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O ensino superior privado em Campina Grande/PB: quem são e como são contratados os professores do ensino superior privado

O TRABALHO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR NO CONTEXTO DA ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL EM CAMPINA GRANDE/PB

4.1 O ensino superior privado em Campina Grande/PB: quem são e como são contratados os professores do ensino superior privado

Em Campina Grande/PB, há oito instituições de ensino superior presenciais, dentre as quais duas públicas, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Como demonstra o Gráfico 1, ao todo, são seis as instituições privadas que oferecem cursos presenciais em Campina Grande/PB; dentre estas, empresas locais e grupos regionais. A realidade local segue os parâmetros do país como um todo e do Nordeste, onde 87,4% e 82,2592 das instituições de ensino superior são privadas, respectivamente.

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De acordo com os dados do e-sic fornecidos em 2014, atualmente há 4.074 funções docentes em exercício na cidade, sendo 2.400 homens (59%) e 1.674 mulheres (41%). Desse total, 79% (3.236) das funções docentes atuam no ensino público e 21% (838) no ensino privado, como demonstrado no Gráfico 2. Apesar de minoritário em termos quantitativos, é no ensino público onde se concentra a maior quantidade de funções docentes em exercício, uma peculiaridade da cidade em relação ao resto do país, onde há o predomínio de quase 59% das funções docentes no setor privado, conforme os dados da Tabela 10 demonstrada anteriormente.

Gráfico 1 - Instituições de Ensino Superior segundo categoria administrativa (público e privado) – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Gráfico 2 - Funções docentes em exercício segundo categoria administrativa (público e privado) – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

6 75% 2

25% Privada com fins

lucrativos Pública 838 21% 3236 79% Privada com fins

lucrativos Pública

Segundo a organização acadêmica, o quadro da cidade também diverge do país e da região Nordeste, como mostra o Gráfico 3. Em Campina Grande/PB, os docentes se concentram nas universidades, 78%, estando 20% nas faculdades e 2% no Instituto Federal. No que diz respeito à distribuição no setor públicas, 98% dos docentes estão das universidades públicas e apenas 2% no Instituto Federal, como exposto no Gráfico 4. Contudo, é importante destacar que tais funções docentes estão listadas nos dados fornecidos pelo e-sic como pertencentes à UFCG e UEPB, embora nem todos atuem em Campina Grande/PB propriamente, pois há os campi do interior que não foram diferenciados nos dados.

Gráfico 3 - Funções docentes em exercício segundo organização acadêmica – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Gráfico 4 - Funções docentes em exercício segundo categoria administrativa em Instituições Públicas de Ensino Superior – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014. 838 20% 66 2% 3170 78% Faculdade IFPB Universidade 66 2% 3170 98% INSTITUTO TECNICO DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE

A distribuição das funções docentes em exercício entre as instituições privadas está disposta no Gráfico 5. Observa-se que 75% do mercado de trabalho docente de instituições de ensino superior privada encontram-se dominados pelo mesmo mantenedor (chamada de Instituição C), o que confere a tal ente privado extremo poder de controle sobre esse mercado e influência nas Convenções Coletivas de Trabalho. A Instituição A detém 17% das funções docentes. A Instituição B e C, de forma respectiva, os 5% e 3% restantes.

Qualitativamente, percebeu-se que o quadro de docentes do ensino superior é bastante diversificado, o que dificulta traçar um perfil exato desses profissionais. Na verdade, neste setor, há uma mescla de professores que se dedicam exclusivamente à docência, os profissionais liberais que dão aula como atividade secundária (advogados, administradores, contadores, médicos, fisioterapeutas, enfermeiros etc.), os servidores públicos da carreira jurídica que, respaldados pela Constituição Federal, exercem a docência (juízes, membros do Ministério Público, procuradores federais, oficiais de justiça etc.) e ainda os professores de universidades públicas, em exercício ou aposentados, que complementam renda nas instituições privadas.

Tomando como parâmetro essa diversidade, na análise dos dados, os docentes foram distribuídos em categorias que marcassem este traço, sendo divididos entre os seguintes grupos: 1) docentes de carreira em exercício; 2) funcionários públicos e liberais que lecionam; 3) aposentados das universidades públicas; 4) coordenadores em exercício; 5) docentes egressos e 6) coordenadores egressos. Suas diferenciações em termos de vivência no trabalho, sentimentos de inconformismo e/ou resignação, bem como as expectativas em relação ao setor, sempre que possível, serão marcadas ao longo da análise.

Gráfico 5 - Funções docentes em exercício segundo categoria administrativa em Instituições Privadas de Ensino Superior – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Historicamente, Campina Grande/PB se destaca pela representatividade de suas universidades públicas, que lhe constituiu a identidade cidade universitária e Polo Tecnológico, notadamente pela qualidade dos cursos de Ciências da Computação e das Engenharias do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT).

