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Técnicas e Instrumentos de Pesquisa

No documento A escola e a diversidade étnica e cultural (páginas 99-101)

CAPÍTULO V – Metodologia

2. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa

Neste estudo empírico foi seleccionado o inquérito por questionário como instrumento de pesquisa. Quivy e Campenhoudt (1992:190) salientam que o inquérito por questionário “Consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma população, uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação às opções ou a questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimento ou de consciência de um acontecimento ou de um problema...” e os autores (idem:191) assinalam que uma das principais vantagens deste instrumento de pesquisa é “A possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados e de proceder, por conseguinte, a numerosas análises de correlação”.

Em relação ao tipo de questões do inquérito por questionário Ghiglione e Matalon (1997:114-115) referem no que respeita ao seu conteúdo, podemos distinguir duas grandes categoriais de questões: “aquelas que se debruçam sobre os factos” e “aquelas que se debruçam sobre opiniões, atitudes, preferências, etc.” Além da classificação segundo o conteúdo, as questões também se podem distinguir pela sua forma, nomeadamente “as questões abertas às quais a pessoa responde como quer, utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo os pormenores e fazendo os comentários que considera certos” e “as questões fechadas, onde se apresenta à pessoa, depois de se lhe ter colocada a questão, uma lista preestabelecida de respostas possíveis dentre as quais lhe pedimos que indique a que melhor corresponde à que deseja dar”.

Denote-se que o inquérito por questionário que constitui o instrumento de pesquisa deste estudo empírico contempla questões quanto ao conteúdo sobre

100 factos e opiniões, bem como no que concerne à forma tem questões abertas e fechadas.

A aplicação do pré-teste do questionário serviu para testagem e ensaio do instrumento e foi entregue a uma pequena amostra, constituída por professores pertencentes à população alvo. O questionário final foi realizado após uma análise e interpretação dos resultados do pré-teste e distribuído ao universo de professores definido como amostra.

O questionário (consultar Anexo I) é composto por cinco partes sendo que:  A primeira parte refere-se à identificação – dados pessoais e profissionais em que se pedia que o inquirido indicasse o sexo, a idade, a nacionalidade, se viveu no estrangeiro e em caso positivo por quantos anos, as habilitações académicas, a situação profissional, o tempo de serviço e a indicação dos cargos/funções que desempenhava no estabelecimento de ensino. Pretendia-se, desta forma, recolher informação sobre as características pessoais e profissionais dos sujeitos inquiridos;

 A segunda parte diz respeito à caracterização do contexto escolar, nomeadamente sobre a escola em que o docente exercia funções, designadamente sobre a existência de diferentes grupos étnico-culturais e caso a resposta fosse positiva solicitava-se a identificação dos grupos em presença e quantificação das crianças em causa, bem como se estes discentes usufruíam de apoio de técnicos especializados na escola, se o projecto educativo de Escola/Agrupamento atendia a estes alunos e sugeria estratégias educativas e se estava a desenvolver-se algum projecto de carácter inter/multicultural na escola. Pretendia-se percepcionar se havia uma biblioteca escolar e em caso positivo se esta tinha bibliografia sobre diferentes culturas, sendo que se pedia que assinalassem o tipo de bibliografia existente caso houvesse e em caso negativo que referenciassem o motivo da não existência do referido material.

 A terceira parte contemplava questões indutoras de recolher as opiniões dos docentes sobre parâmetros que consideravam importantes para definir um bom professor.

 A quarta parte pretendia percepcionar as modalidades de formação frequentadas pelos docentes inquiridos, bem como quais as motivações para frequentar as acções de formação, a área e as temáticas que mais interessam os

101 docentes para frequentar formação contínua. Nesta parte também se pretendia recolher algumas informações sobre o plano de formação do Centro de Associação de Escolas da área geográfica da Escola e se este contemplava a diversidade cultural. Outra temática abordada nesta parte é a formação no âmbito da interculturalidade, nomeadamente o tipo de formação, o interesse em frequentar acções neste domínio e a avaliação que consideram da sua formação no âmbito do intercultural. Tendo em conta que um dos produtos finais deste trabalho de investigação seria uma acção de formação destinada a professores do 1.º ciclo, pretendíamos com este inquérito também recolher o máximo de informações que nos permitissem propor uma acção de formação que fosse de encontro aos interesses dos formandos.

 A quinta parte abrangia diversas questões em que se pretendia recolher e informações sobre opiniões, atitudes, práticas pedagógicas relativas à diversidade étnico-cultural. Os itens foram constituídos a partir dos seguintes pontos orientadores: (1) qual a opinião dos professores sobre a escolarização de crianças de diferentes grupos étnico-culturais ao nível da integração, interrelacionamento e aproveitamento escolar; (2) qual a opinião dos docentes sobre a existência de meios humanos e recursos materiais para a valorização das diferentes culturas e apoio a estas crianças; (3) qual a opinião sobre a formação ao nível da interculturalidade pela parte dos docentes e da sua importância.

O inquérito geral inclui ainda duas questões abertas em que se pretende: (1) conhecer a opinião dos professores sobre a integração de crianças de diferentes grupos étnico-culturais nas escolas e a indicação dos meios humanos e materiais considerados prioritários para que esta seja um sucesso; (2) percepcionar como decorreu a integração de crianças de diferentes grupos étnico-culturais no sistema educativo português. Como referem Ghiglione e Matalon (1997:117). “Um questionário totalmente fechado, sobretudo se for longo, torna-se rapidamente fastidioso (...) Introduzindo algumas questões abertas, dar-se-á à pessoa a impressão, justificada ou não, de que de facto está a ser ouvida.”.

No documento A escola e a diversidade étnica e cultural (páginas 99-101)