Técnicas de uso e manejo do solo visando à sustentabilidade ambiental do meio rural

A conservação do sistema natural Solo é assegurado pela aplicação de um conjunto de práticas conservacionistas que visam à obtenção de maiores lucros sustentavelmente ao solo e aos demais recursos naturais.

3.2.1 Práticas de caráter vegetativo

Florestamento e Reflorestamento: Áreas caracterizadas com solo muito arenoso, susceptíveis a.

à erosão, com baixa fertilidade e capacidade de produção, assim como nos barrancos, cabeceiras de voçorocas, margens dos cursos de água, nascentes de rios, áreas de

conservação permanente e topos de morros devem ser mantidas recobertas com vegetação permanente. Esta prática permite a conservação do solo nestes locais, restabelecimento do equilíbrio ecológico, e retorno econômico, uma vez que as espécies a serem utilizadas para este fim podem ser arbóreas que fornecem frutos comestíveis, como amoreira, jambolão, ingazeiros...

Plantas de cobertura: Objetiva manter o solo coberto durante o período chuvoso, b.

principalmente no inverno, onde não são cultivadas culturas comerciais, diminuindo a

suscetibilidade do solo aos riscos de erosão, e melhorando as características físicas, químicas, hídricas, térmicas e biológicas do solo.

Manejo da pastagem: Os diferentes sistemas de manejo de pastagens ocasionam diferentes c.

efeitos sobre o sistema solo. Enquanto no pastoreio contínuo e intensivo, a carga animal superior à capacidade de suporte do solo ocasiona condições de degradação do solo e

pastagem, o pastoreio racional e rotativo mantém boa cobertura de forragem sobre o solo, ao mesmo tempo em que aumenta a oferta desta aos animais, representando grande proteção contra os efeitos da erosão agrícolas

Cordões de vegetação permanente: Plantas perenes de crescimento denso são colocadas em d.

fileira como contornos para culturas de verão, diminuindo a velocidade de escorrimento superficial da água e servindo como barreira física para o transporte de solo e sedimentos. Algumas espécies recomendadas: cana-de-açúcar, capim-elefante, erva-cidreira,

capim-gordura, etc.

Culturas em faixas: Consiste na disposição das culturas em faixas alternando-se anualmente e.

plantas com sistemas radiculares diferenciados e que oferecem pouca proteção ao solo, com outras de crescimento denso.

Cobertura Morta: A cobertura morta diminui a suscetibilidade do solo aos processos erosivos, f.

protege o solo do impacto das gotas de chuva, que desagregam as partículas do solo, diminui o escoamento superficial da água, incorpora ao solo matéria orgânica, aumenta a estabilidade dos agregados, mantém a umidade do solo e o gradiente térmico do solo.

Rotação de Cultura: Consiste em cultivar, alternadamente, numa mesma área, diferentes g.

culturas, em uma sequência planejada conforme o objetivo da rotação. Se o objetivo for a cobertura do solo e/ou suprimento inicial de palha, optar por espécies e cultivares que produzam quantidades elevadas de massa seca, com relação C:N elevada, dificultando a decomposição. Caso o objetivo for minimizar a ocorrência de pragas, nematóides e doenças, considerar o tipo e os hábitos destes para a escolha de cultivares que quebram o ciclo desses patógenos.

Como exemplo de sucessões podemos citar: Aveia preta – Milheto – Soja (para produção de palha); Aveia – Soja – Nabo forrageiro – Milho (para elevada reciclagem de nutrientes K e N para o milho).

3.2.2 Práticas de caráter edáfico

Controle de queimadas: A prática das queimadas ocasiona a destruição da matéria orgânica e a.

promove a volatilização do nitrogênio, diminui a infiltração da água, aumenta a erosão, diminui a produção e diminui a biodiversidade.

Adubação verde: Consiste em manter o solo coberto para diminuir a erosão, aumentar o teor b.

de matéria orgânica, e reciclar nutrientes, entre os periodos de plantios comerciais, ou nas linhas de culturas permanentes. Normalmente se empregam culturas que aumentam a fertilidade do solo, como as leguminosas, que fixam o nitrogênio diretamente do ar por meio de organismos do solo especializados incorporando-o no solo.

3.2.3 Práticas de caráter mecânico

Terraceamento: Consistem na construção de camaleões e canais, perpendiculares as linhas a.

de declividade, com objetivo de reter e infiltrar, com velocidade controlada, o gradiente de água superficial originário de chuvas que excedam a capacidade de infiltração de água no solo, diminuindo o comprimento das rampas e reduzindo as perdas de solo e água pela erosão. Controle de voçorocas: Objetiva interceptar a enxurrada acima da área de voçorocas e reter a b.

água na área de drenagem. Deve-se revegetar a área através da construção de estruturas para deter a velocidade das águas, armazená-las e reter os sedimentos transportados. Sistemas de plantio direto

c.

É o método de plantio ou semeadura direta sobre o solo, com mínimo revolvimento possível durante o plantio, através da abertura de sulcos para a incorporação do adubo e da semente, mantendo os restos da cultura anterior sobre o solo. O plantio direto promove o mínimo desgaste do solo e de sua atividade microbiana, reduz as perdas de solo e água pela erosão, diminui o impacto da gota de chuva sobre as partículas do solo, aumenta a infiltração da água, estabiliza a temperatura, mantém a umidade, recicla nutrientes, e controla invasoras.

Plantio em nível: Consiste em preparar o solo para plantio e plantar de acordo com o nível do d.

terreno, tornando-se uma barreira física à enxurrada, diminuindo a velocidade de escorrimento, e aumentando a infiltração d’água no solo.

Bacias de retenção ou Caixas de captação: Consiste em armazenar a água da enxurrada, e.

construídos geralmente nos terminais de terraços com o objetivo de forçar a infiltração no fundo e liberá-lo gradativamente para os desaguadouros.

Rompimento da camada compactada: O preparo do solo e o tráfego intenso de máquinas f.

agrícolas em condições de umidade inadequada ocasionam a compactação do solo,

resultando na diminuição da infiltração de água no solo, deformação de raízes, aumento da resistência do solo à penetração radicular e de implementos de preparo.

O rompimento da camada compactada deve ser feito com um implemento que alcance profundidade imediatamente abaixo do seu limite inferior, como o arado subsolador ou escarificador.

Após a descompactação são recomendadas a implantação de culturas com alta produção de massa verde e com sistema radicular abundante e agressivo, além de redução na intensidade dos preparos de solo subseqüentes.