O marco inicial das instituições de ensino superior de Campina Grande/PB foi em 1952, ano em que foi criada a então Escola Politécnica da Paraíba (POLI)93 e a Faculdade de Ciências Econômicas (FACE). Essa última, porém, só veio funcionar na década de 1960. Mais tarde, em 1973, foram federalizadas, passando a compor o Campus II da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), quando foram criados o CCT e o Centro de Humanidades, formado pelos cursos de Ciências Econômicas e Sociologia Política (MELO, 2013).

No mesmo período, Edvaldo do Ó, economista campinense, começou a reunir pessoas para fundar uma instituição própria da cidade. Em 1966, o prefeito Williams de Sousa Arruda sancionou a criação da Universidade Regional do Nordeste (URN), gerida pela Fundação Universidade do Nordeste (FURNE). Foi a primeira instituição de caráter universitário localizada no interior e não na capital. A URN foi estadualizada em 1987 por Tarcísio Burity, originando a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) (MELO, 2013).

Retomando aos dados recentes, por haver uma predominância do ensino público no emprego das funções docentes, Campina Grande/PB difere mais uma vez do paradigma nacional, pois a maioria dos professores é contratada no regime de trabalho

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Sobre a criação da POLI, ver Lima (2010) e Torres (2010). 17% 5% 75% 3% Inst. A Inst. B Inst. C Inst. D

em tempo integral com dedicação exclusiva, uma característica das universidades públicas, não havendo o regime horista. Isto pode ser observado no Gráfico 6.

Gráfico 6 - Funções docentes em exercício segundo regime de trabalho – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Separando o tipo de contrato de trabalho por organização acadêmica, nas instituições públicas de Campina Grande/PB, o quadro se apresenta segundo especificação do gráfico 7, 93% das funções docentes trabalham em tempo integral, dos quais 10% sem dedicação exclusiva e apenas 7% em tempo parcial.

Gráfico 7 - Funções docentes em exercício segundo regime de trabalho em Instituições Públicas de Ensino Superior – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014. 162 4% 2765 68% 609 15% 538 13% Horista Tempo Integral com dedicação exclusiva

Tempo Integral sem dedicação exclusiva 2644 83% 322 10% 204 7% Tempo Integral com

dedicação exclusiva Tempo Integral sem dedicação exclusiva Tempo Parcial

Gráfico 8 - Funções docentes em exercício segundo regime de trabalho em Instituições Privadas de Ensino Superior – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Segundo o Gráfico 8, nas instituições privadas, por sua vez, a maior ocorrência é de tempo parcial, 40% dos contratos de trabalho, seguido pelo regime de contratação em tempo integral sem dedicação exclusiva (31%), pelo regime horista, 19%, e apenas 10% das funções docentes trabalhando com dedicação exclusiva. Em termos relacionais, os docentes de Campina Grande/PB são contratados em condições mais favoráveis que no resto do país, por uma minoria ser contratada como horista, o que implicará a intensificação das jornadas de trabalho sem a devida estabilidade do emprego, como será detalhado no último capítulo.

Dentre as funções docentes em exercício na cidade, foram entrevistados 28 professores de instituições privadas, dentre os quais havia professores, ex-professores, coordenadores e ex-coordenadores, com faixa etária entre 28 e 65 anos. A maioria, portanto, encontra-se na faixa etária dos 36 aos 40 anos, seguindo a mesma tendência das demais regiões do país. Em termos de tempo de docência, foi encontrada uma variação de dois a 24 anos, estando a grande maioria atuando na docência de ensino superior há 10 anos em média. Trata-se de uma geração relativamente nova de professores, muitos ainda com seus mestrados e doutorados em andamento. Mas também há professores aposentados das Universidades Federal de Campina Grande e Estadual da Paraíba, justamente aqueles com idade entre 62 e 65 anos.

No que diz respeito ao grau de formação, as funções docentes estão distribuídas de acordo com a realidade nacional, ou seja, concentração de doutores nas universidades

162 19% 81 10% 261 31% 334 40% Horista

Tempo Integral com dedicação exclusiva Tempo Integral sem dedicação exclusiva Tempo Parcial

públicas, 50% (1.577) e concentração de mestres e especialistas nas faculdades privadas, no total, 73% ou 609 mestres e especialistas, com apenas 27% das funções docentes de doutores (229) segundo os Gráficos 12 e 13. Como a exigência legal prevista na LDB fala de 1/3 de mestre e doutores, as instituições privadas optam pela contratação de mestres, pois, com isso, atendem aos requisitos legais e enxugam as folhas de pagamento, evitando a contratação de doutores com hora aula mais elevada.

