1.2 Metodologia
1.2.2 Survey – Como Instrumentos de Coleta de Dados
Os questionários foram enviados pelo correio, forma típica de “pesquisa
auto administrada”, segundo BABBIE (1999, p.247), no período de 2008 e 2009.
Obteve-se uma taxa de retorno de 38% dos casos válidos (40 em 103), no Brasil, e 34% (36 em 103), na França; dos casos válidos.
Na França, foi utilizado o software SPHINX e, no Brasil, o software SPSS para o tratamento dos dados, o que viria mais tarde a criar um problema na análise comparativa entre museus dos dois países. Por isso, fez-se necessária a migração dos dados coletados do software SPHINX para o software SPSS.
Os questionários, (Apêndices 01 e 02) constituídos por 61 questões, enviados via correio, foram acompanhados por uma carta que apresentava e explicava a pesquisa em andamento. Tanto na França, quanto no Brasil, foram enviados 103 (cento e três) questionários, que abrangeram diversas cidades (Quadros 07 e 08), permitindo traçar um panorama amplo dedutivo e investigativo sobre as condições e formas de gestões dos museus de acordo com suas respectivas regiões de inserção.
O questionário foi construído com questões objetivas visando observar aspectos inerentes ao museu como uma unidade de informação, sendo esta definida por GUINCHAT E MENOU (1994, p.332-333), neste capítulo, página 33-34, e pelas três linhas, segundo SMIT (1999, 03-10) “gestão da memória, produção da informação documentária e mediação da informação”.
As questões relacionadas à gestão de museus apresentam os seguintes aspectos: dados gerais da unidade de informação, arquitetura e propriedade, recursos financeiros, acervo e recursos humanos; quanto às questões relacionadas à informação e comunicação museológica deu-se ênfase a: suportes informacionais, processamento técnico e sistema de recuperação da informação, pesquisa, exposições, ações pedagógico-culturais, e estudo de público.
QUADRO 07
Museus Brasileiros – Pesquisa de Campo
Nº MUSEUS
001 Museu do Xapury
002 Museu de Cruzeiro do Sul
003 Museu da Borracha Governador Geraldo Mesquita 004 Museu de Sena Madureira
005 Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva 006 Museu Amazônico
007 Museu Homem do Norte
008 Museu de História e Arte Sacra de Santarém 009 Museu Histórico do Estado do Pará
010 Museu do Círio
011 Museu Municipal de Marabá 012 Museu Rondon
013 Museu Histórico Municipal de Guajará-Mirim 014 Museu Estadual de Rondônia
015 Museu Integrado de Roraima
016 Museu Histórico e Cultural de Porto Nacional
017 Museu Histórico do Estado de Tocantins e da Fundação Cultural 018 Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore
019 Casa de Cultura e Museu Prof.Arthur Ramos 020 Casa - Museu de Graciliano Ramos
021 Museu da Casa do Penedo 022 Museu Palácio Floriano Peixoto 023 Museu Carlos Costa Pinto 024 Museu de Arte Popular
025 Museu Municipal Napoleão de Mattos Macêdo 026 Museu do Cacau
027 Museu da Gastronomia Baiana 028 Museu do Ceará
029 Museu Dom José 030 Museu do Vaqueiro 031 Museu de Pacatuba
033 Museu Histórico e Artístico do Maranhão 034 Museu Casa Histórica de Alcântara 035 Museu do Sertão
036 Museu Casa de José Américo 037 Museu Histórico
038 Museu Regional de Areia 039 Museu do Algodão
040 Museu do Brejo Paraibano (Museu da Rapadura) 041 Museu da Abolição
042 Museu Histórico de São Caetano 043 Museu da Cidade do Recife 044 Museu do Comércio Piauiense 045 Museu do Vaqueiro
046 Museu de Arte Folclórica do Nordeste 047 Museu do Piauí - Casa de Odilon Nunes 048 Museu Casa Café Filho
049 Museu do Homem Missioneiro Potiguar 050 Museu Municipal Macaguá
051 Museu Histórico de Currais Novos 052 Museu Histórico de Acari
053 Museu do Homem Sergipano 054 Museu Histórico de Sergipe
055 1. Museu de Valores do Banco Central do Brasil
056 Museu da Imprensa 057 Museu da Inteligência
058 Museu Casa de Cora Coralina 059 1. Museu das Bandeiras
060 2. Museu Casa da Princesa
061 Museu Histórico Alderico Borges de Carvalho 062 Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos 063 Museu Pedro Ludovico
