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3 Ensinar e aprender com tecnologia

3.2 Integração das TIC na escola

3.2.2 Tecnologia e gestão

As tecnologias nas organizações começaram por ser utilizadas em funções mais rígidas e estruturadas, sendo progressivamente alargadas até às funções mais flexíveis de caráter mais estratégico (Almeida, 2002). Entretanto, se acreditavaque a tecnologia ditava a mudança, veio-se a descobrir que a estratégia faz a mudança e não a tecnologia. Daí, o alinhamento entre a tecnologia e a estratégia, mas ainda assim, surgiu uma vaga de apropriação da nova tecnologia através de um alinhamento horizontal, que não foi o suficiente. Hoje, a ideia central é a de que a tecnologia já é, ela mesma, uma estratégia (Ilharco, 2004).

A transição da sociedade da informação para a sociedade do conhecimento, trouxe mudanças de fundo na competição empresarial e as preocupações de gestão evoluíram dos segmentos para os nichos, e dos nichos para a singularização (Ilharco, 2004; Ruivo & Carrega, 2013). Neste sentido, as TIC proporcionaram novas ferramentas que permitem conhecer melhor as necessidades dos clientes, onde os Customer Relationship

Pág. 144 Management (CRM) se destacam na melhoria substancial da gestão do relacionamento entre a empresa e o mercado (Tigre, 2006).

A migração das organizações de uma lógica vertical, funcional, para uma lógica horizontal, processual, colocou o cliente final no centro das preocupações e ações da empresa, através das aplicações tecnológicas que usualmente lhe estão associadas, como por exemplo os data minings, os pacotes de CRM, ou o Executive Information Systems (EIS) (Ilharco, 2004). Portanto, “um fator crítico de sucesso do manegement passou, assim, a ser a gestão da informacação” (Ilharco, 2004, p. 79)

Desta forma, para gerir na era digital e gerar resultados positivos que permitam avanços no desenvolvimento da empresa, é uma realidade que garante a certas empresas um distanciamento da concorrência que se negam a adaptar-se ao novo mundo digital (Vieira, 2012). Desta forma, o uso das TIC tem permitido que novas políticas de precificação sejam desenvolvidas para maximizar lucros e ampliar a penetração no mercado, impondo mudanças nas estratégias de formação de preços dos bens da informação e nas novas formas de gestão da relação com clientes (Tigre, 2006).

Estas mudanças despertam nas organizações, a urgência de privilegiar metodologias multidisciplinares de adoção de tecnologias que promovam, em todo o seu ecossistema, a mudança e a inovação (Lippert & Davis, 2006 citados por Lopes & Andrade, 2004). Portanto, “a medida que as organizações aprofundam suas raízes na economia do conhecimento, novos mercados são criados, sobretudo em produtos e serviços intensivos em TIC” (Tigre, 2006, p. 260).

O efeito alargado das mudanças tecnológicas a todos os setores de atividade revelam a crescente importância que as variáveis da nova economia vêm assumindo em todo mundo (Almeida, 2002; Ilharco, 2004), provocando três tipos de consequências profundas das TIC: a alteração das fronteiras entre industrias e segmentos; a transformação organizacional, em termos quer de competências, quer de processos centrais; a criação de um novo sector de atividade social e económica, resultante da convergência dos computadores, das telecomunicações e dos media (Ilharco, 2004).

As TIC abrem oportunidades para a obtenção de economias de rede e economias de escopo na geração e distribuição de bens da informação. Por um lado, evitam o

Pág. 145 aprisionamento a padrões fechados e proprietários e, por outro, dão acesso a mercados mais amplos constituindo um desafio significativo para o inovador/gestor (Tigre, 2006). Afinal a tecnologia permite a gestão ter possibilidades de diminuir custo e aumentar o lucro, diminuir os erros na produção e aumentar a produtividade, diminuir o prazo e aumentar a qualidade (Vieira, 2012).

Com as tecnologias da informação, os bens e serviços de informação, apresentam como característica basilar o facto de serem imateriais, não se desgastarem com o uso, e o de não estarem sujeitos ao problema da escassez que caracteriza os bens materiais, podendo ser copiados e transmitidos infinitamente praticamente sem custos. É exatamente esta realidade que afeta os mercados, o ritmo de inovações e a gestão empresarial (Tigre, 2006). As empresas estão a ceder espaço as sociedades financeiras multinacionais que movimentam grandes somas de capital em transações que, duram alguns segundos e geram lucros excecionais, exclusivamente operados pelos algoritmos que a informática operacionaliza (Ruivo & Carrega, 2013). Por outro lado, o espaço virtual de relações comerciais, suportado por redes informáticas e uma linguagem digital universal, alterou os modelos de negócio vigentes e os principais paradigmas de gestão (Almeida, 2002).

