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Técnica, instrumento e procedimento de recolha de dados

No documento Tese Escrita Final final (páginas 61-64)

Capítulo 2 Problematização e metodologia

2.4. Técnica, instrumento e procedimento de recolha de dados

Num estudo de caso podem utilizar-se diferentes técnicas de recolha de dados, tais como: a entrevista, análise documental e a observação (Carmo & Ferreira, 1998; Tuckman, 2012). No presente trabalho, optámos pela utilização da entrevista que nos pareceu especialmente adequada para responder aos objetivos a que nos propusemos.

A entrevista é uma conversa intencional que envolve um contacto direto (Quivy & Campenhoudt, 2005), normalmente entre duas pessoas. É dirigida por uma das pessoas e visa obter informações sobre a outra. Bogdan e Biklen (1994) referem que a entrevista é usada “… para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo” (p. 134).

Entre as diferentes técnicas da entrevista, optou-se pela semidiretiva ou “semidirecta” (Quivy & Campenhoudt, 2005, p. 192) para captar as representações dos participantes sobre a problemática em causa. A entrevista semidiretiva não é totalmente aberta, nem dirigida por um grande número de questões precisas. O entrevistador dispõe de uma série de perguntas abertas, através das quais recolhe informação do entrevistado. Não é necessário que o entrevistador coloque todas as questões pela ordem que anotou. É fundamental que o entrevistado possa falar abertamente, através das palavras que deseja e pela ordem que pretender (Quivy & Campenhoudt, 2005). O papel do investigador é o de orientador da entrevista, devendo encaminhá-la para os objetivos que se pretendem e colocar as questões às quais o entrevistado não chega por si próprio, tendo sempre em conta o momento mais oportuno e de forma natural. Ghiglione e Matalon (2001) afirmam que, na entrevista semidiretiva, o investigador tem conhecimento sobre todos os temas a abordar e sobre os quais irá recolher informação. No entanto, a forma como estes são introduzidos e abordados é deixada ao seu critério, tendo apenas uma orientação fixa no início da entrevista.

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2.4.2. Instrumento - guião da entrevista - e procedimentos

Na entrevista semidiretiva deve existir um esquema como, por exemplo, uma grelha de temas ou um guião (Ghiglione & Matalon, 2001). É um instrumento de recolha de informação, constituído por um conjunto de questões, em formato de texto, que sustenta a realização da entrevista (Sousa & Baptista, 2011). Afonso (2005) defende que o guião deve ser construído:

a partir das questões de pesquisa e dos eixos de análise do projecto de investigação. A sua estrutura típica tem um carácter matricial, em que a substância da entrevista é organizada por objectivos, questões e itens ou tópicos. A cada objectivo corresponde uma ou mais questões. A cada questão correspondem vários itens ou tópicos que serão utilizados na gestão do discurso do entrevistado em relação a cada pergunta. (p. 99)

Seguindo as indicações da literatura, elaborámos um guião da entrevista (ver guião da entrevista, anexo 1) organizado por blocos temáticos/tópicos e respetivos objetivos, exemplos de questões e espaço para observações. O Quadro 9 sintetiza os temas abordados e respetivos referenciais teóricos.

Quadro 9 - Tópicos centrais do guião da entrevista

Tópicos da entrevista Descrição

A. Entrevistada Elementos gerais da sua formação inicial e contínua e do seu percurso profissional, até ao momento atual.

B. Experiência profissional, relacionada com as DAE_LE

Informação sobre a sua experiência com alunos com DAE_LE, até ao momento atual. Utilização dos exercícios de CF (Rios, 2011) no ensino-aprendizagem destes alunos (Freitas, Alves & Costa, 2007). C. Abordagem atual em casos

de DAE_LE

Identificar outras estratégias de ensino-aprendizagem atualmente utilizadas, para além da CF, com alunos com DAE_LE.

Verificar a existência da articulação com a equipa pedagógica, nos casos de DAE_LE (Coelho, 2014).

Compreender o trabalho que é desenvolvido no JI, ao nível da CF (Rios, 2011).

D. Envolvimento das famílias na abordagem às DAE_LE

Caracterizar as representações das docentes quanto ao tipo de envolvimento parental, existente com alunos com DAE_LE (Hennigh, 2003; Rief & Heimburge, 2000; Hartwig, 1984, citado por Hennigh, 2003).

E. Preparação da escola e dos docentes para lidar com as DAE_LE

Identificar a opinião sobre a capacidade/preparação da escola (Coelho, 2014) e dos docentes (Cogan, 2002; Formosinho, 1991), para responder às necessidades educativas dos alunos com DAE_LE.

A técnica da entrevista exige alguns cuidados para promover a qualidade da informação recolhida e que incluem os primeiros contactos com os entrevistados, o controlo das características do local de realização, além dos cuidados específicos na condução da entrevista (Ghiglione & Matalon, 2001).

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Primeiros contactos

Após a autorização dos pedidos formais para a realização das entrevistas, por parte da diretora e da coordenadora do 1.º CEB da instituição, procurámos estabelecer um primeiro contacto presencial com as entrevistadas, no respetivo local de trabalho. Transmitiram-se todas as informações consideradas pertinentes sobre o tema da dissertação, bem como o objetivo geral da entrevista, assim como a necessidade e a importância da sua colaboração e ainda o tempo previsto para a duração da entrevista (Sousa & Baptista, 2011; Ghiglione & Matalon, 2001). Aceitaram colaborar no estudo, tendo posteriormente sido definida a data, a hora e o local da realização da mesma. Escolha do local

O local onde se realiza a entrevista, bem como a duração da mesma são fatores que podem condicionar a informação recolhida (Sousa & Baptista, 2011; Ghiglione & Matalon, 2001): o local deve ser agradável, calmo, sem distrações e com privacidade. Todas as entrevistas foram realizadas no local de trabalho das participantes, numa sala à sua escolha, para que se sentissem mais à vontade com o entrevistador. As entrevistas de E1, E2 e E3 foram realizadas na biblioteca do 1.º CEB; a de E4 decorreu num dos gabinetes de psicologia; a de E5, na sala de Educação Moral Religiosa Católica e a de E6, numa das salas de apoio. Todas as entrevistas decorreram durante o tempo da disciplina de Inglês, uma vez que é lecionada por um docente diferente e em espaços onde apenas se encontrava a entrevistada e o entrevistador.

Condução e tempo de duração da entrevista

Conforme as indicações da literatura (Sousa & Baptista, 2011), iniciámos a entrevista com uma explicação breve sobre a mesma, respeitante à sua finalidade e enquadramento, semelhante à efetuada aquando do primeiro contacto (Ghiglione & Matalon, 2001). Pedimos autorização para gravar os depoimentos em áudio, no sentido de viabilizar uma transcrição correta do discurso, assegurando a confidencialidade e o anonimato. Todas as entrevistas foram gravadas.

Durante a condução da entrevista tivemos o cuidado de respeitar as indicações da literatura sobre o assunto (e.g. Ghiglione & Matalon, 2001; Sousa, & Batista, 2011), incluindo: flexibilidade em relação ao guião; atitude de compreensão e simpatia face aos depoimentos; cuidado na linguagem utilizada; reforço ao aprofundamento das ideias.

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O tempo de duração da entrevista deve ser anunciado ao entrevistado, no início da mesma (Sousa & Baptista, 2011; Ghiglione & Matalon, 2001). Definimos um tempo aproximado de 30 a 35 minutos. As gravações tiveram uma duração total de 2 horas e 35 minutos.

2.5. Tratamento e análise de dados

No documento Tese Escrita Final final (páginas 61-64)

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