064 Museu Histórico de Mato Grosso 065 Museu Memória e Identidade Indígena 066 Museu do Pantanal
067 Museu de Tecnologia Regional de Maracaju 068 Museu Histórico Municipal Dico Quirino 069 Museu José Antonio Pereira
070 Museu Histórico de Dourados 071 Museu Solar Monjardim
072 2. Museu da Imigração Pomerana
073 Museu do Colono
074 Museu Municipal de Uberlândia 075 Museu Bárbara Heliodora 076 Museu Casa Guimarães Rosa 077 3. Museu da Loucura
078 Museu do Ouro
079 Museu Casa de Benjamin Constant 080 1. Museu Casa da Hera
081 2. Museu Antonio Parreiras
082 Museu do Primeiro Reinado
083 Museu da Porcelana “Adelino dos Santos Gouveia”
084 1. Museu Histórico e Cultural de Jundiaí
085 1. Museu Casa de Portinari
086 Museu da Imigração
087 Museu da Cidade de São Paulo – Solar da Marquesa de Santos
088 Museu Histórico Municipal Adão Wolski 089 Museu do Tropeiro
091 Museu Ucraniano de Curitiba 092 Museu da Colonização
093 Museu Municipal David Canabarro 094 Museu Farroupilha
095 Museu Julio de Castilhos
096 Museu Histórico Municipal da Chapada 097 Museu Histórico Regional
098 Museu da Bicicleta
099 Museu do Vinho “Mario de Pellegrini”
100 Museu da Família Colonial
101 Museu Histórico de Santa Catarina 102 Museu Anita Garibaldi
103 Museu de Artes Visuais Fonte: a autora
QUADRO 08
Museus Franceses – Pesquisa de campo
Nº MUSEUS
001 Musée Historique et Industriel 002 Musée d’Histoire Locale
003 Musée Historique de la Ville de Strasbourg 004 Musée Municipal
005 Musée Historique
006 Musée Basque et de l’Histoire de Bayonne
007 Musée Paul Reclus
008 Musée Municipal Albert Marzelles
009 Musée Eugène Le Roy et des Vieux Métiers 010 Musée Municipal
011 Musée Charles –Louis Philippe 012 Musée Municipal Yves Machelon 013 Musée du Boubonnais
014 Musée de la Haute – Auvergne
015 Musée de la Coutelleirie de Thiers/Maison des Couteliers 016 Musée Municipal de l’Avranchin
017 Musée de Normandie
018 Musée Municipal Le Vieux-Manoir 019 Musée des Beaux-Arts et d’Histoire
020 Ecomusée du Perche de Saint Cyr la Rosière 021 Musée de la Mine et des Hommes
022 Musée Nicéphore Niépce 023 Musée d’art sacré
024 Musée de la Mine
025 Musée des Arts et Traditions Populaires des Hautes-Côtes 026 Musée de la Pêche
027 Musée de La Compagnie des Indes 028 Musée de Bretagne
029 Musée d’Histoire et d’Ethnographie
030 Musée d’Art e d’Histoire
031 Musée Régional d’Orléanais/Musée Dunois
032 Musée Marcel Proust 033 Musée Municipal
034 Musée de L’École de Bourges
035 Musée des Equipages Militaires et du Train 036 Musée d’Art et d’Histoire
037 Musée Municipal/Musée de Saint-Dizier 038 Musée de Sainte-Menehould
039 Maison de l’Outil et de la Pensée Ouvrière
040 Musée Hôtel Le Vergeur 041 Musée d’Ethnographie Corse
042 Musée de la Corse
043 La maison de Louis Pasteur
044 Musée d’Art et d’Histoire/Musée du Château
045 Musée du Jouet
046 Musée d’Art et d’Histoire
047 Musée de Plein Air des Maisons Comtoises 048 Musée de l’Ancien Havre
049 Musée de Louviers/Musée Municipal de Louviers 050 Musée Municipal Nicolas Poussin
051 Musée Mathon Durand 052 Musée d’Argenteuil
053 Musée Municipal
054 Musée d’Histoire Locale
055 Musée de l’École de Barbizou Auberge Ganne
056 Musée des Civilisations de l’Europe et de la Mediterrannée
057 Musée Agathois 058 Musée d’Éphebe
059 Musée du Vieux Nîmes 060 Musée d’Art Sacré du Gard
061 Musée Paul Valéry 062 Musée des Beaux-Arts 063 Musée du Pays d’Ussel
064 Musée de l’Histoire du Fer
065 Musée d’Argonne
066 Musée Charles Friry 067 Musée Johannique 068 Musée du Sel
069 Musée d’Art et d’Histoire
070 Musée du Vieux Toulouse 071 Musée Clément Ader 072 Musée Champollion
073 Musée Histoire et Archéologique/Musée de Montségur 074 Musée des Beaux-Arts et de la Dentelle
075 Musée d’Art et d’Industrie – La Piscine 076 Musée Portuaire
077 Musée de l’Hospice Comtesse
078 Musée Quentovic 079 Musée Jules Verne
080 Musée Clémenceau et de Lattre de Tassigny 081 Musée de l’Ardoise
082 Musée Municipal
083 Musée du Vieux-Château/Musée de La Roche-Sur-Yon 084 Musée de la Figurine Historique
085 Musée de la vie rurale et forestière 086 Musée Antoine Lécuyer
