam males de fato em qualquer civilização.

O mal é tudo aquilo que nos provoca sofrimento e tem como origem alguma causa ou de origem física, ou química, ou biológica, ou econômica, ou social, ou cultural, ou comportamental. Enfim, tudo resulta de causa e efeito, ação e reação.

Mas, a coisa que mais provoca mal à humanidade é

o comportamento dos seres humanos.Contudo, o mal e

o bem associados aos atos humanos são sempre mais difíceis de entender pela maioria das pessoas surpreendentemente, principalmente se é ela o agente. Há pessoas que pensam o mal, falam o mal e, conseqüentemente, fazem o mal, mas não reconhecem a origem das reações advindas de seus pensamentos, palavras e atos como seus. Se algum mal lhe ocorre ou o produz, fora por conta de alguma influência externa e não têm responsabilidade pelo mesmo. Só Deus (ou uma religião) pode salvá-lo ou protegê-lo desta influência. Verdade que nem todos têm condições de enfrentar-se e, nada melhor do que um apoio da espiritualidade. Afinal, só a espiritualidade genuína pode causar transformações profundas no ser humano e, consequentemente, na humanidade.

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Contudo, as religiões sempre estabelecerem códigos de conduta onde seus seguidores deveriam obedecer, pois, supostamente representavam a vontade divina e estes poderiam causar o bem individual e coletivo. Porém, estes “códigos” sempre foram resultados da cultura onde as religiões se fixaram, tornando-se dogmas fechados e estanques e jamais são resultados da vontade divina necessariamente. Não é à toa a diferença e conflito entre os dogmas das diversas religiões existentes. O conflito, neste caso, é acima de tudo, cultural.

Em relação à conduta humana, os fatores culturais definem o que seja certo ou errado, bem ou mal, portanto. Todavia, numa dada cultura o que é certo, é errado numa outra, o que, neste caso, dificulta saber exatamente o que seja o mal no campo moral, já que ele normalmente está condicionado a fatores culturais (regras de condutas, etc, de uma dada cultura).

O mal em relação à conduta humana sempre será conceitual. Por mais absurda que a idéia possa parecer a priori, contudo não saberemos jamais, por exemplo, se a morte de alguém é um mal de fato. Tomamos como referência sempre os valores humanos para definir o certo e o errado.

Ao contrário do mal, o bem é absoluto. Ou seja, ele é qualitativamente invariável e universal. Por exemplo, um bem é sempre reconhecido em todas as culturas, em

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todos os tempos. O bem é o bem aqui ou em qualquer outro lugar. O mesmo não acontece em relação ao mal, apesar de acharmos de imediato que sim.

O mal em relação às atitudes humanas é conceitual, ou seja, é um conceito, ou ou melhor, são definições e regras estabelecidas (num contexto coletivo), e, assim, é relativo. Ou melhor, aquilo que é um mal para alguém, pode ser um bem para outro e vice-versa. Por mais chocante que esta idéia possa se apresentar para os mais conservadores, uma boa análise em relação a algumas situações, pode nos levar a concluir, no entanto, a sua lógica. No universo não existe um mal absoluto. Tudo é um bem.

Um exemplo não muito positivo que podemos pensar é alguém matar um marginal para tentar salvar uma vítima. Do ponto de vista daquela pessoa que seria vítima, o assassino do marginal fez um bem. Contudo, para a mãe deste marginal, aquele indivíduo que matou o seu filho fez um grande mal. Para uma mãe, qualquer mãe, a morte de um filho sempre será um grande mal, não importam as razões envolvidas. Para a mãe de um filho que foi morto, nada justifica a sua morte. Além do mais, “aprendemos” através das religiões, de uma forma geral, que matar alguém sempre é um pecado e um mal. Assim, seguindo este raciocínio, um assassino é sempre mau, alguém que provoca um mal. Ou seja, deste ponto de vista, o assassino do marginal, independente de qualquer outra coisa, fez um mal. Por

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exemplo, o assassinato é sempre considerado um mal em todas as culturas humanas, contudo, um soldado quando mata um inimigo não é considerado um assassino, nem é condenado por trucidar os inimigos. O assassinato, neste caso, não é considerado um mal, ao contrário, torna-se um ato heróico.

Desta forma, constatamos, num exemplo simples, que o mal em relação a conceitos humanos é relativo. Ou seja, tudo depende de um ponto de vista.

Isto não significa dizer que o mal não exista. Significa que ele não tem existência absoluta.

O mal não existe no absoluto. Ele só existe no relativo. Em nosso plano, portanto, ele existe e resulta, conseqüentemente, de todos os efeitos da ação no tempo e espaço (seja física ou metafísica) que trazem algum tipo de malefício físico ou mental para um indivíduo ou um grupo.

Assim, devemos encarar o mal como uma realidade efetiva em nossa vivência, embora, tenha suas reais limitações espirituais, transcendentes. O mal é resultante do ciclo ação e reação. Há ações positivas e negativas, construtivas e destrutivas e as qualidades destas produzem prazer ou sofrimento. Podemos afirmar que existem comportamentos maléficos (como também o inverso) e, mesmo relativo, precisa de uma

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ação oposta para neutralizá-lo. No universo da ação, do tempo e espaço, o mal existe.

Não podemos esquecer que existem fatos que provocam dor e, portanto, um mal. Mesmo relativo o mal existe. Afinal, no mundo manifesto sempre haverá algum tipo ou grau de sofrimento.

No caso do exemplo da morte do marginal, a dor da mãe por seu filho morto foi um grande sofrimento e, portanto, um grande mal. Ou seja, o mal, além de ser resultante de uma ação que provoca dor alheia, também advém de todas as formas de sofrimento, como doenças, misérias, etc.

Um Estado que provoca dor e sofrimento, em algum grau, em seus cidadãos é promotor do mal e, portanto, um agente do mal.

Um dos maiores motivadores de maldades humanas é a injustiça social.

Espiritualmente (e/ou filosoficamente) o mal é só a ausência do bem. Na presença do bem não existe o mal. O mal existe porque não existe o bem. Existindo o bem o mal desaparece. Como disse o sábio: “onde houver

luz não haverá trevas” e que “as trevas são apenas a ausência da luz”.

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Da mesma forma que só o homem pode ser agente do bem, ele é o único que é agente do mal, pois, o produz conscientemente.

