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3   CARACTERÍSTICAS VISUAIS DE AGENTES DETERIORADORES

3.1   CARACTERÍSTICAS VISUAIS DE AGENTES BIÓTICOS 46 

3.1.3   Atividades de insetos 61

3.1.3.1   Térmitas Isopteras 62

As térmitas também conhecidas popularmente por cupins são insetos sociais, isto é, formam colônias compostas por diferentes categorias de indivíduos. Estão presentes principalmente nas regiões tropicais do mundo e apresentam uma grande variedade de hábitos (LELIS et al, 2001). Segundo Ritter e Morrell (1990), existem mais de 2.000 espécies de térmitas distribuídas em áreas onde a temperatura média anual é superior a 50ºF (10ºC). Em certos casos, em regiões de clima frio, o uso de aquecedores criados pelo homem, também aumentam a capacidade de sobrevivência de cupins favorecendo a proliferação. As térmitas atacam diversas espécies de madeira, mas o cerne de algumas espécies além da alta densidade e certas substâncias naturais, apresentam certa resistência ao ataque. As térmitas são insetos sociais, organizados em um “Ciclo de Vida” hierárquico (Figura 3.13) que executam funções específicas [(RITTER; MORRELL, 1990); (CTBA, 1996); (BENOIT, 1997); (LELIS et al, 2001); (SAMPAIO da COSTA, 2009)p42; (BASTOS, 2011)].O líder da colônia é uma rainha cujo único propósito é pôr ovos. A rainha fica protegida por soldados e é nutrida e a alimentada por operários, que também constroem o ninho e causam danos à madeira. Como todos os indivíduos, as térmitas requerem certas condições de sobrevivência, incluindo alto Teor de umidade na madeira, a celulose da madeira como fonte de alimento adequada, um alto nível de dióxido de carbono e oxigênio. As colônias de térmitas variam em tamanho desde centenas a milhões de indivíduos, ou mais.

A celulose é o alimento básico dos cupins e aqueles que atacam a madeira, no Brasil, são denominados cupins xilófagos. A maioria das famílias de térmitas não causam prejuízos, pois são espécies que se alimentam de madeira já parcialmente ou intensamente apodrecida, de partes mortas de vegetais sobre o solo e de gramíneas (LELIS et al, 2001). A celulose é uma substância de difícil digestão para a maioria dos seres vivos, incluindo os cupins. Para torná-la assimilável para o organismo, são necessárias outras substâncias, enzimas celulolíticas, que a maioria dos cupins não tem ou não produz em quantidade suficiente. Contudo, a utilização da

celulose por esses insetos e possível devido à associação com microrganismos simbiontes, protozoários flagelados e bactérias, que vivem no seu trato digestivo e que realizam a totalidade ou a major parte da digestão da celulose. Algumas espécies alimentam-se de vegetais parcialmente decompostos por fungos que eles cultivam em locais específicos do ninho, os chamados jardins de fungos (LELIS et al, 2001).

A sociedade das térmitas é formada por três castas: a dos reprodutores e outras duas formadas por indivíduos estéreis: a dos operários e a dos soldados [(LELIS et al, 2001); (SAMPAIO da COSTA, 2009)p42; (BOTELHO JR., 2006); (BASTOS, 2011)]. Os soldados são ausentes em algumas espécies e em outras os operários são apenas funcionais, isto é, não constituem uma casta definida; as funções de operário são, nesses casos, realizadas por indivíduos da linha reprodutiva quando ainda imaturos, os chamados pseudergates (LELIS et al, 2001). Os reprodutores são as únicas formas aladas dos cupins. Eles aparecem periodicamente na colônia e são chamados de ninfas, quando ainda imaturos, e de siriris ou aleluias quando adultos. Prontos para a reprodução, eles abandonam o ninho, em revoada, para formar novas colônias [(LELIS et al, 2001); (BASTOS, 2011)]. Após o vôo, machos e fêmeas se encontram, pareiam e procuram um local para iniciar a colônia. A cópula ocorre somente após eles terem se instalado no local escolhido para a nova colônia. O casal fundador de uma colônia é chamado de casal primário ou real. Algumas espécies de térmitas podem desenvolver reprodutores de substituição quando o casal real, ou um dos seus membros, morre. Esses reprodutores desenvolvem-se geralmente a partir de ninfas (LELIS et al, 2001).

