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SURGIMENTO DA PROTEÇÃO DO TRABALHADOR

Inicialmente, devem ser analisadas as distintas fases de utilização do trabalho humano. É o que Brandão140 chama de “pré-história da proteção ao trabalho”, assim elencadas:

a) O trabalho escravo, prática comum (universal) no mundo antigo,

apenas lhe possibilitava o ganho da comida que garantia a sua subsistência e a continuidade da obtenção dos frutos do seu trabalho por aquele a quem pertencia. [...] somente vindo a ser considerada forma de trabalho indigno com a Revolução Francesa (1789); b) o surgimento dos servos representou o primeiro marco evolutivo, na medida em que passaram a ser vistos como pessoas, sendo figuras intermediárias entre o escravo e o homem livre, com capacidade de serem titulares de relações jurídicas [...] começando a desaparecer no final da Idade Média; c) O colono, como arrendatário do prédio rústico, rompe com a concepção do trabalhador servil e, mais tarde, marca o nascimento das “villas, unidades de população campesina semilivre, autônomas frente às cidades, e os grandes colonatos”; d) As corporações na Idade Média representam uma alteração no sistema econômico com o deslocamento das pessoas para as cidades, fugindo à pressão do quase absoluto poder dos nobres, o que favorece a concentração de massas de população e o aparecimento de trabalhadores com idêntica profissão que, para garantirem a conquista de direitos, se unem, dando início às corporações de ofício, marcando o nascimento do trabalho assalariado, prestado pelos companheiros e pelos oficiais (trabalhadores assalariados) aos mestres (proprietários das oficinas). “Tais agremiações eram caracterizadas pela existência de uma estrutura hierarquizada, com predominância da vontade do grupo, regulamentando desde a capacidade produtiva até as técnicas de produção.”141

La Cueva142 aponta que o apogeu das corporações ocorreu

140 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador.p. 41. 141 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 42. 142 LA CUEVA, Mário de. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do

entre os séculos XV e XVI, quando alcançaram força política considerável e contribuíram para o progresso da cultura nas cidades, provocando mudanças nos modelos de desenvolvimento do capital, da manufatura e da indústria.

Olea143 revela que o predomínio era do trabalho no campo, registrando-se, em grande parte do século XV, inúmeras revoltas, que permaneceram intermitentes nos séculos que se seguiram.

“No aspecto político, vigorou o absolutismo, com prevalência da vontade do Estado sobre o indivíduo, suprimindo qualquer forma de contestação, ou mesmo de reivindicação, por parte da classe trabalhadora, que não desfrutava de proteção e cujo trabalho se destinava apenas a aumentar as riquezas da classe burguesa.”144

A burguesia por sua vez, lutava contra a nobreza, fortalecendo os ideais libertários que motivaram a Revolução Francesa de 1789, marco histórico decisivo, no qual consolidava a supremacia da vontade do indivíduo e, como consequência, o completo afastamento do Estado das relações contratuais, a partir da igualdade jurídico-política dos cidadãos. Suprimia a atuação das corporações, consideradas opressoras, não se admitindo a “pressão de grupos em detrimento da vontade individual”, pois consideradas “incompatíveis com o ideal de liberdade do homem”.145

Brandão146 ressalta que:

Foi importante, dentre outros aspectos, por “desfigurar a subordinação física e servil do trabalhador, transformando-a em uma subordinação contratual, já que reconhecia a autonomia de vontade, consagrando a liberdade de contratar”.147

A Revolução Francesa proporcionou o desenvolvimento do

143 OLEA, Manoel Alonso. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil

do empregador. p. 42.

144 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 42. 145 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 42. 146 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 43. 147 ARRUDA, Kátia Magalhães. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade

capitalismo, porém em alguns países, cita Brandão148, este sistema capitalista ocorreu em menor grau, ao mesmo tempo em que propiciava à classe trabalhadora uma situação de extrema penúria, sendo o trabalhador visto como uma mercadoria qualquer, sujeito às mesmas regras da oferta e da procura, e destituído de qualquer espécie de proteção, quer corporativa, quer por parte do Estado, que se omitia.

