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TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR SEXO E NÍVEL DE ENSINO – BRASIL (Censo Escolar 2005)

2 – A ESCOLA INDÍGENA TEM GÊNERO?

TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDANTES POR SEXO E NÍVEL DE ENSINO – BRASIL (Censo Escolar 2005)

Nível de ensino Meninos Meninas

Educação Infantil 9080 (50,13%) 9034 (49,87%)

Ensino Fundamental (1ª a 8ª) 67735 (54,67%) 61249 (45,33%)

1ª a 4ª 54476 (52,02%) 50257 (47,98%)

5ª a 8ª 13259 (54,67%) 10992 (45,33%)

Educação de Jovens e Adultos 6135 (49,77%) 6190 (50,23%)

Ensino Médio 2479 (58,05%) 1791 (41,95%)

Fonte: INEP/MEC (2007)

Em termos de gênero, os resultados dos censos apontam para um leve aumento do número de estudantes do sexo feminino, embora o número de estudantes do sexo masculino ainda seja maior. Em 1999, 54,2% dos estudantes indígenas, eram do sexo masculino e 45,8%, do sexo feminino; já em 2005, eram 52,2% de estudantes do sexo masculino e 47,8% do sexo feminino.

A análise por nível de ensino sugere uma melhor progressão escolar dos meninos. No Censo Escolar 2005, em todos os níveis de ensino, com exceção da Educação de Jovens e Adultos, o percentual de estudantes do sexo masculino é maior que o de estudantes do sexo feminino, sendo que a diferença é menos acentuada na Educação Infantil (Meninos: 50,12%; meninas: 49,87%) e mais acentuada nas séries finais do Ensino Fundamental (Meninos: 54,67%; Meninas: 45,33%) e no Ensino Médio (Meninos: 58,05%; Meninas: 41,94%).

Em 1999, havia 3.998 professores, dos quais 3.059 (76,5%) eram indígenas e 939 (23,5%) eram não-índios. Em termos de gênero, os professores indígenas do sexo masculino constituíam a maioria, eles representavam 49,9% do total, enquanto elas somavam apenas 26,7%. Por outro lado, havia mais professoras não índias (16,7% do total) que professores não índios (6,8%). Em 2005 havia 8.431 docentes, dos quais se estimava que 90%, fossem indígenas. No entanto, os resultados do censo não permitem avaliar o percentual de professores indígenas e não-indígenas, nem o percentual de homens e mulheres (Cf. INEP/MEC, 2007).

O censo escolar de 1999 revelou grande heterogeneidade em termos de níveis de formação dos professores indígenas: 28,2% ainda não haviam completado

o ensino fundamental, 24,8% tinham o ensino fundamental completo, 4,5% tinham ensino médio completo, 23,4% tinham ensino médio com magistério, 17,6% tinham ensino médio com magistério indígena e 1,5% tinham ensino superior. No Censo de 2005, essa heterogeneidade permanece (9,9% dos professores em atuação nas escolas indígenas não concluíram o ensino fundamental; 12,1% têm o ensino fundamental completo; 64,8% têm o ensino médio; e 13,2% têm ensino superior), no entanto, pode-se observar um aumento significativo no percentual de professores com ensino médio e ensino superior em relação ao censo de 1999. Esses dados demonstram o resultado de políticas de formação de professores indígenas implementadas nos últimos anos pelos sistemas de ensino e organizações não- governamentais com apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação (Cf. INEP/MEC, 2007).

Cursos de magistério indígena, com duração média de 4 a 5 anos, realizados de forma presencial e não-presencial, por exemplo, têm permitido aos professores indígenas concluírem a escolarização básica ao mesmo tempo em que recebem a formação específica para atuação no magistério intercultural. Por outro lado, o número de professores indígenas em atuação nessas escolas, que não concluíram o ensino fundamental, bem como nunca receberam qualquer formação para atuar como professores, ainda é grande (aproximadamente 10%) e evidencia a necessidade contínua de investimentos específicos nessa área. A formação dos professores em nível superior também faz parte da política de educação escolar indígena. Em 2006, 880 professores indígenas ingressaram em cursos de licenciatura específica em sete universidades brasileiras.

