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Número de alunos de Classe de Conjunto do 7º 2ª

3. Plano de investigação e metodologia

3.2. Técnicas de recolha de dados

As técnicas utilizadas para recolha de dados tiveram preocupação de obter informações quanto à prática pedagógica, quanto ao processo criativo e quanto aos produtos criativos, tendo sido utilizadas várias técnicas de recolha de dados, com destaque para: as planificações e reflexões; o diário de bordo; as partituras; os registos fotográficos; gravações de áudio; e a entrevista. Utilizaram-se simultaneamente os registos fotográficos dos projetos no Audacity.

As planificações e reflexões

Em consonância com isto, as planificações permitiram estruturar as sessões e criar uma sequência lógica aula a aula do processo criativo, enquanto que as reflexões providenciaram informação sobre o que estava ou não a resultar, que melhorias deveriam ser feitas e a que tipos de caminhos levavam as vontades e as ideias dos alunos. No fundo, as planificações e reflexões narram o processo criativo do projeto de

Oficina de Experimentação Musical, incluindo aspetos como a comunicação, ambiente, personalidade dos alunos e a prática de orientação que a mestranda geriu. Na perspetiva de Ferreira (2014), esta prática, em que perdura uma reflexão crítica e consciente, é possível obter um conhecimento mais profundo do funcionamento do processo de aprendizagem de cada aluno.

O diário de bordo

Na visão de Koshy (2010), manter um diário de bordo é substancialmente importante na investigação-ação. Permite registar eventos significantes durante as observações ou situações particulares, assim como as emoções que são suscitadas, contribuindo para a redação da investigação baseada na perspetiva de uma voz genuína que relata as ocorrências da vida real.

Além disso, Koshy (2010) refere que o processo reflexivo presente na escrita do diário contribui para o desenvolvimento profissional dos investigadores. De acordo com isto, explicita-se que o diário de bordo utilizado nesta investigação se materializa nas reflexões de aula.

Numa primeira instância, o diário de bordo permitiu registar observações que provavelmente de outra forma seriam esquecidas, servindo de base para construir as reflexões e anotar ideias ou artefactos dos alunos.

As partituras

As partituras, numa primeira fase escritas manualmente pelos alunos com a ajuda da mestranda e posteriormente notadas no programa Sibelius, são um meio para se poder analisar e avaliar os produtos criativos dos alunos, as suas ideias musicais. Além disso, constituem evidências.

Os registos fotográficos

As fotografias constituem uma técnica de recolha de dados, que segundo Koshy (2010) são uma forma viável e efetiva para recolher informação. No contexto desta investigação, as fotografias das partituras e dos projetos de audacity são apresentadas como evidências dos seus produtos criativos. Durante a prática pedagógica, utilizaram- se para registar a informação (composições) de uma forma mais imediata.

Gravações de áudio

As gravações de áudio permitiram analisar algumas sessões cujas ideias surgiram em grande quantidade e não foi possível anotá-las a todas. Além de que também permitiram observar passivamente o feedback dos alunos face a algumas atividades.

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musicais que surgiram, sendo entoadas e posteriormente trabalhadas. Utilizaram-se neste contexto quando a aluna C esteve a trabalhar a micropeça sobre melodia.

Os projetos no Audacity, permitiram analisar auditivamente e visualmente os processos criativos de música concreta. Os ficheiros de áudio correspondentes às micropeças permitiram analisar e avaliar os produtos.

Outros ficheiros de áudio foram utilizados como exemplos auditivos para mostrar projetos de improvisação, músicas de vários estilos, incluindo música concreta.

Entrevista

As entrevistas objetivam recolher respostas que normalmente são mais ricas e informativas do que numa situação de questionário (Koshy, 2010).

Recolher informação através de entrevistas traz algumas vantagens: através das transcrições é possível coletar provas importantes para a apresentação dos dados e elaboração de conclusões; fornecem perspetivas inesperadas, contudo úteis; o entrevistador pode conduzir a discussão de forma que seja mais produtiva (Koshy, 2010). No caso da entrevista conduzida pela mestranda existiram vários momentos em que as questões tiveram de ser adaptadas, redefinidas e por vezes desmembradas noutras questões mais simples para que os alunos entrevistados percebessem que tipo de informação estava a ser solicitada.