Gráfico 9 – Funções docentes em exercício segundo o grau de formação em Instituições Públicas de Ensino Superior – Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014. 1577 50% 231 7% 189 6% 1159 37% 14 0% Doutorado Especialização Graduação Mestrado Sem Graduação

Gráfico 10 - Funções docentes em exercício segundo o grau de formação em Instituições Privadas de Ensino Superior– Campina Grande/PB – 2014.

Fonte: Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), 2014.

Dos entrevistados em Campina Grande/PB, 10 são especialistas. Dentre eles, dois fazendo mestrado, 13 são mestres, sete estão desenvolvendo seus doutorados e cinco são doutores, segundo a Tabela 12, que mostra como os doutores se concentram nas instituições públicas. Os que se dedicam à pós-graduação stricto sensu, geralmente buscam programas da cidade (usualmente interdisciplinares), conciliando os interesses de pesquisa à conveniência de estudar em casa sem se afastar do trabalho, por não ter condições de financiar os estudos em outros centros e cobrir as despesas domésticas, muitas vezes, portanto, comprometendo sua formação. Quanto a isto, relatou um professor:

Trabalhar e fazer um doutorado é uma loucura. Já pensei em desistir várias vezes. Tenho um orientador que é um santo, um homem de bem, mas assim, a paciência dele tem limite. Eu já disse eu vou ter que diminuir minha carga horária, não posso abrir mão da carteira assinada, porque você sai para fazer um doutorado, o colega senta e depois ele não abre mão do lugar dele. Você volta um doutor desempregado (informação verbal94).

O quadro encontrado pela presente pesquisa não destoou dos demais casos empíricos consultados, a exemplo dos resultados de pesquisas de doutorado apresentados por Fernandes (2007) e Siqueira (2009). Inicialmente, Fernandes (2007), após realizar entrevistas com 30 docentes de seis cursos de um determinado centro universitário, cujo nome e região não foram revelados, caracterizou o corpo docente como composto de uma maioria de mestres, com faixa etária total de 31 a 40 anos em

94 Dados referentes à entrevista 05, concedida pelo professor colaborador a Nadine Agra em caráter de pesquisa. 229 27% 172 21% 437 52% Doutorado Especialização Mestrado

média para ambos os sexos, com tempo no magistério de cinco anos, reservadas as devidas variações. Siqueira (2009), por sua vez, entrevistou 16 professores de quatro instituições de ensino superior privadas de Brasília/DF, cuja faixa etária predominante entre os docentes era de 40 a 48 anos, entre uma faixa de 30 e 65 anos no total.

Utilizando os conceitos de Habermas, Fernandes (2007) analisou a questão da escolha da profissão docente, constatando o predomínio de uma racionalidade técnica- instrumental em 60% dos professores, para os quais a opção pela docência se deu pelos seguintes fatores:

1) Gostavam da profissão, de ensinar, de transmitir seus conhecimentos, de estudar e consideram-na como uma forma de missão; 2) tiveram modelos familiares de professores, sentiam admiração por professores, foram incentivados por professores e suas famílias valorizavam a profissão; 3) por vocação, brincavam de escolinha desde criança e sentiam ter perfil de professor; 4) pela questão financeira, para complementação da renda e por valorizarem as condições de trabalho; 5) por acaso – não imaginavam seguir a profissão docente (FERNANDES, 2007, p. 05).

Em Campina Grande, a maioria dos entrevistados não se preparou especificamente para a docência. Chegaram às instituições privadas em busca da oportunidade de inserção no mercado de trabalho que faltava em outros setores, como os administradores, por exemplo, que enfrentam graves restrições no mercado de trabalho local. Apenas um egresso do setor privado, hoje professor de uma instituição pública, mostrou ter se preparado para a docência, só começando a atuar após a conclusão do mestrado. Ademais, outro falou da influência familiar, em função de os pais serem professores. Este, um profissional da área de saúde, considera a docência a realização de um sonho, um prazer, uma forma de se manter atualizado, não um meio de sobrevivência.

O tempo de preparação para a docência foi realçado pela pesquisa de mestrado de Carvalho (2009) ao analisar a realidade de trabalho docente nos cursos de Serviço Social ofertados por instituições privadas na Zona da Mata de Minas Gerais. Em entrevista com nove professores, pretendeu mostrar como os professores “se jogam” na carreira, sem passar por uma pós-graduação temendo perder a chance de inserção no mercado, para muitas profissões, extremamente afunilado, como no caso das Ciências Sociais Aplicadas. Este fator faz com que a docência se torne uma alternativa de ocupação. Os docentes, então, iniciam suas atividades sem se sentirem devidamente preparados para a prática de sala de aula, o que indica algumas falas ao mencionarem

expressões como “formação aos trancos e barrancos” ou “preparação enquanto docente”.