O autor explica que:

O cenário era de desemprego em massa, provocado pela redução da necessidade de mão de obra em virtude da introdução da máquina à vapor, que substituía os braços do homem e modificava o processo produtivo [...] Marco da Revolução Industrial, gerou, como efeito reflexo, a redução dos salários, sem citar a inexistência de qualquer espécie de limite na utilização da força de trabalho. Era comum o labor extenuante de mulheres e de crianças149, em condições

subumanas em fábricas e minas; [...] Surgiu, a partir de então, o proletariado150, como classe antagônica àqueles que detinham o

capital [...] Esse dantesco quadro social veio provocar as primeiras reações de natureza concreta. Inicialmente, favorecendo o desenvolvimento de uma hostilidade da classe trabalhadora contra aqueles que detinham o capital, sendo a resistência “[...] um dos fatores decisivos de alteração das relações de trabalho”151 [...] muito

embora a liberdade jurídico-política tenha possibilitado o surgimento de “[...] movimentos de intelectuais e de trabalhadores contra esse quadro de miséria humana; e, mesmo proibidos, os operários se uniram para lutar pela conquista de direitos, que lhes fossem assegurados, com limitação de autonomia de vontade, nos contratos de trabalho.” 152

O Estado tinha a mera função de “[...] garantir a ordem social e política, com força organizada, os tribunais distribuindo justiça e dando aos particulares ampla liberdade de ação econômica”.153

148 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 43. 149 Crianças trabalhavam na manufatura das 6 horas da manhã até as 10 da noite. JACCARD, Pierre.

In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 43.

150 “Segmento da sociedade constituído de operários com prole numerosa, aglutinando-se nos

centros industriais da Europa e ao redor das fábricas do início da sociedade industrial, vivendo na única dimensão do trabalho.” NASCIMENTO, Amauri Mascaro. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente

do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 44.

151 ROCHA, Júlio César de Sá da. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e

responsabilidade civil do empregador. p. 44.

152 SUSSEKIND, Arnaldo. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil

do empregador. p. 44.

Nessa época, as características civis eram marcadas pelos princípios do individualismo e do materialismo, respaldados, respectivamente, no princípio da autonomia da vontade e na garantia do direito de propriedade (que propiciava acumulação de riquezas). O direito de propriedade foi na explicação do autor, a ferramenta mais importante contra o poder arbitrário dos soberanos.154

A postura não intervencionista do Estado foi de grande importância, visto que pouco a pouco mudanças começam a acontecer:

Em 1802, na Inglaterra, surge a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes (Moral and Health Act), considerada a primeira lei de proteção aos trabalhadores, que previa a limitação em 12 horas do trabalho diário e vedação do trabalho noturno, além de tornar obrigatório ao empregador lavar a fábrica duas vezes por ano e adotar medidas relativas à ventilação no local de trabalho.155

Robert Owen156 foi pioneiro no meio empresarial, na aplicação prática de suas idéias inovadoras na fábrica de sua propriedade na Escócia e, mais tarde, atuando no desenvolvimento de “[...] colônias de trabalho coletivo, nas quais procurava elevar o nível físico, cultural e material do operário”157, sendo considerado o pai da Legislação do Trabalho.158

Em 1830, na Inglaterra, foi criado, pioneiramente numa indústria têxtil, pertencente a Robert Demham, o serviço de Medicina do Trabalho e, no mesmo período, foi editado o Factory Act, em 1833, apontado como a “primeira legislação eficiente de proteção ao trabalhador”159 que, [...] se aplicava a todas as empresas têxteis com utilização de força hidráulica e a vapor.160

154 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 45. 155 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 45. 156 Owen promoveu uma profunda reforma na fábrica, cuja direção assumiu em 1800, dentre as quais

se incluíam a não admissão de menores de 10 anos; limitação da jornada de trabalho em 10,5 horas; adotou medidas de higiene; instituiu cooperativa de consumo; fundou caixa de previdência para a velhice e assistência médica. JACCARD, Pierre. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do

trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 45.

157 SUSSEKIND, Arnaldo. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil

do empregador. p. 45.

158 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 45. 159 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 46. 160 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 46.

O período ainda é marcado pelo surgimento das primeiras leis de acidente do trabalho na Alemanha, em 1884e em vários países da Europa nos anos que se seguem, pela divulgação da Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, em 1891, que tinha na Justiça Social o seu principal enfoque,161 influenciando na edição de leis [...].162

As doutrinas políticas sofreram a influência da pressão exercida pela classe operária, seja pelos ataques de Owen, Saint-Simon, Fourrier, socialistas, seja por comunistas, liderados por Marx e Engels.163