A Figura 3.13 apresenta o esquema generalizado do Ciclo de Vida desses insetos. Trata-se de um esquema largamente reproduzido em publicações, por ser bastante didático, contudo bem simplificado. Como esquema básico do Ciclo de Vida é válido para todos as térmitas, entretanto, a diferenciação de castas nesses insetos e muito mais complexa. Tomando como exemplo apenas a casta dos soldados, a formação desses indivíduos, cuja diferenciação passa, obrigatoriamente, pelo estagio de soldado-branco ou pré-soldado, não mostrado naquele esquema, implica em uma grande transformação, tanto na morfologia e fisiologia do inseto quanto no seu comportamento. Além disso, muito embora os soldados sejam, quase sempre, oriundos de operários, a diferenciação desses indivíduos não é igual entre as diferentes espécies. Por exemplo, em uma espécie onde os operários são todos, para ambos os sexos, de um só tipo morfológico (monomórficos), os soldados são, portanto, de ambos os sexos; em outra espécie onde os operários são, conforme o sexo, de dois tipos morfológicos (dimórficos) e os soldados se desenvolvem de apenas um dos tipos, todos esses soldados são, portanto, de

um único sexo. Há ainda outras situações além dessas, o que mostra que não há um modelo de diferenciação de castas que sirva para todas as térmitas (LELIS et al, 2001).

Figura 3.13. Esquema geral do ciclo de vida das térmitas (cupins). Fontes: KOFOID (1934), BERTI F. (1993), modificado em LELIS et al (2001) IPT.

Segundo Lelis et al (2001) a casta dos soldados é a responsável pela defesa da colônia (Figura 3.14). Para desempenhar essa função eles possuem uma cabeça mais resistente, mandíbulas robustas e/ou uma secreção que é lançada contra o inimigo, através de um orifício na região dorsal da cabeça. A casta dos operários é a categoria mais numerosa da sociedade (Figura 3.14), e são os responsáveis por todos os trabalhos da colônia, tais como: construção e reparos do ninho, bem como cuidado e alimentação dos jovens e das outras castas. São os operários, portanto, que atacam a madeira.

a) Cryptotermes b) Heterotermes c) Coptotermes d) Nasutitermes Figura 3.14. Características das cabeças de soldados de térmitas: vista superior. Fonte: CONSTANTINO (1998).

Segundo Ritter e Morrell (1990) as térmitas que atacam a madeira dividem-se em cinco famílias, no entanto considera as espécies de térmitas mais associadas a deteriorações na madeira são: as térmitas-de-madeira-seca; as térmitas-subterrâneas; e as térmitas-de-madeira- úmida.

Lelis et al (2001) descrevem que no Brasil, as térmitas Termitoidaes são encontradas pelo menos quatro famílias representativas distintas de cupins: Kalotermitidae, Rhinotermitidae,

Serritermitidae e Termitidae. No entanto, as térmitas são frequentemente agrupadas conforme seus hábitos de nidificação. Assim, Lelis et al (2001) descrevem que as térmitas são designadas em função do local onde a colônia se estabelece, denominadas em:

 Térmitas-de-madeira

- Térmitas-de-madeira-seca [ingl.: Drywood Termites]: Família Kalotermitidae - Térmitas-de-madeira-úmida [ingl.: Dampwood Termites]: Também da Família Kalotermitidae:

 Térmitas-de-solo

- Térmitas-subterrâneas [ingl.: Subterranean Termites]: Família Rhinotermitidae - Térmitas-epígeos [ingl.: Higher Termites]: Família Termitidae

 Térmitas-arborícolas.