087 Musée Jean Calvin
088 Musée de l’Hôtel de Vermandois
089 Musée Régional de Fouras 090 Musée de l’île d’Oleron
091 Musée Henri Barré
092 Musée du Nouveau Monde
094 Museon Arlaten/Musée Arlaten
095 Musée Suffren et du Vieux Saint Cannat 096 Musée Municipal
097 Musée Ciotaden
098 Musée d’Art et d’Histoire/Palais Masséna
099 Musée Dauphinois 100 Musée Gadagne
101 Centre d’Histoire de la Résistence et de la Déportation
102 Musée des Traditions Populaires Marius 103 Musée de La Revolution Française Fonte: a autora
O espaço territorial dos museus é entendido como a distribuição geográfica dos museus nos países participantes da pesquisa, de acordo com as regiões e a tipologia do acervo. Na presente tese, os dados coletados nos dois países foram trabalhados de modo a se estabelecerem em parâmetros de equivalências, que pudessem fornecer consistência ao estudo comparativo que através da pesquisa se propôs realizar.
O principal objetivo foi cobrir as regiões geográficas (Quadro 09): Brasil (Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul) e na França (Norte, Norte-Leste, Centro, Sudoeste e Sul). Essas regiões são exclusivamente geográficas, sem nenhum vínculo com questões sócio-político-econômica.
QUADRO 09
Regiões Geográficas: Brasil e França – Tabela de Equivalência
BRASIL FRANÇA
Norte
Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Norte
Pays De Loire, Centre,Basse Normandie, Haute Normandie e Bretagne
Nordeste
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Norte - Leste
Champagne-Ardenne, Nord-Pas-De-Calais, Picardie, Lorraine, Bourgogne, Alsace e Franche-Comté
Centro-Oeste
Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Centro
Paris, Île De France Sudeste
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Sudoeste
Midi-Pyrénées, Poitou-Charentes, Limousin e Aquitaine
Sul
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sul Languedoc-Roussillon, Provence-Alpes-Côte D’azur, Auvergne e Rhône-Alpes
Quanto à tipologia dos museus brasileiros e franceses que participaram da pesquisa foi elaborado um quadro de equivalência (Quadro 10), a partir da tipologia aplicada no Cadastro Nacional de Museus – CNM22, assim definida:
Antropologia e Etnografia – Coleções relacionadas às diversas etnias,
voltadas para o estudo antropológico e social das diferentes culturas;
Arqueologia – Coleção de bens culturais portadores de valor histórico e
artístico, procedente de escavações, prospecções e achados arqueológicos;
Artes visuais – Coleções de pinturas, esculturas, gravuras, desenhos,
incluindo-se a produção relacionada à Arte Sacra;
Ciências Naturais e História Natural – Bens culturais relacionados às Ciências
Biológicas, às Geociências e à Oceanografia;
Ciência e Tecnologia – Bens culturais representativos da evolução da História
da Ciência e da Técnica,
História – Bens culturais que ilustram acontecimentos ou períodos da História; Imagem e Som – Documentos sonoros, videográficos, filmográficos e
fotográficos;
Virtual – Bens culturais que se apresentam mediados pela tecnologia de
interação
QUADRO 10
Tipologias de acervos entre Brasil e França – Tabela de Equivalência
Fonte: a autora
22
www.ibram.gov.br, acessado em 12 de dezembro de 2009.
TIPOLOGIA DE MUSEUS
BRASIL FRANÇA
Antropologia e Etnografia Antiquités étrangéres, Civilisations extra- européennes, Etnologie
Arqueologia Archéologie, Archéologie Nationale.
Artes Visuais Architecture et urbanisme, Art Réligieux Arts Décoratifs, Beaux Arts
Ciências Naturais e História Natural Sciences de la Nature Ciência e Tecnologia Sciences et Techniques
História Antiquités, Histoire, Collections Militaires
Imagem e Som Musique, Arts du Spectacle
Além dos quadros de equivalência das regiões geográficas e da tipologia de acervo, um quadro com os termos relativos à Administração Pública, à Museologia, ao Patrimônio Cultural e à Ciência da Informação (Quadro 11) foi elaborado, com a intenção de assegurar maior consistência aos resultados, nas análises dos questionários aplicados nos museus brasileiros e franceses, na referida pesquisa.