O mal é sempre resultante de um fenômeno natural ou uma ação humana e não de forças sobrenaturais.

Enfim, não existe um mal absoluto e, muito menos, uma entidade do mal interferindo nas vidas dos seres humanos.

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DESFAZENDO FEITIÇOS

odo estudante de metafísica se depara, logo no início de seus estudos, com uma questão fundamental: a existência das leis naturais.

T

Não existe progresso nos estudos metafísicos se o estudante não reconhecer a existência das leis universais, responsáveis por todas as manifestações, sejam elas físicas ou metafísicas.

Fé e ciência só podem ser conjugadas se houver uma base de sustentação confiável para ambas. Esta base são as Leis Naturais. Afinal, a verdadeira prática espiritual sempre redundará em sabedoria.

Sabemos do aspecto transcendente da fé, porém, ele não desemboca num desvario. Quando isto acontece é porque estamos diante de uma “fé cega” sempre apoiada por crenças. E, a fé cega é uma grande armadilha para o crente, conduzindo-o a desatinos.

Ninguém reconhece sabedoria nos conhecidos “loucos de Deus”, ao contrário. Os estudos metafísicos existem porque se pressupõe existir alguma ciência no

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campo espiritual. Isto significa que comportamentos bizarros e excêntricos não se enquadram em práticas verdadeiramente espirituais, mas às condições patológicas, a desajustes psicológicos graves.

A maior barreira para o estudante de metafísica é a superstição. Ele se desfaz desta terrível escuridão quando apreende as Leis Universais, base de toda manifestação física e metafísica (material e espiritual). O estudante compreende que toda manifestação está condicionada a estas Leis.

Muitos não conseguem se livrar de certas superstições porque imaginam que as crenças que mantêm têm alguma coerência e sentido para eles, apesar de tudo.

Mas, o que é superstição? Como podemos identificar uma superstição?

Fala-se em sobrenatural como isto fosse sinônimo de espiritual. Para muitos, sobrenatural e espiritual são indissolúveis. Nada mais equivocado. A verdadeira espiritualidade não tem nada a ver com práticas ocultas e sobrenaturais. Isto é fruto apenas da ignorância supersticiosa. A verdadeira espiritualidade está baseada em Leis naturais. Sem Lei só existe desajuste e equívocos. O verdadeiro espiritualista apreende verdades transcendentais, porém, não reconhece aí nada

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de sobrenatural, mas de natural, pois, percebe a relação de causa e efeito em todos os planos.

Se imaginarmos que tudo foi criação divina, então, tudo tem seu valor para comungarmos com a essência divina e, no fundo, revela a profunda natureza de Deus. Não é à toa nos sentimos regenerados e harmonizados quando estamos em contato com a natureza. É da natureza que extraímos todo o nosso conhecimento (mesmo que este conhecimento seja transcendente e imanente ou, melhor, metafísico).

Mas, não existindo o sobrenatural, o que existe? Existe o natural. Mas, o que é o natural? O natural é tudo aquilo que tem alguma relação com as Leis que podemos constatar no universo e estas Leis (tanto no plano físico quanto no espiritual) sempre estão ligadas à causa e efeito (ação e reação).

Todas as manifestações sejam físicas ou psíquicas (concretas ou abstratas, físicas ou mentais), têm como base as Leis Universais. Todas as manifestações são regidas por Leis precisas.

Podemos compreender as Leis Universais através da imanência destas no próprio mundo manifesto, material. Em toda Lei física há uma correspondência nas Leis metafísicas. “Assim como é embaixo, é em

cima. Assim como é em cima, é embaixo”, como dizia o

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Há uma Lei Universal que é a base de todas as demais. Esta é a Lei de CAUSA E EFEITO.

Qualquer suposto fenômeno que não mantenha nenhuma relação entre Causa e Efeito deve ser enquadrado como simples superstição. Toda ação tem que resultar numa reação equivalente. Ou seja, toda reação tem que manter coerência com a ação exercida.

No campo físico, por exemplo, quando um copo de vidro quebra-se sozinho não foi uma força “estranha”, sobrenatural que provocou tal fenômeno. Pressão e temperatura provocam este acidente naturalmente. Atribuir a ocorrência deste fato às forças ocultas não passa de simples superstição.

O fenômeno de um copo de vidro quebrar sozinho deve-se a uma ação física natural. A Lei de Causa e Efeito é a única explicação plausível para a manifestação deste fenômeno. Pode-se repetir este mesmo fenômeno num laboratório, criando condições de temperatura adequada para tanto e, assim, facilmente se desmistifica a conclusão simplória de ser algum presságio ou influência sobrenatural.

É evidente que nosso corpo psíquico é capaz de afetar um objeto, mas embora isto seja negado por alguns, mesmo assim, se isto ocorreu (ou ocorrer) esta

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ação foi exercida consciente ou inconscientemente por agente real.

Há quem confunda, quem tema, quem nega e quem afirma. O corpo psíquico é inegável e ele realmente é capaz de transcender as limitações do mundo puramente objetivo.

Sabemos, por exemplo, que alguns animais são capazes de perceber sons, odores e cores que não percebemos. E, isto não tem nada de sobrenatural. Há alguns séculos atrás o homem não conseguia perceber cores como o azul, por exemplo.

Quando desperto no homem o corpo psíquico faz perceber sons, odores, cores ou outras sensações que objetivamente não são apreendidos. Isto, para alguns é assustador. Pensam que estão sendo possuídos. Outros lhes atribuem uma natureza sobrenatural, etc.

Alguns interpetram o despertar psíquico como mediunidade e lhes dá uma conotação sobrenatural. Outros, pensam tratar-se de uma influência satânica, etc. Porém, o corpo psíquico, apesar de sua natureza transcendente, é resultante de duas energias. Uma de natureza espiritual (ou mental, se preferirem) e outra de natureza física. O corpo psíquico, portanto, não sobrevive muito tempo após a morte do corpo físico, apesar de algumas crenças afirmarem que sim. Falam em cascão e coisa e tal, mas o corpo psíquico após a

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morte perde a consciência (que é um atributo exclusivo da alma).

Seja como for, boa parte do centro da questão nas crenças de influências sobrenaturais repousa na ignorância a respeito do corpo psíquico.