- Térmitas-arborícolas [ingl.: Higher Termites]: também da Família Termitidae

Segundo Eleotério (2000)p18, além das características morfológicas para a identificação até gênero, o padrão de arquitetura dos ninhos também tem auxiliado a sistemática visto que algumas espécies possuem padrões de construção bastante peculiares, que em conjunto com outras características, permitem a sua identificação com maior segurança. Lelis et al (2001) consideram cupins-de-madeira aqueles cuja colônia se desenvolve inteiramente dentro da madeira. Os representantes típicos desse grupo são os cupins da família Kalotermitidae. Suas colônias são pouco populosas, se comparadas com as outras famílias de cupins, não ultrapassando algumas centenas de indivíduos. O ataque desses cupins e facilmente reconhecido pelos resíduos (fezes), de forma bem característica, que lançam para fora da madeira atacada (Figura 21). Conforme o Teor de umidade da madeira, esses cupins são ainda divididos em cupins-madeira-seca e cupins-de-madeira-úmida. Já os cupins-de-solo como o próprio nome diz, esses cupins são aqueles que desenvolvem sua colônia no solo. Eles estão divididos em duas espécies, conforme o local onde sua colônia é estabelecida: cupins- subterrâneos e cupins-epígeos. Em ambos os casos, atingem a fonte de alimento através de túneis escavados no solo ou construídos sobre a sua superfície (LELIS et al, 2001). Outra maneira de detectar a existência de térmitas pode ser pela identificação de indivíduos alados, que poderão alertar para a presença de térmitas (MACHADO et al, 2009). Como também existem formigas aladas, o inspetor deve conhecer as características visuais, que são facilmente distinguíveis das térmitas. A presença das térmitas também pode ser verificada através da existência de grânulos resistentes no interior da madeira semelhante à massa de barro (SÁNCHEZ, 2001).

Os danos provocados pelas térmitas podem ser devastadores, podendo até levar os elementos de madeira ao colapso. Na grande maioria das vezes os danos não são visíveis externamente, e geralmente, quando são identificáveis, já estão situações de níveis de deterioração mais graves, como grandes perdas de seção, originando perda de capacidade resistente (MARTINS, 2009). Os túneis e/ou galerias formados pelas térmitas geralmente são construídas na direção paralela às fibras (Figura 3.15), ficando ocultos por uma fina camada de película de madeira muito superficial [(HIGHLEY; SCHEFFER, 1989); (ARRIAGA et al, 2002); (REGINATTO et al, 2004); (MACHADO et al, 2009); (MARTINS, 2009); (SAMPAIO da COSTA, 2009)p42; (BASTOS, 2011)].

a) b) c)

Figura 3.15. Características visuais de diagnóstico de deteriorações em madeira resultantes de ataque por térmitas: a) ataque externo, SÁNCHEZ (2001); b) ataque interno, ARRIAGA et al (2002); c) seção de viga de madeira quase completamente deteriorada por ataques de térmitas, LABERNIA (2010) apud VILCHES et al (2011).

Cruz (2011) descreve que a avaliação de seção residual no caso de ataques por térmitas- subterrâneas geralmente é mais complexa e difícil, dada à forma peculiar mais irregular como essas constroem as galerias internamente nos elementos de madeira, muitas vezes sem que se dê pelo ataque mais externo nas faces, na camada superficial, em estágios muito avançados de deterioração.

3.1.3.1.1 Térmitas-de-madeira-seca

Segundo Ritter e Morrell (1990), as térmitas-de-madeira-seca [ingl.: Drywood Termites], também conhecidas popularmente por cupins-de-madeira-seca, são da família Kalotermitidae, diferem dos cupins-subterrâneos e dos cupins-de-madeira-úmida na sua capacidade de atacar a madeira extremamente seca em torne de 5% a 6% de Teor de umidade. Os cupins de madeira seca atacam madeira que não estejam em contato com o solo e longe de qualquer fonte de umidade visíveis. A madeira deteriorada por esses cupins possuem em grande quantidade de túneis lisos livres de resíduos de excrementos ou detritos, que em avançado estágio de deterioração ficam ocultos por uma fina camada de película de madeira muito superficial (REGINATTO et al, 2004). Além disso, não existem variações no ataque entre

madeira de inverno e de verão. Os cupins de madeira seca, com frequência limpam seus ninhos pelos orifícios de aberturas até a superfície, arrastando os resíduos, para fora dos ninhos, e os rejeitam em pontos localizados, geralmente abaixo da madeira infestada. Embora estes orifícios sejam selados, segundo Arriaga et al (2002), a presença de resíduos de excrementos (fezes) com características visuais de grânulos ovalados, secos, (Figura 3.16), abaixo ou nas proximidades de um orifício de extravasão, evidenciam um bom sinal indicativo de madeira atacada por cupins em atividades, a ser observado durante inspeções. Há relatos em que o uso de fungicidas em caso de infestações tem sido eficaz. No entanto, são insetos resistentes que apresentam grande dificuldade de prevenção (RITTER; MORRELL, 1990).

a) Excrementos: vista geral b) Excrementos: detalhe

Figura 3.16. Características visuais de diagnóstico de resíduos de excrementos (fezes) em granulos ovalados de cupins-de-madeira-seca: vista geral e detalhe. Fotos: Antônio Tadeu de Lelis e Sérgio Brazolin, em LELIS et al (2001) IPT.

