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1. DESCREVENDO O CASO: A REFORMA, A ESCOLA, AS PESSOAS, OS

1.3. Descrição dos personagens da história: os atores envolvidos no processo

1.3.2. A supervisão

A escola em questão é atendida atualmente por cinco supervisoras. Como o tema deste trabalho está direcionado para a questão do Ensino Médio, foi entrevistada, no dia 28 de outubro de 2011, apenas a Sra. T.S.V., supervisora responsável pelo Ensino Médio no turno da manhã. As questões utilizadas no roteiro desta entrevista estão disponíveis no Anexo II deste trabalho. De acordo com a supervisora, o trabalho na escola visa o atendimento aos professores, pais e alunos, a realização das reuniões de Conselho de Classe (que são bimestrais), o estudo de materiais específicos (por parte das supervisoras) e o acompanhamento e o suporte pedagógico para todas as atividades.

A supervisora está na escola há 20 anos e, segundo ela, não obstante às dificuldades e desafios que o Ensino Médio enfrenta, a escola vem conseguindo manter sua posição de destaque quanto ao aproveitamento e rendimento dos alunos. Pelo que se pode observar, a sala da supervisão está privilegiadamente localizada no centro do pátio da escola, o que facilita a realização do trabalho.

De acordo com a supervisora, no início do ano sempre são realizadas reuniões pedagógicas com os professores para que seja feito o planejamento anual comum das atividades da escola. Além disso, segundo ela, o serviço de supervisão acompanha e orienta reuniões entre professores da mesma disciplina ou mesma área para que o trabalho realizado esteja em sintonia. Outra realização da supervisão é a convocação de algumas reuniões específicas de planejamento e estudo (Módulo II) onde os professores estudam e discutem sobre questões importantes da vida escolar.

Com relação ao sucesso da escola no ENEM 2010, a supervisora atribui a conquista a toda a equipe, elogiando a direção, professores e estudantes pelo trabalho realizado. Questionada se a escola trabalha com algum tipo de simulado específico para a preparação dos estudantes para o ENEM, a supervisora afirmou que a escola não usa provas específicas para a preparação dos alunos para o exame anual. De acordo com ela, é comum que os professores procurem preparar seus alunos durante todo o curso do Ensino Médio, utilizando

questões de exames antigos nas provas bimestrais para mostrar qual é o padrão de item utilizado nesta prova específica.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que, segundo ela, por várias vezes, os professores se dedicaram a estudar os Parâmetros Curriculares Nacionais na Escola, bem como a preocupação de todos quanto às orientações que sempre surgem quanto ao Ensino Médio. Atualmente, os Conteúdos Básicos Curriculares do Ensino Médio do Estado de MG (CBC – MG) foram entregues a todos os professores da escola para estudo e serão debatidos e estudados, em breve, de forma coletiva entre os profissionais da escola. Por conta das muitas ocupações relacionadas à conclusão do ano letivo, não há previsão para que este estudo aconteça ainda neste ano.

Com relação à organização curricular da escola, a supervisora afirmou claramente que a escola segue tanto as orientações nacionais do MEC (PCNEM e DCNEM) quanto as orientações do CBC de Minas Gerais. Segundo ela, os professores da escola têm acesso a estes documentos e que o serviço de supervisão procura orientar a todos os docentes para que essas orientações sejam cumpridas. Além disso, afirmou também que a escola oferece condições favoráveis para que estes documentos sejam aplicados e que todas as supervisoras da escola procuram, dentro do possível, manterem-se atualizadas e preparadas para auxiliar no trabalho.

Sobre a construção do PPP (ocorrido no ano de 2008), T.S.V. afirmou que já estava na escola nesta época e participou diretamente da construção do documento, a qual envolveu a participação direta de todos os professores da escola, que contribuíram efetivamente na elaboração do Projeto. Porém, de acordo com as atas das reuniões realizadas nesta época, foi possível perceber que os professores foram comunicados e convocados para participarem da construção do PPP da escola. Numa reunião, realizada no dia 10 de março de 2008, os professores foram questionados sobre que pontos deveriam aparecer no texto. Logo após isso, com base no documento antigo, as supervisoras da escola redigiram o novo documento (aproveitando alguns pontos do antigo e acrescentando novos). A nova versão foi apresentada à diretora da escola que a aprovou. Logo depois, numa reunião realizada no dia 12 de agosto de 2008, reunidos em assembléia, os professores e funcionários aprovaram, de forma unânime, o novo PPP17.

Vale destacar que nas atas pesquisadas não há nenhum registro de participação da comunidade escolar no processo de construção do PPP. Questionada sobre isso, a supervisora

T.S.V. afirmou que há uma grande dificuldade da escola em motivar aos pais e responsáveis a participarem da vida escolar dos filhos, e que a não participação deles na elaboração do Projeto Pedagógico é reflexo disso.

A supervisora afirmou também que recorre com frequência ao documento e que sempre procura usar os fundamentos nele contidos nas reuniões com pais e professores. Questionada sobre o PPP, a supervisora caminhou diretamente ao armário da sala da supervisão onde o documento estava guardado. Segundo ela, o acesso ao PPP é livre para todos os professores da escola e, quando um professor novo chega à escola, este documento é apresentado a ele.

Sobre a preparação e o envolvimento dos professores com as novas orientações para o Ensino Médio, T.S.V. afirmou que eles são muito competentes, possuem boa formação e experiência comprovada com o magistério. Além disso, afirmou que, apesar da falta de tempo, há boa receptividade por parte dos docentes quanto às orientações dadas pela supervisão no intuito de melhorar o trabalho de todos na escola. Para aperfeiçoar ainda mais esse trabalho, a entrevistada disse que durante as reuniões com os docentes (sejam elas coletivas ou individuais) a supervisão procura, de forma dialogada e democrática, encaminhar o trabalho para aquilo que é proposto pelo Ministério da Educação.

A supervisora observou ainda que no início de cada ano letivo, quando os professores apresentam por escrito seu planejamento anual à supervisão, ela mesma faz questão de observar se os planejamentos individuais de cada docente estão em acordo com o Projeto Pedagógico da escola. Quando isso não acontece, a supervisora afirma que conversa e tenta orientar o professor para que o PPP seja cumprido em sua práxis didática.

De acordo com T.S.V., as dificuldades para a aplicação dos PCNEM estão relacionadas à falta de tempo para que reuniões e momentos de estudo sejam realizados por parte dos professores Para superar tais dificuldades, a supervisão sempre realiza as reuniões dos conselhos de classe, está presente nos encontros de Módulo II (reuniões realizadas em horários extras pelos professores) e através dos atendimentos individuais.

Não obstante, segundo a opinião da supervisora, a escola em que trabalha aplica as orientações dos PCNEM em sua organização curricular. A atuação da direção, segundo a supervisora T.S.V., é fundamental, haja vista que a diretora, através de seu trabalho, cria condições para o trabalho de todos os outros profissionais da escola, além de possibilitar a realização de projetos e intervenções pedagógicas.