No campo metafísico a Lei de Causa e Efeito aplica-se a todo pensamento, palavra e ação. Ou seja, toda reação que nos envolve resultou ou do nosso pensamento, ou de nossa palavra ou de nossa ação ou de todos eles conjuntamente. Assim, as circunstâncias

(agradáveis ou desagradáveis) que nos vemos

envolvidos não foram provocadas por forças ocultas, um encosto, um ser maléfico invisível, mas de nossos pensamentos, palavras ou atos.

Para constatarmos isto basta ficarmos atentos a todos os nossos pensamentos, palavras e atos. É o eterno “vigiai e orai”.

Seja como for, nada nos acontece por um acaso e, muito menos, por forças ocultas estranhas à nossa vontade. Tudo resulta da Lei de Causa e Efeito. Esta Lei rege tanto o mundo material quanto o espiritual.

E, é a apreensão e compreensão destas Leis que elimine toda forma de superstição e depura a espiritualidade de toda ignorância, produzindo paz e

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divisor de águas no campo da espiritualidade. Ela é o grande diferencial entre a crendice tola e a fé verdadeira. É ela que tornará um homem sábio. Afinal, a libertação do ser humano começa pela eliminação de todas as superstições e, conseqüentemente, de todos os seus medos.

Quando falamos de apreensão de Leis não significa ficarmos limitados ao campo restrito e limitado da ciência. Através da transcendência também apreendemos estas Leis. Fácil verificarmos isto por sua imanência. Ou seja, tanto as constatamos no mundo físico quanto no metafísico (transcendente).

As Leis de Causa e Efeito são as bases de todas as outras Leis. Ou seja, todas as demais derivam dela. Na verdade, poderíamos afirmar que no universo existe uma Lei única: Causa e Efeito.

Nossa mente, ou melhor, nosso mundo espiritual é igualmente regido pela Lei de Causa e Efeito e tudo que nos ocorre espiritualmente resulta deste princípio universal. O triângulo pensamento, palavra e ato explica boa parte do que acontece em nossas vidas individuais e coletivas. Os nossos pensamentos, conseqüentemente, geram as nossas palavras e os nossos atos. Sendo positivos, colheremos reações equivalentemente positivas. Sendo negativas, colheremos igualmente reações equivalentemente negativas. É verdade que na maioria das vezes somos

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vítimas do nosso meio. Influenciamos e somos influenciados constantemente. Contudo, não há mistério e, muito menos, influências sobrenaturais. Somos os responsáveis por nossos pensamentos, palavras e atos, tanto individual como coletivamente.

Só a ignorância em relação a estas Leis pode atribuir a uma entidade maléfica os efeitos de nossas próprias atitudes na vida.

Então, podemos afirmar que existe sim um demônio: a ignorância.

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LIBERTANDO-SE DAS TREVAS

ão há questão mais instigante na espiritualidade do que o problema suscitado pela existência do bem e do mal. Religiões surgiram, se mantém e são mantidas em virtude da questão levantada pelo bem e pelo mal.

N

Perseguições, torturas, difamações, calúnias, delações, traições e vários atos vis paradoxalmente ocorreram na intenção de se combater o mal. Ou seja, a humanidade praticou toda sorte de maldade para, contraditoriamente, combatê-lo.

Mas, existe um mal absoluto? Existe uma entidade promotora do mal, oposta ao bem disseminado por um Deus bondoso?

Quantos de nós refletimos profundamente sobre esta questão? Como surgiu a noção do bem e do mal? Por que as religiões ainda mantêm conceitos tão absurdos envolvendo este assunto?

A alguém já disse que o medo é a maior doença da

humanidade. De fato, ele já provocou e, infelizmente,

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A humanidade só vai atingir a maturidade espiritual quando se libertar do medo. E, a humanidade só se libertará do medo através do conhecimento, quando finalmente livrar-se de toda ignorância que tem provocado todo tipo aberração.

A ignorância humana não será eliminada através de informações, mas da elevação da consciência. Quando ela (a humanidade) se conhecer profundamente verá que o único mal que existe é a sua própria ignorância.

O medo é a maior doença espiritual. Até hoje a humanidade ainda não conseguiu curar-se deste mal e ele é mantido tão-somente pela ignorância. Foi esta ignorância que provocou todo tipo de absurdos e as maiores maldades humanas.

A ignorância alimenta o medo e o medo produz todo tipo de equívocos. Ora, é evidente que a grande lei universal que rege toda ação do mundo manifesto é a lei de CAUSA E EFEITO.

O homem, por desconhecer, ou melhor, não compreender de imediato a ação causativa das coisas, dos fenômenos (físicos e psíquicos), tende a atribuir causas sobrenaturais. Esta tendência equivocada de raciocinar é a base de todo pensamento supersticioso.

Foi a superstição que deu corpo e vida reais a uma suposta entidade suprema do mal, o diabo. O diabo

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passou, assim, a aterrorizar a humanidade, desde o surgimento das primeiras tentativas de compreender as causas dos fenômenos.

Esta crença absurda (embora bem real para a maioria

dos homens e mulheres) foi (e continua sendo) a

responsável pelas maiores atrocidades que a humanidade vivenciou.

Todos conhecem o período obscuro de caças às bruxas no final da Idade Média até o início da Idade Moderna. Injustiças foram cometidas contra homens e mulheres verdadeiramente sábios e dignos e que, sequer, acreditavam na existência do diabo e, assim, tivessem algum pacto com este.

Todas as religiões conhecidas se desenvolveram a partir das práticas primitivas animistas. O animismo dava vida a todas as coisas. Os primitivos imaginavam que até mesmo a queda de uma pedra, que atingia alguém mortalmente, ocorreu intencionalmente, portanto, uma pedra tinha uma consciência (neste caso,

conseqüentemente, maléfica), daí surgiu a primeira

concepção de elementares, ou seja, de que talvez forças sobrenaturais habitavam todas as coisas da natureza. A visão animista, além de ser extremamente politeísta, sempre incorporou uma legião de seres do bem e do mal em permanente oposição. Ou seja, esta visão

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de todas as práticas religiosas, foi herdada pelas religiões modernas ocidentais.

De certa forma, as religiões ocidentais ainda mantêm a idéia politeísta de deuses ao incorporar a dualidade de um Deus bondoso, protetor em oposição a um deus do mal, causador de todos os infortúnios humanos.