Já Lelis et al (2001) consideram cupins-de-madeira-seca aqueles cuja colônia se desenvolve em madeiras com Teor de umidade abaixo de 30%, ou seja, nas condições normais do uso da madeira no Brasil, e o representante típico deste grupo é a espécie Cryptotermes brevis, espécie amplamente distribuída pelo mundo todo (Figuras 3.17 e 3.18) [(ELEOTÉRIO, 2000)p20; (BOTELHO JR., 2006)]. E em geral, infestações os cupins-de- madeira-seca são encontradas em diversas áreas geográficas no Brasil.

a) Soldados (a) a pseudergates b) Excrementos: vista geral c) Excrementos: detalhe Figura 3.17. Características visuais de diagnóstico de térmitas isopteras da família Kalotermitidae grupo de espécie Cryptotermes brevis: Vista Geral. a) Foto: Álvaro C. Kopezynski em LELIS et al (2001) IPT; b) Fonte: WALKER (2006)

a) Operário b) Soldado c) Alado

Figura 3.18. Características visuais de diagnóstico de térmitas isopteras da família Kalotermitidae grupo de espécie Cryptotermes brevis: vista detalhada. Traço escala 1 mm. Fonte: WALKER (2006)

3.1.3.1.2 Térmitas-de-madeira-úmida

As térmitas-de-madeira-úmida são também conhecidas popularmente no Brasil por cupins- de-madeira-úmida. Segundo Ritter e Morrell (1990) assim como os cupins-subterrâneos, as espécies de cupins-de-madeira-úmida [ingl.: dampwood termites] necessitam de material lenhoso com umidade muito saturada para sobrevivência, e seu ataque é frequentemente associado com o apodrecimento. Esses insetos podem causar problemas em madeiras recém- cortadas, postes, e toda a madeira não tratada em contato com o solo. Os túneis construídos pelos cupins-de-madeira-úmida são relativamente grandes, mas como as espécies de cupins- subterrâneos, tendem a evitar o ataque em madeiras de verão [ingl.: summerwood]. Os túneis geralmente contêm pequenas quantidades de resíduos com características visuais de grânulos ovalados (fezes), mas as madeiras aparentam mais limpas do que as atacadas pelas espécies de cupins-subterrâneos, e também eliminam os grânulos fecais para o exterior da madeira atacada (ELEOTÉRIO, 2000)p25.O ataque de cupins-de-madeira-úmida pode ser impedido ou interrompido por remoção da fonte de umidade ou por utilização de madeira tratada com preservativos em situações que as peças de madeira estejam em contato com o solo.Já Lelis et al (2001) consideram as térmitas-de-madeira-úmida aquelas cujas colônias se desenvolvem em madeiras com teor de umidade mais elevado, acima de 30%. No Brasil, o género Neotermes (Figura 3.19), também da família Kalotermitidae, é um representante desse grupo; entretanto, não têm importância econômica, sendo mais frequentemente encontrados em partes já doentes de árvores vivas. Não é o caso, por exemplo, do género Zootermopsis da família Termopsidae (Figura 3.20), encontrado nos Estados Unidos, onde chega a causar danos importantes nas edificações.

a) Soldado (vista dorsal) b) Soldado (vista lateral) c) Alado (vista lateral) Figura 3.19. Características visuais de diagnóstico de térmitas isopteras da família Kalotermitidae grupo de gênero Neotermes insularis: vista detalhada. Traço escala 1 mm. Fonte: WALKER (2006)

a) Soldado (vista dorsal) b) Soldado (vista lateral) c) Alado (vista lateral) Figura 3.20. Características visuais de diagnóstico de térmitas isopteras da família Termopsidae grupo de gênero

Zootermopsis angusticollis da Costa do Pacífico: vista detalhada. Traço escala 1 mm. Fonte: WALKER (2006)