Na perspetiva de Koshy (2010) durante as entrevistas podem surgir alguns problemas: os entrevistados expressarem aquilo que pensam que o entrevistador quer ouvir; o entrevistado pode ficar ansioso e sentir-se intimidado, o que pode de alguma forma condicionar as respostas. A entrevista também não é um bom método a utilizar com crianças que tenham falta de confiança enquanto se expressam ou que possam ter problemas com a comunicação verbal. No caso da entrevista em mãos, explicou-se antes de iniciar, que as opiniões dos alunos eram muito importantes e que não se deveriam preocupar com nenhum tipo de julgamento.

Para executar a entrevista levou-se em consideração algumas sugestões de Koshy (2010). Seguem abaixo:

• Gravar o áudio das entrevistas para depois fazer uma transcrição rigorosa; • Delimitar um período de tempo que não deve ultrapassar os 40 minutos; • Criar um grupo de perguntas orientadoras.

• Iniciar com questões mais concretas. • Iniciar com uma questão simples.

• Explicar o propósito da entrevista de uma forma positiva. • Informar sobre o anonimato da entrevista.

• Não transmitir as opiniões do entrevistador ao entrevistado. • As questões não devem incluir sugestões.

• Rever as respostas à entrevista e alterar as questões se necessário.

Elaborou-se um grupo de questões orientadoras dentro de um contexto de entrevista aberta, que visam obter informações do aluno B, aluna C e aluno D quanto à sua experiência no enquadramento do projeto de Oficina de Experimentação Musical. Mais concretamente objetivou-se recolher dados quanto ao processo, aos produtos, ao ambiente e à orientação ou liderança; processo de aprendizagem, transferência de competências para outras áreas, perceções relativas à criatividade e à atividade composicional, dinâmica de grupo, comunicação e socialização.

Tabela 42 - Lista de questões orientadoras para a entrevista (Elaboração da autora) Questões orientadoras para a entrevista aos alunos

1. Como é que foi a tua experiência neste projeto? 2. O que significa a criatividade para ti?

2.1. Como é que ela está presente no teu dia a dia? 2.2. Quais são as tuas qualidades criativas?

3. Tendo em conta que no 2º período em Oficina de Experimentação Musical tu e os teus colegas criaram em conjunto uma peça sobre o oceano, como descreverias o processo criativo? E o do 3º período, em que trabalhamos online e começaste a compor música concreta?

4. O que é que achas que a improvisação e a composição trouxeram de novo à tua experiência musical?

5.O que é que aprendeste de novo em Oficina de experimentação musical?

6. Consideras que de alguma forma este projeto influenciou o teu desenvolvimento no contrabaixo? Como? E o dos teus colegas?

7. O que é que achaste do teu desempenho e dos teus colegas durante as aulas? 8. Gostaste mais de trabalhar em grupo ou sozinho? Porquê?

9. Ficaste satisfeito com as peças que criaram em conjunto? 9.1. O que é que podes dizer sobre elas?

9.2. E com as micropeças de música concreta que fizeste no programa audacity? 10. Consideras que estas sessões facilitaram a comunicação com os teus colegas? 11. Qual é a tua opinião sobre criar as tuas próprias músicas sozinho ou em conjunto com os teus colegas? O que sentes em relação a isso?

12. Consideras que de alguma forma estas sessões alteraram a maneira como te relacionas com os outros e com a escola?

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13. O que achaste da orientação da professora? Tens alguma sugestão para a ajudar a melhorar?

14. Que sugestões podes apresentar para melhorar a Oficina de Experimentação Musical?

15. Notaste alguma mudança no teu desempenho em relação às outras disciplinas? O que mudou e em que é que isso te ajudou?

16. Há algo que gostasses de trabalhar no próximo projeto dentro de Oficina de experimentação musical? Qual?

17. Consideras-te um compositor/ artista?

Procedimentos para as entrevistas

As entrevistas feitas aos alunos B, C e D, seguiram as orientações de Koshy (2010). Antes de se proceder às questões foi explicado que a entrevista seria feita com o propósito de recolher algumas informações para a presente investigação e para melhorar o projeto de Oficina de Experimentação Musical. Foi dito também que as entrevistas incorreriam em anonimato. De modo a prevenir um dos possíveis problemas referidos por Koshy (2010), informou-se e incidiu-se sobre a importância de os entrevistados fornecerem a sua opinião tranquilamente e sem receios de julgamentos.

Devido ao impedimento da concretização presencial das entrevistas, procedeu-se por chamada online via Discord. Foi gravado um áudio de cada entrevista para posterior análise.