Nenhuma religião surgiu sem ter sofrido algum tipo de influência. As religiões, de uma forma geral, sempre retrataram um momento histórico específico e todas foram influenciadas por muitas idéias que as antecederam no campo espiritual.

O Zoroastrismo, religião criada por Zoroastro, tinha no deus Ahura Mazda o princípio supremo da luz e do bem e no deus Ahriman o agente das trevas e do mal.

As emanações cabalísticas, ou seja, as etapas da criação divina, representadas pelas sefirotes, representam planos de consciência. Porém, a Cabala, inspirada na magnífica cosmogonia egípcia, sempre foi muito mal interpretada popularmente, ou melhor, exotericamente.

Se as sefirotes representam níveis de criação, então precisamos compreender melhor os sete coros angélicos. Os maiores equívocos em relação à questão dos anjos surgiram porque visões supersticiosas

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Precisamos entender melhor o simbolismo do anjo caído.

Sob à luz da psicologia, da constituição psíquica humana, é que podemos compreender melhor as alegorias sabiamente descritas em alguns livros religiosos. Sem uma introverção dos símbolos colocados em alguns livros chamados de sagrados, como a Bíblia e o Alcorão, não podemos compreender de fato o significado espiritual de algumas leis ali expostas.

A mitologia grega deixou de ser um conhecimento a partir do momento em que foi retirado o seu aspecto simbólico e passou para o campo da crença. Quando a mitologia grega passou a se tornar um fato real, então, virou ridícula, sem nexo. Na verdade, sob a luz do simbolismo, a mitologia grega é excepcional, pois, revelar-nos verdades ocultas da alma. A mitologia grega retrata, de fato, a história da alma. Cada deus grego simboliza leis e princípios mentais. Aí ela ganha força e sentido.

Na Bíblia Sagrada, no livro atribuído a Moisés, Gênese, a alegoria cabalística da criação divina é facilmente distorcida e interpretada literalmente e, então, perde todo sentido. O anjo caído ganha vida real e torna-se uma espécie de elemental, ou seja, um ser

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animista que vive nas profundezas da terra, no inferno abissal.

Toda tradição religiosa ocidental e do Oriente - médio (o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo) manteve esta interpretação e, assim, empobreceu o real significado esotérico cabalístico dos anjos.

No Ocidente a perpetuação extremada do dualismo do bem e do mal se deve ao judaísmo. Todos nós conhecemos o mito de Adão e Eva e a tentação da serpente no paraíso que provocou a desgraça humana. Segundo este mito, fomos condenados a viver nesta Terra, trabalhar, envelhecer e morrer. Tudo isso foi obra de um anjo caído, o diabo. O diabo foi um anjo

que traiu Deus e, com o poder lhe conferido, afrontou o

próprio criador. O diabo, portanto, segunda esta visão simplista é o guardião deste mundo material e promotor de todas as desgraças humanas. Todos os desejos e prazeres ligados à matéria têm origem diabólica. Ele usa vários disfarces (assim como se apresentou como

uma serpente para tentar Eva) para enganar ao homem.

É evidente que o esoterismo da Cabala fora distorcido. As etapas da criação divina, tão magnificamente representadas pelas sefirotes perderam todos os seus significados simbólicos ao serem transportadas com um significado literal.

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Muitas das tradições judaicas são perpetuadas pelos cristãos, não por um acaso, pois, afinal, o Cristianismo surgiu no seio judaico. Não podemos esquecer que Jesus era um judeu praticante. Assim, a visão maniqueísta do dualismo do bem e do mal é mantida pelos adeptos do cristianismo. Bom lembrarmos que o cristianismo, por exemplo, foi fixado a mais de 1500 anos, onde a superstição reinava absoluta. Em alguns casos o diabo é tão temido e combatido que dá a impressão de ser mais forte do que Deus. Assim, a humanidade rendida a esta entidade do mal vive amedrontada, apelando constantemente pela proteção e misericórdia divinas. O homem, por ter pecado (ao

desobedecer às ordens divinas) vive um eterno

sentimento de culpa. Portanto, faz tudo para resgatar o perdão de Deus e alcançar a salvação.

É evidente que se levarmos todo este mito para dentro de nós mesmos e usarmos a analogia, ou seja, se tivermos uma compreensão esotérica deste mito, vamos interpretar que tudo isto é apenas simbólico. Ou seja, que estas imagens são apenas alegóricas e não correspondem a uma realidade factual, mas correspondem a verdades interiores. Descrevem a formação psicológica do ser humano e as leis concernentes a esta. Este mito, sob à luz da formação da alma humana é magnífico. Precisamos compreender o real significado do simbolismo representado pela “queda do homem” (não será nossa alma que desce

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ficando, assim, limitada?), “o fruto da árvore do

conhecimento” (não é a conscientização?), “o bem e o mal” (não é o livre-arbítrio?), etc.

É lógico que a tentação vivida por Jesus foi produzida por seu próprio ego. Está ali, em suas tentações, a ambição, o orgulho, a vaidade, etc. O diabo apenas simbolizou o seu ego. No final, Jesus, o Cristo, consegue vencer o diabo, ou melhor, a si mesmo. Enfim, Jesus superou o seu ego e, assim, se divinizou. O resultado disto foi a expressão de sua bondade e compaixão extremas.

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SUPERANDO AS TENTAÇÕES

m sua ignorância, o ser humano sempre está atribuindo a origem dos efeitos que colhe em sua vida a forças exteriores. Assim, o homem nunca admite que boa parte das reações adversas em sua vida foram causadas por uma má palavra, um mau pensamento e/ou uma má ação sua. As causas é sempre um encosto, a inveja, o olho-grande, um feitiço ou o diabo. Enfim, ele nunca é o causador, mas sempre a vítima. Dizemos “boa parte” porque existem injustiças sociais.

E

O ser humano sente uma estranheza ao apresentar certas tendências primitivas de seu ego e, assim, numa ignorância total sobre si mesmo, acredita que estas tendências não foram originadas nele ou por ele mesmo, mas por forças ocultas. Desta forma, lamentavelmente tenta se eximir de seus erros. Assim, passa toda a sua vida sem olhar para si mesmo, sem se conhecer e vive numa profunda ignorância, independente do seu nível intelectual.

Só através do despertar da consciência é que vamos superar e vencer todos os temores. O autoconhecimento

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despertará em nós o maior indício do despertar do bem supremo: o senso ético.