Sussekind164 aponta as seguintes etapas que marcaram a evolução do processo de consolidação da necessidade de implementação de medidas de proteção ao trabalhador:

a) período caracterizado como de consolidação das idéias de internacionalização das normas de proteção ao trabalho [...]. Essa tese veio a ser acolhida anos mais tarde (1856) no Congresso Internacional da Beneficência, em Bruxelas, e consolidada em 1857, no mesmo Congresso em Frankfurt; [...] adotou resolução pleiteando uma legislação social internacional defendendo a união do proletariado, com a finalidade de alcançar os poderes político e econômico. O Congresso de Genebra, em 1866, buscou a limitação internacional das horas de trabalho, reafirmando o movimento em torno da criação das normas de proteção ao trabalho; b) Conferência de Berlin, de 1890 [...] reuniu treze países165 e é apontada como a

primeira reunião oficial de países na tentativa de regulamentar as normas de proteção ao trabalho, sendo discutidos temas como trabalho das crianças, jovens, mulheres em minas e descanso dominical, deixando plantada a semente do que veio a se consolidar mais tarde em protocolos e recomendações; c) atuação da Associação Internacional para a Proteção Legal dos Trabalhadores, criada em 1900, na cidade de Paris, por ocasião do Congresso Internacional de Legislação do Trabalho, e instalada na Suíça, principal responsável por sua criação, que, por meio de diversas reuniões e criação de Seções Nacionais166, assentou as diretrizes

161 Pregava a mudança da diretriz predominante, até então, no trato das questões relacionadas ao

trabalho, com o fim de preservar a dignidade humana do trabalhador e implantar a justiça social.

162 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 46. 163 ROCHA, Júlio César de Sá da. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e

responsabilidade civil do empregador. p. 46.

164 SUSSEKIND, Arnaldo. In: BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil

do empregador. p. 46.

165 Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo,

Noruega, Portugal, Suécia e Suíça.

para a implantação das primeiras convenções internacionais do trabalho que viriam a ser firmadas nas Conferências de Berna, em 1906; d) Conferência de Berna, em 1905, 1906 e 1913. As duas primeiras marcaram o surgimento da legislação internacional do trabalho, com a aprovação de convenções que se transformaram em tratados multilaterais sobre a proibição do trabalho da mulher na indústria e a utilização do fósforo branco na fabricação de ceras e fósforos, tornando efetiva a proteção; a última consolidou as bases de convenções referentes à proibição do trabalho dos menores na indústria, fixação de jornada de 10 horas para o trabalho das mulheres e dos menores; e) ação dos sindicatos no período de 1914 a 1919 no sentido de fazer inserir no futuro Tratado de Paz que viesse a ser firmado com o fim da Primeira Guerra normas que assegurassem direitos aos trabalhadores e que estes, por meio das organizações sindicais, também participassem da Conferência da Paz.

Brandão167 explica que a proteção à saúde no Brasil teve como primeira referência, a Constituição de 1824, que previa a garantia dos socorros públicos, ainda que não tratasse das questões relacionadas com o trabalho subordinado. E nos dá uma breve noção da evolução do Direito Constitucional:

A Constituição de 1891 não tratou dos direitos sociais, o que somente veio a ocorrer a partir da Revolução de 1930, marcando a preocupação com direitos daquela natureza, ainda que mediante um processo autoritário. [...] Surgidos com a Carta de 1934, de perfil social-democrático, foi a primeira a incluir a Ordem Econômica e Social como um dos seus títulos (Título IV), muito embora tenha sido efêmera a sua existência [...] refletiu entretanto, o modelo social- democrata que predominava no constitucionalismo da época, contendo referência ao sistema previdenciário instituído mediante contribuição de idêntico valor, a cargo da União, do empregador e do empregado, destinado a alcançar o acidente do trabalho (art. 121, § 1º, h)168 dentre outros riscos. Com a Constituição de 1937, revigorou-

se o modelo corporativista fruto da marcante influência da Carta Del

Lavoro italiana [...] Houve referência ao trabalho como “meio de

subsistência do indivíduo” que, por isso, passou a contar com a proteção do Estado no sentido de sua defesa (art. 136)169, e a

instituição do seguro em face do acidente do trabalho, não mais

167 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p. 84-87. 168 BRASIL. Constituição de 1934. Constituições brasileiras. v. III. Brasília: Senado Federal. p. 163.

“Art. 121. [...] § 1° - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições do trabalhador: [...] h) [...] instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado [...] e nos casos de acidentes do trabalho ou de morte.”