Em Minas Gerais, a implantação de um programa de escolarização indígena específico e diferenciado iniciou-se a partir de 1996, quando se instituiu um amplo processo de estadualização das escolas indígenas, através do Programa de Implantação das Escolas Indígenas em Minas Gerais. Esse programa foi criado pela Secretaria Estadual de Educação, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e outras instituições (dentre as quais, o Instituto Estadual de Florestas e a Fundação Nacional do Índio) e tinha como principais objetivos a implantação das escolas nas áreas indígenas e a formação de professores.

A formação dos professores indígenas em Minas Gerais teve início em 1996, com a entrada da primeira turma no curso de formação, denominado Magistério Indígena. Inspirado nas experiências de ensino com currículo diferenciado, realizadas por organizações não-governamentais (por exemplo, o CPI/Acre), ele foi construído e modificado em diálogo com os professores e as comunidades indígenas ao longo dos anos. Até o momento, já foram formadas duas turmas, a primeira, composta por 66 professores, em 1999 e a segunda, composta por 71 professores, em 2004, e uma terceira turma, composta por 65 professores se encontra ainda em processo de formação. O programa conta também com cursos de curta duração para os professores que atuam no ensino médio e que ainda não possuem formação compatível para lecionar nesse nível de ensino.

A implantação das escolas públicas estaduais de ensino fundamental (quatro primeiros anos de escolarização) e a contratação de professores em quatro etnias – Xakriabá, Pataxó, Maxakali e Krenak – tiveram início em 1997. Em 2000, com a entrada da segunda turma no curso de magistério indígena, foram incluídos, no programa, professores das etnias Kaxixó, Xucuru-Cariri e Pankararu. Em 2001 houve a extensão do atendimento escolar em duas etnias – Xakriabá e Pataxó – cujas escolas passaram a atender todas as séries do ensino fundamental. E em 2005, essa ampliação se estendeu ao ensino médio nas escolas Xakriabá.

Esse crescente processo de ampliação dos níveis de ensino nas escolas indígenas aponta para a necessidade de uma política de formação inicial para os professores indígenas para além da formação no Magistério Indígena. Um dos motivos mais consistentes é a previsão de que, nos próximos dez anos todas as unidades escolares oferecerão o Ensino Fundamental completo e a maioria delas, também o Ensino Médio. Os professores já formados no Magistério Indígena estão dando continuidade ao processo de formação acadêmica através do ingresso no curso superior de licenciatura oferecido pela UFMG, iniciado no primeiro semestre de 2006.

De uma maneira geral, em 2005, a situação da educação escolar indígena em Minas Gerais era a seguinte: havia 10 estabelecimentos escolares, 191 professores e 3003 estudantes matriculados. Dessas 10 escolas, apenas 5 contavam com educação infantil, 1 com ensino médio e 2 com EJA (INEP/MEC, 2007). Havia 88

estudantes na Educação Infantil, 2804 no Ensino Fundamental, 82 no Ensino Médio e 29 na Educação de Jovens e Adultos. Assim como nas estatísticas nacionais, a grande maioria dos estudantes indígenas de Minas Gerais estava matriculada no Ensino Fundamental (93,37%), e dentre esses, a maioria (74,5%) estava nas séries iniciais (INEP/MEC, 2007)..

Em termos de gênero, os resultados de Minas Gerais apontam para um percentual maior de estudantes do sexo feminino (52,91%) em relação ao de estudantes do sexo masculino (47,08%), o que difere significativamente dos dados nacionais, que apontam para uma maior presença masculina (52,19%) em relação à feminina (47,81%) (INEP/MEC, 2007).