O autoconhecimento nos libertará das trevas do mal (da ignorância) ao nos revelar o bem universal. Somos profundamente bondosos. Basta, para tanto, deixarmos a luz de nossa consciência invadir nossas vidas.

Não há, de fato, nada a ser temido. Aliás, existe sim, o nosso próprio ego, pois é ele que nos conduz à floresta do erro e da dor. Quando o homem entender que é o seu ego que precisa ser superado, pois, ele é o único que produz o erro e o mal, então terá alcançado a verdadeira luz da sabedoria e, assim, estará livre de todo temor e, desta forma, será um verdadeiro agente da divindade e do bem.

O diabo e o mal representam apenas a nossa escuridão, nossa ignorância, geradora de erros e, portanto, da relatividade do mal.

Nenhuma lei física ou espiritual dá sustentação à existência real de entidades invasoras do livre-arbítrio humano.

Cristo já dizia que “O mal não é o que entra na boca do homem, mas o que sai da sua boca”, ou seja, suas palavras. Também disse “minhas palavras não voltarão vazias”. As palavras de ninguém ecoarão no vazio. Elas sempre vão provocar alguma reação. Sendo positivas,

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gerarão reações positivas. Sendo negativas, gerarão reações equivalentemente negativas.

Enfim, se o ser humano, através de suas palavras, propaga a intolerância, a discórdia, a maledicência, etc., não pode esperar obter reações outras senão a própria intolerância, discórdia, etc. Ou seja, através de pensamentos, palavras e atos o ser humano, às vezes, gera o conflito e, portanto, o mal.

Neste caso, é ele mesmo o próprio promotor e agente do mal, quando se deixa dominar por seus interesses egoístas, condenando, perseguindo, discriminando e maltratando pessoas. O mal que colhe, em virtude de seus atos, teve origem em si mesmo, em seu ego, em seu egoísmo, e não por força de invasões sobrenaturais à sua individualidade e do seu livre-arbítrio.

É verdade que as religiões, livres destas superstições, podem contribuir enormemente para o melhoramento de caráter do ser humano. Assim, de fato, contribuirá para livrá-lo do mal.

Afinal, todas apontam a bondade como exemplo supremo de comunhão com o divino e apelam para o exemplo a ser seguido de seus fundadores. No caso do cristianismo, não existe exemplo mais grandioso do que a postura de Jesus.

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Ele eliminou o mal, o seu ego, praticando o bem. Que exemplo melhor teríamos? Não importa mesmo se alguém não seja religioso e até mesmo seja ateu, o exemplo de Jesus Cristo é um grande referencial humano.

O fato do ser humano se conhecer tão pouco e, assim, na ignorância total sobre si mesmo, faz gerar fantasmas, que não passam de frutos da obscuridade em que vive, não importando sua condição social ou cultural.

O ego humano é o responsável por todos os impulsos estranhos e desconhecidos. Assim, estes impulsos sempre surpreendem o homem. Não sabendo explicar a origem de alguns comportamentos bizarros, o ser humano não os reconhece como frutos de sua vontade consciente e, assim, imagina que influências estranhas os provocam e, pior, é capaz de dominá-lo.

Não foi difícil que a mentalidade primitiva transferisse as razões, para tais surpreendentes comportamentos, às influências sobrenaturais. E, sendo assim, certamente existiria uma entidade do mal promotora desta influência, já que ela sempre resulta em efeitos maléficos.

Ora, se focarmos o ser humano exclusivamente, dissecá-lo e estudarmos suas partes constituintes, as suas motivações e impulsos constataremos que existe

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além da racionalidade uma parte obscura nele que é reagente e individualista. Esta parte é o seu ego.

O ego é competitivo, centralizador e divisionista. Tudo isto gera aquilo que conhecemos como comportamento maléfico. Afinal, as atitudes egoístas sempre causam algum tipo de malefício a outrem, pois visam tão-somente apenas o próprio bem-estar de seu agente, em detrimento dos outros.

O ego não age através da razão. Ele é nossa parte mais obscura, mais animalesca, mais instintiva. Isto não significa dizer que a razão não exerça algum poder sobre o ego e que ele não exerça alguma influência sobre o raciocínio.

Seja como for, ele sempre foi representado alegoricamente por símbolos de obscuridade, de brutalidade, de ganância egocêntrica, etc. Ele sempre representou o oposto da luz, ou seja, da consciência divina e, portanto, do mal, da ignorância.

Seria o oposto a Deus (a luz), ou melhor, à verdade. Enfim, sua escuridão (ou seja, a ignorância ou a falta de consciência) pode gerar o mal. Não é à toa que ele é representado como uma serpente (o animal, o instinto).

Não é por um acaso que o nosso ego seja representado na forma de um bode, de uma serpente e, enfim, de todas as figuras horrendas. O diabo, com seus

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chifres, suas intenções sempre maldosas, baixas, forma um conjunto onde resume instinto e malícia, sendo a melhor representação de nosso ego. Todavia, confundir esta alegoria com uma entidade real...

Existe um símbolo magnífico que retrata perfeitamente o ser humano vencendo seu ego, seus instintos, que é a imagem de São Jorge matando o dragão.

O nosso ego seria o tentador, afinal a sua natureza é realizar todos os desejos egoístas. Contudo, como representa o oposto à razão, ele gera um conflito interior no ser humano.

Por isso, alguns começaram, equivocadamente, a lhe atribuir uma origem sobrenatural, ou seja, além do controle consciente do ser humano. Foi daí que surgiu a superstição sobre influências maléficas.

Supostamente havia uma influência que o ser humano não poderia controlar. Mas, sabemos que as origens dos desejos egocêntricos estão no próprio ser humano e são gerados nele. Não ter a consciência deste processo fez a ignorância transferir às causas estranhas, exteriores, certos comportamentos nefastos.

Quando deixamos nos dominar por certos impulsos é porque ainda mantemos certos desejos egocêntricos. São estes desejos egocêntricos que nos causam todos os

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males, pois, afinal eles sempre vão gerar infortúnios, já que sempre estarão prejudicando pessoas à nossa volta.

Ao colhermos os frutos de nossos comportamentos negativos, não podemos atribuir os males que nos acometem, em virtude de produzi-los, às forças e influências sobrenaturais, como se não fôssemos nós mesmos os causadores (seja individual ou coletivamente).