169 BRASIL. Constituição de 1937. Constituições brasileiras. v. IV. Brasília: Senado Federal. p. 104.

“Art. 136. O trabalho é um dever social. O trabalho intelectual, técnico e manual tem direito à proteção e solicitude especiais do Estado. A todos é garantido o direito de subsistir mediante o seu trabalho honesto, e este, como meio de subsistência do indivíduo, constitui um bem que é dever do Estado proteger, assegurando-lhe condições favoráveis e meios de defesa.”

vinculado à previdência estatal (art. 137, m)170 [...] A Carta Magna de

1946 trouxe como grande avanço a instituição do seguro contra acidentes do trabalho não estatal, com custeio a cargo do empregador (art. 157, XVII)171, constituindo um direito social do

segurado, além da expressa referência à higiene e segurança do trabalho (art. 157, VIII).172 [...] a Constituição de 1967 [...] manteve

referência à higiene e segurança do trabalho ao enumerar os direitos assegurados aos trabalhadores (art. 165, IX)173 e retornou ao modelo

de cobertura do seguro acidentário com contribuição da União, do empregador e do empregado, muito embora sem a indicação de que devesse ser em partes iguais (art 165, XVI)174. [...] A

redemocratização do Brasil, fruto dos movimentos sociais e políticos que eclodiram ao final da década de 1970, culminou com a Constituição de 1988, considerada como a que deu melhor acolhida aos direitos humanos em geral, refletindo a temática social oriunda da ordem internacional [...] ao tratar dos direitos econômicos e sociais como um prolongamento dos direitos e garantias individuais, contemplando a pessoa, além de sua qualidade singular, em face da necessidade de garantir uma nova realidade política.

Embora o autor traga a evolução constitucional, a primeira lei brasileira sobre acidentes do trabalho foi a Lei 3.724 de 15/01/1919, regulamentada pelo Decreto nº 13.498 de 12/03/1919, no qual veio abranger os empregados dos estabelecimentos industriais e adotou a teoria do risco profissional, já defendida pela doutrina europeia.

170 BRASIL. Constituição de 1937. Constituições brasileiras. v. IV. Brasília: Senado Federal. p. 105.

“Art. 137. A legislação do trabalho observará, além de outros, os seguintes preceitos: [...] m) a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidentes do trabalho.”

171 BRASIL. Constituição de 1946. Constituições brasileiras. v. V. Brasília: Senado Federal. p. 106.

“Art. 157, XVII. A legislação do trabalho e da previdência social obedecerão aos seguintes preceitos, além de outros que visem à melhoria da condição dos trabalhadores: [...] XVII – obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho.”

172 BRASIL. Constituição de 1946. Constituições brasileiras. v. V. Brasília: Senado Federal. p. 106.

“Art. 157, XVIII. A legislação do trabalho e da previdência social obedecerão aos seguintes preceitos, além de outros que visem à melhoria da condição dos trabalhadores: [...] XVIII – higiene e segurança do trabalho.”

173 BRASIL. Constituição de 1967. Constituições brasileiras. v. VI. Brasília: Senado Federal. p. 170.

“Art. 165, IX. A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social: [...] IX – higiene e segurança do trabalho”.

174 BRASIL. Constituição de 1967. Constituições brasileiras. v. VI. Brasília: Senado Federal. p. 170.

“Art. 165, XVI. A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social: [...] XVI – previdência social nos casos de doença, velhice, invalidez e morte, seguro-desemprego, seguro contra acidentes do trabalho e proteção da maternidade, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado.”

No plano internacional, com a finalidade de universalizar a justiça social nos aspectos relacionados ao trabalhador, Brandão175 explica que:

Na criação da Organização Internacional do Trabalho – OIT, pelo Tratado de Paz (Tratado de Versailles), em 1919, foi inserida, no preâmbulo de sua Constituição, a necessidade de proteção dos trabalhadores contra as enfermidades gerais ou profissionais e os acidentes resultantes do trabalho, dispositivo reproduzido na Declaração de Filadélfia, de 1944.

Até 2003, são trinta convenções e trinta e três recomendações voltadas à proteção em face dos acidentes do trabalho, doenças profissionais, neutralização ou redução dos riscos e definição de condutas adequadas à Segurança e Medicina do Trabalho.176

O autor relata também, que apesar de haverem críticas contrárias, os programas de qualidade contribuíram para o desenvolvimento científico tecnológico. Conhecidos como ISO177, inseriram um novo componente na abordagem da proteção ao trabalho pela criação de mais uma fonte de normatização e por representarem iniciativas de parcerias do setor privado com a área pública. Tais programas objetivam a busca da satisfação do consumidor e de todos os segmentos sociais, bem como a excelência na organização empresarial. A série denominada ISO 18000 tem como foco principal a certificação internacional em matéria de proteção e segurança do trabalho, que se torna alvo de observação de consumidores mais atentos à preservação ambiental.178

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