Essa situação indica certo despreparo para a atividade, como também demonstra a falta de critério das contratações. “Eu vim sem preparo nenhum. Me chamaram num dia pra eu começar a dar aula no outro. Eu não tive preparo nenhum, gostaria muito de ter tido” (informação verbal95

). Diante disso, destaca-se o fato de as contratações ocorrerem mediante convites e indicações e, apenas em alguns casos, há seleção mediante prova aula (CARVALHO, 2009). Situação similar é evidenciada por Siqueira (2009) em Brasília, onde o ingresso em instituições particulares é decorrente de convites por amizade e/ou indicação de membros da instituição.

Justamente, como foi verificado nas instituições privadas de Campina Grande/PB, alguns profissionais de renome nas suas áreas, diretores de empresas, juízes, promotores, procuradores, advogados, funcionários públicos de destaque, médicos, chegam às instituições privadas por meio de convites. Os estabelecimentos pretendem, com isso, utilizar esses currículos (não necessariamente acadêmicos) para promover o marketing institucional. Pelos depoimentos de ex-coordenadores, percebe- se o quanto o critério de contratação é subjetivo e discriminatório, totalmente à mercê das instâncias hierárquicas superiores:

Outro critério de contratação eram informações informais que a direção tinha a respeito do professor. A vida social dele, características de comportamento fora do ambiente de trabalho, sempre tinha uma rede de fofocas que alimentava tudo isso. Só eu sei o que eu passei ali! Em todo setor tem um informante! (informação verbal96).

Quando questionado sobre a “rede de fofocas”, respondeu:

São outros professores e as próprias pessoas que integram as coordenações. Que elas sabiam... muita gente da [nome da instituição] veio da [cita uma instituição pública]. Então, tinha uma cultura organizacional muito parecida com coisas de lá, que são essas informações de entrelinhas. Profissionais que conheciam uns aos outros de longa data e diziam: “fulano já fez isso, já fez aquilo”; “ele tem essa preferência sexual”; “tem um pé no sindicato”... todas essas informações, na verdade, eram mais decisivas que a titulação. A titulação era a primeira triagem e essas informações vinham depois. Tanto quanto valiam também as indicações. Já tive caso de um professor que ele, no meu entender, era incompetente para assumir a disciplina que ela tava, mas

95

Dados referentes à entrevista 05, concedida pelo professor colaborador a Nadine Agra em caráter de pesquisa.

eu não pude tirá-lo porque a esposa dele era amiga de uma das diretoras. Então, ele permaneceu ali (informação verbal97).

Ainda foi relatado que, quando surgia a necessidade de novas contratações, o ex- coordenador 1 recebia uma pasta de currículos com observações em letras garrafais, indicando a possibilidade de contratação ou não. Por exemplo: “não contratar; é sindicalista” ou “não contratar; é gay”. Com feições de extrema satisfação e alívio, comentou: “Hoje, todos esses são professores das federais, graças a Deus!” (informação verbal98).

Em outro depoimento, quanto aos critérios não convencionais de contratação das instituições privadas, aos quais chamou de “pré-seleção”, tanto foi bem evidenciado quanto deixou muito claro como elas buscam profissionais que se enquadrem num determinado perfil almejado pela instituição, ficando os critérios acadêmicos (titulação, produção, didática) em segundo plano.

A gente tem todo esse cuidado. É tanto que a gente faz uma pesquisa no Facebook, para ver como é o comportamento do professor. Às vezes, tem um professor que é top, mas tem um comportamento adverso no Facebook. O perfil do profissional tem que ser condizente com o da instituição. A instituição tem muito cuidado em saber quem é o professor, de onde vem. Tem uma pré-seleção; a gente pergunta aos outros, para não correr o risco de vir um profissional que tumultue o clima harmônico da instituição (informação verbal99).

Seja em Campina Grande/PB ou nas regiões analisadas por meio das demais pesquisas, o ethos empresarial e não o acadêmico é o que predomina nas instituições privadas de ensino superior. Questões acadêmicas aparecem como pano de fundo de campanhas publicitárias ou em períodos precedentes às visitas do MEC para regulamentações de curso. No mais, predominam interesses de ganho que induzem a absorção de princípios da gerência moderna no cotidiano universitário, atualmente orquestrado pelas associações de mantenedores e pelas consultorias especializadas já citadas anteriormente, o que impacta as condições de trabalho docente ao introduzir as marcas do mundo do trabalho nesse universo.

Em Campina Grande/PB, percebe-se que esse ethos empresarial ainda vem contagiado por valores próprios do empresariado interiorano, como, por exemplo, saber

97 Idem. 98 Ibidem.