Mas, este raciocínio é refinado demais. Basta dizer tão-somente que existe uma forma muito simples para exorcizarmos pensamentos de ódio, inveja, ciúme, rancor, disputa, orgulho e vingança, responsáveis por todas as desgraças humanas: a bondade.

Só a bondade pode eliminar a maldade que o ego produz.

Ao eliminarmos crenças em nós, eliminamos os medos e, assim, vamos sentir a necessidade de nos conhecer melhor para exercermos algum domínio sobre o nosso próprio ego.

O ser humano, em sua ignorância, deu poder a um fantasma, fruto apenas de seus medos e para justificar seu comportamento nefasto, egoísta, negativo, transferiu a sua responsabilidade para este e, assim, deixou de se conhecer melhor.

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Continua na ignorância e continuará nela se teimar em permanecer na obscuridade desta crença.

A humanidade só entrará na Luz quando se libertar das trevas da ignorância e enquanto ela não se libertar desta sombra, que a aterroriza, então, jamais vai conseguir se curar desta cegueira que a deixa presa na escuridão e o diabo será o grande fantasma que provocará todo tipo de aberrações.

O homem e a mulher só serão livres quando se libertarem da ignorância, quando tiverem domínios sobre os seus próprios egos. Assim, livres de temores terão a paz e serenidade para enfrentar todas as dificuldades na vida.

É verdade que, às vezes, nos confrontamos com situações extremamente difíceis como doenças graves, desempregos, separações conjugais, perda trágica de um ente querido e desgraças de todas as espécies.

Às vezes, nos vemos num “inferno” e somos tentados a cometer todos os desatinos possíveis. Não encontramos esperança e consolo em nada. A ciência parece incapaz, diante de certas doenças, de resolver os nossos males graves de saúde. As instituições públicas não nos oferecem esperança. O Estado foi, até agora, incapaz de nos oferecer uma alternativa digna para as nossas aflições sociais.

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Com justiça, procuramos todas as alternativas que nos apareçam. De fato, nas instituições religiosas encontramos alento e esperança. As Leis Universais precisam ser confiadas. Encontramos, nestas instituições, consolo e esperança. A fé e a autoconfiança são resgatadas. Reconquistamos forças e realmente conseguimos superar fases difíceis.

Ninguém pode negar o papel fundamental que as religiões cumprem para salvar o ser humano do desespero e desesperança. Alguns, simploriamente dizem tratar-se de um simples processo alienante. Mas, as coisas não são tão simples assim.

Há coisas que o Estado, a ciência e psicologia não são capazes de solucionar. A alma humana é uma das coisas mais misteriosa que existe. As religiões existem e precisarão existir, pois cumprem e cumprirão um papel que é muito específico no campo mental (espiritual).

Mas, as religiões também podem de fato alienar e desvirtuar os preceitos que lhes deram origem. É a superstição a responsável por estes desvios e alienação. Assim, aquilo que deveria cumprir plenamente a elevação espiritual do ser humano torna-se, ao contrário, a sua degradação e atraso.

Existe realmente um grande motivo para termos esperança. Somos todos nós seres humanos capazes de

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coisas fantásticas. Com segurança e confiança podemos transformar qualquer situação. A fé inabalável pode nos gerar inspiração para solução e consolo de todos os nossos problemas imediatos.

A autoconfiança é uma poderosa ferramenta para derrotarmos, superarmos ou aprendermos a conviver

com todos os males que nos afligem.

Podemos encontrar, através da espiritualidade, esta segurança, livres de superstições, caso contrário, o tormento e o medo sempre estarão nos afligindo.

Portanto, as religiões não podem servir de suporte para o tormento e o medo. O diabo não existe. A religião que dá vida ao diabo está mergulhada nas trevas da ignorância e do mal.

Gerarão intolerância, preconceito, medo, desconfiança, insegurança e, conseqüentemente, maldade. O exemplo passado, das injustiças cometidas no período de caças às bruxas, não nos deixa nenhuma dúvida em relação ao que esta mentalidade pode gerar.

A humanidade precisa livrar-se deste atraso e as religiões precisam, portanto, se depurar de todas as crenças que as deixam presas nas trevas da ignorância e superstição, para, enfim, estarem plenamente iluminadas. As religiões serão um centro de produção

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de valores humanos, onde a bondade será a grande resultante.

É um absurdo estarrecedor constatarmos a existência de mentalidades tão supersticiosas nos dias atuais. E, se ela ainda existe é porque a ignorância ainda persiste. Sendo assim, a ignorância precisa ser urgentemente eliminada do seio de nossa sociedade ou jamais teremos uma civilização digna deste nome.

Seja como for, as religiões não podem ser o veículo de sustentação e propagação da ignorância e da superstição. A primeira coisa que devem fazer é eliminar de vez esta concepção tão atrasada, que dá vida e poder a um diabo.

O diabo é a própria ignorância.

Quem conhece, através da sociologia, da psicologia, da física e mesmo de valores intrinsecamente espirituais, como os fatos se originam, não pode endossar explicações esdrúxulas e sobrenaturais às circunstâncias e fenômenos que nos ocorrem.

É inadmissível uma religião, digna desta condição, afirmar fatos que nos envolvem através de explicações supersticiosas. A função de uma religião, comprometida com a verdadeira elevação espiritual do ser humano, é iluminar as mentes e não, ao contrário, consolidar crenças absurdas, sem nenhuma relação com

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as verdadeiras Leis Universais, que tanto regem o mundo físico, material, quanto às verdades espirituais.

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ELIMINANDO TEMORES

ma especulação que também tem gerado muito medo na humanidade é a questão de uma presumível vida após a morte.

U

Existem diversas concepções em torno deste assunto e todas têm o medo como base. Ora, como constatamos sempre, a verdade nunca envolve algum tipo de medo, ao contrário. Podemos até lembrar uma frase bíblica que resume bem esta constatação: “conhecerás a

verdade e a verdade vos libertará”. Não poderíamos

encontrar pensamento mais adequado e significativo do que este.

Se algo gera medo, então, com certeza não existe uma verdade ali. Então, o que podemos deduzir é que todas as concepções que existem, até agora, em relação a este assunto estão equivocadas.

