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CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO

1- Opções Metodológicas

1.2 Técnicas e Instrumentos de Recolha e Análise de Dados

Na presente investigação utilizámos como técnicas e instrumentos de recolha de dados a entrevista, o questionário, o registo diário das aulas e exercícios de agilização do pensamento criativo.

Para Lima e Pacheco (2006), na investigação educativa é habitual a utilização da técnica de inquérito, especialmente a entrevista e o questionário.

1.2.1 Entrevista de Grupo

Segundo Fortin (2003)

“[…] se um investigador quer explorar os sentimentos e as percepções dos sujeitos no que se refere a situações particulares, estes podem sentir-se mais à vontade em falar do que em organizar o seu pensamento e transmitir os seus sentimentos por escrito” (p. 245) Ainda segundo o mesmo autor “a entrevista é um modo particular de comunicação verbal, que se estabelece entre o investigador e os participantes com o objetivo de colher dados relativos às questões de investigação formuladas” (p. 245). Já Ghiglione e Matalon (2001) referem que consiste “[…] em suscitar um conjunto de discursos individuais, em interpretá-los e generaliza-los” (p. 2).

A entrevista utilizada foi a semiestruturada, dado que o que se pretende é “obter mais informações particulares sobre um tema” (Fortin, 2009, p. 376) e neste método de recolha de dados…

“[…] o entrevistador conhece todos os temas sobre os quais tem de obter reacções por parte do inquirido, mas a ordem e a forma como os irá introduzir são deixados ao seu critério, sendo apenas fixada uma orientação para o início da entrevista” (Ghiglione & Matalon, 2001, p. 64).

Para Fortin (2009) “a entrevista semidirigida fornece ao respondente ocasião de exprimir os seus sentimentos e as suas opiniões sobre o tema tratado” (p. 377).

De Ketelle e Rogiers (1999) consideram que:

“Uma entrevista não é necessariamente individual. Em certos casos, as entrevistas de grupo podem revelar-se interessantes, quer por razões de ganho de tempo, quer porque os efeitos procurados se situam mais ao nível das interações entre diferentes pessoas do que nos factos precisos” (p. 21).

Optámos pela entrevista de grupo atendendo à população a entrevistar, uma vez que se tratava de jovens que individualmente se poderiam inibir ou sentir pouco à-vontade a responder, enquanto em conjunto com os seus pares se poderiam sentir mais apoiados e mais descontraídos.

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Flick (2005), citando Patton (1990), apresenta a seguinte definição de entrevista de grupo:

“Uma entrevista de grupo focalizado é uma entrevista realizada com um pequeno grupo de pessoas, sobre um tema específico. Os grupos típicos têm seis a oito participantes na entrevista, cuja duração vai de meia hora a duas horas” (p. 116).

Para o autor, a entrevista de grupo é “uma técnica qualitativa de colecta de dados altamente eficiente, que exerce um certo controle de qualidade sobre os dados produzidos” (p. 116). Com base em Patton (1990), considera como pontos fracos deste método o número reduzido de questões que possibilita abordar e a dificuldade em tirar apontamentos durante a entrevista.

Estas questões não se revelaram um constrangimento para nós, pois, em relação ao primeiro ponto, foi possível preparar um número restrito de questões que correspondessem aos objetivos definidos e, quanto ao segundo, ultrapassámo-lo gravando a entrevista, após o consentimento informado dos sujeitos.

De acordo com os objetivos traçados, foi elaborado um guião de entrevista (anexo 1), isto é, “[…] um guião com as grandes linhas dos temas a explorar” (Fortin, 2003, p. 247).

A primeira parte do guião da entrevista pretende identificar as representações dos alunos sobre a Arte, tais como: conceção de arte, conhecimento de formas de produção artística, hábitos de contacto com a arte e iniciativa do contacto com a arte.

Na segunda parte pretendeu-se conhecer as representações dos alunos sobre as Artes no curso Profissional que frequentam.

1.2.2 Questionário

Segundo Fortin (1999) o questionário “é um instrumento de medida que traduz os objectivos de um estudo com variáveis mensuráveis. Ajuda a organizar, normalizar e a controlar os dados, de tal forma que as informações procuradas possam ser colhidas de maneira rigorosa” (p. 25).

Para este mesmo autor “o questionário não permite ir tão em profundidade como a entrevista, mas permite um melhor controlo dos enviesamentos” (Fortin, 1999, p. 25).