3.1.3.1.3 Térmitas-subterrâneas

As térmitas-subterrâneas [ingl.: subterranean termites], popularmente conhecidas no Brasil por cupins-de-solo, são da família do Rhinotermitidae (ELEOTÉRIO, 2000)p27. Segundo Ritter e Morrell (1990), nos Estados Unidos atacam praticamente todas as espécies de madeiras disponíveis. No entanto necessitam de fonte de umidade e constroem seus ninhos no solo [(ARRIAGA et al, 2002); (REGINATTO et al, 2004); (MACHADO et al, 2009)].Esses cupins desenvolveram a capacidade de atacar a superfície da madeira, construindo túneis de barro (cavernas tubulares) para transportar a madeira, e para os protegerem da luz e da umidade [(HIGHLEY; SCHEFFER, 1989); (REGINATTO et al, 2004); (BOTELHO JR., 2006)].O Brasil, por ser um país de clima tropical e umidade relativa do ar anual elevada, as térmitas-subterrâneas estão presentes em grande parte do território nacional. A madeira danificada por térmitas-subterrâneas apresentam inúmeros túneis em madeiras de primavera [ingl.: springwood], no entanto, não existem orifícios de saída para a superfície, que possam indicar a presença de térmita. Em vários casos, um toque acentuado com ferramenta pontiaguda na superfície da madeira irá revelar se a profundidade de ataque permanece apenas numa fina camada superficial de madeira, ou em regiões mais profundas.Os túneis de cupins-

de-solo são preenchidos com uma mistura de excrementos e detritos e têm uma aparência suja (Figuras 3.21; 3.24).

Segundo Ritter e Morrell (1990), uma variedade de térmitas-subterrâneas, conhecidos como cupins-de-formosa (Coptotermes formosanus) recentemente migraram para várias regiões do Sudeste dos Estados Unidos. A presença dessa espécie é motivo de preocupação em função de sua capacidade de atacar a madeira tratada com preservativo, e as grandes dimensões de suas colônias e seu hábito de nidificação, pode ocasionalmente ocorrer em madeira úmida fora do contato com o solo.

No entanto, nem todas as térmitas-subterrâneas são xilófagas, contudo, aquelas que se alimentam de madeira são consideradas como os que mais danos causam às edificações, Figura 3.21 (LELIS et al, 2001). Na linguagem aplicada, os cupins popularmente conhecidos como cupins-subterrâneos pertencem à família Rhinotermitidae. No Brasil são encontrados principalmente o cupim Coptotermes havilandi, espécie introduzida no país, proveniente do sudeste asiático, e espécies do género Heterotermes. Para fins práticos, a grande diferença entre esses dois gêneros é que o ninho de Coptotermes e uma estrutura bem definida, enquanto que o de Heterotermes é difuso, resumindo-se a um sistema de galerias no solo e nas madeiras. Muito embora sejam conhecidos como cupins-subterrâneos, esses cupins, pelo menos confirmado para Coptotermes havilandi podem estabelecer uma colônia fora do solo, geralmente em espaços perdidos das edificações, a condição em que haja água e alimento nas proximidades. Nas edificações, os cupins-subterrâneos utilizam os mais diversos espaços para atingir seu alimento e o ataque de uma colônia, portanto, atinge diferentes peças de madeira em diferentes pontos da edificação.

a) b) c)

Figura 3.21. Cupins da espécie Coptotermes havilandi (Rhinotermitidae coptotermitinae): a) Grupo de operários e soldados; Fonte: COSTA-LEONARDO (2000) LELIS et al (2001) IPT. b) Madeira coberta por operários, soldados e, no centro, uma rainha primária não fisogástrica, provenientes do um ninho; c) Pré-soldado e um soldado. FERRAZ (2000) Apud LELIS et al (2001) IPT.