Sendo assim, ousamos refletir sobre a possibilidade da existência de vida consciente após a morte. É óbvio que um místico moderno e equilibrado, além do seu desenvolvimento psíquico e da forte intuição, também recorre a dedução lógica. E, faremos tal reflexão

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usando a dedução lógica. Só podemos desenvolver um raciocínio partindo de uma premissa e esta é-nos dada pelas leis que constatamos na natureza. Fora disto, acreditamos que cairíamos no campo da superstição.

É evidente que a reflexão, aqui colocada, é apenas e naturalmente uma simples especulação, contudo, ela será desenvolvida a partir do que nos é possível deduzir. Portanto, partiremos do que podemos aferir através do que nos apresenta perante os olhos, ou seja, da própria vida manifesta, material e de nossa vivência interior, intuitiva.

Como veremos, uma profunda reflexão a respeito deste assunto facilmente desmistifica várias crenças em torno do mesmo.

Como poderemos apreender a verdadeira natureza da vida após a morte? É evidente que só poderemos chegar a alguma compreensão a respeito deste assunto, se existir de fato uma vida após a morte, através de algo transcendente como a meditação, a contemplação e a reflexão (e aqui, naturalmente, entram os princípios lógicos da dedução, da indução e do silogismo).

Para alguns, isto pode parecer limitante e impreciso demais. Ainda preferem acreditar no que os dogmas lhes falam. Contudo, as informações assentadas pela maioria dos dogmas são muito mais incoerentes,

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ilógicas e sem nenhuma correspondência com o que podemos deduzir através da imanência das Leis.

Ora, não é difícil deduzirmos que, se existe uma vida consciente após a morte, como afirmam alguns, então, na morte nos libertamos de nossos corpos. Ou seja, ao morrermos deixamos de ter um corpo físico, bem como, logo em seguida, também nos desfazemos inevitavelmente da energia de nosso corpo psíquico.

Podemos deduzir que sem corpo deixamos, naturalmente, de ser homem ou mulher, criança ou velho, sadio ou doente, instruídos ou iletrados. Já não sentimos as necessidades físicas como o desejo de se alimentar e beber.

Como naturalmente o ego está associado ao nosso corpo físico, deixa de existir após a morte também e, assim, todos os impulsos nefastos dele desaparecem. Isto significa que apenas as tendências existem como potências.

Assim, podemos supor, portanto, que toda atitude maléfica inexiste nos planos espirituais, pois, sem o impulso do ego nos libertamos de certos pensamentos. O ego é o responsável por sentimentos como mágoas, rancor, ódio, inveja, desejo de vingança, espírito de competição e disputa, vaidade, orgulho, etc. Conseqüentemente, nenhum destes sentimentos pode sobreviver no mundo espiritual.

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Ao contrário de algumas crenças que afirmam existirem planos onde habitam pessoas más, isto não pode corresponder a uma verdade. Nos planos espirituais não podem existir pessoas boas ou más. O que existe são mentes confusas ou não. Todo falecido, ou seja, toda alma livre do corpo também eliminou o ego e sem ego não existe nenhum sentimento maléfico.

Só o ego pode produzir o mal. E, se o ego só existe enquanto existir um corpo físico, então, obviamente todas as tendências maléficas do ego se desfazem quando um ser humano morre, portanto, nenhuma tendência maléfica sobrevive após a morte. O morto, ao livrar-se do ego, livra-se também de todas as tendências nefastas que influenciam o ser humano enquanto encarnado.

Sendo assim, não pode existir um plano habitado por mentes maldosas e que o único passatempo destas é infernizar a vida daqueles que estão no plano material. Quem está confuso no plano espiritual está tão inconsciente que sequer sabe da existência do mundo material.

Neste mundo abstrato podemos concluir, portanto, que não existe tecnologia, afinal não existe matéria e um mundo material e, assim, não precisamos de recursos técnicos para existirmos lá.

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O que podemos deduzir é que com a morte a consciência se expande e se liberta de todos os limites materiais.

Mentalmente apenas vivemos um estado (agradável ou não). Certamente vivemos nestes planos um pouco perdidos, digamos assim, de nossa condição. Portanto, a maioria dos falecidos não tem consciência da existência do plano material, manifesto e, assim, não exerce e não pode exercer nenhuma influência sobre este.

Só quem conseguiu alcançar a plenitude da Consciência Cósmica pode abarcar e ter consciência plena de todos os planos.

Fora do conhecido baixo astral, onde mentes perturbadas por ter cometido suicídios e etc, existe um sentimento muito agradável. E, só somos inquietados quando as tendências nos impulsiona à uma nova vida.

Vamos deixar a paz dos planos espirituais e viver mais uma vez e enfrentar as dificuldades e limites do mundo manifesto e vivermos sobre o domínio do ego. Isto nos deixa pouco à vontade, afinal deixaremos um plano onde não temos gênero (macho ou fêmea), não envelhecemos, não adoecemos, não precisamos trabalhar para nos alimentar e não estamos vestidos de uma individualidade egóica, causadora de todas as dores e males humanos.

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É justamente o ego que alguns confundem com encostos, demônios e entidades maléficas sobrenaturais. Isto ocorre porque não conhecemos suficientemente o ego. Não reconhecemos como nossos alguns pensamentos e desejos que o nosso próprio ego produz. Estranhamos certos impulsos. Pensamos que certos pensamentos e desejos nos vieram exteriormente e, portanto, têm origem externa a nós.

Concluímos, portanto, que todos os nossos medos relativos à nossa condição futura de seres desencarnados são infundados.

Se o ser humano tiver uma idéia real a respeito dos planos espirituais, condição alcançada por toda alma livre da matéria irá na verdade desejá-los.

Quando Cristo falou que “O meu reino não é deste mundo” se referia a essência fundamentalmente espiritual.

Viver tem uma grande importância para o nosso crescimento e, conseqüentemente, para a expansão de nossa consciência. Sem a atividade do mundo manifesto iríamos permanecer numa inconsciência cósmica profunda.

Nos planos espirituais não existem ações. A ação só pode ocorrer no mundo manifesto. A ação só ocorre

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a partir da relatividade do tempo e espaço e nos planos espirituais não existem tempo e espaço.

Viver é agir. É a ação que nos move e, ao mover, faça-nos crescer. A evolução só pode ocorrer através do mundo manifesto, onde existe o tempo e o espaço.