A partir dos objetivos delineados, elaborámos dois questionários de perguntas abertas. O primeiro, (anexo 2), aplicado no início do processo, teve como objetivo conhecer as conceções dos alunos sobre criatividade. O segundo, (anexo 3), aplicado no final de todo o processo, teve como objetivo a avaliação que os alunos fizeram de toda a

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intervenção. Optámos por questionários com perguntas abertas dado o caráter exploratório dos mesmos.

1.2.3 Diário de Registos

De acordo com Lessard-Hébert et al. (2005), o diário de registos (que outros autores, numa perspetiva marcadamente etnográfica, designam como notas de campo, cf. Bogdan e Biklen, 1994) serve para registar dados fazendo apelo à subjetividade do investigador, anotando o percurso quotidiano da investigação e onde este regista as suas reflexões pessoais e a sua vivência da situação.

A professora/investigadora registou um conjunto de situações relevantes como receios, expectativas, perceções e sentimentos, que, se não fossem registadas no momento, ficariam esquecidas no tempo. Contudo, o registo dos acontecimentos só foi possível após eles terem ocorrido, ou seja, no final de cada aula, uma vez que a autora deste estudo desempenhou ao mesmo tempo o papel de investigadora e de professora.

1.2.4 Análise de Conteúdo

As respostas à entrevista de grupo foram gravadas e posteriormente transcritas integralmente, de modo a serem sujeitas a um trabalho de análise de conteúdo. Também as respostas abertas dos questionários foram sujeitas a análise de conteúdo.

Segundo Bardin (2009) “A análise de conteúdo é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (p. 20). Mais especificamente é a técnica de análise categorial, que permite “operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos” (Bardin, 2009, p. 199).

De acordo com esta mesma autora, a categorização não é uma etapa obrigatória, no entanto, “A maioria dos procedimentos de análise organiza-se, […], em redor de um processo de categorização” (p. 145). A categorização pode realizar-se através de dois processos, a priori e a posteriori, considera-se a priori quando o sistema de categorias é conhecido antecipadamente e fornecido à medida que vão sendo encontrados os elementos, estes vão sendo distribuídos pelas categorias existentes, da melhor forma possível, a posteriori quando o sistema de categorias resulta da classificação similar dos elementos, isto é, as categorias são conhecidas após a colheita dos dados (Bardin, 2009).

No presente estudo, as categorias definidas na análise da entrevista foram construídas a posteriori a partir das caraterísticas do material em análise. No entanto, os

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temas da análise corresponderam aos blocos temáticos do guião da entrevista e encontravam-se, por isso, previamente definidos, o que poderá configurar um processo misto.

Na categorização, tivemos em conta as regras enunciadas por Bardin (2009): a pertinência face aos objetivos do estudo, a homogeneidade (um único princípio de categorização), a exclusão mútua (cada elemento insere-se apenas numa categoria, não havendo lugar a ambiguidades) e a fidelidade.

Como unidade de registo considerámos o elemento mínimo de significação completa, que correspondeu a uma frase ou parte de frase exprimindo claramente uma ideia (Estrela, 1994). Estas unidades de registo foram depois organizadas em indicadores que permitiram agrupar unidades de registo de diferentes sujeitos. Como unidade de contexto, recorremos a toda a entrevista, uma vez que esta nos permitia compreender com mais precisão o sentido de cada uma das unidades de registo (Bardin, 2009). Como unidade de enumeração usámos a unidade de registo (anexo 4).

Nas respostas abertas dos questionários utilizámos o mesmo processo de análise que seguimos para a entrevista (anexos 5 e 6).

1.2.5 Considerações Ético-legais

Segundo Bogdan e Bilklen (1994), a investigação na qual participem seres humanos requer o respeito por procedimentos éticos fundamentais, nomeadamente que os sujeitos sejam devidamente informados sobre os objetivos e âmbito da investigação, que adiram voluntariamente ao projeto e que sejam protegidos de qualquer espécie de danos decorrentes das informações que prestam.

Para realizar este estudo foi apresentado o projeto à Direção da Escola e aos alunos envolvidos de maneira a obterem-se as respetivas autorizações (anexos 7 e 8).

Atendendo a que alguns alunos eram menores, a autorização referida foi pedida aos Encarregados de Educação dos alunos.

Foi garantido o anonimato e a confidencialidade dos dados fornecidos.