Segundo HADLINGTON (1987) apud WALKER (2005), para os cupins-subterrâneos da família Rhinotermitidae coptotermitinae, gênero Coptotermes frenchi (Figuras 3.22; 3.23;

3.24), a identificação de espécies é baseada no soldado, no entanto, deve ser feito por um especialista, pois os soldados possuem características variáveis que também devem ser baseadas na localidade, hábitos de nidificação e dimensões do soldado. Pode ser confundida com Coptotermes acinaciformis e C. lacteus. Distinguir as três espécies é uma tarefa difícil, por isso deve ser feito por e especialista. Como um guia, os soldados dos Coptotermes acinaciformis são maiores (5,0 - 6,5 mm + - 0,8 mm) do que soldados de C. frenchi (4,0 - 5,0 mm + - 0,4 mm) e C. lacteus (4,40 + - 0,4 mm). Assim como, a cabeça em vista dorsal para o C. frenchi e C. lacteus é "em forma de pera" em comparação com uma forma um pouco "retangular" para C. acinaciformis. Na Figuras 3.23 e 3.24 são apresentados características visuais de danos causados por cupins subterrâneos. Os inspetores devem observar a existência de excrementos (fezes) e acumulações de detritos nos túneis (Figura 3.24), para avaliar se essas espécies encontram-se em atividades.

a) Soldado (vista dorsal) b) Alado (vista Dorsal) c) Alado (vista lateral) Figura 3.22. Características visuais de diagnóstico de térmitas isopteras da família Rhinotermitidae

coptotermitinae, gênero Coptotermes frenchi. Fonte: HADLINGTON (1987) apud WALKER (2005).

a) sistema de habitat b) características visuais de madeira deteriorada por térmitas-subterrâneas Figura 3.23. Características visuais de diagnóstico de térmitas-subterrâneas: a) esquema geral simplificado do sistema de habitat de colônia de térmitas-subterrâneas, BENNETT (2010). b) características visuais de peça de madeira deteriorada por térmitas-subterrâneas da família Rhinotermitidae coptotermitinae, gênero Coptotermes

a) b) c)

Figura 3.24. Características visuais de diagnóstico de túneis de solo de térmitas-subterrâneas: a) e b) família

Rhinotermitidae coptotermitinae, gênero Coptotermes frenchi. Fonte: HADLINGTON (1987) apud WALKER

(2005); c) deterioração interna na madeira por térmitas-subterrâneas, DRIEMEYER (2009)p45.

3.1.3.1.4 Térmitas-epígeos

Cupins-epígeos são aqueles cujos ninhos encontram-se no solo e parte dele aflora a superfície. No Brasil, as espécies que constroem esse tipo de ninho pertencem à família Termitidae o seus cupinzeiros são popularmente conhecidos como murunduns (Figura 3.25). Ha espécies xilófagas e não xilófagas. No Brasil, os cupins mais conhecidos desse grupo, mas que não causam problemas às edificações são os pertencentes ao gênero Cornitermes, encontrados frequentemente em campos de pastagens (LELIS et al, 2001).

A título de curiosidade a Figura 3.25b retrata o cupinzeiro “Cathedral termite mound”, é uma colônia de cupins Nasutitermes triodiae, da família de Termitidae com aproximadamente 5 metros de altura e estima-se mais de 50 anos de existência, localizada no Litchfield National Park, território norte da Austrália, situada nas coordenadas GPS 12° 59 29.14 S, 130° 34 35.25 E.

a) Foto: OLIVEIRA (2013) b) Foto: BREW (2009)

Figura 3.25. Características visuais de cupinzeiros de cupins-epígeos. a) cupinzeiro no pantanal do Brasil; b) colônia de cupins Nasutitermes triodiae, da família de Termitidae, “Cathedral termite mound” na Austrália.

3.1.3.1.5 Térmitas-arborícolas

Os chamados cupins-arborícolas são aqueles cujo ninho situa-se acima do solo, sobre algum suporte, geralmente uma árvore, por isso leva essa denominação (Figuras 3.26; 3.27)

[(AMARAL, 2002); (MENEGHETTI, 2003)]. Algumas espécies do gênero Nasutitermes (família Termitidae, subfamília Nasutitermitinae) frequentemente atacam madeiras de edificações no meio urbano e rural (LELIS et al, 2001). No meio urbano, os cupins- arborícolas podem ser encontrados também em pontos altos das edificações, como forros e estruturas de coberturas. A Figura 3.27a exemplifica um caso em que o ninho circunda um poste de madeira, e a umidade concentrada pode favorecer à biodeterioração por apodrecimento nessa região, como pode ser observado pela mancha com características visuais de fungo embolorador.

a) Vista geral b) Vista dorsal c) vista lateral

Figura 3.26. Características visuais de diagnóstico de cupins da Família termitidae: a) Nasutitermes lujae,