Nos planos espirituais não existem tempo e espaço e não os existindo, certos acontecimentos que algumas crenças atribuem a entidades espirituais sobre o mundo manifesto não passam de mito, ou seja, de um grande equívoco.

Nenhum morto pode alterar qualquer coisa no mundo manifesto. A alma só age através de um instrumento manifesto.

Num primeiro instante a morte é surpreendentemente uma tomada de consciência, uma revelação. Contudo, depois as crenças absorvidas se fixam na consciência e limitam a visão da alma e nada pode ser feito para alterar este estado. A personalidade-alma precisa voltar para se purificar, libertando-se de todos os entraves.

Como podemos fazer tal dedução? Um místico, através da meditação, contemplação e reflexão comunga realmente com planos de consciência inacessíveis à maioria. Para tanto, o buscador precisa ser iniciado.

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Pode-se questionar isto? Claro. É justamente isto que um místico autêntico faz todo o tempo. Ele precisa eliminar tudo o que não for verdadeiro. É um processo alquímico, de depuração, de reflexão e questionamento constante. Um místico autêntico é um filósofo, afinal, a sua meta é a sabedoria.

Seja como for, toda esta dedução é de uma LÓGICA admirável e vale uma profunda reflexão!

A despeito de muitas crenças equivocadas ainda mantidas em relação a esta questão, existindo uma vida além túmulo, ela só poderá ser bem diferente do que nos acontece enquanto manifestos no plano material e, talvez, venha constituir uma grande agradável surpresa que nos espera. Seja como for, isto será sempre especulativo, porém, com certeza, existindo uma vida consciente após a morte, não vamos nos deparar com o mal, mas com uma condição extremamente prazerosa.

Pode ser que não exista vida consciente após a morte, porém, existindo, ela só poderá ser conforme descrevemos acima. O bom-senso não nos permitiria supor diferente.

Acreditamos que as outras concepções em torno deste assunto foram produzidas pelo medo e se o medo as produziu, então, elas certamente apenas o representam e não uma realidade plausível.

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Conforme sempre constatamos todos os equívocos, todas as superstições surgiram a partir do medo. O medo nunca confirmou nenhuma verdade. Através dele nenhuma verdade foi confirmada, ao contrário, quando compreendemos um fenômeno o medo é eliminado e, junto com ele, todas as especulações que o originou.

Desta forma, sempre precisamos desconfiar de toda crença que tem o medo como sustentação.

No início da Idade Moderna, quando a ciência começou a demonstrar que certos dogmas estavam equivocados, houve muita resistência e muitos cientistas foram perseguidos, condenados, torturados e mortos. Este exemplo, que todos nós conhecemos demais, deve servir para avaliarmos condutas semelhantes. É evidente que, ou existe interesse na manutenção de certas crenças ou a ignorância continua querendo prevalecer. E isto, realmente, é sustentação do mal.

Para que o mal seja de fato extirpado, então, precisamos reavaliar todas as nossas crenças. O diabo só vai existir se continuarmos dando vida a ele.

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AFASTANDO ENCOSTOS

ão dá para negar o indiscutível papel das religiões para o desenvolvimento de nossa civilização. Elas contribuíram, em alguns casos, com a elevação moral do ser humano. Produziram muitas pessoas admiráveis. E este é a sua verdadeira missão. Contudo, quando, através da manutenção de crenças absurdas, disseminaram as mais terríveis posturas, distorcendo seus verdadeiros ideais e missão, perderam o rumo.

N

O poder temporal corrompeu diversos líderes e todos os tipos de arbitrariedades foram cometidas para garantir uma posição que já não condizia com a pureza original dos valores que deveriam defender e propagar.

Um dos meios para a perpetuação do poder, gananciosamente defendido, foi a de acusar os opositores de agentes do mal. Não existia argumento melhor e mais facilmente assimilado pelos seguidores incultos.

Numa época em que a ignorância reinava absoluta, a idéia de que satanás desejava destronar os

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encontrar melhor respaldo. Contudo, como sabemos, foram justamente estes pseudo-representantes de Deus que cometeram todas as maldades possíveis.

O lamentável é que estas idéias terríveis, sustentadas pelo medo e a ignorância, se perpetuem em nossos dias. Lamentável é constatarmos líderes religiosos ainda defenderem mentalidade tão atrasada.

Acreditamos que mesmo que certas atitudes maléficas não sejam feitas conscientemente, são frutos de simples ignorância. Entretanto, isto não justifica os seus causadores, pois, afinal, de toda forma, utilizam suas crenças absurdas para obterem proveitos pessoais.

Todos têm consciência da dependência que geram ao criar pavor naqueles que crêem no que afirmam.

Realmente, se tivéssemos que admitir a existência do diabo, então, teríamos que admitir que ele exista sim. Que ainda existem representantes do mal (ou seja, das trevas, da ignorância). Estes são justamente aqueles que se utilizam desta crença para gerar medo e dependência nos crédulos ingênuos.

Podemos afirmar que só existe um caminho para o ser humano se libertar: o conhecimento. Enquanto houver ignorante, haverá aproveitadores para propagar o medo e gerar escravidão mental. Não podemos reconhecer maior demônio do que este!

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É evidente que as religiões têm um papel importante para o nosso processo de humanização. No entanto, para que a missão que lhes cabe cumprir, seja realizada, então, precisa se depurar e livrar-se do atraso que as têm colocado num sentido oposto à sua natureza original.

A atitude religiosa, o religare, só pode produzir sabedoria e bondade. Tudo que não corresponda a estas duas condições está desvirtuado. Este caminho está nas palavras de todos os guias espirituais que a humanidade conheceu e que deram origens às religiões que, pretensamente, afirmam perpetuar suas idéias.

Para nos livrarmos das trevas definitivamente e das garras dos demônios, filhos da ignorância, então, precisamos eliminar estas crenças que não representam outra coisa senão o atraso.

Qual a base da crença? Qual a diferença entre crença e fé? Todas as religiões conhecidas colocam a crença como base de seus dogmas. Ou seja, as crenças de uma religião são inquestionáveis. O crente tem que as aceitar incondicionalmente. Assim, o número de religiões é proporcional às crenças que existem. Naturalmente, portanto, começa a existir choques entre crenças. Todas tentam se firmar como verdadeiras e, consequentemente, repudiam as demais. Desta forma, as crenças são as bases também dos conflitos religiosos

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