A iniciativa individual como a capacidade de gerar lucro está cada vez mais subordinada à capacidade da especulação sobre a economia digital (Ruivo & Carrega, 2013). Desta forma, a gestão na era digital conduziu empresas a resultados significativos e permitiu que esta deixassem para trás concorrentes ainda que se negam a adaptar-se ao novo mundo digital (Vieira, 2012).

As tecnologias se exploradas de forma sistémica e com adequado aproveitamento do valor acrescentado, resultante da natureza do meio digital, face ao orgânico, podem ser um fator de inovação no ensino e aprendizagem (Lopes & Andrade, 2004). Estas tecnologias, ainda “permitem a simulação de ambientes e o desempenho de papéis facilitadores da aquisição e avaliação de competências”. (p. 1)

A era digital, caracterizada pelo ambiente digital e virtual, faz com que as empresas tenham que se adaptar e rapidamente, pois se atingiu a todos numa velocidade assustadora (Vieira, 2012), num contexto em que as novas tecnologias começaram por ser utilizadas no apoio à gestão de operações correntes, de perfil essencialmente administrativo

Pág. 146 (Almeida, 2002). Lopes e Andrade (2004) acrescentam que “o recrutamento, a gestão de competências, a formação, a gestão de comunidades de prática é cada vez mais mediado e incorporado de tecnologia” (Lopes & Andrade, 2004, p. 1).

Nas instituições de ensino, estes avanços tecnológicos propiciaram a expansão de programas de ensino a distância e de educação corporativa e a criação de um mercado de fornecedores de soluções educacionais. Nesse contexto, surgiram muitas organizações fornecedoras de produtos que implementam ambientes de ensino a distancia e de educação corporativa (Tachizawa & Andrade, 2003). As ondas de mudanças da Sociedade de Informação atingiram as IES e “as plataformas tecnológicas impuseram-se como suportes fundamentais na transformação pedagógica e na gestão das várias dimensões de atuação das IES” (Ferreira & Andrade, 2016).

Com as tecnologias as organizações são obrigadas a aprender e trabalhar em simultâneo para se adaptarem. Entretanto, muitas organizações deparam-se com a resistência à mudança, uma das vertentes da complexidade da gestão (Ferreira & Andrade, 2016), mas “a velocidade das inovações tecnológicas, implicam em um clima de incerteza e rápidas mudanças, sendo o principal desafio das empresas modernas” (Nunes et al., 2014, p. 3).

Na era das plataformas digitais, terceira vaga de Toffler, que suportam a atividade pedagógica, mas também todas as dimensões da vida das IES, designadamente serviços administrativos, de gestão da qualidade, repositórios institucionais, entre outros, estes estabelecimentos de ensino perceberam a importância de se dotarem de infraestruturas tecnológicas. Assim, investem em aplicações informáticas para manter bases de dados, resultantes de transações como, matrículas, acompanhamento das atividades pedagógicas, avaliações, ocupação de espaços, etc. (Ferreira & Andrade, 2016).

As tecnologias permitem gerir a comunicação interna e externa que se materializa, no correio eletrónico, plataformas sociais e via portal. Permitem saber o numero de acessos, com que origem, através de que dispositivo, com que versão de sistema operativo e o tempo de permanência (Ferreira & Andrade, 2016). Ou ainda, “pelos dispositivos móveis ligados e pelos sistemas de vigilância, com reconhecimento de imagem, saber quantos estudantes estão na sala, quantos estão ali atentos e quantos estão junto do portão para entrar no refeitório”. (p. 8)

Pág. 147 Nas ferramentas informáticas de apoio, a gestão destes ambientes, que têm associada uma arquitetura complexa, destaca-se (Ferreira & Andrade, 2012), a emergência de um novo formato de organização onde as relações entre os seus elementos são sustentadas quase exclusivamente por redes de comunicação à distância, levantando novos desafios aos modelos de liderança e de estruturação da atividade nestas organizações (Almeida, 2002).

Apesar de uma certa resistência, os gestores de topo, continuam a privilegiar aplicações informáticas com fins meramente administrativos e de gestão financeira e contabilística (IDC, 2000 citado por Almeida, 2002), o que leva muitas organizações a adapatarem-se para se destacar pela rapidez de serviço, o self-service, a conveniência, a flexibilidade e a visibilidade do processo de satisfação do pedido do cliente (Ilharco, 2004). Com tecnologia a gestão mudou de paradigma e as organizações procuram aumentar o conhecimento sobre os clientes atuais e potenciais (Ilharco, 2004), para obter importantes vantagens competitivas Thong e Yap (1995 citados por Almeida, 2002), que permitem se destacar no outsourcing e agregar valor na distribuição (Ilharco, 2004). De qualquer forma, a introdução de novas tecnologias produz em toda estrutura, desenho e funcionamento da organização processos de mudança, sobretudo o downsizing (Almeida, 2002).