QUADRO 11
Termos relativos à Administração Pública, à Museologia e ao Patrimônio Cultural.
PORTUGUÊS FRANÇA
Acervo Collection
Administração pública Municipal Collectivité locale ou territoriale
Bairro Quartier
Bairro de risco Quartier sensible
Banco de dados Base des données
Cadastro Cadastre
Capital Capitales
Cidade Ville
Conjunto histórico Ensemble historique
Conservação Conservation
Conservação de um edifício Conservation d’um bâtiment Descentralização administrativa Décentralisation
Desenvolvimento sustentável Développement durable
Desenvolvimento urbano Développement urbain
Espaço público Espace public
Exposição de curta duração/temporária Exposition temporaire Exposição de longa duração/permanente Exposition permanente
Exposição itinerante Exposição itinerante
Governabilidade Gouvernance
Índice de desenvolvimento humano Índice de développement humain
Inventário Inventaire
Lei Malraux Loi Malroux
Lista de museus Repertoire des musées
Meio ambiente Environnement
Monumento Monument
Monumento histórico Monument historique
Musealização Muséification
Museólogo Conservateur de musée
Obra prima Chef d’oeuvre
Obra principal Oeuvre en vedette
Patrimônio Patrimoine
Patrimônio cultural Patrimoine culturel
Quarteirão Ilot
Revitalização Revitalisation
Salvaguarda Sauvegarde
Survey Ênquete
Sítio tombado Síte classé
Tombamento Classément
Valorização Mise en valeur
Viabilidade Faisibilité
Zona de proteção Secteur patrimonial
Zona de proteção do patrimônio Zone de proctetion du patrimoine (zppaup)
A pesquisa se deteve a enviar correspondência a pequenos e médios museus. Nem todos os museus cadastrados nos sites oficiais dos Ministérios da Cultura do Brasil e da França participaram da amostra, em virtude dos custos financeiros e do tempo para análise dos resultados.
A pesquisa sempre é uma tarefa de altos e baixos, pontos positivos e negativos. Talvez, inicialmente, haja um ímpeto, carregado de entusiasmo e expectativa, que, ao longo da caminhada, vai se delineando numa forma mais prática e racional de conduta. Entretanto, é desse modo que o pesquisador amadurece, emergindo para uma percepção crítica e analítica dos dados coletados, a partir dos seus acertos e erros ao longo caminho de construção da profissão solitária, árdua e cíclica da pesquisa, como afirma MINAYO (2004, p.17), que considera a prática da investigação como o “ciclo da pesquisa”, ou seja, “um processo de trabalho que dialeticamente termina num produto provisório e recomeça nas interrogações lançadas pela análise final”.
O tempo para o amadurecimento e realização da pesquisa de doutorado é curto, ainda mais quando envolve outro país. Requer período de adaptação, que inclui os procedimentos de legalização, pelas autoridades e instituições acadêmicas, nas quais o estudo irá ser realizado, bem como prazo para obter-se a mínima compreensão da lógica de raciocínio de outra cultura. Fatores que dificultam o andamento e o avanço do trabalho.
Contudo, mesmo ante todas as dificuldades adaptativas, o maior empecilho encontrado para o desenvolvimento desta tese foi de caráter operacional: migração dos dados do software trabalhado na França para o software trabalhado no Brasil, provocando um atraso significativo na organização e tratamento dos dados obtidos.
Outra dificuldade encontrada foi a demora na chegada das respostas dos questionários, apesar de a data limite para tal tenha sido colocada nas cartas enviadas. Algumas variáveis foram constatadas, tais como: ausência dos responsáveis pelo questionário no momento do recebimento da correspondência, dificultando o cumprimento do prazo; atraso do envio da correspondência contendo
o questionário para as instituições francesas, em que a Universidade foi responsável pelo envio; eventuais problemas com o serviço dos correios em ambos os países, como greves e extravio de cartas.
A análise que ora apresenta-se foi realizada de forma a estabelecer uma comparação entre os pequenos e médios museus brasileiros e franceses quanto aos procedimentos de gestão museológica e aos processos informacionais e comunicacionais nos espaços museológicos. Os resultados que apresentamos seguem, de modo geral, a ordem do próprio questionário, no qual dois grandes tópicos são definidos; o primeiro, Gestão de Museus e, o segundo, Informação e Comunicação Museológica.
Em seguida, o Capítulo 2 – Contextualização Geral dos Países e suas